2011 foi um ano difícil para este escriba, mas aqui não é lugar pra se queixar disso. Para o blog, foi muito bom: a média mensal do número de visitas quase triplicou, aumentaram muito os comentários nos posts, surgiram algumas discussões boas e, sobretudo, aprendi bastante escrevendo, pesquisando e debatendo. Nada a reclamar daqui, só a agradecer pelos interlocutores.
Quem acompanhou este espaço durante o ano possivelmente notou um tom meio pessimista e desiludido com os tempos atuais. Para fazer um contraponto, gostaria de terminar 2011 com uma reflexão capenga mais para o lado Dr Pangloss: o Amartya Sen usa, como exemplo para ilustrar um ideal de igualdade (agora não lembro se a ideia original é dele ou copiada do John Rawls e estou sem o livro pra consultar), a seguinte situação: uma pessoa que ainda não veio ao mundo pode eleger onde vai nascer. Hoje, evidentemente, ela preferiria nascer na Escandinávia do que no Chifre da África; no mundo ideal, qualquer lugar ofereceria as condições básicas para que a pessoa conseguisse virar um adulto livre, capaz de fazer escolhas. Se mudarmos a variável de escolha de geografia para tempo, tenho pouca dúvida que os dias atuais seriam os preferidos (se você, como eu, já pensou que queria ter vivido no final dos anos 60, pense que poderia ter nascido não na Califórnia ou em Londres, mas em Biafra ou no Vietnã do Norte; e por aí vão os contra-argumentos). Na média, creio que em nenhum outro período da história a humanidade ofereceu tão amplamente as tais condições básicas para a liberdade, e creio que os problemas que enfrentamos hoje são quase todos no sentido de manter essa relativa prosperidade, estendê-la para mais pessoas e fazer com que ela seja reproduzível para as gerações futuras. Não é fácil, evidentemente, mas, olhando para o passado (quase qualquer deles) repleto de privações, é difícil não nos sentirmos privilegiados (mais ainda se você está lendo isso, o que quer dizer que sobreviveu por uns bons anos, é alfabetizado, sabe usar computador, tem acesso a internet, etc).
Uma ótima passagem de ano e um grande 2012 a todos. Saúde!
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Ibovespa em 2012
O Valor de hoje traz a coletânea de projeções do mercado para o Ibovespa em 2012 (bem menos eufóricas que as feitas no ano passado), e algumas mea culpas pelos erros neste ano. Aí vão:
O (péssimo) ano para os bancos
2011 vai ser um ano que os acionistas de bancos vão tentar esquecer. Alguns destaques:
- Todo-poderoso Goldman Sachs perdeu quase metade do seu valor de mercado;
- Bank of America perdeu quase 60%, mais que qualquer banco europeu (incluindo o Banco da Grécia, os italianos e os franceses), contribuindo para o péssimo ano de John Paulson;
- O índice de ações de bancos japoneses fez uma nova mínima desde que existe;
- Os bancos brasileiros caíram menos, mas não escaparam da marolinha (exceção ao Bradesco, que ainda tem alguma chance de terminar o ano como começou).
- Todo-poderoso Goldman Sachs perdeu quase metade do seu valor de mercado;
- Bank of America perdeu quase 60%, mais que qualquer banco europeu (incluindo o Banco da Grécia, os italianos e os franceses), contribuindo para o péssimo ano de John Paulson;
- O índice de ações de bancos japoneses fez uma nova mínima desde que existe;
- Os bancos brasileiros caíram menos, mas não escaparam da marolinha (exceção ao Bradesco, que ainda tem alguma chance de terminar o ano como começou).
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
"O mercado errou..."
Com o Ibovespa agora a 57.793 pontos, hora de conferir as previsões feitas pelo mercado no início do ano (com o índice partindo de 69.300):
A vida é muito difícil para analistas / estrategistas quando o mercado não sobe... A projeção mais conservadora errou por 30%; a mais agressiva, por mais de 50%. Não sei como será 2012, mas lembrem-se desse grão de sal quando lerem as previsões dos gurus e administradores de carteiras para o ano.
A vida é muito difícil para analistas / estrategistas quando o mercado não sobe... A projeção mais conservadora errou por 30%; a mais agressiva, por mais de 50%. Não sei como será 2012, mas lembrem-se desse grão de sal quando lerem as previsões dos gurus e administradores de carteiras para o ano.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
A Árvore de Natal do ano
Novamente, cortesia do Credit Suisse: era só ter comprado dívida indexada do Reino Unido e vendido ações de companhias gregas. Feliz Natal aos nobres leitores.
Conferindo as previsões para 2011 - perdas & danos
No final do ano passado, me meti a fazer algumas previsões para 2011. Seguindo a tradição que diz que economistas devem dizer o que vai acontecer no futuro e depois explicar porque erraram (acho que a ideia é do Churchill), aí vai o meu confronto com a realidade. Na primeira semana de 2012 faço as previsões para o ano novo.
- Os juros longos no Brasil vão continuar caindo, possivelmente para os níveis mais baixos da história.
Caíram, é verdade - os juros locais de dez anos foram de 12% para algo como 11,2% no fechamento de ontem, mas ainda estão longe dos patamares mais baixos da história (abaixo de 10%, em meados de 2007). Na prática, a execução foi muito problemática, já que até julho os juros estavam em alta e quase todo o movimento de queda foi feito durante agosto (mês em que eu estava de férias, diga-se de passagem). Quem teve estômago e paciência fez algum dinheiro, e as quedas maiores foram nos juros curtos, mais diretamente influenciados pela mudança de postura do Banco Central. Conto a previsão como meio certa.
- A inflação no Brasil será mais baixa do que o mercado prevê.
Errei feio. O último relatório Focus do ano passado previa o IPCA de 2011 em 5,32%; deve ficar bem perto do teto da meta, 6,5%.
- Mais algum banco médio brasileiro vai ter problemas com a carteira de crédito.
A história do Panamericano é um misto disso com fraude, e o ano não foi exatamente bom para o modelo de negócio desses bancos, deve ter muito mais por vir. Ponto pra mim.
- As ações de bancos na Europa vão seguir caindo. Possivelmente alguns bancos grandes serão nacionalizados ou receberão ajuda dos governos.
O índice Stoxx 600 Banks, que engloba os bancos do continente, caiu até agora 33,3%. Todos os grandes bancos do continente, sem exceção, perderam valor de mercado, em alguns casos mais da metade (os franceses Société Générale e Crédit Agricole). A ajuda do governo, em termos de liquidez, foi ampla e enorme, e o Dexia foi nacionalizado na Bélgica. Ponto.
- A União Européia vai garantir a dívida de todos os seus membros. Dessa forma, o esfacelamento do euro que eu achava que ia ocorrer vai ser adiado, até que algum país não aguente mais conviver com uma moeda valorizada.
De fato, o euro não se esfacelou (há quem diga que chegou perto disso). Não houve uma garantia formal para as dívidas, mas estamos caminhando para isso, e, nos casos mais problemáticos, a ajuda multinacional tirou o financiamento do mercado. 3/4 de ponto, creio.
- O Brasil vai começar a ter problemas com financiamento externo. O real vai se desvalorizar. As reservas internacionais vão parar de crescer.
2/3 errado: o financiamento externo para o Brasil continuou sendo tranquilo, em parte por uma balança comercial melhor do que quase todo mundo esperava (o Focus previa US$ 8 bilhões, o acumulado até Novembro foi quase US$ 26 bilhões) e por grandes entradas de investimento direto. Como consequência, as reservas subiram para quase US$ 350 bilhões, ainda que estejam praticamente estáveis desde o final de Julho. Ainda assim, o real deve fechar o ano com cerca de 10% de desvalorização contra o dólar americano, que foi, junto com o iene, a moeda forte de 2011.
- A bolha do ouro e da prata vai estourar; o preço de ambos cairá pelo menos 20%.
Grande erro, ainda que ambos estejam longe das máximas do ano, 2011 deve terminar com o ouro ganhando mais de 10% e a prata com queda de 5%. Nada de bolha aqui, por enquanto.
- Vender volatilidade nos picos vai novamente ser uma estratégia ganhadora. O mercado caminha para cada vez mais preços controlados.
Agora vejo que essa previsão, levada ao pé da letra, é auto-realizável: se a venda é no pico, necessariamente todos os níveis posteriores são mais baixos. De qualquer maneira, olhando para o VIX, algo desse tipo teria funcionado: os grandes spikes em volatilidade duraram poucos dias, concentrados entre agosto e setembro, e sempre foram seguidos de reversões rápidas e violentas. Durante Dezembro, o VIX colapsou e deve terminar o ano perto de onde começou.
No campo mais abstrato, uma tese a ser comprovada é "as consequências econômicas de mr Taleb": a popularização da compra de seguros contra eventos extremos elevou muito o preço de "risco", a ponto desse tipo de estratégia não ser mais eficiente. Quem desenvolver isso já tem uma boa tese de mestrado pronta.
- A carteira de crédito do BNDES vai começar a ter problemas. Talvez demore mais do que um ano, mas a JBS não vai se aguentar.
Ainda não foi dessa vez que o BNDES teve que reconhecer grandes perdas em investimentos, mas mantenho a convicção. E a JBS nem é o pior caso...
- Não terminarão o ano acima dos preços máximos deste ano as ações de: Apple, Netflix, bancos brasileiros, índice do México, índice da Alemanha. E, sinto informar, o Facebook não vale US$ 40 bilhões.
Variações em 2011 (sem nem olhar as máximas de 2010, que são quase todas mais altas que o fechamento): Apple +23,5%, Netflix -58%, Itaú -12%, Bradesco -4%, Banco do Brasil -24%, Santander Brasil -33%, índice IPC do México -3,8% (em moeda local, -14% em dólares), índice DAX -17%. Nada mal o índice de acerto - só errei a Apple, aposta que vou renovar para 2012. Quanto ao Facebook... continuo achando que não vale US$ 40 bilhões, mas a última estimativa de precificação para o IPO é de módicos US$ 100 bilhões. Veremos...
- Preços de imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro vão seguir altos (e, possivelmente, subindo).
O índice FIPE ZAP (Case-Shiller, o FIPE ZAP deles) de São Paulo subiu 25% até Novembro; no Rio, a alta foi de quase 30% no mesmo período. Nada de bolha estourando aqui, também.
- Eike Batista vai seguir vendendo promessas. Guido Mantega vai continuar falando asneiras. Ben Bernanke vai seguir imprimindo. Eu vou seguir reclamando.
Essa era covardia, não vou nem contar como acerto - vide as bravatas do Eike, as Mantegadas, o prosseguimento da política monetária expansiva nos EUA e a manutenção do tom rabugento deste blog.
- Vai ficar cada vez mais claro o quanto Lula foi sortudo. E a culpa vai ser colocada em dona Dilma. É do jogo...
Meu ponto aqui eram os preços de commodities, que, no geral, não caíram e seguiram disfarçando muitas fragilidades da economia brasileira. O que ficou claro, considerando as quedas quase mensais de ministros, é quanto o arranjo político dos últimos anos dependia da, digamos, flexibilidade e capacidade de afagar quase todos os lados do Lula. A vida para Dilma é mais difícil, e não necessariamente isso é culpa exclusiva dela.
- Vou errar pelo menos metade das previsões acima. Espero não perder leitores por isso. Saravá!
Na minha contagem esquisita, até agora errei 5,76 de 12 possíveis, o que significa que acertei mais da metade e errei esta metaprevisão, o que prejudica meu desempenho total (maldita falta de autoconfiança). Ficaria interessante se eu tirasse o "acima" desta previsão: colocar este erro na conta contaria como mais um acerto, e cairíamos em algo próximo ao Paradoxo de Russell (os eventuais leitores que realmente conhecem lógica e matemática podem me apedrejar).
Em resumo, foi mais um ano que confirmou a grande sabedoria de Yogi Berra: é muito difícil fazer previsões, especialmente sobre o futuro. Outra confirmação foi a de que na prática, a teoria é outra: ainda que eu tenha acertado relativamente bastante do cenário, o desempenho do meu portifólio foi muito aquém do que isso poderia sugerir. Resta manter o humor e tentar de novo em 2012.
- Os juros longos no Brasil vão continuar caindo, possivelmente para os níveis mais baixos da história.
Caíram, é verdade - os juros locais de dez anos foram de 12% para algo como 11,2% no fechamento de ontem, mas ainda estão longe dos patamares mais baixos da história (abaixo de 10%, em meados de 2007). Na prática, a execução foi muito problemática, já que até julho os juros estavam em alta e quase todo o movimento de queda foi feito durante agosto (mês em que eu estava de férias, diga-se de passagem). Quem teve estômago e paciência fez algum dinheiro, e as quedas maiores foram nos juros curtos, mais diretamente influenciados pela mudança de postura do Banco Central. Conto a previsão como meio certa.
- A inflação no Brasil será mais baixa do que o mercado prevê.
Errei feio. O último relatório Focus do ano passado previa o IPCA de 2011 em 5,32%; deve ficar bem perto do teto da meta, 6,5%.
- Mais algum banco médio brasileiro vai ter problemas com a carteira de crédito.
A história do Panamericano é um misto disso com fraude, e o ano não foi exatamente bom para o modelo de negócio desses bancos, deve ter muito mais por vir. Ponto pra mim.
- As ações de bancos na Europa vão seguir caindo. Possivelmente alguns bancos grandes serão nacionalizados ou receberão ajuda dos governos.
O índice Stoxx 600 Banks, que engloba os bancos do continente, caiu até agora 33,3%. Todos os grandes bancos do continente, sem exceção, perderam valor de mercado, em alguns casos mais da metade (os franceses Société Générale e Crédit Agricole). A ajuda do governo, em termos de liquidez, foi ampla e enorme, e o Dexia foi nacionalizado na Bélgica. Ponto.
- A União Européia vai garantir a dívida de todos os seus membros. Dessa forma, o esfacelamento do euro que eu achava que ia ocorrer vai ser adiado, até que algum país não aguente mais conviver com uma moeda valorizada.
De fato, o euro não se esfacelou (há quem diga que chegou perto disso). Não houve uma garantia formal para as dívidas, mas estamos caminhando para isso, e, nos casos mais problemáticos, a ajuda multinacional tirou o financiamento do mercado. 3/4 de ponto, creio.
- O Brasil vai começar a ter problemas com financiamento externo. O real vai se desvalorizar. As reservas internacionais vão parar de crescer.
2/3 errado: o financiamento externo para o Brasil continuou sendo tranquilo, em parte por uma balança comercial melhor do que quase todo mundo esperava (o Focus previa US$ 8 bilhões, o acumulado até Novembro foi quase US$ 26 bilhões) e por grandes entradas de investimento direto. Como consequência, as reservas subiram para quase US$ 350 bilhões, ainda que estejam praticamente estáveis desde o final de Julho. Ainda assim, o real deve fechar o ano com cerca de 10% de desvalorização contra o dólar americano, que foi, junto com o iene, a moeda forte de 2011.
- A bolha do ouro e da prata vai estourar; o preço de ambos cairá pelo menos 20%.
Grande erro, ainda que ambos estejam longe das máximas do ano, 2011 deve terminar com o ouro ganhando mais de 10% e a prata com queda de 5%. Nada de bolha aqui, por enquanto.
- Vender volatilidade nos picos vai novamente ser uma estratégia ganhadora. O mercado caminha para cada vez mais preços controlados.
Agora vejo que essa previsão, levada ao pé da letra, é auto-realizável: se a venda é no pico, necessariamente todos os níveis posteriores são mais baixos. De qualquer maneira, olhando para o VIX, algo desse tipo teria funcionado: os grandes spikes em volatilidade duraram poucos dias, concentrados entre agosto e setembro, e sempre foram seguidos de reversões rápidas e violentas. Durante Dezembro, o VIX colapsou e deve terminar o ano perto de onde começou.
No campo mais abstrato, uma tese a ser comprovada é "as consequências econômicas de mr Taleb": a popularização da compra de seguros contra eventos extremos elevou muito o preço de "risco", a ponto desse tipo de estratégia não ser mais eficiente. Quem desenvolver isso já tem uma boa tese de mestrado pronta.
- A carteira de crédito do BNDES vai começar a ter problemas. Talvez demore mais do que um ano, mas a JBS não vai se aguentar.
Ainda não foi dessa vez que o BNDES teve que reconhecer grandes perdas em investimentos, mas mantenho a convicção. E a JBS nem é o pior caso...
- Não terminarão o ano acima dos preços máximos deste ano as ações de: Apple, Netflix, bancos brasileiros, índice do México, índice da Alemanha. E, sinto informar, o Facebook não vale US$ 40 bilhões.
Variações em 2011 (sem nem olhar as máximas de 2010, que são quase todas mais altas que o fechamento): Apple +23,5%, Netflix -58%, Itaú -12%, Bradesco -4%, Banco do Brasil -24%, Santander Brasil -33%, índice IPC do México -3,8% (em moeda local, -14% em dólares), índice DAX -17%. Nada mal o índice de acerto - só errei a Apple, aposta que vou renovar para 2012. Quanto ao Facebook... continuo achando que não vale US$ 40 bilhões, mas a última estimativa de precificação para o IPO é de módicos US$ 100 bilhões. Veremos...
- Preços de imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro vão seguir altos (e, possivelmente, subindo).
O índice FIPE ZAP (Case-Shiller, o FIPE ZAP deles) de São Paulo subiu 25% até Novembro; no Rio, a alta foi de quase 30% no mesmo período. Nada de bolha estourando aqui, também.
- Eike Batista vai seguir vendendo promessas. Guido Mantega vai continuar falando asneiras. Ben Bernanke vai seguir imprimindo. Eu vou seguir reclamando.
Essa era covardia, não vou nem contar como acerto - vide as bravatas do Eike, as Mantegadas, o prosseguimento da política monetária expansiva nos EUA e a manutenção do tom rabugento deste blog.
- Vai ficar cada vez mais claro o quanto Lula foi sortudo. E a culpa vai ser colocada em dona Dilma. É do jogo...
Meu ponto aqui eram os preços de commodities, que, no geral, não caíram e seguiram disfarçando muitas fragilidades da economia brasileira. O que ficou claro, considerando as quedas quase mensais de ministros, é quanto o arranjo político dos últimos anos dependia da, digamos, flexibilidade e capacidade de afagar quase todos os lados do Lula. A vida para Dilma é mais difícil, e não necessariamente isso é culpa exclusiva dela.
- Vou errar pelo menos metade das previsões acima. Espero não perder leitores por isso. Saravá!
Na minha contagem esquisita, até agora errei 5,76 de 12 possíveis, o que significa que acertei mais da metade e errei esta metaprevisão, o que prejudica meu desempenho total (maldita falta de autoconfiança). Ficaria interessante se eu tirasse o "acima" desta previsão: colocar este erro na conta contaria como mais um acerto, e cairíamos em algo próximo ao Paradoxo de Russell (os eventuais leitores que realmente conhecem lógica e matemática podem me apedrejar).
Em resumo, foi mais um ano que confirmou a grande sabedoria de Yogi Berra: é muito difícil fazer previsões, especialmente sobre o futuro. Outra confirmação foi a de que na prática, a teoria é outra: ainda que eu tenha acertado relativamente bastante do cenário, o desempenho do meu portifólio foi muito aquém do que isso poderia sugerir. Resta manter o humor e tentar de novo em 2012.
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Drunkeynesian Awards 2011
Fora os filmes e livros, uma listinha randômica do que me chamou a atenção durante o ano:
- Ideia econômica do ano: metas para o PIB nominal, que eu não acho particularmente brilhante, mas é o que temos, por enquanto.
- Pior ideia econômica do ano: sanções e multas para os países da Europa que não cumprirem metas fiscais.
- Acadêmico mais pertinente: Barry Eichengreen.
- Melhor research de banco: Nomura, pelo Richard Koo ter acertado (por enquanto) o script japonês das crises dos EUA e da Europa, pelos acertos de Kevin Gaynor e Bob Janjuah na direção geral dos mercados e por ter sido, por muito tempo, a única casa que dizia que o Banco Central do Brasil cortaria os juros antes e mais do que o consenso imaginava.
- Troféu sic transit gloria mundi: John Paulson, depois de ser "o" cara que lucrou com a crise de 2007/2008, vai terminar o ano perdendoquase mais que metade do capital dos clientes, em alguns fundos.
- Furos de bolha do ano: algodão (caiu 62% do pico, em março) e Netflix (perdeu 60% do valor de mercado).
- Troféu "Vivendo e Não Aprendendo": cotistas da GWI, que voltaram a confiar num gestor incompetente / maluco / mal intencionado e foram novamente varridos, desta vez por uma verdadeira marolinha do mercado.
- Pior case do mercado de ações no Brasil: disputa duríssima. Tivemos grandes micos em praticamente todos os setores, mas acho que fico com os frigoríficos amigos do BNDES, sobretudo a Marfrig, que colaborou muito para o desastre do camarada mencionado acima. Menções desonrosas para Lupatech, B2W, HRT, Gafisa, etc...
- Melhor factóide: risco EUA maior que risco Brasil, cortesia, claro, de Guido Mantega. E ele ainda arrisca entrar na história como o cara que decretou a "guerra cambial" dos anos 2010.
- Melhor hedge fund: Banco Central do Brasil, que passou boa parte do ano comprando dólares perto de R$ 1,60 e vendeu a R$ 1,90. Além disso, acertou na mosca (por acaso ou não) o timing da crise européia quando resolveu cortar os juros e capturou todo o rali nas Treasuries e bônus de países desenvolvidos que compõem as reservas internacionais. Só vai faltar o Tombini pedir bônus de performance para dona Dilma.
- Melhor twitter: @PSTUvote16, com um kolkhoz de vantagem.
- Melhor blog novo estrangeiro: Global Macro Monitor (é do fim do ano passado, na verdade).
- Melhor blog novo brasileiro: era para ser o A Consciência de Dois Liberais, mas parece que esse já foi abandonado prematuramente (diz-se que por criticar a FIESP. Parabéns, grupo Abril, por cultivar e defender a liberdade de expressão no país). Um dos "dois liberais", o Fábio Kanczuk, lançou o Cerebelo Econômico, que é bastante promissor.
- Foto do ano: em política / economia, esta da Merkel e Sarkozy apontando para o Mario Monti é insuperável. No absoluto, fico com essa do quebra-quebra em Vancouver depois que os Canucks locais perderam a Stanley Cup para o Boston Bruins.Corinthianos depredando o Pacaembu depois da eliminação da Libertadores são amadores.
- Disco de rock do ano: w h o k i l l, do tUnE-yArDs, apesar da grafia ridícula.
- Melhor disco de jazz que ainda não ouvi: Samdhi, do Rudresh Mahanthappa.
- Melhor show em São Paulo: empate entre Christian Scott e Chris Potter, ambos no SESC Pompéia. A apresentação do Stevie Wonder no Rock in Rio também não foi mole.
- Melhor site de comics: estrangeiro, Abstruse Goose. Brasileiro, Dinâmica de Bruto.
- Melhor destino turístico futuro: Grécia, depois da desvalorização. Mesmo com o euro, já está relativamente barato.
- Melhor paper acadêmico: o estudo sobre traumas cerebrais nas histórias do Asterix.
- Pior paper acadêmico: Male Organ and Economic Growth: Does Size Matter?
- Melhor nome de presidente exercendo o cargo: Goodluck Jonathan (Nigéria)
- Melhor nome de personagem de filme (que poderia ser presidente de algum país): Motherfucker Jones, personagem impagável de Jamie Foxx em Quero Matar Meu Chefe.
- Melhor pior analogia: Christopher Hitchens, o Reinaldo Azevedo deles. Pelo menos gerou dezenas de boas piadas.
- Palavra do ano: o Merriam-Webster diz que é pragmatic, mas só porque não tiveram coragem de eleger bunga bunga.
Ainda preciso conferir as minhas previsões e algumas do mercado para o ano, e aí 2011 estará acabado para este humilde blog. Fiquem por aí.
- Ideia econômica do ano: metas para o PIB nominal, que eu não acho particularmente brilhante, mas é o que temos, por enquanto.
- Pior ideia econômica do ano: sanções e multas para os países da Europa que não cumprirem metas fiscais.
- Acadêmico mais pertinente: Barry Eichengreen.
- Melhor research de banco: Nomura, pelo Richard Koo ter acertado (por enquanto) o script japonês das crises dos EUA e da Europa, pelos acertos de Kevin Gaynor e Bob Janjuah na direção geral dos mercados e por ter sido, por muito tempo, a única casa que dizia que o Banco Central do Brasil cortaria os juros antes e mais do que o consenso imaginava.
- Troféu sic transit gloria mundi: John Paulson, depois de ser "o" cara que lucrou com a crise de 2007/2008, vai terminar o ano perdendo
- Furos de bolha do ano: algodão (caiu 62% do pico, em março) e Netflix (perdeu 60% do valor de mercado).
- Troféu "Vivendo e Não Aprendendo": cotistas da GWI, que voltaram a confiar num gestor incompetente / maluco / mal intencionado e foram novamente varridos, desta vez por uma verdadeira marolinha do mercado.
- Pior case do mercado de ações no Brasil: disputa duríssima. Tivemos grandes micos em praticamente todos os setores, mas acho que fico com os frigoríficos amigos do BNDES, sobretudo a Marfrig, que colaborou muito para o desastre do camarada mencionado acima. Menções desonrosas para Lupatech, B2W, HRT, Gafisa, etc...
- Melhor factóide: risco EUA maior que risco Brasil, cortesia, claro, de Guido Mantega. E ele ainda arrisca entrar na história como o cara que decretou a "guerra cambial" dos anos 2010.
- Melhor hedge fund: Banco Central do Brasil, que passou boa parte do ano comprando dólares perto de R$ 1,60 e vendeu a R$ 1,90. Além disso, acertou na mosca (por acaso ou não) o timing da crise européia quando resolveu cortar os juros e capturou todo o rali nas Treasuries e bônus de países desenvolvidos que compõem as reservas internacionais. Só vai faltar o Tombini pedir bônus de performance para dona Dilma.
- Melhor twitter: @PSTUvote16, com um kolkhoz de vantagem.
- Melhor blog novo estrangeiro: Global Macro Monitor (é do fim do ano passado, na verdade).
- Melhor blog novo brasileiro: era para ser o A Consciência de Dois Liberais, mas parece que esse já foi abandonado prematuramente (diz-se que por criticar a FIESP. Parabéns, grupo Abril, por cultivar e defender a liberdade de expressão no país). Um dos "dois liberais", o Fábio Kanczuk, lançou o Cerebelo Econômico, que é bastante promissor.
- Foto do ano: em política / economia, esta da Merkel e Sarkozy apontando para o Mario Monti é insuperável. No absoluto, fico com essa do quebra-quebra em Vancouver depois que os Canucks locais perderam a Stanley Cup para o Boston Bruins.Corinthianos depredando o Pacaembu depois da eliminação da Libertadores são amadores.
- Disco de rock do ano: w h o k i l l, do tUnE-yArDs, apesar da grafia ridícula.
- Melhor disco de jazz que ainda não ouvi: Samdhi, do Rudresh Mahanthappa.
- Melhor show em São Paulo: empate entre Christian Scott e Chris Potter, ambos no SESC Pompéia. A apresentação do Stevie Wonder no Rock in Rio também não foi mole.
- Melhor site de comics: estrangeiro, Abstruse Goose. Brasileiro, Dinâmica de Bruto.
- Melhor destino turístico futuro: Grécia, depois da desvalorização. Mesmo com o euro, já está relativamente barato.
- Melhor paper acadêmico: o estudo sobre traumas cerebrais nas histórias do Asterix.
- Pior paper acadêmico: Male Organ and Economic Growth: Does Size Matter?
- Melhor nome de presidente exercendo o cargo: Goodluck Jonathan (Nigéria)
- Melhor nome de personagem de filme (que poderia ser presidente de algum país): Motherfucker Jones, personagem impagável de Jamie Foxx em Quero Matar Meu Chefe.
- Melhor pior analogia: Christopher Hitchens, o Reinaldo Azevedo deles. Pelo menos gerou dezenas de boas piadas.
- Palavra do ano: o Merriam-Webster diz que é pragmatic, mas só porque não tiveram coragem de eleger bunga bunga.
Ainda preciso conferir as minhas previsões e algumas do mercado para o ano, e aí 2011 estará acabado para este humilde blog. Fiquem por aí.
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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Os Livros de 2011
Essa é a Strand, em NY, das livrarias mais legais que conheço. |
Economia, mercados e afins:
- Capitalism 4.0, Anatole Kaletsky (2010)
Um bom contraponto para o pessimismo que costumo cultivar. Kaletsky divide a história do capitalismo em quatro fases, sempre destacando a capacidade do sistema se reinventar e gerar prosperidade. Às vezes soa muito Poliana, na maior parte é intrigante e bem argumentado. Falei um pouco dele aqui.
- Grand Pursuit: The Story of Economic Genius, Sylvia Nasar (2011)
Resenhei há pouco tempo.
- The Great Stagnation, Tyler Cowen (2011)
Possivelmente o livro de economia mais comentado deste ano (pelo menos na blogolândia). Cowen argumenta sobre como o ritmo de inovação e desenvolvimento dos EUA estagnou há uns 40 anos. Conciso e informativo, ainda que possa ser em grande parte resumido a um problema de retornos decrescentes.
- The Little Book of Economics, Greg Ip (2010)
Ip, além de ter o menor sobrenome do mundo, é editor da The Economist e (dizem) insider do Fed. Fez uma boa introdução ao mainstream de macroeconomia. Aliás, essa série toda (The Little Book) é muito boa.
- Speculation as a Fine Art and Thoughts on Life, Dickson G. Watts (circa 1880)
Watts foi presidente da bolsa de algodão de Nova York e contemporâneo do legendário Jesse Livermore. Esse é um livrinho de menos de 50 páginas, oito dedicadas à especulação financeira (muita experiência destilada, o difícil é ter a disciplina de aplicar) e as restantes preenchidas com aforismos sobre vida, negócios, sociedade e linguagem. Merece o status de clássico da literatura sobre mercados.
- The Secret Sins of Economics, Deirdre McCloskey (2002)
Outro pequeno grande livro, com a condição de suportar o estilo de McCloskey, que às vezes trata o leitor como semi-débil mental. A erudição e a capacidade de síntese e argumentação compensam. Está disponível integralmente no site da autora.
- Zombie Economics, John Quiggin (2010)
Lista as ideias econômicas que, caso a ciência que as envolve realmente fosse tratada como ciência, já teriam sido abandonadas pelo confronto com a realidade (e aí entram a "grande moderação", hipótese dos mercados eficientes, privatizações, etc). Boa provocação para qualquer ideologia.
Temas menos mundanos:
- The Bed of Procrustes, Nassim Taleb (2010)
Livrinho de aforismos do Taleb, resenhei aqui.
- É Isto um Homem? (1947) e A Tabela Periódica (1975), Primo Levi
Levi consegue tirar leveza de um dos temas e épocas mais barra-pesada da história; os méritos disso não são poucos.
- Encaramujado, Antonio Lino (2011)
Uma grande viagem de kombi pelo Brasil, descrita num estilo que faz falta nos livros de viagem de autores daqui. Tem inspiração declarada num dos livros do Cortázar que mais gosto, Los autonautas de la cosmopista, e se o autor evidentemente não escreve como o Cortázar e a Carol Dunlop, os confins do Brasil são algumas vezes mais interessantes do que a estrada entre Paris e Marselha. Mais aqui.
- How to Live: Or A Life of Montaigne in One Question and Twenty Attempts at an Answer, Sarah Bakewell (2010)
O título sugere auto-ajuda, mas trata-se de uma biografia de Montaigne e uma visita a sua obra (os Ensaios), produto de anos de pesquisa por uma autora apaixonada por livros.
- Minhas Viagens com Heródoto, Ryszard Kapuscinski (2007)
Acho que foi o último livro escrito por Kapuscinski, contando de suas primeiras viagens como jornalista da agência estatal polonesa na companhia de um exemplar de História, de Heródoto.
- Mortals and Others, Bertrand Russell (2009)
Textos curtos (originalmente para jornais) de uma época conturbada (entre as guerras), quando Russell dedicava sua enorme inteligência à nobre arte da tudologia (opinar sobre qualquer assunto).
- Pós-Guerra (2005) e Ill Fares the Land (2010), Tony Judt
Respectivamente, a história da Europa desde 1945 e o penúltimo livro de Judt, uma defesa apaixonada da social-democracia e do que se conquistou no pós-guerra. Mais na resenha do Celso Barros para o livro mais recente.
- Why Our Decisions Don't Matter, Simon Van Booy [org] (2010)
Uma pequena coletânea de trechos de livros (de Sófocles a Camus) e obras de arte que tentam ilustrar o papel preponderante do acaso nas nossas vidas.
- Yoga for People Who Can't Be Bothered to Do It, Geoff Dyer (2004)
Dyer, dos melhores autores contemporâneos, divaga sobre viagens a Roma, Amsterdã, Líbia, Detroit... Divertidíssimo.
Ficção:
- Breakfast of Champions, Kurt Vonnegut (1973)
Primeiro livro de Vonnegut que leio (vergonha), não podia ter começado melhor a atacar a obra dele. A adaptação para o cinema, com Bruce Willis, é forte candidata à pior já feita a partir de um livro.
- Drown, Junot Díaz (1997)
Primeiro livro de Junot Díaz, na verdade uma compilação de diversos contos que já haviam sido publicados em revistas, todos com pano de fundo na República Domicana ou nas Nova York / Nova Jersey dos imigrantes.
- Axilas e Outras Histórias Indecorosas, Rubem Fonseca (2011)
Em certa medida como Woody Allen, Rubem Fonseca segue se repetindo, e eu sigo gostando. Para ler em uma sentada.
- The Girls' Guide to Hunting and Fishing, Melissa Bank (1999)
Comprei nas férias só pela capa e pelo título, mas o livro é ótimo (os detratores e amigos vão dizer que é girlie demais).
- One Day, David Nicholls (2009)
Um dos grandes best sellers do ano (ainda que tenha demorado um tempo para ser "descoberto"). Apesar dos maneirismos britânicos, não tem como alguém de 30 e poucos não se identificar com as cabeçadas dos protagonistas. O filme, que andou no cinema há pouco tempo, é bastante assistível.
- Open City, Teju Cole (2011)
Acho que é o livro de estréia que eu queria ter escrito caso um dia virasse ficcionista. Caminhadas e viagens servem para o protagonista, intelectual e cosmopolita, divagar sobre solidão, artes, cidades, relacionamentos, violência...
- Solar, Ian McEwan (2010)
Hilário, com um protagonista canalha e a(i)moral e grande escrita.
- White Tiger, Aravind Adiga (2008)
Vale o comentário sobre o livro anterior. Grande recurso para entender um pouco sobre o "I" dos BRICS.
Quadrinhos:
- Asterios Polyp, David Mazzuccheli (2009)
Quem ainda duvida do potencial artístico e literário dos quadrinhos, pode ir direto a essa obra prima, lindamente escrita e desenhada. Polyp é um arquiteto que tenta reencontrar um rumo depois de um divórcio e um apartamento incendiado; no processo, pensa e faz pensar sobre o que realmente importa na vida.
- The Fart Party (2007) e Drinking at the Movies (2010), Julia Wertz
Vejo um pouco de Harvey Pekar na Julia Wertz, ainda que com um estilo totalmente diferente. Vale pela diversão e pelos insights da vida nos EUA nos últimos anos.
- Feynman, Jim Ottaviani e Leland Myrick (2011)
Biografia do cientista mais pop que já passou por aqui; não gostei muito dos desenhos, mas o personagem e seus "causos" e conquistas compensam (e é bastante bem escrito, baseado nos livros do próprio Feynman).
- Logicomix: An Epic Search for Truth, Apostolos Doxiadis, Christos H. Papadimitriou, Alecos Papadatos e Annie Di Donna (2009)
Junto com Asterios Polyp, tem lugar garantido na galeria de melhores graphic novels da história. Segue a carreira de Bertrand Russell, passando por diversos dos gênios matemáticos do século XX (Cantor, Gödel, Poincaré...), suas grandes descobertas, frustrações e loucuras.
Sugestões do que deixei pra trás, sempre benvindas nos comentários.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Os Filmes de 2011
No ano passado, essa mesma lista tinha só 13 filmes (de uma amostra mais ou menos do mesmo tamanho; o critério é o que passou no cinema em São Paulo durante o ano), e não acho que 2011 tenha sido um ano especialmente bom para a arte. A conclusão inevitável é que meus padrões baixaram, e o leitor deve levar isso em consideração. De qualquer maneira, ao longo deste ano gostei de:
- Abutres (Carancho), de Pablo Trapero
Uma ótima história de personagens sombrios e desesperados, bem diferente do que se costuma ver do cinema argentino por aqui. Não estranharia se fosse refilmada em Hollywood.
- Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love), de Glen Ficarra e John Requa
Porque alguma comédia americana tinha que se salvar, e essa tem atores acima da média, bom roteiro e (raridade) não apela para piadas escatológicas fora do contexto. Impressionante também ver a forma da Marisa Tomei, aos 46 anos.
- Balada do Amor e do Ódio (Balada triste de trompeta), de Álex de la Iglesia
Uma comédia de humor estranho, que começa na Guerra Civil Espanhola e termina com cenas que lembram a estética de Underground, do Emir Kusturica (só falta a trilha alucinada de Goran Bregovic).
- Cisne Negro (Black Swan), de Darren Aronofsky
Aronofsky não deixa muito espaço para sutileza e faz um filme sufocante, que tira o melhor da Natalie Portman (depois ela merecia ter o Oscar confiscado por ter feito Sexo Sem Compromisso).
- Contágio (Contagion), de Steven Soderbergh
Grande elenco e direção precisa de Soderbergh. Talvez seja o grande filme americano de 2011, e é muito representativo dos nossos tempos - confiemos no governo, quando as coisas apertam, é quem salva todo mundo (brilhante leitura do David Denby, acho que o melhor crítico de cinema que tenho lido).
- Um Conto Chinês (Un cuento chino), de Sebastián Borensztein
Sim, os malditos argentinos também sabem fazer boas comédias. Quero ver quando o Ricardo Darin se aposentar.
- Em um Mundo Melhor (Hævnen), de Susanne Bier
Acho que Incêndios (abaixo) merecia o Oscar de filme estrangeiro, mas esse filme perturbador sobre grandes temas (paternidade, ódio, caridade) não faz feio com o prêmio.
- O Discurso do Rei (The King's Speech), de Tom Hooper
Talvez não tenha merecido tanta consagração (e Colin Firth estava melhor em Direito de Amar), mas não deixa de ser um bom filme.
- Fora da Lei (Hors-la-loi), de Rachid Bouchareb
Um épico sobre o movimento de independência da Argélia, contado do ponto de vista de três irmãos que são forçados a migrar para a França. Foi muito criticado (justamente) por algum revisionismo histórico; descontado isso, é um filmaço.
- Homens e Deuses (Des hommes et des dieux), de Xavier Beauvois
A história (real) de um monastério trapista na Argélia não precisa ser sonolenta, acreditem.
- Incêndios (Incendies), de Denis Villeneuve
Foi o filme favorito do Tyler Cowen; como disse acima, teria o meu voto para o Oscar de filme estrangeiro. Grande história com a guerra civil do Líbano como pano de fundo.
- Jogos de Poder (Fair Game), de Doug Liman
Das histórias reais que são mais estranhas do que obras de ficção, produto da política externa americana dos anos Bush.
- Margin Call - O Dia Antes do Fim (Margin Call), de J.C. Chandor
Resenhei aqui.
- Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual (Medianeras), de Gustavo Taretto
Confirmando o comentário de Um Conto Chinês, desta vez na linha da comédia romântica. A história se passa em Buenos Aires, mas poderia ser em São Paulo, Nova York, Paris, Hong Kong...
- Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris), de Woody Allen
Algumas notas acima de Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, mantem a impressionante média de produção de Allen e extrai uma boa atuação de Owen Wilson. Não é pouca coisa, acho.
- Minha Terra, África (White Material), de Claire Denis
Pode ser lido como uma versão atualizada e sombria de Entre Dois Amores (Out of Africa). Denis cresceu entre Burkina Faso, Somália, Senegal e Camarões, sabe muito bem do assunto que trata.
- A Minha Versão do Amor (Barney's Version), de Richard J. Lewis
Barney Panofsky (personagem do Paul Giamatti) é um idiota, e por isso me identifiquei com ele (deve acontecer o mesmo, em alguma medida, com homens dos 20 aos 50). E Rosamund Pike, ex-Bond girl, aqui morena, nunca esteve tão bonita.
- Saturno em Oposição (Saturno contro) e O Primeiro Que Disse (Mine vaganti), de Ferzan Özpetek
Até agora gostei muito de todos os filmes que vi de Özpetek, turco radicado na Itália que gosta de filmar belas cidades e amores complicados.
- O Sequestro de um Herói (Rapt), de Lucas Belvaux
Thriller francês impecável e tenso, parte do sequestro de um empresário e vai construindo um retrato pouco simpático de como são geridas as grandes corporações.
- Um Sonho de Amor (Io sono l'amore), de Luca Guadagnino
Tilda Swinton, uma das minhas atrizes preferidas, consegue convencer como uma russa que fala italiano.
- Submarino (Submarine), de Richard Ayoade
Grande sensação cult da Mostra de São Paulo, divertido e despretensioso.
Também recomendável, embora não tenha passado no cinema (passou na HBO): Too Big To Fail, de Curtis Hanson. Falei dele aqui.
Outros filmes da minha amostra (notas de 1 a 5 asteriscos):
A Pele Que Habito *** (acho que o Almodóvar errou a mão pela primeira vez em muito tempo)
A Inquilina *
Além da Vida ***
Amizade Colorida ***
Apenas Uma Noite ***
Biutiful ***
Bruna Surfistinha ***
Caminho da Liberdade **
Cópia Fiel ***
Inverno da Alma ***
Malu de Bicicleta ***
Melancolia ** (gosto muito do Von Trier, minha birra com a Kirsten Dunst deve ter atrapalhado)
Missão Madrinha de Casamento ***
Namorados Para Sempre *** (pegadinha ridícula da distribuidora no Brasil, foi lançado com esse título no fim de semana do dia dos namorados, mas a história é de um relacionamento caindo aos pedaços)
Não Me Abandone Jamais *
O Casamento do meu Ex ***
O Mágico ***
O Vencedor ***
Os Amores Imaginários ***
Professora Sem Classe * (segundo pior do ano)
Que Mais Posso Querer ***
Quero Matar Meu Chefe ***
Reencontrando a Felicidade ***
Rio *** (grande patriotada a crítica local ter gostado tanto)
Se Beber, Não Case! Parte 2 **
Sexo Sem Compromisso * (pior do ano)
Shocking Blue ***
Trabalho Interno *** (critiquei aqui)
Um Dia ***
Um Lugar Qualquer **
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Um grande filme sobre a crise e o mercado financeiro: Margin Call
[O texto deve ter alguns spoilers - nada que atrapalhe muito quem ainda não assistiu, mas os mais sensíveis a isso talvez prefiram ver o filme antes de ler.]
David Denby, um dos críticos de cinema da New Yorker, disse que Margin Call é "facilmente o melhor filme já feito sobre Wall Street", afirmação da qual é difícil discordar. O que me leva a essa conclusão é tanto o que o filme mostra (mais adiante) quanto o que não mostra: aqui não têm vez prostitutas de luxo (pelo menos visualmente), cocaína, conspirações, mesas de operações histéricas e dândis de dockside sem meia ostentando relógios de ouro. Os estereótipos dão vez a um realismo cínico que é facilmente identificado por quem já trabalhou no mercado financeiro, e a história e os diálogos são tão bem construídos (claro que o elenco estelar ajuda) que mesmo quem não tem interesse particular pelo assunto vê os 107 minutos passarem com facilidade.
Margin Call acompanha 36 horas infernais na vida de um banco de investimentos americano, envolvido até o último fio de cabelo na bolha imobiliária que estourou nos EUA em 2008. As referências ao Lehman Brothers são óbvias: desde a data escolhida para o lançamento no circuito americano (15 de setembro, exatos três anos depois que o Lehman pediu falência) até o nome do presidente do banco fictício - John Tuld, mudando uma letra pode-se ter o ex-presidente do Lehman (Fuld) ou o Inglês para "pedaço de merda" (turd - não sei se essa sacanagem foi intencional, mas me pareceu evidente). Nesse tempo, um executivo de riscos é demitido e entrega para um de seus funcionários um pen drive (uma das poucas cenas pouco críveis do filme - o segurança do banco que o acompanhava no elevador jamais teria permitido). Nele estão simulações estatísticas que levam à conclusão inevitável de que o banco está muito perto de ir pelo ralo.
A partir daí, toda a hierarquia da companhia é convocada para um comitê apocalíptico. Claro que os altos executivos já haviam sido avisados da situação, mas decidiram, como a esmagadora maioria do mercado, dançar até os últimos acordes da música (imagem criada por um ex-presidente do Citi e usada com muita propriedade no filme). Aí começam as diferenças com a realidade: enquanto o Lehman não conseguiu (ou não quis) tomar as medidas que salvariam o banco, e esperou até a última hora por um comprador ou pela intervenção do governo (essa situação está muito bem ilustrada em outro filme bastante recomendável, Too Big To Fail), o banco de Margin Call é o primeiro no mercado a perceber que a música parou. Levando isso em conta, toma as medidas para salvar a companhia: uma das frases antológicas do presidente John Tuld é "existem três maneiras de sobreviver no negócio: ser o primeiro, ser o mais esperto ou trapacear"; em um dia a equipe da mesa de operações exercita um pouco de cada uma delas e, ao fim desse dia, entendo que o banco estava salvo (creio que quem fez algo mais próximo disso na vida real foi a Goldman Sachs).
Enredo à parte, a galeria de personagens, do analista recém formado até o presidente do banco, passando por traders, executivos de risco e sócios, é riquíssima e completamente sintonizada com a realidade. O elenco, como já disse, é fabuloso: só para ficar nos nomes mais famosos, Jeremy Irons, Kevin Spacey, Paul Bettany, Stanley Tucci, Demi Moore, todos excelentes em seus papéis. A direção e o roteiro, de J.C. Chandor, são muito competentes, mais ainda levando em conta que é o primeiro longa no qual trabalhou. O conjunto é um grande filme sobre os nossos tempos, informativo sem ser exageradamente denso; acima de tudo, entretenimento de grande qualidade, que acho que é dos melhores elogios que podem ser feitos a um filme.
Margin Call estreou em São Paulo semana passada, e, enquanto escrevo, ainda sobrevive em três salas. Não sei se já está disponível nos iTunes e Netflix da vida; se não, deve aparecer em breve.
P.S. Não há nenhuma chamada de margem no filme, apesar do título. E é quase óbvio dizer o quanto é desnecessário o subtítulo aqui no Brasil (O Dia Antes do Fim).
David Denby, um dos críticos de cinema da New Yorker, disse que Margin Call é "facilmente o melhor filme já feito sobre Wall Street", afirmação da qual é difícil discordar. O que me leva a essa conclusão é tanto o que o filme mostra (mais adiante) quanto o que não mostra: aqui não têm vez prostitutas de luxo (pelo menos visualmente), cocaína, conspirações, mesas de operações histéricas e dândis de dockside sem meia ostentando relógios de ouro. Os estereótipos dão vez a um realismo cínico que é facilmente identificado por quem já trabalhou no mercado financeiro, e a história e os diálogos são tão bem construídos (claro que o elenco estelar ajuda) que mesmo quem não tem interesse particular pelo assunto vê os 107 minutos passarem com facilidade.
Margin Call acompanha 36 horas infernais na vida de um banco de investimentos americano, envolvido até o último fio de cabelo na bolha imobiliária que estourou nos EUA em 2008. As referências ao Lehman Brothers são óbvias: desde a data escolhida para o lançamento no circuito americano (15 de setembro, exatos três anos depois que o Lehman pediu falência) até o nome do presidente do banco fictício - John Tuld, mudando uma letra pode-se ter o ex-presidente do Lehman (Fuld) ou o Inglês para "pedaço de merda" (turd - não sei se essa sacanagem foi intencional, mas me pareceu evidente). Nesse tempo, um executivo de riscos é demitido e entrega para um de seus funcionários um pen drive (uma das poucas cenas pouco críveis do filme - o segurança do banco que o acompanhava no elevador jamais teria permitido). Nele estão simulações estatísticas que levam à conclusão inevitável de que o banco está muito perto de ir pelo ralo.
A partir daí, toda a hierarquia da companhia é convocada para um comitê apocalíptico. Claro que os altos executivos já haviam sido avisados da situação, mas decidiram, como a esmagadora maioria do mercado, dançar até os últimos acordes da música (imagem criada por um ex-presidente do Citi e usada com muita propriedade no filme). Aí começam as diferenças com a realidade: enquanto o Lehman não conseguiu (ou não quis) tomar as medidas que salvariam o banco, e esperou até a última hora por um comprador ou pela intervenção do governo (essa situação está muito bem ilustrada em outro filme bastante recomendável, Too Big To Fail), o banco de Margin Call é o primeiro no mercado a perceber que a música parou. Levando isso em conta, toma as medidas para salvar a companhia: uma das frases antológicas do presidente John Tuld é "existem três maneiras de sobreviver no negócio: ser o primeiro, ser o mais esperto ou trapacear"; em um dia a equipe da mesa de operações exercita um pouco de cada uma delas e, ao fim desse dia, entendo que o banco estava salvo (creio que quem fez algo mais próximo disso na vida real foi a Goldman Sachs).
Enredo à parte, a galeria de personagens, do analista recém formado até o presidente do banco, passando por traders, executivos de risco e sócios, é riquíssima e completamente sintonizada com a realidade. O elenco, como já disse, é fabuloso: só para ficar nos nomes mais famosos, Jeremy Irons, Kevin Spacey, Paul Bettany, Stanley Tucci, Demi Moore, todos excelentes em seus papéis. A direção e o roteiro, de J.C. Chandor, são muito competentes, mais ainda levando em conta que é o primeiro longa no qual trabalhou. O conjunto é um grande filme sobre os nossos tempos, informativo sem ser exageradamente denso; acima de tudo, entretenimento de grande qualidade, que acho que é dos melhores elogios que podem ser feitos a um filme.
Margin Call estreou em São Paulo semana passada, e, enquanto escrevo, ainda sobrevive em três salas. Não sei se já está disponível nos iTunes e Netflix da vida; se não, deve aparecer em breve.
P.S. Não há nenhuma chamada de margem no filme, apesar do título. E é quase óbvio dizer o quanto é desnecessário o subtítulo aqui no Brasil (O Dia Antes do Fim).
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Leituras da Semana
De novo, lista mais longa do que o usual... A proximidade do Natal deve estar fazendo meu critério amolecer. Ah, hoje é dia de 20 anos da independência do Greatest Country in the World.
- 10 previsões realistas para os mercados em 2012.
- As apostas pessimistas com a China começam a render.
- Bill Gross, o Total Return Fund e seu momento sic transit gloria mundi.
- 10 coisas que achávamos que sabíamos sobre economia, por Stephen King, do HSBC.
- Daron Acemoglu, aposta certeira para um futuro Nobel, indica cinco livros sobre desigualdade.
- Dani Rodrik sobre a ocupação das aulas de introdução à economia de Harvard. Parágrafo que vale ser destacado, sobre a graduação em economia:
- Economistas ouvidos pela BBC escolhem os gráficos que definiram 2011.
- Magno Karl, do OrdemLivre, teve a paciência de compilar todas as previsões furadas de Guido Mantega para o crescimento do Brasil neste ano.
- O lado liberal da Suíça: alguns cantões da parte francófona liberaram o cultivo doméstico de maconha, e um estudo do governo concluiu que o download de material para uso pessoal não deve ser criminalizado.
- O guia de economia comportamental para presentes de Natal.
- A piauí deste mês tem dois bons textos: um sobre o Banco PanAmericano e outro sobre Farouk al-Kasim, um imigrante iraquiano que contribuiu enormemente para o tratamento primoroso que a Noruega dá a seu petróleo. O último ainda não está aberto para não-assinantes; na falta dele, vale ler outro perfil feito pelo Financial Times, há dois anos.
- Um tributo a Christopher Hitchens.
- Os livros do ano, pela The Economist.
- Química orgânica aplicada: convertendo açúcar em cocaína e tequila em diamantes.
- O que deveríamos saber sobre o tempo.
- A versão 2011 do Julgamento de Paris, agora com vinhos... chineses!
- 2011 em Lego.
- 10 previsões realistas para os mercados em 2012.
- As apostas pessimistas com a China começam a render.
- Bill Gross, o Total Return Fund e seu momento sic transit gloria mundi.
- 10 coisas que achávamos que sabíamos sobre economia, por Stephen King, do HSBC.
- Daron Acemoglu, aposta certeira para um futuro Nobel, indica cinco livros sobre desigualdade.
- Dani Rodrik sobre a ocupação das aulas de introdução à economia de Harvard. Parágrafo que vale ser destacado, sobre a graduação em economia:
In our zeal to display the profession’s crown jewels in untarnished form – market efficiency, the invisible hand, comparative advantage – we skip over the real-world complications and nuances, well recognized as they are in the discipline. It is as if introductory physics courses assumed a world without gravity, because everything becomes so much simpler that way.
- Economistas ouvidos pela BBC escolhem os gráficos que definiram 2011.
- Magno Karl, do OrdemLivre, teve a paciência de compilar todas as previsões furadas de Guido Mantega para o crescimento do Brasil neste ano.
- O lado liberal da Suíça: alguns cantões da parte francófona liberaram o cultivo doméstico de maconha, e um estudo do governo concluiu que o download de material para uso pessoal não deve ser criminalizado.
- O guia de economia comportamental para presentes de Natal.
- A piauí deste mês tem dois bons textos: um sobre o Banco PanAmericano e outro sobre Farouk al-Kasim, um imigrante iraquiano que contribuiu enormemente para o tratamento primoroso que a Noruega dá a seu petróleo. O último ainda não está aberto para não-assinantes; na falta dele, vale ler outro perfil feito pelo Financial Times, há dois anos.
- Um tributo a Christopher Hitchens.
- Os livros do ano, pela The Economist.
- Química orgânica aplicada: convertendo açúcar em cocaína e tequila em diamantes.
- O que deveríamos saber sobre o tempo.
- A versão 2011 do Julgamento de Paris, agora com vinhos... chineses!
- 2011 em Lego.
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Uma ação para acompanhar
De La Rue plc, listada na Bolsa de Londres, mais antiga companhia privada dedicada à impressão de cédulas de papel-moeda (entre outros produtos). Na tese razoavelmente plausível do Grant's Interest Rate Observer, lucraria caso alguns países resolvessem voltar a suas antigas moedas nacionais.
P.S. A De La Rue já nos forneceu muitos cruzados e cruzeiros, velhos e novos, de diversas denominações.
P.S. A De La Rue já nos forneceu muitos cruzados e cruzeiros, velhos e novos, de diversas denominações.
Zeitgeist 2011, pelo Google
Vídeo:
O hotsite, dá para perder umas boas horas maquinando teses antropológicas e sociológicas com as espetaculares apresentações de dados (e chorar por ter vivido um ano no qual o maior interesse do mundo foi por Rebecca Black).
O hotsite, dá para perder umas boas horas maquinando teses antropológicas e sociológicas com as espetaculares apresentações de dados (e chorar por ter vivido um ano no qual o maior interesse do mundo foi por Rebecca Black).
Dados do dia - FUBAR
FUBAR, segundo consta, é um acrônimo inventado durante a II Guerra pelo exército americano para designar algo que está "fucked up beyond any repair", ou, em Português popular, "problema de 'junta' - 'junta' tudo e joga fora". A Moody's publicou um estudo de sustentabilidade da dívida de vários países, levando em conta o nível atual de endividamento (quanto o país pode aumentá-lo sem atingir um nível crítico - chamado de fiscal space, mais sobre a metodologia aqui) e qual a taxa máxima de juros que poderia ser paga pela dívida sem iniciar uma espiral destrutiva. Os resultados estão resumidos na tabela (mais na The Economist):
Para a Moody's, Irlanda, Itália, Portugal, Grécia e Japão estão (ou muito perto de) FUBAR. O fato das notas de crédito não refletirem isso só confirma a inconsistência das agências e a inutilidade prática desse indicador.
Para a Moody's, Irlanda, Itália, Portugal, Grécia e Japão estão (ou muito perto de) FUBAR. O fato das notas de crédito não refletirem isso só confirma a inconsistência das agências e a inutilidade prática desse indicador.
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Uma resenha para Grand Pursuit, de Sylvia Nasar
Grand Pursuit: The Story of Economic Genius, da economista (mestre pela NYU) e jornalista Sylvia Nasar, propõe-se a ser uma história de como a humanidade, a partir do século XIX, superou boa parte de suas limitações materiais (a chamada armadilha malthusiana) e fez com que o mundo pudesse ter sua população aumentada em quase seis vezes, chegando aos dias de hoje com, salvo exceções que confirmam a regra, o melhor padrão de vida desde sempre. Na visão da autora, isso deve-se em parte significativa a economistas, esses seres estranhos que apareceram mais ou menos junto com a Revolução Industrial e se propuseram a estudar como lidar com problemas sociais que envolvem produção e alocação de bens e dinheiro.
Evidentemente, é difícil isolar a contribuição dos economistas para a História, e todos os mencionados no livro são produtos de seus tempos e circunstâncias (em medida maior do que os moldaram, creio), mas Sylvia Nasar faz uma grande defesa da profissão - especialmente daqueles que não só tentaram teorizar sobre economia, mas tiveram (ou tentaram ter) papéis decisivos na formulação e discussão de políticas que visavam aumentar o bem estar da sociedade ou resolver problemas criados por guerras e outras demonstrações de estupidez do próprio homem. Daí, de início, ficam de lado alguns reconhecidos pioneiros da dismal science, como Adam Smith e David Ricardo; e Karl Marx tem a importância diminuída por sua excessiva abstração e falta de contato com a realidade (nunca visitou uma fábrica, é dito). O livro começa de verdade com Alfred Marshall, seguido por uma figura pouco estudada nos cursos de história do pensamento econômico: Beatrice Webb (foto), uma aristocrata inquieta que, entre outros feitos, foi das primeiras a estudar a condição dos trabalhadores britânicos do fim do século XIX, co-fundou a London School of Economics, colaborou com o socialismo fabiano e foi pioneira no desenho do estado de bem-estar social (welfare state).
A cronologia segue pelas vidas de Joseph Schumpeter e Irving Fisher nos anos de prosperidade antes da I Guerra, e é após o término desta, com boa parte da Europa destruída e o fim do ideal de globalização, que desponta o grande personagem do livro: John Maynard Keynes. Sua figura é predominante até sua morte, em 1946, passando pela crítica presciente ao Tratado de Versalhes, o entendimento da Grande Depressão (que, em alguma medida, desmoralizou Schumpeter e Fisher, este famoso por acreditar que as ações americanas haviam atingido uma "planície" poucas semanas antes do crash de 1929), a atuação durante a II Guerra e a influência sobre o acordo de Bretton Woods e quase todos os economistas contemporâneos.
Após Keynes, o principal pólo do pensamento econômico começa a se deslocar da Cambridge inglesa para a Cambridge vizinha a Boston (sede de Harvard e do MIT), Chicago e os demais centros universitários dos EUA. No Reino Unido ainda seriam formados Joan Robinson (que parecia a maior promessa de continuação da tradição de Keynes, mas se perdeu com a instabilidade psiquiátrica e o apoio imperdoável aos regimes comunistas) e o grande teórico de desenvolvimento e justiça social Amartya Sen (que, em 1986, também cruzaria o Atlântico para lecionar em Harvard, onde permanece até hoje). Em 1950 Friedrich Hayek transfere-se da London School of Economics para a Universidade de Chicago, onde Milton Friedman já trabalhava desde 1946. Em Chicago seria consolidado o paradigma liberal que dominou a política econômica nos últimos 30 anos. Curiosamente, a autora dá pouco destaque para os economistas americanos mais recentes - dedica apenas um capítulo a Paul Samuelson e dá mais destaque a Friedman na sua passagem pelo serviço público (onde, ironicamente, dedicou-se a aumentar a arrecadação federal) do que nos seus papéis de guru do liberalismo e possivelmente economista mais influente desde Keynes.
Keynes é o arquétipo do "gênio econômico" que emerge do livro, reunindo profunda curiosidade intelectual, flexibilidade, inteligência e veia política. Os demais retratados, ainda que com menos destaque, também tiveram influência na sociedade e em políticas públicas. Hoje o papel do economista parece fragmentado em pesquisas especializadas, muitas vezes fechadas em suas áreas e com pouco interesse no que ocorre no mundo como um tudo (como exercício, vale passar os olhos na lista de ganhadores do Nobel de Economia nos últimos anos e tentar apontar quantos foram influentes no dia-a-dia de alguma parte da população). Talvez esse fosse mesmo o caminho natural da economia e de outras ciências sociais, mas creio que uma das mensagens possíveis do livro é que pensadores econômicos generalistas, de grande capacidade de persuasão e influência política, fazem falta nos nossos dias. Amartya Sen, hoje com 78 anos, é o mais jovem retratado no livro, e quase não há menção à crise atual - talvez porque ainda está para surgir a grande figura pública que vai se meter a resolvê-la (Paul Krugman adoraria ocupar esse lugar, o que, aparentemente, não vai ocorrer).
Grand Pursuit foi amplamente comentado e resenhado, em parte pelo sucesso da autora com a biografia de John Nash (Uma Mente Brilhante) mas muito, creio, pelo grande interesse do público por história e economia e pela falta de uma obra abrangente e não-técnica desde The Worldly Philosophers, de 1953 (que vendeu mais de quatro milhões de cópias). Não é uma história do pensamento econômico (fala relativamente pouco de teoria e da evolução das ideias - para isso, Robert Solow, na resenha linkada abaixo, recomenda o também recente Economics Evolving, do norueguês Agnar Sandmo), nem uma história econômica do pós-Revolução Industrial: é a história de uma tradição de economistas agindo como intelectuais públicos e engajados com as causas pertinentes a suas sociedades. O trabalho de pesquisa foi imenso (o livro tem mais de 60 páginas de notas bibliográficas), e Sylvia Nasar tem um grande talento para entreter o leitor com anedotas, sem comprometer a linha narrativa (às vezes repete fatos já citados como se fossem novos, mas é um pecado menor). Perdoadas as omissões, é uma grande leitura, fica recomendado.
Outras resenhas mais qualificadas:
- James Grant, para o WSJ
- Justin Fox, para o NY Times
- O Nobel Roberto Solow, para The New Republic
- The Economist
- Orley C. Asehnfelter, de Princeton, num paper do NBER (que inclui o gráfico abaixo)
P.S. Não tenho notícias de tradução para o Português. Alguém tem?
A cronologia segue pelas vidas de Joseph Schumpeter e Irving Fisher nos anos de prosperidade antes da I Guerra, e é após o término desta, com boa parte da Europa destruída e o fim do ideal de globalização, que desponta o grande personagem do livro: John Maynard Keynes. Sua figura é predominante até sua morte, em 1946, passando pela crítica presciente ao Tratado de Versalhes, o entendimento da Grande Depressão (que, em alguma medida, desmoralizou Schumpeter e Fisher, este famoso por acreditar que as ações americanas haviam atingido uma "planície" poucas semanas antes do crash de 1929), a atuação durante a II Guerra e a influência sobre o acordo de Bretton Woods e quase todos os economistas contemporâneos.
Após Keynes, o principal pólo do pensamento econômico começa a se deslocar da Cambridge inglesa para a Cambridge vizinha a Boston (sede de Harvard e do MIT), Chicago e os demais centros universitários dos EUA. No Reino Unido ainda seriam formados Joan Robinson (que parecia a maior promessa de continuação da tradição de Keynes, mas se perdeu com a instabilidade psiquiátrica e o apoio imperdoável aos regimes comunistas) e o grande teórico de desenvolvimento e justiça social Amartya Sen (que, em 1986, também cruzaria o Atlântico para lecionar em Harvard, onde permanece até hoje). Em 1950 Friedrich Hayek transfere-se da London School of Economics para a Universidade de Chicago, onde Milton Friedman já trabalhava desde 1946. Em Chicago seria consolidado o paradigma liberal que dominou a política econômica nos últimos 30 anos. Curiosamente, a autora dá pouco destaque para os economistas americanos mais recentes - dedica apenas um capítulo a Paul Samuelson e dá mais destaque a Friedman na sua passagem pelo serviço público (onde, ironicamente, dedicou-se a aumentar a arrecadação federal) do que nos seus papéis de guru do liberalismo e possivelmente economista mais influente desde Keynes.
Keynes é o arquétipo do "gênio econômico" que emerge do livro, reunindo profunda curiosidade intelectual, flexibilidade, inteligência e veia política. Os demais retratados, ainda que com menos destaque, também tiveram influência na sociedade e em políticas públicas. Hoje o papel do economista parece fragmentado em pesquisas especializadas, muitas vezes fechadas em suas áreas e com pouco interesse no que ocorre no mundo como um tudo (como exercício, vale passar os olhos na lista de ganhadores do Nobel de Economia nos últimos anos e tentar apontar quantos foram influentes no dia-a-dia de alguma parte da população). Talvez esse fosse mesmo o caminho natural da economia e de outras ciências sociais, mas creio que uma das mensagens possíveis do livro é que pensadores econômicos generalistas, de grande capacidade de persuasão e influência política, fazem falta nos nossos dias. Amartya Sen, hoje com 78 anos, é o mais jovem retratado no livro, e quase não há menção à crise atual - talvez porque ainda está para surgir a grande figura pública que vai se meter a resolvê-la (Paul Krugman adoraria ocupar esse lugar, o que, aparentemente, não vai ocorrer).
Grand Pursuit foi amplamente comentado e resenhado, em parte pelo sucesso da autora com a biografia de John Nash (Uma Mente Brilhante) mas muito, creio, pelo grande interesse do público por história e economia e pela falta de uma obra abrangente e não-técnica desde The Worldly Philosophers, de 1953 (que vendeu mais de quatro milhões de cópias). Não é uma história do pensamento econômico (fala relativamente pouco de teoria e da evolução das ideias - para isso, Robert Solow, na resenha linkada abaixo, recomenda o também recente Economics Evolving, do norueguês Agnar Sandmo), nem uma história econômica do pós-Revolução Industrial: é a história de uma tradição de economistas agindo como intelectuais públicos e engajados com as causas pertinentes a suas sociedades. O trabalho de pesquisa foi imenso (o livro tem mais de 60 páginas de notas bibliográficas), e Sylvia Nasar tem um grande talento para entreter o leitor com anedotas, sem comprometer a linha narrativa (às vezes repete fatos já citados como se fossem novos, mas é um pecado menor). Perdoadas as omissões, é uma grande leitura, fica recomendado.
Outras resenhas mais qualificadas:
- James Grant, para o WSJ
- Justin Fox, para o NY Times
- O Nobel Roberto Solow, para The New Republic
- The Economist
- Orley C. Asehnfelter, de Princeton, num paper do NBER (que inclui o gráfico abaixo)
P.S. Não tenho notícias de tradução para o Português. Alguém tem?
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
É aquela época do ano de novo...
Está quase na hora de conferir as previsões do ano passado; para este ano, a Bloomberg já compilou os exercícios de futurologia de analistas para a bolsa dos EUA (índice S&P500):
Notícia emblemática do dia - A Revolta de Atlas
Na verdade não é de hoje, é da semana passada, mas só fui ver na The Economist hoje (grifo meu):
After a world-record 541 days, Belgium finally formed a government, under pressure from the markets. The new prime minister is Elio di Rupo, a Socialist from the Walloon (French-speaking) community.
Mercados aparentemente gostam da ideia de ausência de governo, até os preços (formados pelo próprio mercado) começarem a incomodar... curioso, isso.
After a world-record 541 days, Belgium finally formed a government, under pressure from the markets. The new prime minister is Elio di Rupo, a Socialist from the Walloon (French-speaking) community.
Mercados aparentemente gostam da ideia de ausência de governo, até os preços (formados pelo próprio mercado) começarem a incomodar... curioso, isso.
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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Correlações
Algumas explicações científicas para fenômenos do nosso tempo (clique para aumentar):
Via Business Week.
Via Business Week.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Som da Sexta - Lee Morgan
Para coroar uma semana de grande dedicação ao nobre hábito da procrastinação.
"Procrastination is the soul rebelling against entrapment." - Nassim Taleb
"Procrastination is the soul rebelling against entrapment." - Nassim Taleb
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Gráfico do dia - custo de crises bancárias
A Autoridade Bancária Européia (EBA) divulgou hoje um teste de stress cujo resultado indica que os bancos europeus precisarão levantar adicionais € 115 bilhões em novo capital. Isso corresponde a pouco menos de 1% do PIB da União Européia (eu tinha escrito 10%, erro grosseiro - obrigado ao anônimo que corrigiu nos comentários), de € 12,3 trilhões. Esse tipo de estimativa parece estar se aproximando mais da realidade, mas acredito que os números ainda sejam otimistas demais: para pegar um caso que me parece mais dramático, os três maiores bancos franceses carregam € 4,7 trilhões em ativos, e pela EBA precisariam de apenas mais € 7,3 bilhões (abertura dos resultados aqui).
Em 2005, o Fed de St Louis publicou o seguinte gráfico, num trabalho sobre crises bancárias:
A tabela abaixo é de um trabalho de 2010, do FMI:
Lembrando que, mesmo antes de resolver o problema dos bancos, os tesouros nacionais partem de níveis de dívida bem pouco confortáveis, para ser generoso com o adjetivo.Cada vez mais parece clara a escolha entre ligar a impressora oucalotar renegociar a dívida. Chamar a situação atual de "crise de confiança" é um insulto à inteligência dos pagadores de impostos europeus.
Em 2005, o Fed de St Louis publicou o seguinte gráfico, num trabalho sobre crises bancárias:
E adicionou (grifo meu):
The fiscal costs of restructuring may seem extremely large at first, but they often pale in comparison to the long-term effects of systemic banking crises. The resources committed to resolving a crisis are diverted from other productive uses, economic reforms are delayed, and stabilization programs are abandoned. The economy suffers from higher interest rates, lower growth, and higher unemployment for a protracted period. Because nearly every citizen is affected by the declining living standards brought on by large banking crises, the public should understand the factors that weaken a banking system and make it susceptible to systemic crises.
A tabela abaixo é de um trabalho de 2010, do FMI:
Lembrando que, mesmo antes de resolver o problema dos bancos, os tesouros nacionais partem de níveis de dívida bem pouco confortáveis, para ser generoso com o adjetivo.Cada vez mais parece clara a escolha entre ligar a impressora ou
A transição de McCloskey
Imaginem a cena (via Marginal Revolution):
Mais aqui.
Back in the mid 1990s, I attended Deirdre McCloskey's first talk at the AEA meetings after her coming out publicly as a transgender person. She had not yet had her subsequent medical procedures, let alone written her telling memoir Crossings. McCloskey stood before a packed room of 500, dressed in a stylish dress and wig, and proudly announced "I am an economist in transition." [pause] "I am transitioning from a Chicago economist to an Austrian economist." Whatever awkwardness or tension that existed in the room was dispelled with that quip, and McCloskey proceeded to give a wonderful talk on the importance of rhetoric within the economy, pursuing a theme she had developed with Arjo Klamer in "One Quarter of GDP is Persuasion".
Mais aqui.
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Agências de classificação de risco ainda importam?
A resposta curta é: não.
- Barry Ritholtz responde, olhando para quando os Estados Unidos perderam a classificação AAA;
- Essa tabela, da última carta para o investidor de J. Kyle Bass, fala por si só:
Para quem a tabela não falou nada: a segunda coluna é a nota dada aos países pela Moody's (uma das três grandes agências de classificação de risco, junto com a S&P e a Fitch - entre as agências, as notas variam muito pouco). A terceira coluna mostra a nota equivalente ao que o mercado precifica como risco de calote (pelos credit default swaps). A última mostra a diferença entre as duas anteriores, em níveis da escala usada pelas agências. O mercado, por exemplo, precifica o risco de calote da Itália equivalente ao de um país com o rating sete degraus pior (Armênia ou El Salvador).
- Barry Ritholtz responde, olhando para quando os Estados Unidos perderam a classificação AAA;
- Essa tabela, da última carta para o investidor de J. Kyle Bass, fala por si só:
Para quem a tabela não falou nada: a segunda coluna é a nota dada aos países pela Moody's (uma das três grandes agências de classificação de risco, junto com a S&P e a Fitch - entre as agências, as notas variam muito pouco). A terceira coluna mostra a nota equivalente ao que o mercado precifica como risco de calote (pelos credit default swaps). A última mostra a diferença entre as duas anteriores, em níveis da escala usada pelas agências. O mercado, por exemplo, precifica o risco de calote da Itália equivalente ao de um país com o rating sete degraus pior (Armênia ou El Salvador).
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Leituras da Semana
A procrastinação anda em níveis críticos, por isso tenho lido muito...
- A PIMCO, maior gestora de fundos de renda fixa do mundo (US$ 1,3 tri de ativos), está abrindo um escritório no Rio de Janeiro (claro que, podendo escolher, alguém criado em Newport Beach não viria para São Paulo).
- O mundo em 2012, por Jim Rogers.
- Richard Koo sobre a Europa.
- Nunca é demais relembrar a contribuição de Benoît Mandelbrot para as finanças...
- ... nem a de Amartya Sen para o desenvolvimento econômico. A Índia batizouum deserto uma sobremesa (obrigado ao anônimo que corrigiu) com o nome dele.
- Como emular o "sucesso" da China: começa com uma insurreição comunista e anos de guerra civil.
- Um raio-x das exportações brasileiras. Impressionante ver que o valor das exportações para a China aumentou quase 40 vezes desde 2000. Quando a China espirrar, o Brasil pegará uma bela pneumonia.
- Lembre-se disso quando reclamar do trânsito: o governo brasileiro é o maior financiador das montadoras estrangeiras que produzem aqui.
- Bom comentário sobre a compra de um pedaço da Companhia das Letras pela Penguin e os rumos do mercado editorial no Brasil.
- Indícios de corrida bancária na Grécia.
- Greg Mankiw está assessorando um candidato republicano, mas não vê o estudo de economia carregado de ideologia.
- Uma cutucada nos austríacos: a (falta de) importância de Hayek para a macroeconomia.
- Efeitos colaterais do liberalismo: uma família do Tennessee não pagou a taxa anual dos bombeiros e assistiu ao próprio trailer ser queimado, sem ter o que fazer.
- A Bloomberg lançou um blog de história econômica (incrivelmente não tem RSS, mas devem arrumar isso logo).
- Um dos "Dois Liberais" sobre blogs de economia.
- John Kay sobre limites do conhecimento.
- Do que se falou em 2011 no Twitter e no Facebook.
- 45 imagens de 2011.
- Porque daguerreótipos do século XIX podem ser mais detalhados do que fotos digitais de última geração.
- Para os quem tem crianças, sugestões de presentes de Natal: os cinco melhores brinquedos de todos os tempos.
- A PIMCO, maior gestora de fundos de renda fixa do mundo (US$ 1,3 tri de ativos), está abrindo um escritório no Rio de Janeiro (claro que, podendo escolher, alguém criado em Newport Beach não viria para São Paulo).
- O mundo em 2012, por Jim Rogers.
- Richard Koo sobre a Europa.
- Nunca é demais relembrar a contribuição de Benoît Mandelbrot para as finanças...
- ... nem a de Amartya Sen para o desenvolvimento econômico. A Índia batizou
- Como emular o "sucesso" da China: começa com uma insurreição comunista e anos de guerra civil.
- Um raio-x das exportações brasileiras. Impressionante ver que o valor das exportações para a China aumentou quase 40 vezes desde 2000. Quando a China espirrar, o Brasil pegará uma bela pneumonia.
- Lembre-se disso quando reclamar do trânsito: o governo brasileiro é o maior financiador das montadoras estrangeiras que produzem aqui.
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- Indícios de corrida bancária na Grécia.
- Greg Mankiw está assessorando um candidato republicano, mas não vê o estudo de economia carregado de ideologia.
- Uma cutucada nos austríacos: a (falta de) importância de Hayek para a macroeconomia.
- Efeitos colaterais do liberalismo: uma família do Tennessee não pagou a taxa anual dos bombeiros e assistiu ao próprio trailer ser queimado, sem ter o que fazer.
- A Bloomberg lançou um blog de história econômica (incrivelmente não tem RSS, mas devem arrumar isso logo).
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- John Kay sobre limites do conhecimento.
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- 45 imagens de 2011.
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Um possível roteiro para a "nova" União Européia
Dona Merkel e Seu Sarkozy dizem já ter concordado em uma proposta pra uma "nova" União Européia, que teria punições automáticas para os países que desobedecerem uma meta de 3% de déficit fiscal sobre o PIB. Chegaram a sugerir até que isso deveria ser escrito nas respectivas Constituições. Se for esse mesmo o caminho, segue um possível roteiro para os próximos anos:
1. O aperto fiscal aprofunda a recessão que deve começar em meados do ano que vem. A arrecadação de impostos cai e, surpresa, os indicadores fiscais não melhoram;
2. Enquanto a recessão se aprofunda, o desemprego aumenta e, junto com ele, a insatisfação da população;
3. Novamente o mercado reconhece a dívida como insustentável, e a bola volta para a União Européia;
a) A União Européia decide, de algum jeito, que as dívidas dos países passam a ser, total ou parcialmente, continentais (o que já deveriam ter feito este ano);
b) Algum país resolve, por iniciativa própria, se livrar das "algemas de ouro" do euro e voltar a usar uma moeda própria. A iniciativa é seguida, até que a união monetária afunde de vez ou vire o "super euro" hipoteticamente sonhado pela Alemanha.
No fundo, parece mesmo que a Alemanha só aceita salvar a União Européia nos seus termos, o que envolve um grande sacrifício de países que já partem de uma situação muito ruim. Parece muito correto do ponto de vista moral (de um ponto de vista moral específico, na verdade), mas no futuro, creio, vai empurrar para soluções extremas e não-consensuais. Pior para a Europa.
Por fim, achei apropriado (talvez um pouco alarmista) reproduzir aqui um pedaço do discurso de State of Union que Franklin D. Roosevelt fez em 1944 (a Sylvia Nasar cita no Grand Pursuit, para quem tiver um pouco de tempo e paciência, vale ler o discurso inteiro, é uma extraordinária defesa do welfare state e da classe média):
1. O aperto fiscal aprofunda a recessão que deve começar em meados do ano que vem. A arrecadação de impostos cai e, surpresa, os indicadores fiscais não melhoram;
2. Enquanto a recessão se aprofunda, o desemprego aumenta e, junto com ele, a insatisfação da população;
3. Novamente o mercado reconhece a dívida como insustentável, e a bola volta para a União Européia;
a) A União Européia decide, de algum jeito, que as dívidas dos países passam a ser, total ou parcialmente, continentais (o que já deveriam ter feito este ano);
b) Algum país resolve, por iniciativa própria, se livrar das "algemas de ouro" do euro e voltar a usar uma moeda própria. A iniciativa é seguida, até que a união monetária afunde de vez ou vire o "super euro" hipoteticamente sonhado pela Alemanha.
No fundo, parece mesmo que a Alemanha só aceita salvar a União Européia nos seus termos, o que envolve um grande sacrifício de países que já partem de uma situação muito ruim. Parece muito correto do ponto de vista moral (de um ponto de vista moral específico, na verdade), mas no futuro, creio, vai empurrar para soluções extremas e não-consensuais. Pior para a Europa.
Por fim, achei apropriado (talvez um pouco alarmista) reproduzir aqui um pedaço do discurso de State of Union que Franklin D. Roosevelt fez em 1944 (a Sylvia Nasar cita no Grand Pursuit, para quem tiver um pouco de tempo e paciência, vale ler o discurso inteiro, é uma extraordinária defesa do welfare state e da classe média):
We have come to a clear realization of the fact that true individual freedom cannot exist without economic security and independence. "Necessitous men are not free men." People who are hungry and out of a job are the stuff of which dictatorships are made.É, não acordei otimista hoje...
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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Gráfico do dia - em caso de acidente...
A Nomura estimou o valor das moedas nacionais da Europa caso o euro imploda (clique para aumentar):
Não parece bonito para os ativos da maioria dos países...
Não parece bonito para os ativos da maioria dos países...
domingo, 4 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Som da Sexta - Andrea Motis, Sant Andreu Jazz Band
A banda é nascida na escola municipal de música de um dos distritos de Barcelona. A vocalista tinha 15 anos quando gravou isso (ah, ela ainda toca saxofone e trompete). Entre os músicos, o mais velho tem 23 e o mais novo tem 8 (a média deve ser uns 15). O resultado é isso aqui:
Obrigado a Luiza por apresentar.
Obrigado a Luiza por apresentar.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
A besteira dos BRICs
Num dos primeiros posts deste blog, há longos quatro anos, eu demonstrava meu desespero ao ver uma jogada de marketing de um banco americano ser levada a sério pela diplomacia brasileira. Desde então, o desespero só aumentou: em 2009, em Yekaterimburgo, Rússia, foi realizado o primeiro fórum dos BRICs (que passou a ser anual, em 2012 ocorrerá na Índia) e, no final do ano passado, a África do Sul se juntou ao grupo unido pela cabeça do Jim O'Neill e um "S" foi adicionado ao acrônimo. Ainda estamos para ver algo prático e benéfico sair desses encontros, e assim deve continuar por algum tempo. Pode ter algum valor como ferramenta de soft power, mas não consigo deixar de achar, no fundo, uma distração do que realmente importa pro país.
Tudo isso pra comentar que esta semana apareceram mais alguns que compartilham da minha birra com o conceito, em diferentes frentes:
- Clóvis Rossi, da Folha (em quem eu tinha metido o pau aqui, dessa vez ele acertou a mão - ou simplesmente concordou comigo), pegou os ganchos de uma palavra chinesa (hoyou) citada pelo Elio Gaspari e uma entrevista do Jim O'Neill para contar a história e falar da irrelevância do grupo nas discussões internacionais;
- Albert Edwards, do Société Générale, fala do fracasso que foi investir em BRICs neste ano, e cita a apropriada (re)definição de um amigo: Bloody Ridiculous Investment Concept.
- Update: o Moska indicou esse texto do Financial Times de alguns dias atrás. Já estou me sentindo um visionário.
Tudo isso pra comentar que esta semana apareceram mais alguns que compartilham da minha birra com o conceito, em diferentes frentes:
- Clóvis Rossi, da Folha (em quem eu tinha metido o pau aqui, dessa vez ele acertou a mão - ou simplesmente concordou comigo), pegou os ganchos de uma palavra chinesa (hoyou) citada pelo Elio Gaspari e uma entrevista do Jim O'Neill para contar a história e falar da irrelevância do grupo nas discussões internacionais;
- Albert Edwards, do Société Générale, fala do fracasso que foi investir em BRICs neste ano, e cita a apropriada (re)definição de um amigo: Bloody Ridiculous Investment Concept.
- Update: o Moska indicou esse texto do Financial Times de alguns dias atrás. Já estou me sentindo um visionário.
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Gráfico do dia - Mulheres no congresso
Da reportagem especial da última The Economist; há um tempo, indiquei uma matéria que destacava a alta (para padrões internacionais) proporção de mulheres entre executivos de companhias no Brasil. Infelizmente isso ainda não se repetiu na política.
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quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Leituras pré-Dezembro
Hoje é dia da independência de Barbados, terra da Rihanna e do lindo brasão aí do lado (o dístico, por algum motivo, me lembra o poético lema da Gaviões da Fiel: Lealdade, Humildade e Procedimento).
- Novo paper de Martin Feldstein sobre o euro e a Europa, bem conciso e informativo (e livre de equações).
- Um enorme trabalho da Nomura sobre a China.
- John Paulson tenta explicar seu annus horribilis.
- A Rovio, que criou o Angry Birds, recusou uma oferta de US$ 2,25 bi. E diz-se que o Facebook vai fazer uma oferta inicial de ações que precificará a companhia em US$ 100 bi (isso é o DOBRO de uma avaliação feita em Abril, que comentei aqui). O "bolhômetro" parece estar chegando no nível 7.
- Timothy Garton Ash fala sobre a Europa para o Spiegel.
- A nova lista de 100 pensadores globais da Foreign Policy. Contei 20 economistas e afins entre eles, e ainda não consegui concluir se isso é bom ou ruim. Também não sei se é bom ver que o livro mais citado pelos listados é uma história dos banqueiros centrais durante a Grande Depressão (o excelente Lords of Finance).
- Economistas são bons cientistas?
- Noruega, manual do usuário.
- Stanley Kubrick fotografando os tipos de Nova York, nos anos 1940.
- Uma homenagem a Renato Russo, em quadrinhos.
- Novo paper de Martin Feldstein sobre o euro e a Europa, bem conciso e informativo (e livre de equações).
- Um enorme trabalho da Nomura sobre a China.
- John Paulson tenta explicar seu annus horribilis.
- A Rovio, que criou o Angry Birds, recusou uma oferta de US$ 2,25 bi. E diz-se que o Facebook vai fazer uma oferta inicial de ações que precificará a companhia em US$ 100 bi (isso é o DOBRO de uma avaliação feita em Abril, que comentei aqui). O "bolhômetro" parece estar chegando no nível 7.
- Timothy Garton Ash fala sobre a Europa para o Spiegel.
- A nova lista de 100 pensadores globais da Foreign Policy. Contei 20 economistas e afins entre eles, e ainda não consegui concluir se isso é bom ou ruim. Também não sei se é bom ver que o livro mais citado pelos listados é uma história dos banqueiros centrais durante a Grande Depressão (o excelente Lords of Finance).
- Economistas são bons cientistas?
- Noruega, manual do usuário.
- Stanley Kubrick fotografando os tipos de Nova York, nos anos 1940.
- Uma homenagem a Renato Russo, em quadrinhos.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Perfil da Dilma na New Yorker
Saiu na edição desta semana. Aproveitem enquanto o Scribd não tira do ar (no site da revista só tem um resumo aberto). Se clicar em "Fullscreen" dá pra ler na tela; também dá para baixar a versão em pdf.
As 10 Regras de Investimento de Bob Farrell
Robert Farrell, hoje um senhor de 79 anos, foi uma lenda de Wall Street, um dos pouquíssimos analistas do sell side lidos e respeitados pela turma das mesas de operações. Em 1992, se aposentou depois de uma carreira de 25 anos na Merrill Lynch (onde foi mentor, entre outros, de David Rosenberg) e atualmente vive na Flórida, de onde, dizem, segue produzindo uma newsletter para uma lista de contatos bastante exclusiva.
Em 2008 o Marketwatch compilou dez regras que resumem suas conclusões de anos de observação dos mercados. O Barry Ritholtz, do The Big Picture, fez essa versão comentada, que, acho, é a mais difundida hoje em dia (costumo citar algumas delas com frequência). Creio que não há uma versão em Português, então resolvi fazer esse serviço. Para muitos vai soar como mais uma das pajelanças que o pessoal do mercado usa para justificar seus atos quase aleatórios; para quem (como eu) acha que mercados são construções sociais que possuem heurísticas (à la Kahneman e Tversky), nuts & bolts (à la Jon Elster) e fractalidades (à la Mandelbrot), as regras são de grande sabedoria e uma ótima ferramenta para evitar as armadilhas da euforia e depressão. Aí vão, de qualquer maneira:
Mais sobre Bob Farrell no Hall of Fame da Institutional Investor.
Em 2008 o Marketwatch compilou dez regras que resumem suas conclusões de anos de observação dos mercados. O Barry Ritholtz, do The Big Picture, fez essa versão comentada, que, acho, é a mais difundida hoje em dia (costumo citar algumas delas com frequência). Creio que não há uma versão em Português, então resolvi fazer esse serviço. Para muitos vai soar como mais uma das pajelanças que o pessoal do mercado usa para justificar seus atos quase aleatórios; para quem (como eu) acha que mercados são construções sociais que possuem heurísticas (à la Kahneman e Tversky), nuts & bolts (à la Jon Elster) e fractalidades (à la Mandelbrot), as regras são de grande sabedoria e uma ótima ferramenta para evitar as armadilhas da euforia e depressão. Aí vão, de qualquer maneira:
1. Mercados tendem a voltar à média ao longo do tempo
Quando ações vão muito longe em uma direção, voltam. Euforia e pessimismo podem confundir a cabeça das pessoas. É fácil ser pego no calor do momento e perder a perspectiva.
2. Excessos em uma direção levarão a excessos opostos na outra direção
Pense na base de referência do mercado como se estivesse presa a um elástico. Qualquer ação muito grande em uma direção trará você não apenas de volta à referência, mas levará a um exagero na direção oposta.
3. Não existem novas eras - excessos nunca são permanentes
Qualquer que seja o último setor "quente", acaba esquentando demais, retorna à média e exagera a correção. Veja quão longe foram mercados emergentes e BRICs nos útlimos seis anos (nota: isso foi escrito em agosto de 2008), apenas para serem cortados pela metade.
Na medida que a febre vai sendo construída, um coro de "esta vez é diferente" será ouvido, mesmo que essas palavras exatas não sejam usadas. E é claro que ela - a Natureza Humana - nunca é diferente.
4. Mercados com quedas ou altas exponenciais costumam ir mais longe do que você imagina, mas eles não são corrigidos com movimentos de lado.
Não importa quão "quente" seja um setor, não espere que uma planície corrija os excessos. Lucros são realizados com vendas, e isso invariavelmente leva a uma correção significativa.
5. O público compra mais no topo e menos no fundo
Esse é o motivo pelo qual investidores com mentalidade contrária podem fazer um bom dinheiro se seguirem os indicadores de sentimento e tiverem um bom timing.
6. Medo e cobiça são mais fortes que firmeza de longo prazo
Investidores podem ser seus piores inimigos, particularmente quando a emoção toma conta. Ganhos "nos fazem exuberantes; incrementam o bem estar e promovem otimismo," diz o professor de finanças da Universidade de Santa Clara Meir Statman. Seus estudos de comportamento do investidor mostram que "perdas trazem tristeza, desgosto, medo, arrependimento. O medo aumenta a percepção de risco e alguns reagem se afastando de ações".
7. Mercados são mais fortes quando abrangentes e mais fracos quando limitados a poucas blue chips
Daí amplitude e volume serem tão importantes. Pense nesses indicadores como força em números. Momentum amplo é difícil de ser contido, Farrell observa. Fique atento quando o momentum se limita a um pequeno número de ações.
8. Mercados em queda têm três estágios - queda violenta, recuperação reflexiva e continuidade da tendência fundamental de queda
Eu sugeriria que (em Agosto de 2008) estamos na terceira recuperação reflexiva - os cortes de juros de Janeiro, as mínimas da Bear Stearns em Março, e, agora, os resgates de Fannie Mae e Freddie Mac.
Mesmo com esses ralis esporádicos, ainda veremos a longa etapa de continuidade baseada em fundamentos da queda do mercado.
9. Quando todos os experts e previsões concordam - algo diferente vai acontecer
Como Stovall, o estrategista de investimentos da S&P, coloca: "Se todo mundo está otimista, quem sobrou para comprar? Se todo mundo está pessimista, quem sobrou para vender?"
Ir contra a manada, como Farrell repetidamente sugere, pode ser muito lucrativo, especialmente para compradores pacientes que fazem caixa em mercados eufóricos e reinvestem quando o sentimento é mais obscuro.
10. Mercados em tendência de alta são mais divertidos que mercados em tendência de queda
Especialmente se você tem um mandato para ficar todo tempo investido. Aqueles com planos mais flexíveis podem eventualmente sorrir nas duas situações.
Mais sobre Bob Farrell no Hall of Fame da Institutional Investor.
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