quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Drunkeynesian Awards 2011

Fora os filmes e livros, uma listinha randômica do que me chamou a atenção durante o ano:

- Ideia econômica do ano: metas para o PIB nominal, que eu não acho particularmente brilhante, mas é o que temos, por enquanto.

- Pior ideia econômica do ano: sanções e multas para os países da Europa que não cumprirem metas fiscais.

- Acadêmico mais pertinente: Barry Eichengreen.

- Melhor research de banco: Nomura, pelo Richard Koo ter acertado (por enquanto) o script japonês das crises dos EUA e da Europa, pelos acertos de Kevin Gaynor e Bob Janjuah na direção geral dos mercados e por ter sido, por muito tempo, a única casa que dizia que o Banco Central do Brasil cortaria os juros antes e mais do que o consenso imaginava.

- Troféu sic transit gloria mundi: John Paulson, depois de ser "o" cara que lucrou com a crise de 2007/2008, vai terminar o ano perdendo quase mais que metade do capital dos clientes, em alguns fundos.

- Furos de bolha do ano: algodão (caiu 62% do pico, em março) e Netflix (perdeu 60% do valor de mercado).

- Troféu "Vivendo e Não Aprendendo": cotistas da GWI, que voltaram a confiar num gestor incompetente / maluco / mal intencionado e foram novamente varridos, desta vez por uma verdadeira marolinha do mercado.

- Pior case do mercado de ações no Brasil: disputa duríssima. Tivemos grandes micos em praticamente todos os setores, mas acho que fico com os frigoríficos amigos do BNDES, sobretudo a Marfrig, que colaborou muito para o desastre do camarada mencionado acima. Menções desonrosas para Lupatech, B2W, HRT, Gafisa, etc...

- Melhor factóide: risco EUA maior que risco Brasil, cortesia, claro, de Guido Mantega. E ele ainda arrisca entrar na história como o cara que decretou a "guerra cambial" dos anos 2010.

- Melhor hedge fund: Banco Central do Brasil, que passou boa parte do ano comprando dólares perto de R$ 1,60 e vendeu a R$ 1,90. Além disso, acertou na mosca (por acaso ou não) o timing da crise européia quando resolveu cortar os juros e capturou todo o rali nas Treasuries e bônus de países desenvolvidos que compõem as reservas internacionais. Só vai faltar o Tombini pedir bônus de performance para dona Dilma.

- Melhor twitter: @PSTUvote16, com um kolkhoz de vantagem.

- Melhor blog novo estrangeiro: Global Macro Monitor (é do fim do ano passado, na verdade).

- Melhor blog novo brasileiro: era para ser o A Consciência de Dois Liberais, mas parece que esse já foi abandonado prematuramente (diz-se que por criticar a FIESP. Parabéns, grupo Abril, por cultivar e defender a liberdade de expressão no país). Um dos "dois liberais", o Fábio Kanczuk, lançou o Cerebelo Econômico, que é bastante promissor.

- Foto do ano: em política / economia, esta da Merkel e Sarkozy apontando para o Mario Monti é insuperável. No absoluto, fico com essa do quebra-quebra em Vancouver depois que os Canucks locais perderam a Stanley Cup para o Boston Bruins.Corinthianos depredando o Pacaembu depois da eliminação da Libertadores são amadores.


- Disco de rock do ano: w h o k i l l, do tUnE-yArDs, apesar da grafia ridícula.

- Melhor disco de jazz que ainda não ouvi: Samdhi, do Rudresh Mahanthappa.

- Melhor show em São Paulo: empate entre Christian Scott e Chris Potter, ambos no SESC Pompéia. A apresentação do Stevie Wonder no Rock in Rio também não foi mole.

- Melhor site de comics: estrangeiro, Abstruse Goose. Brasileiro, Dinâmica de Bruto.

- Melhor destino turístico futuro: Grécia, depois da desvalorização. Mesmo com o euro, já está relativamente barato.

- Melhor paper acadêmico: o estudo sobre traumas cerebrais nas histórias do Asterix.

- Pior paper acadêmico: Male Organ and Economic Growth: Does Size Matter?

- Melhor nome de presidente exercendo o cargo: Goodluck Jonathan (Nigéria)

- Melhor nome de personagem de filme (que poderia ser presidente de algum país): Motherfucker Jones, personagem impagável de Jamie Foxx em Quero Matar Meu Chefe.

- Melhor pior analogia: Christopher Hitchens, o Reinaldo Azevedo deles. Pelo menos gerou dezenas de boas piadas.

- Palavra do ano: o Merriam-Webster diz que é pragmatic, mas só porque não tiveram coragem de eleger bunga bunga.

Ainda preciso conferir as minhas previsões e algumas do mercado para o ano, e aí 2011 estará acabado para este humilde blog. Fiquem por aí.

6 comentários:

JGould disse...

Bom, se tem alguém perseguindo PIB nominal então faltou entregar, porque neste ano nem no próximo, "in other words", os tais 5% que tanto falam. Pode ser que o melhor HF tenha sido o BC mas, ele fez a festa de quem carregou as NTN-Bs no quesito risco/retorno. Qdo vejo aqueles coreanos chorando pela morte daquele facínora, logo me vem á cabeça os cotistas da GWI. O Paulson tá na roça este ano, mas ainda tem um track record espetacular. Ainda bem que estão construindo o Itaquerão(just kidding!) e "last but not least" quer ficar antenado? então não perca, The Drunkeynesian!!!

Abs e Um Feliz "Nativity"

Drunkeynesian disse...

NTN-Bs exigiram paciência, mas terminaram mesmo muito bem o ano.
Obrigado J, Feliz Natal por aí, também.

victor disse...

Fala Drunkeynesian,
Sobre a sua ideia econômica do ano, vc tinha escrito um post sobre metas de pib nominal e eu dei uma lida rápida e achei que vc talvez tenha confundido sobre como funciona esse sistema. No post vc escreveu a seguinte frase:
"Juntando a + b... Não espero que ninguém de Brasília vá a público dizer que, sim, o Brasil tem uma meta implícita de crescimento de PIB nominal...." sendo que "a" seria que o Brasil utiliza metas inflacionárias e que o governo tem como meta um crescimento real de x% da economia. Porém se um país utilizar metas de pib nominal ele não poderá escolher qual será a sua inflação e o seu crescimento real pois essas variáveis ficam endógenas nesse contexto.

Abs e feliz natal!

Drunkeynesian disse...

victor, você tem razão, e por isso não dá pra dizer que a ideia está sendo implementada no Brasil como quem a criou teria proposto. A nossa versão é implícita, partindo do princípio que teríamos uma meta para as duas variáveis.

Abraço e Feliz Natal pra você, também.

victor disse...

Acho que ficou um pouco confuso o que escrevi anteriormente, o que eu tava falando é que não tem como um país ter uma meta para as duas variáveis (crescimento e inflação), se um país utiliza metas inflacionárias o crescimento real da economia será endógeno, e caso um país decida por ter uma meta de crescimento real (só possível no curto prazo), a inflação será endógena. Nos dois casos que eu citei o PIB nominal também será endógeno. Ou seja, com metas inflacionárias -> cresimento real e nominal endógenos. Meta de crescimento real -> inflação e crescimento nominal endógenos. Metas de PIB nominal -> inflação e crescimento real endógenos.
Se o país tem metas inflacionárias e uma meta de crescimento real (na minha opinião isso nem é possível) da economia isso não quer dizer que o país está seguindo metas de PIB nominal(implicitamente), pois no caso de metas de PIB nominal o governo não decide qual será o valor da inflação e nem o crescimento real da economia.

Abs

Me disse...

Blog economico melhor humorado: Drunkeynesian
Pior humorado: bolhaimobiliaria.com(tá foda)