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terça-feira, 29 de julho de 2014

Mais uma opinião sobre o "Santandergate"

Ando pensando muito no "caso Santander", tanto pelo o que representa quanto porque muita gente me pergunta a respeito. Na preguiça de fazer um texto coerente, aí vão alguns aspectos que me chamam a atenção, em itens mais ou menos independentes:

--É enorme a ignorância quanto à organização e funcionamento de um banco grande. Para esclarecer minimamente: primeiro, há várias áreas que empregam economistas, cujas opiniões não necessariamente coincidem. Da mesma forma, a opinião corporativa (o que "o banco" pensa) pode ser bastante distinta do que é passado aos clientes. Parece confuso, mas é um jeito de evitar conflitos de interesse e evitar que o banco revele sua estratégia.

De forma mais concreta: os bancos tipicamente têm um economista-chefe, que é o responsável pela área de pesquisa econômica. Geralmente é quem faz as projeções "oficiais" para as variáveis macroeconômicas e é o economista com o qual o público geralmente associa a instituição. Esse economista e sua equipe atendem, na maior parte do tempo, os clientes institucionais do banco, que têm negócios com a tesouraria, a corretora e as áreas de relacionamento com empresas.

Outras áreas de negócios têm seus próprios economistas, como a gestão de recursos, private banking e varejo. Esses atendem suas respectivas áreas e, de novo, podem ter opiniões divergentes das do economista-chefe. Sua função é orientar os clientes para que tomem melhores decisões de investimento com base no que acham que vai acontecer com o cenário econômico.

Curiosamente, os economistas mais importantes para a instituição não são todos esses, e sim os que atendem a tesouraria (há casos em que a equipe do economista-chefe é a mesma que atende a tesouraria, porém), que é a área que opera com o capital próprio do banco . Esses muito raramente publicam opiniões, mas são os que realmente influenciam como o banco vai alocar seus recursos e especular. Ainda mais importante é o comitê de ativos e passivos, que recebe opiniões de diversos economistas (entre eles o economista-chefe e o responsável pela tesouraria) e toma as decisões mais estratégicas, levando ou não em conta o que ouve. Por cima disso tudo estão os acionistas, representados pelos executivos. No caso do Santander, o capital é relativamente pulverizado, mas a família Botín ainda parece ter peso enorme no direcionamento do grupo.

--Dentro da instituição há uma hierarquia informal de prestígio e relevância. Com todo o respeito aos profisionais envolvidos, o responsável por escrever a nota que gerou toda a polêmica está muito longe (na verdade, isolado—pelo bom motivo, mencionado acima, de tentar evitar conflitos de interesse e pela distância hierárquica até os altos comitês) das principais decisões do banco e de uma virtual "opinião oficial" da companhia.

--A probabilidade de uma análise que é distribuída para um segmento do varejo ter qualquer efeito nos mercados é bem próxima de zero. Daí o ridículo de se comparar a situação a episódios passados que envolvem declarações do George Soros ou achar que há qualquer tentativa de influenciar no resultado das eleições.

--O tamanho do barulho por, efetivamente, quase nada, é muito mais interessante do que a nota em si. Algumas coisas para pensar:
  • Como a necessidade da imprensa de, todo dia, criar manchetes que geram repercussão acaba distorcendo a importância relativa de notícias e cria factoides;
  • A enorme insegurança do PT e do governo—mesmo depois de 12 anos no poder, ainda parecem ter necessidade de mostrar que o mercado financeiro não tem porque temê-los;
  • A grande (e assustadora) mobilização da máquina de propaganda e relações públicas do governo para abafar uma opinião que, se ignorada, não teria nenhuma consequência prática;
  • A ridícula ideia de que, entre as prioridades de um governo, tem que estar "agradar o mercado", e partindo daí, numa distorção em cima da distorção, concluir que o desempenho da bolsa ou do câmbio são boas métricas de sucesso ou fracasso relativos;
  • A preferência de uma grande empresa privada por agradar o governo contra defender ter uma opinião independente ou preservar seus funcionários (mais sobre isso abaixo).
--De um dos itens acima: o episódio serve também para observar como a opinião geral sobre especulação é distante da realidade (até grandes como o Elio Gaspari costuma escorregar aqui). Para alguns palpiteiros, especular é fácil e traz lucros garantidos: basta plantar um boato, comprar ou vender ativos, esperar o mercado se mover e contar o dinheiro. No mundo real, salvo em casos de manipulações (que são muito mais plausíveis na negociação de ações de uma empresa específica do que em uma classe de ativos ou do elusivo "risco-país"), os mercados frequentemente teimam em não seguir roteiros pré-determinados, e é estatisticamente impossível lucrar com informação velha—os eventuais lucros de quem tenta fazer isso são obra do acaso, e não determinados pelo sucesso de um plano. O jogo de expectativas, tão bem descrito por Keynes no capítulo 12 da Teoria Geral, é muito mais complexo e imprevisível do que normalmente se supõe; e o tipo de especulação com a qual bancos conseguem lucrar é de outra natureza.

--Quanto à reação do Santander, também há muito a ser entendido. Se partirmos da ideia básica de que a finalidade, direta ou indireta, de qualquer ação estratégica do banco é gerar lucros para os acionistas, a preferência por "cortar na carne" a defender um princípio de independência pode indicar:
  • Um baixo valor atribuído a tal princípio: mesmo ante uma pequena ameaça aos lucros é preferível se submeter às "regras do jogo" ditadas pelo governo. Isso, acredito, não é totalmente específico ao Santander: diz algo sobre o ambiente de negócios do Brasil e a cultura da matriz. É de se imaginar como seria vista uma interferência desse tipo nos Estados Unidos, onde liberdade de expressão é um direito quase sagrado ou, pelo menos, está seguramente acima de qualquer melindre político; ou se o controle do Santander não fosse espanhol;
  • Uma real ameaça aos lucros futuros como consequência da nota do economista—esta viria, possivelmente, de alguma retaliação do governo contra a companhia caso esta não se "enquadrasse." Isso, sim, é de deixar os cabelos em pé. Minha tese (a ser desenvolvida quando eu for agraciado com o milagre do tempo livre abundante) é que o Estado brasileiro tem se tornado cada vez mais um poderoso arbitrador de lucros do setor privado: os lucros de "livre mercado" são muito baixos para atrairem investimentos, e qualquer empresa grande que opera no país depende, em alguma medida, de rent seeking—extração de lucros acima da média de mercado, mediada pelo governo. Isso é uma marca do capitalismo brasileiro, mas que parece ter se aprofundado com o PT pós-Palocci;
  • Qualquer combinação desses dois extremos, claro.
--Ainda sobre o Santander, também há o que se pensar da relação do banco com o país. Foi o único grupo estrangeiro a conseguir manter relevância entre os grandes bancos de varejo, provavelmente não por acaso. Isso começou, creio, com a cartada certeira da compra do Banespa, a um valor que, na época, parecia injustificável (o lance que ganhou o leilão de privatização foi muito maior do que os dos concorrentes) mas que, em poucos anos, se provou uma pechincha e uma demonstração de cojones dos espanhois quando pouca gente acreditava que o país decolaria. Depois, em 2002, seguindo um episódio muito parecido com o recente, o banco parece ter sido dos primeiros a "fechar" com Lula: nós acreditamos na "Carta ao Povo Brasileiro" e evitamos criticar a política econômica, vocês garantem um ambiente em que consigamos operar no Brasil (esta matéria da Bloomberg conta um pouco dessa história). Tal acordo de cavalheiros (ou de capi) parece valer, com as devidas mudanças no contexto, até hoje (outro episódio ilustrativo é o que, há alguns anos, envolveu críticas a Petrobras e o mesmo Santander). Não é necessária muita criatividade maquiavélica para imaginar como poderia ser diferente, partindo da ideia do governo como arbitrador de lucros que coloquei acima somada a algum nacionalismo (mais abaixo).

--Um exercício interessante é pensar quanto do episódio é aumentado pelo Santander ser controlado por capital estrangeiro. Como seria a repercussão de exatamente o mesmo relatório feito pelo Bradesco? Ou pelo Banco do Brasil? Parece haver também um componente de nacionalismo rasteiro, exacerbado pelo clima de eleições e polarização política, onde um partido é, claramente, "amigo" do mercado e o incumbente faz questão de deixar opaca a forma de como pretende tocar a economia depois das eleições. Também a frase "o que esses espanhois, com 25% de desemprego, querem palpitar no Brasil" parece se encaixar bem na média dos discursos de líderes petistas.

--Grandes empresas têm o que pode ser visto como uma "censura interna": ao menos uma área (compliance) é responsável por verificar se as informações tornadas públicas pela companhia não violam nenhuma lei e, mais sutilmente, não vão contra diretrizes internas, que, novamente, visam proteger os lucros ou algum outro interesse corporativo. O episódio ganha uma nuance interessante se pensarmos nele como uma falha dessa área: parece relativamente claro que um relatório do tipo do que foi divulgado traz um risco de repercussão negativa e que poderia ser modificado de forma a passar exatamente o mesmo recado de forma mais sutil (isso é uma arte que qualquer economista que já trabalhou em algum banco brasileiro precisa aprender a dominar). Caso isso tivesse acontecido, a polêmica provavelmente não existiria. É bruto, cínico e abominável, mas é como o jogo é jogado (e o lambari é pescado, completaria o saudoso Luciano do Valle).


Esclarecimento (talvez) necessário: trabalhei no Santander de 2001 a 2007, e devo muito da minha carreira (não é grande coisa, mas é a que tenho) ao banco e aos colegas e amigos que encontrei por lá. Não tenho como não ser grato por isso.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Duke Ellington, CEO

Desse ótimo artigo de Adam Gopnik sobre Duke e os Beatles:

Ellington's ear, his energy, his organizational abilities, the sureness of his decisions are a case study for management school. (Consider the way he fired Charles Mingus for fighting with Tizol, fondly but with no appeal: "I'm afraid, Charles - I've never fired anybody - you'll have to quit my band. I don't need any new problems. Juan's an old problem... I must ask you to be kind enough to give me your notice.") These are not ordinary or secondary gifts. They were the essence of his genius. Ellington had an idea of a certain kind of jazz: tonal, atmospheric, blues-based but elegant. He took what he needed to realize the ideal he had invented. The tunes may have begun with his sidemen; the music was his. This is not a secondary form of originality, which needs a postmodern apologia, in which "curating" is another kind of "creating." It is the original kind of originality.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O último capítulo da convergência de salários entre mulheres e homens

Claudia Goldin, economista de Harvard, dedica parte da sua carreira a estudar o que determina a diferença de salários entre homens e mulheres nos Estados Unidos. No passado não muito distante, a diferença era facilmente explicada pela diferença de produtividade entre os gêneros (fortemente associada ao tempo médio de escolaridade) e pela maioria das mulheres trabalhando em setores tipicamente com baixa remuneração. Ao longo dos últimos 50 anos, o primeiro fator foi praticamente eliminado: em 2006, a própria Goldin e seus coautores mostraram que mulheres eram maioria entre estudantes universitários nos EUA. A convergência em educação contribuiu para que a remuneração média por hora de mulheres passasse de 59% para 77% do equivalente para homens.

O resto do texto está no Estadão.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Imagina na Copa (versão transporte aéreo e hotéis)

Noticiou-se no fim de semana que o governo avalia alternativas para evitar a cobrança de preços “abusivos” durante a Copa do Mundo. Os principais potenciais “abusadores” são hotéis e companhias aéreas, sendo que, no caso destas, estuda-se abrir, por meio de medida provisória, o mercado de voos domésticos para companhias estrangeiras. Nas palavras da ministra chefe da casa civil Gleisi Hoffmann, em entrevista para a Folha de S. Paulo: “Queremos que os preços deem retorno para os empresários, mas que sejam preços justos na época dos grandes eventos.” A definição de “preço justo”, no caso, passa por qualquer metodologia, menos a mais simples e menos arbitrária: deixar o mercado definir.

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

OGX, *2008 †2013



Foi o maior IPO da história da Bovespa, foi o arquétipo do capitalismo de compadrio petista, foi um dos mais espetaculares e rápidos fracassos da história das companhias. Vá em paz, OGX, o Brasil fica melhor sem você (e o país que deixou uma companhia dessas quebrar certamente é melhor do que o contrafactual que a salvaria e seria bem plausível num passado não muito distante).

No mais, tudo o que eu tinha pra dizer sobre o Eike e suas empresas está aqui (Ai-que), aqui (As consequências econômicas do sr. Batista) e aqui (Frases do Dia - Eike Batista x Hugh Hendry). No fim das contas, tenho que dar o braço a torcer para os analistas que miraram na última perna da derrocada, mas sustento o racional deste post. O resto vocês vão cansar de ler na mídia nos próximos dias, e com sorte algum bom meio vai desenrolar o novelo que vai da massa falida da OGX até o governo federal. Torçamos.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Como caíram os poderosos (capitalismo de estado)

Matéria interessante na última Economist sobre o desencanto do mercado com companhias de controle estatal. Em 2009, estavam entre as 10 maiores companhias do mundo bancos chineses, uma petrolífera chinesa e a Petrobras. Hoje, 9 das 10 são americanas, e o capitalismo de mercado parece ter se salvado. O gráfico é de lá, e não custa lembrar que há pouco mais de ano e meio a capa da mesma Economist era essa aqui do lado.



quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma piada e um estudo sobre sorte & carreira

A piada velha é a seguinte (estou transcrevendo de orelha e sou péssimo para contar piadas, portanto não estranhem se não acharem graça nenhuma): um chefe abriu uma vaga, e recebeu 500 candidaturas. Seu assistente chegou com a pilha de currículos impressos. O chefe olhou para a pilha, separou meia dúzia aleatoriamente e mandou jogar os outros no lixo, respondendo ao assistente, que não estava entendendo o método: "não preciso de gente sem sorte aqui". Corta para o mundo real, estudo citado nesse ótimo post do Free Exchange:

in which they applied for 3,000 clerical, administrative, sales and customer-service jobs advertised online by submitting 12,000 fictitious cvs. The submissions were designed so that applicants with similar backgrounds, education and experience went for the same job. The only difference was how long the applicant had been jobless, a period that ranged from no time at all to as much as 36 months…They found that the odds of an applicant being called back by an employer declined steadily as the duration of unemployment rose, from 7.4% after one month without work down to 4-5% at the eight-month mark, where the call-back rate stabilised. 
The design and results of the experiment excluded three common explanations for why the long-term unemployed stay that way; that employers spot some qualitative flaw in the applicant’s resume; that the unemployed themselves search less energetically as unemployment lengthens; or that employers equate lengthening unemployment with atrophying skills:
These results strongly suggest that long-term unemployment is at least partly self-fulfilling. Like patrons who avoid restaurants purely because they are empty, employers were reluctant to hire someone other employers didn’t want. 
If their inference is correct, the implication is troubling: someone who ends up unemployed through bad luck, and for some idiosyncratic reason doesn’t quickly land a job, finds his chances of reemployment diminish until he’s part of the long-term unemployed.

Já fui grande fã de meritocracia (ao ponto babaca de ter, por um tempo, parado de desejar "boa sorte" aos amigos que iam fazer alguma prova, entrevista de emprego ou similar), por achar que, ao longo da vida e da carreira, de fato os melhores acabavam se destacando. Com o tempo, tanto por ler quanto por observar ao meu redor, fui mudando de opinião, ao ponto que hoje acho que o tal "mérito" só passa a valer cumpridas uma série de condições que têm muito mais a ver com o puro acaso do que qualquer outro indicador. Por conta disso, acho que duas tarefas muito nobres para economistas e outros cientistas sociais são (i) nivelar as condições de partida, para que a trajetória de vida não dependa tanto do acaso que determina onde, de que cor, gênero, etc, uma pessoa nasce e (ii) mostrar como a sorte é preponderante em vários aspectos e corrigir processos (como o de busca por emprego) de forma que os azarados tenham mais chances. Os trabalhos citados no Free Exchange são muito interessantes nesta linha.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Albert O. Hirschman e a Brahma

Malcolm Gladwell, abrindo um texto sobre Albert O. Hirschman:

In the mid-nineteenth century, work began on a crucial section of the railway line connecting Boston to the Hudson River. The addition would run from Greenfield, Massachusetts, to Troy, New York, and it required tunnelling through Hoosac Mountain, a massive impediment, nearly five miles thick, that blocked passage between the Deerfield Valley and a tributary of the Hudson. 
James Hayward, one of New England’s leading railroad engineers, estimated that penetrating the Hoosac would cost, at most, a very manageable two million dollars. The president of Amherst College, an accomplished geologist, said that the mountain was composed of soft rock and that tunnelling would be fairly easy once the engineers had breached the surface. “The Hoosac . . . is believed to be the only barrier between Boston and the Pacific,” the project’s promoter, Alvah Crocker, declared. 
Everyone was wrong. Digging through the Hoosac turned out to be a nightmare. The project cost more than ten times the budgeted estimate. If the people involved had known the true nature of the challenges they faced, they would never have funded the Troy-Greenfield railroad. But, had they not, the factories of northwestern Massachusetts wouldn’t have been able to ship their goods so easily to the expanding West, the cost of freight would have remained stubbornly high, and the state of Massachusetts would have been immeasurably poorer. So is ignorance an impediment to progress or a precondition for it?

Cristiane Correa em Sonho Grande, a história do império construído por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira:

No dia 6 de novembro de 1989 ele [Marcel Telles] pisou na cervejaria pela primeira vez. Um problema inesperado já o aguardava. Na ânsia de fechar o acordo com a Brahma, o Garantia dispensou a tradicional due dilligence, análise detalhada que o comprador realiza nas contas da empresa a ser adquirida antes que o negócio seja concretizado. Quando finalmente teve acesso a todos os números, Marcel tomou um susto. O fundo de previdência da cervejaria tinha um patrimônio de 30 milhões de dólares e uma necessidade de reservas para cumprir suas obrigações que somava 250 milhões de dólares - quatro vezes o valor que o banco havia pago para comprar a Brahma. Hoje, quando comentam o assunto, Marcel, Jorge Paulo e Beto dizem que foi ótimo não ter feito a lição de casa. Se soubessem o tamanho da encrenca, provavelmente não teriam levado o negócio adiante.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Leituras da Semana

Helicópteros de dinheiro são para os fracos
- A mais recente carta de Warren Buffett aos acionistas da Berkshire Hathaway. John Kay sobre Buffett.

- Uma comparação interessante entre os índices de inflação de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Venezuela e variações de preços na internet. O resultado é o que você imagina. Dica do leitor J.

- Aviões de dinheiro (literais) teriam salvado a Grécia de uma corrida bancária. O euro esteve incrivelmente perto de se esfacelar ano passado.

- Mansueto Almeida duas vezes sobre bancos públicos: aqui e aqui.

- A (falta de) competitividade internacional do Brasil.

- A Argentinofilia de Paul Krugman.

- Moisés Naím sobre Hugo Chávez. Ótimo gráfico comparando a evolução dos termos de troca nos países da América Latina, reforça o tamanho da sorte que acompanhou os mandatos de Chávez. O editorial da última The Economist.

- Os bairros mais caros do Brasil.

- O Índice Starbucks.

- Ótimo guia para ratings de crédito soberano.

- Uma introdução à desigualdade global, por Branko Milanovic.

- Entrevista da Folha com Ricardo Paes de Barros.

- As cidades com quartos de hotel mais caros do mundo.

- Você anda lendo demais o Zero Hedge?

- Uma carta para Marissa Mayer, a CEO do Yahoo! que proibiu os funcionários de trabalharem de casa.

- Entrevista com John Gray.

- Entrevista com Teju Cole, sobre drones e mais.

- Do que fala a literatura brasileira contemporânea.

- Um projeto para ler todos os romances mais vendidos dos últimos 100 anos.

- Uma resenha muito interessante de Django Livre.

- Candidatando-se para a vaga de papa.

- Jacques Derrida entrevistando Ornette Coleman.

- Criei um Tumblr para alimentar (como se precisasse) meu lado diletante.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Randomized trials

Dilbert de hoje.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Um Brasil do futuro: bom para o consumidor, pior para os capitalistas

De ler notícias e ouvir conversas, fiquei com uma impressão que pode ter desdobramentos interessantes (assumindo, claro, que eu não esteja redondamente errado, o que pode perfeitamente acontecer): ao mesmo tempo em que o Brasil tem se tornado mais protecionista para o comércio exterior (tentando manter um câmbio mais depreciado do que o que seria caso o regime fosse flutuante, com medidas tributárias para setores específicos, criando "campeões nacionais", etc), o país está se abrindo e atraindo investimento estrangeiro direto, em diversos setores da economia.

Uma consequência disso é que várias atividades que eram dominadas por players nacionais estão passando ou passarão a ter concorrentes estrangeiros de peso - o que me deu o "clique" foi a notícia de ontem do investimento de Peter Thiel na Oppa, loja virtual de móveis (que já havia sido fundada com capital estrangeiro). Pra pegar esse exemplo aplicado aqui a São Paulo: o mercado que antes era disputado por Casas Bahia e seus dormitórios Bartira, a Marabraz, a Tok & Stok e um monte de pequenos produtores que vendem na rua Teodoro Sampaio terá agora que se adaptar à existência de um novo varejista, possivelmente mais eficiente e disposto a disputar mercado via preços (isso mesmo sem a IKEA ainda não ameaçando aparecer por aqui). As margens devem cair (o que é condizente com a queda nos juros básicos), e o ganhador por excelência é o consumidor, com opções mais abundantes, melhores e mais baratas.

Outros exemplos recentes que me ocorrem (grandes players multinacionais anunciando entrada no mercado brasileiro): Expedia, Financial Times, Amazon, Netflix, GAP... devo estar esquecendo de muitos outros.

Não sei com qual grau de intenção, mas parece que foi criada uma situação em que o comércio exterior ainda é complicado e de pouco crescimento, mas as taxas de retorno (caindo, mas ainda altas quando comparadas ao resto do mundo), o ambiente macroeconômico / institucional e a expectativa de evolução do mercado têm atraído fluxos robustos de investimento estrangeiro direto. Se a tendência permanecer, esses fluxos devem aliviar as contas externas caso os preços de commodities comecem a cair, afastando por mais tempo o problema crônico de crises cambiais no país - isso tem funcionado para a Austrália há mais de 30 anos. Isso gera um efeito reflexivo para o investimento estrangeiro - com o fim do "peso problem", ou risco de uma grande desvalorização súbita do câmbio, mais investidores sentem-se seguros para trazer dinheiro para o país.

Enfim: margens e preços em queda, mais opções para o consumidor, menor risco de crise cambial. Talvez esse seja um caso próspero e otimista para o Brasil dos próximos anos (mais para o consumidor médio do que para os capitalistas, curiosamente). No caminho, muita coisa pode dar errado, mas boas sementes parecem estar sendo plantadas.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Top 25 dos Últimos 25 anos

A revista Global Finance está completando 25 anos, e na edição comemorativa publicou vários Top 25 interessantes (pelo menos servem para o papo de boteco - e quem fez a lista de livros deve ter nascido em 1990) desse período. Aí vão:

25 eventos-chave dos últimos 25 anos:

  1. Crise financeira na Ásia em 1997
  2. As bolhas ponto-com e de tecnologia
  3. Alta forte dos preços de commodities
  4. Crise financeira global de 2008
  5. Crise da dívida na zona do euro
  6. G20 tomando o lugar do G7
  7. Reforma regulatória
  8. Queda do muro de Berlim e do comunismo na Europa
  9. Massacre da Praça da Paz Celestial
  10. Fim do apartheid
  11. Retorno de Hong Kong a China
  12. 11 de setembro
  13. As guerras no Iraque e Afeganistão
  14. O tsunami de 2011 no Japão e o acidente nuclear de Fukushima
  15. A Primavera Árabe
  16. AIDS
  17. A invenção da world wide web
  18. A ascensão dos telefones celulares
  19. Clonagem da ovelha Dolly
  20. O projeto genoma humano
  21. O envelhecimento da população mundial e o buraco negro das previdências
  22. Ampla aceitação do aquecimento global
  23. O desenvolvimento de energia renovável
  24. O rápido alastramento de novas doenças, como gripe aviária, SARS e H1N1
  25. Urbanização acelerada
25 ideias que moldaram os últimos 25 anos:
  1. Globalização
  2. Democratização
  3. Economia de livre mercado / livre comércio
  4. Privatização
  5. Desregulação financeira
  6. BRICs
  7. Deslocamento de poder do Oeste para Leste
  8. Comércio entre mercados emergentes
  9. Outsourcing
  10. Comércio, não ajuda
  11. Redes sociais
  12. A guerra ao terror
  13. Jihad
  14. Nafta
  15. O euro
  16. Ambientalismo
  17. Energia renovável
  18. O efeito Bilbao (tem link porque eu não sabia o que era, confesso)
  19. Leveraged buyout
  20. Derivativos
  21. CDOs
  22. Fracking
  23. O movimento Occupy
  24. Hackers ativistas
  25. Todo mundo é um repórter / blogueiro
25 pessoas mais influentes dos últimos 25 anos:
  1. Ronald Reagan e Margaret Thatcher
  2. Mikhail Gorbachev
  3. Deng Xiaoping
  4. Jacques Delors
  5. Nelson Mandela
  6. Luiz Inácio Lula da Silva
  7. Osama Bin Laden
  8. Vladimir Putin
  9. Carlos Slim
  10. Ratan Tata
  11. Sergio Marchionne
  12. Howard Schultz
  13. Oprah Winfrey
  14. Rupert Murdoch
  15. Bill Gates
  16. Steve Jobs
  17. Larry Page e Sergey Brin
  18. Mark Zuckerberg
  19. George Soros
  20. Alan Greenspan
  21. Fischer Black e Myron Scholes
  22. Bernie Madoff
  23. Michael Milken
  24. Kenneth Lay
  25. Richard Fuld
25 companhias mais influentes dos últimos 25 anos:
  1. Petrochina
  2. Gazprom
  3. Rosneft
  4. Petrobras
  5. BHP Billiton
  6. Glencore
  7. Apple
  8. IBM
  9. Vodafone
  10. Google
  11. Napster
  12. eBay
  13. Facebook
  14. Skype
  15. Youtube
  16. Walmart
  17. Amazon
  18. Toyota
  19. Sony
  20. Samsung
  21. Nokia
  22. Kohlberg Kravis Roberts
  23. JPMorgan Chase
  24. Berkshire Hathaway
  25. Industrial and Commercial Bank of China
25 companhias para acompanhar nos próximos 25 anos:
  1. Amex
  2. Apple
  3. Royal Dutch Shell
  4. Gazprom
  5. BHP Billiton
  6. Rio Tinto
  7. HSBC
  8. Industrial and Commercial Bank of China
  9. Google
  10. Deutsche Bank
  11. Volkswagen Group
  12. Nestlé
  13. Qatar Investment Authority
  14. Procter & Gamble
  15. Vodafone
  16. Samsung
  17. Infosys
  18. Hyndai
  19. Bally Technologies
  20. Bayer
  21. Lenovo
  22. Haier
  23. Embraer
  24. Pernod Ricard
  25. Hutchison Whampoa
25 livros de finanças e negócios mais influentes dos últimos 25 anos:
  1. Too Big to Fail, Andrew Ross Sorkin
  2. Boomerang, Michael Lewis
  3. The Great Crash: 1929, John Kenneth Galbraith
  4. The Big Short, Michael Lewis
  5. The Subprime Solution, Robert Shiller
  6. The Warren Buffet Way, Robert Hagstrom
  7. The World Is Flat, Thomas Friedman
  8. Anatomy of the Bear, Russell Napier
  9. When Money Dies, Adam Fergusson
  10. Civilization, Niall Ferguson
  11. The Tipping Point, Malcolm Gladwell
  12. The Innovator's Dilemma, Clayton Christensen
  13. The Great Unraveling, Paul Krugman
  14. End This Depression Now!, Paul Krugman
  15. Freefall, Joseph Stiglitz
  16. Fault Lines, Raghuram Rajan
  17. The Rational Optimist, Matt Ridley
  18. The Facebook Effect, David Kirkpatrick
  19. Doing Business with China, Stewart Hamilton e Jinxuan Zhang
  20. Breakout Nations, Ruchir Sharma
  21. Greece's 'Odious' Debt, Jason Manolopoulos
  22. Extreme Money, Satyajit Das
  23. The Quest, Daniel Yergin
  24. Steve Jobs, Walter Isaacson
  25. The Ascent of Money, Niall Ferguson
25 destinos de investimento estrangeiro nos próximos 25 anos:
  1. Turquia
  2. Polônia
  3. Eslováquia
  4. Romênia
  5. Albânia
  6. Cazaquistão
  7. Mongólia
  8. Quênia
  9. Nigéria
  10. Gana
  11. África do Sul
  12. Egito
  13. Marrocos
  14. Vietnã
  15. Indonésia
  16. Colômbia
  17. Cuba
  18. Omã
  19. Qatar
  20. Emirados Árabes Unidos
  21. Austrália
  22. Coréia do Sul
  23. Mianmar
  24. Malásia
  25. Cingapura

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Venture Capital

Dilbert de hoje.


terça-feira, 3 de julho de 2012

Frases do Dia - O Mal Estar na Civilização

Negrito meu:


Louise Richardson, now the vice chancellor of the University of St. Andrews, in Scotland, combined an assistant professorship in government at Harvard with mothering three young children. She organized her time so ruthlessly that she always keyed in 1:11 or 2:22 or 3:33 on the microwave rather than 1:00, 2:00, or 3:00, because hitting the same number three times took less time.

Do ultracomentado texto de Anne-Marie Slaughter para a The Atlantic, Why Women Still Can't Have It All. O texto é bom e honesto, mas se conforma com uma visão de sucesso que me deixa profundamente incomodado. Devo andar precisando de férias.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Frases do Dia - reciclando lucros

"There has never been a purely 'Smithian' market; and we know from copious experience that well-intentioned artisans do not normally survive the competition. If the skilled bakers of France survive today, it is thanks to subsidy. To put it no finer, the state recycles the profits of capitalism in its less appealing forms to sustain the more aesthetically appealing marginal enterpreneurs."

Do último Tony Judt, Thinking the Twentieth Century, que finalmente terminei de ler. O último capítulo tem uma das críticas mais inteligentes e pertinentes sobre o capitalismo atual que já li, durante a semana coloco alguns trechos aqui.

E seria bom se a reciclagem de lucros fosse só para atividades de apelo estético. Hoje em dia, vemos dinheiro de arrecadação pública sendo reciclado, para ficar em poucos exemplos, em:

- Companhias aéreas (que deveriam ser reconhecidas como bem público, ainda que moralmente isso seja muito difícil de ser defendido. Daí, creio, a preferência por um modelo que envolva o setor privado);

- Times de futebol, sempre gastando mais do que conseguem arrecadar e renegociando dívidas;

- Shows do Elton John pagos por banqueiros para seus amigos e convidados.

A lista pode ir longe. Agradeço ao Iconoclastas e ao André Poffo por uma discussão desse grande tema no twitter, devo voltar a ele no futuro.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Gráfico do Dia - Goldman Sachs e os estudantes

Ontem saiu a pesquisa da CNN Money com os empregadores preferidos dos estudantes de MBA nos EUA. Desde 2007, o líder é o Google. Aqui, chamo a atenção para a posição da Goldman Sachs no ranking: este ano foi a mais baixa dos últimos sete anos. A teoria a ser testada é que a era dos grandes bancos de investimento nos EUA acabou, e emprego neles vai cada vez mais se parecer com o resto do mercado, tanto em termos de remuneração quanto de badalação. Esse seria um movimento de muitos anos, talvez o dado seja mais um sinal de que já começou:


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Maravilhas da divisão do trabalho

Via Marginal Revolution. Adam Smith ficaria orgulhoso.

Amazon is so serious about its next big thing that it hired three women to do nothing but try on size 8 shoes for its Web reviews. Full time.

O "next big thing" é o mercado de roupas de luxo. Consta que a Amazon chega ao Brasil em Setembro deste ano; eu estaria muito preocupado se fosse acionista de alguma empresa de varejo na internet.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Leituras da Semana

祝福大家新年快樂!!!

- 222 anos de juros longos nos EUA - já foram mais baixos do que agora, nos anos após a II Guerra.

- Discurso de Raghuram Rajan para a American Finance Association, defendendo a ligação entre Wall Street e Main Street e a importância de um mercado acionário vibrante.

- Will Hutton, de Oxford, recomenda cinco livros sobre justiça social e desigualdade (um do Rajan, entre eles).

- Música pop como indicador antecedente dos mercados (dica Balu, paper original aqui). Abordagem diferente do que o Robert Prechter costuma fazer.

- David Einhorn sobre 2011 e a crise, sempre relevante.

- Contra a austeridade fiscal em tempos de crise: Robert Shiller e Richard Koo.

- Lord Skidelsky provoca: dívida realmente importa?

- Alguém teve a paciência de contar as risadas nas reuniões do Fed para quais as transcrições estão disponíveis. Vai ficar interessante quando liberarem as de 2008.

- Ouvido no elevador da Goldman Sachs: matéria no FT e o twitter.

- Tentar imitar o "milagre" de desenvolvimento do Sudeste Asiático pode ser difícil. Falando em Ásia, o Japão, para minha surpresa, fechou 2011 com um déficit comercial, o primeiro desde 1963.

- A The Economist entrevista FHC.

- Eike para presidente, novo marco na sabujice do colunismo brasileiro.

- Vladimir Safatle sobre a Tunísia, primeira de uma série de visitas ao mundo árabe pós-revoluções.

- Existem leis fundamentais para cozinhar? Os quants invadem a cozinha.

- A solidão das Guianas, nossos vizinhos menos prestigiados.

- Pico Iyer sobre os benefícios de se desligar da vida digital.

- Frank Zappa como Jeff "The Dude" Lebowski e outros fantásticos elencos alternativos.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Incerteza

Dilbert de hoje.