sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Tchau, 2013...

Dou por encerrado o ano aqui no blog. Ainda devo alguns posts referentes ao ano que está acabando, mas vão ficar pra volta. Como de costume, muitíssimo obrigado pela audiência e generosidade. Comam demais e bebam demais, a época é pra isso, mesmo.

A época das previsões

Enquanto os humanos trocam presentes e desejos de que as coisas melhorem no ano que está para começar, economistas, esses seres exóticos, tiram do armário seu estojo de ferramentas e dedicam-se a prever. Quanto vai crescer o PIB, qual vai ser a taxa de câmbio, os juros sobem ou caem, o que vai acontecer com a bolsa, quem vai ganhar as eleições… Para todas essas perguntas há uma resposta, mais ou menos embalada num pacote de método científico e sabedoria acumulada. Afinal de contas, se alguém tem como antecipar o que vai acontecer com variáveis econômicas, ninguém melhor que quem dedica a vida a estudá-las, certo?

O resto do texto está no Estadão.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Os filmes de 2013

Foi bem difícil acompanhar os lançamentos este ano, o que quer dizer que ficaram de fora da minha amostra um monte de filmes potencialmente bons, que ainda pretendo assistir (A Hijacking, Before Midnight, Drinking Buddies, Frances Ha, Hannah Arendt, Machete Kills, The Bling Ring, The Kings of Summer, Blue Jasmine, Azul É a Cor Mais Quente, Gravidade, Capitão Phillips, Metegol, Enough Said...). De qualquer jeito, aí vai o que gostei da produção recente, em ordem alfabética do título em Português:

Amor é Tudo o Que Você Precisa (Den skaldede frisør), Susanne Bier

Depois das pedradas Em um Mundo Melhor e Depois do Casamento, Bier vai relaxar na Itália e volta com essa comédia inteligente e pouco pretensiosa.

- A Caça (Jagten), Thomas Vinterberg

Acho que o melhor filme do ano, muito perturbador. Pra ficar pensando em crianças, verdade, reputação, amizade...

- A Datilógrafa (Populaire), Régis Roinsard

Uma comédia francesa com visual dos anos 1950 e que envolve um concurso de datilografia não pode ser ruim.

- A Família Flynn (Being Flynn), Paul Weitz

Todo mundo falou de De Niro em Silver Linings Playbook, mas este é o grande papel recente dele.

- Ferrugem e Ossos (De rouille et d'os), Jacques Audiard

Impressionante atuação de Marion Cotillard como uma treinadora de baleias que perde as pernas. A obra-prima de Audiard, porém, segue sendo o anterior O Profeta.

- Histórias que Contamos (Stories We Tell), Sarah Polley

A sensibilidade costumeira de Polley em versão autobiográfica.

- A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty), Kathryn Bigelow

Mais um filmaço da dupla Bigelow / Boal, deviam colocar eles pra tentar salvar Homeland.

- Marcados para Morrer (End of Watch), David Ayer

Filme de polícia sem glamour e romantização. Parabéns a quem deu o título em Português, que entrega o final.

- Nota de Rodapé (Hearat Shulayim), Joseph Cedar

As complicações de paternidade, judaismo e competição profissional, tudo junto e com humor fino.

- The Queen of Versailles, Lauren Greenfield

Pra entrar sob o verbete "alavancagem" em algum dicionário de cinema. Documentário muito interessante sobre os delírios do mercado americano antes do estouro da bolha.

- As Sessões (The Sessions), Ben Lewin

A mais nobre das profissões. Belíssima atuação de John Hawkes.

- O Som ao Redor, Kleber Mendonça Filho

Talvez não justifique plenamente o hype, mas, de forma sutil, fala muito mais sobre o Brasil de hoje do que outras obras mais pretensiosas.

- Spring Breakers: Garotas Perigosas (Spring Breakers), Harmony Korine

Só pelo delírio visual (podia ser também pelo papel de James Franco).

- Tese Sobre um Homicídio (Tesis sobre un homicidio), Hernán Goldfrid

Porque não podia faltar um argentino com Ricardo Darin na lista.

- As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower), Stephen Chbosky

Como aborrescente pode não ser chato (OK, exceção da exceção, mas deu um belo filme). Saudades bestas de, meses depois de ouvir pela primeira vez, descobrir o nome de uma música boa que estava tocando no rádio.

A Vida de Pi, (Life of Pi), Ang Lee

O uso mais bonito de 3D que já vi (não fosse por isso, acho que não estaria na lista).

- O Voo (Flight), Robert Zemeckis

Blockbuster divertidíssimo, não tem como não gostar se você for fascinado por aviões.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Retrospectiva Drunkeynesian 2013

Sim, começou aquela série de posts olhando em retrospectiva para o meu próprio umbigo:

- Janeiro começou com as tradicionais previsões para o ano (confiro na primeira semana do ano que vem, já podem ir rindo da vergonha de algumas barbaridades). Listei 10 coisas que não entendia (e sigo não entendendo) na política econômica do governo. Começou o baile que levei do Ibovespa no ano, assim como ficou claro que é difícil operar ações no Planeta Bizaro.

- Em Fevereiro, Adam Gopnik compartilhou um belíssimo insight sobre decisões que deve me acompanhar por bastante tempo. O sofrimento com o Ibovespa continuou e o PT lançou uma cartilha picareta sobre seus 10 anos no poder.

- David Bowie lançou um disco novo em Março, o primeiro em dez anos. Hugo Chávez morreu, lançando uma série de discussões sobre como a economia venezuelana andou nos anos em que ele esteve no poder. Consuelo Dieguez publicou, na piauí, uma ótima matéria sobre o etanol no Brasil. O monumental Getz/Gilberto completou 50 anos, assim como o primeiro single dos Beatles. Num final de semana, o Chipre resolveu dar um sustinho nos mercados, que passou incrivelmente rápido (o proverbial "muro de preocupações" ia sendo escalado com relativa facilidade).

- Fiz um estudozinho sobre capital e alavancagem de bancos em Abril, que depois foi aproveitado em uma discussão bacana da Bertelsmann Foundation. Começou (e terminou) a histeria com o preço do tomate. O BNDES completou 60 anos, maior do que nunca. Morreram Margaret Thatcher e o gigante Paulo Vanzolini, a academia pegou fogo com os erros de cálculo de Reinhart e Rogoff e o Banco Central passou a publicar uma série de preços de imóveis que vai ser muito útil no futuro (além de ter começado a subir a Selic).

- Dilma ganhou um presentão em Maio. Descobri o verdadeiro DNA de Janet Yellen, que já despontava como favorita para suceder Bernanke no Fed. Um astronauta fez o mundo se emocionar com uma música velha e o BC acelerou a alta de juros.

- Em Junho o Ibovespa já havia caído mais de 20% no acumlado do ano e as moedas de emergentes tomavam uma surra do poderoso dólar americano. Escrevi um dos textos que mais gostei na história deste blog; os protestos começaram a correr soltos pelo Brasil. Pol Antràs, de Harvard, montou uma lista bacana com seus 50 papers favoritos. Morreu Marc Rich, o cara que inventou o mercado internacional de petróleo.

- Julho começou sem o Google Reader e com o Império X entrando em coma terminal. A Jornada Mundial da Juventude aconteceu no Rio. Saiu o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil.

- Em Agosto mudei para os EUA, minha vida terminou de virar pelo avesso e o blog passou a ficar meio abandonado. O dólar fez a máxima no ano contra o real, devidamente sinalizada pela mídia.

- Em Setembro estreou a versão deste blog debaixo do portal do Estadão. Saez e Piketty atualizaram um trabalho importantíssimo sobre distribuição de renda nos EUA. Começou a aparecer a baixaria da NSA.

- Em Outubro a The Economist botou na capa o foguete Brasil perdendo o rumo, para o bem do nosso complexo de vira-lata.  Fama, Shiller e Hansen dividiram o Nobel, a arqueologia da internet achou essa aula de economia política pelo finado dr. Enéas e Eike Batista quebrou de vez.

- Novembro viu a tentativa de registro do primeiro ataque especulativo fiscal da história.  Na que deve ter sido a notícia mais importante do ano, a China anunciou que vai flexibilizar a política de filho único. Janet Yellen foi confirmada como próxima presidenta do Fed e a Selic retornou aos dois dígitos.

- O mundo perdeu um gigante em Dezembro. O Galo passou vergonha em Marrocos, o SPTV anuncia o que vai abrir e o que vai fechar no Natal e, bom, todo mundo deve estar festejando o fim de mais um ano e ninguém vai ler isso aqui (mais ainda devo minhas listas de filmes, livros, etc).

Feliz Natal, queridos leitores, continua sendo um prazer contar com vossa companhia virtual para cornetar sobre esse mundo esquisito ao nosso redor.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

1 ano de Abenomics

Há pouco mais de um ano, num domingo, milhares de corinthianos em Tóquio (este escriba entre eles) se preparavam para tomar um trem para Yokohama, ver seu time bater o Chelsea e conquistar o Mundial de Clubes. O outro campeão no Japão naquele dia foi Shinzo Abe, eleito novamente primeiro ministro do país com a promessa de tirar o país da estagnação que prevalece desde o estouro das bolhas de ações e imobiliária, em 1990. Na semana seguinte, o índice Nikkei 225 subiu 2%, começando uma impressionante escalada de (até agora) mais de 60%.
O resto do texto está no Estadão.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Sr. Dinheiro e o negócio de entretenimento

Hoje (escrevo em 18 de Dezembro) fiquei sabendo da existência do Sr. Dinheiro, personagem criado, aparentemente, pelo "Fantástico" da TV Globo em cima de Luis Carlos Ewald. O Sr. Dinheiro ganha para ensinar finanças na FGV do Rio e prestar assessoria financeira. Hoje ele concedeu uma entrevista ao portal InfoMoney dizendo que há uma bolha imobiliária no Brasil que vai estourar "no primeiro semestre de 2014". A entrevista não fala como ele precisou tão bem o timing. Se tem um modelo para isso, é forte candidato ao Nobel nos próximos anos.

Assumindo que, de fato, haja uma bolha no mercado imobiliário brasileiro, o que garante que ela vai estourar nos próximos seis meses, ou seis anos? Nada. Se é fato consumado que toda bolha estoura (ver a pesquisa da GMO sobre o assunto, a mais completa que conheço), também é mais ou menos estabelecido que bolhas podem ser incrivelmente resilientes. As perdas amargadas por muitos grandes investidores que tentaram ir contra bolhas, de Julian Robertson a George Soros, passando pela própria GMO, parecem confirmar a frase (aparentemente apócrifa) atribuída a Keynes: o mercado pode permanecer irracional por mais tempo do que você pode permanecer solvente.

Ewald, porém, não deve ter problemas de solvência (ou pode ser mais esperto que Robertson, Soros, Jeremy Grantham ou o próprio Keynes). Ele e outros consultores financeiros não vivem de acertar ou errar: vivem de colocar o nome nas manchetes, fazendo previsões "ousadas" e "bombásticas". Em seis meses, se errar, ninguém mais vai se lembrar e ele pode continuar cobrando por aulas e consultoria; se acertar, vira guru. Baixíssimo risco, alto retorno potencial: esse é o melhor investimento que o Sr. Dinheiro poderia recomendar.

O problema aqui é como reputações no mercado financeiro são construídas e destruídas. O assunto merece um estudo mais cuidadoso, mas arrisco alguns palpites: é uma área que lida com variáveis complexas, com um componente brutal de incerteza, onde o sucesso é difícil de ser mensurado ao longo do tempo, e povoada por um nível monumental de ignorância. Isso gera um grande problema de seleção: como saber escolher um bom profissional se (i) o nível de conhecimento geral sobre o assunto é baixo e qualquer um que fala besteiras com convicção pode se passar por expert; (ii) mesmo os verdadeiros experts sofrem para entregar resultados (e estes são os que, sabendo da incerteza, cercam de cautela suas opiniões e frequentemente são vistos como "fracos" ou "pouco arrojados"); (iii) os resultados mais visíveis são os de poucos meses - para períodos mais curtos, o peso da incerteza é ainda maior, e anos de bom trabalho são facilmente esquecidos após um semestre de performance fraca. Aqui, de novo, o grande Keynes: "é melhor para a reputação falhar de forma convencional do que ter sucesso de forma não convencional".

Aqui, a analogia com o futebol e seus inúmeros comentaristas é quase perfeita: o assunto, complexo, é parte importante da vida de milhões; há um corpo de conhecimento sobre o assunto, dominado por poucos; o conhecimento implica reconhecer que grande parte do jogo é determinada por fatores que não podem ser explicados; quem reconhece isso não chama a atenção devida e quem ganham os holofotes são os que gritam mais alto, usam metáforas mais coloridas ou criam mais polêmicas. Tostão escreveu hoje, na Folha, que, caso o Atlético Mineiro passasse do Raja Casablanca, podia tanto ser goleado pelo Bayern ou ganhar a final do Mundial de Clubes. Isso pode parecer óbvio, mas embute grande dose de humildade, conhecimento e sabedoria. Coloquem ele em um canal da TV dizendo isso e no outro o Craque Neto dizendo que o Galo é favorito, que esses times da Europa não são tudo isso, etc, e vejamos quem atrai mais audiência. Em resumo, ambos os negócios remuneram mais entretenimento e menos conhecimento. Ao menos no futebol raramente se coloca em risco o dinheiro da aposentadoria.

O post já está longo demais e ainda nem cheguei ao que mais me deixou doente na entrevista do professor. Cito:

Ainda segundo o Sr. Dinheiro, quando o mercado imobiliário desaba, a bolsa de valores (e o mercado acionário como um todo) melhora muito. “Essa bolha que vai estourar no ano que vem vai criar uma ótima oportunidade para os investidores do mercado de renda variável, afinal, o desempenho de ambos são inversamente proporcionais”, finalizou.

Entre 2007 e 2008, o preço de imóveis nos EUA, medido por um índice criado pelo professor de Yale que ganhou o Nobel este ano e o Sr. Dinheiro orgulhosamente citou como referência para suas previsões, caiu pouco mais de 25%. As açoes americanas, medidas pelo S&P 500, perderam mais de um terço do seu valor. O mesmo aconteceu em inúmeros outros países onde o mercado imobiliário colapsou. A crise que se arrasta até hoje é das maiores da história do capitalismo, mas não é evidência suficiente para o Sr. Dinheiro, que prefere sacar uma teoria estapafúrdia para empurrar incautos para o mercado de ações.

Uma das frases que Nassim Taleb gosta de repetir (acho que está no Antifragile, se bobear é emprestada de algum grego): se você vê uma fraude e não grita "fraude", você é uma fraude. O Sr. Dinheiro é uma fraude. Espero ter coragem e isenção para apontar outras ao longo da vida.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Como ganhar na loteria

Lembrei do nosso João Alves lendo isso no Why Nations Fail:

It was January 2000 in Harare, Zimbabwe. Master of Ceremonies Fallot Chawawa was in charge of drawing the winning ticket for the national lottery organized by a partly state-owned bank, the Zimbabwe Banking Corporation (Zimbank). The lottery was open to all clients who had kept five thousand or more Zimbabwe dollars in their accounts during December 1999. When Chawawa drew the ticket, he was dumbfounded. As the public statement of Zimbank put it, "Master of Ceremonies FAllot Chawawa could hardly believe his eyes ehn the ticket drawn for the Z$100,000 prize was handed to him and he saw His Excellency RG Mugabe written on it."


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Temporada de caça aos ursos

2013 não está terminando bem para os pessimistas com os mercados de ações dos Estados Unidos. O índice S&P 500 deve terminar o ano perto dos 1800 pontos, tendo subido cerca de 25% com relação ao nível do final de 2012. A expectativa média das projeções que 14 grandes instituições apresentaram há um ano a seus clientes era 1534 pontos, mais de 17% abaixo de onde o mercado se encontra. O mais otimista entre esses (usualmente exageradamente otimistas) analistas esperava alta de pouco mais de 12%. Os pessimistas foram atropelados, mesmo com um cenário econômico pior do que se imaginava: em dezembro do ano passado, o Fed acreditava que o PIB americano cresceria, em 2013, entre 2,3% e 3,0%. O crescimento efetivo dificilmente passará de 2,0%.

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Frases do Dia - África e rent seeking (deve valer pra América Latina, também)

Rent seeking in our [African] economies is not a more or less important phenomenon, as would be the case in most economies. It is the centerpiece of our economies. It is what defines and characterizes our economic life.

H.E. Prime Minister Meles Zenawi of Ethiopia, September 5, 2000. Tirada deste (ótimo) paper de Lant Pritchett sobre a (ausência de) retornos da educação para o crescimento.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Globalização e tecnologia, 1919 e 2009

Keynes, no clássico The Economic Consequences of the Peace:

"What an extraordinary episode in the economic progress of man that age was which came to an end in August, 1914. The inhabitant of London could order by telephone, sipping his morning tea in bed, the various products of the whole earth, in such quantity as he might see fit, and reasonably expect their early delivery upon his doorstep; he could at the same moment and by the same means adventure his wealth in the natural resources and new enterprises of any quarter of the world, and share, without exertion or trouble, in their prospective fruits and advantages; or he could decide to couple the security of his fortunes with the good faith of the townspeople of any substantial municipality in any continent that fancy or information might recommend. He could secure, forthwith, if he wished it, cheap and comfortable means of transit to any country or climate without passport or other formality, could dispatch his servant to the neighboring office of a bank for such supply of the precious metals as might seem convenient, and could then proceed abroad to foreign quarters, without knowledge of their religion, language, or customs, bearing coined wealth upon his person, and would consider himself greatly aggrieved and much surprised at the least
interference.”

Jess Walter (já tinha citado ele aqui), em The Financial Lives of the Poets, talvez o melhor livro que li este ano (pode ser também o viés por ter ficado tanto tempo sem conseguir terminar um romance):

So I make one phone call, and just like that, we're eating pizza at 6:30. What is this world? You tap seven abstract figures onto a piece of plastic thin as a billfold, hold that plastic device to your head, use your lungs and vocal cords to indicate more abstractions, and in thirty minutes, a guy pulls up in a 2,000-pound machine made on an island on the other side of the world, fueled by viscous liquid made from the rotting corpses of dead organisms pulled from the desert on yet another side of the world and you give this man a few sheets of green paper representing the abstract wealth of your home nation, and he gives you a perfectly reasonable fac-simile of one of the staples of the diet of a people from yet another faraway nation. 
And the mushrooms are fresh.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Som da Sexta - Melissa Aldana

Saxofonista chilena que completou 25 anos anteontem. Se o jazz morreu, esqueceram de avisá-la.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mandela

"I have fought against white domination, and I have fought against black domination. I have cherished the ideal of a democratic and free society in which all persons live together in harmony and with equal opportunities. It is an ideal which I hope to live for and to achieve. But if needs be, it is an ideal for which I am prepared to die."

(fonte)

O crescimento do PIB além do curto prazo

Comentar cada leitura trimestral do PIB parece-me uma atividade mais estéril do que debater o desempenho do time preferido na rodada passada do campeonato. Enquanto os resultados de esportes são facilmente interpretáveis e raramente sujeitos a mudanças, o PIB é uma estimativa estatística complexa (pior: complexa vestida da simplicidade com que o crescimento é usualmente reportado) e longe de ser definitiva. Não necessariamente a última informação disponível é a melhor, revisões são frequentes e o número final nem sempre se parece com a estimativa divulgada na data marcada (claro que as revisões merecem muito menos destaque entre os comentaristas habituais).

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

As últimas leituras do ano..

... já que semana que vem começam minhas provas e não deve sobrar tempo pra diletantismo:

- McKinsey sobre os efeitos dos juros muitos baixos no mundo na distribuição.

- Stiglitz descendo a lenha na política de subsídio agrícolas dos EUA.

- O último Journal of Economic Perspectives sobre os 100 anos do Fed, com textos de Bernanke, Eichengreen, Feldstein, Sandel...

- Na visão (bem mercantilista) de Dani Rodrik, os verdadeiros heróis da economia global são: Áustria, Canadá, Filipinas, Lesoto e Uruguai.

- Robert Solow sobre crescimento igualitário.

- Teoria dos jogos aplicada a jantares.

- Coletânea de gráficos bacanas sobre as megacidades do mundo.

- Pankaj Mishra dá seus pitacos sobre o arranca-rabo entre Amartya Sen e Jagdish Bhagwati.

- Esporte e crescimento com redistribuição.

- A Irlanda está destruindo projetos residenciais abandonados.

- A América Latina enriqueceu e diminuiu desigualdade, mas o crime nunca foi tão alto.

- Tim Harford sobre renda mínima universal. A Suíça vai votar um pagamento mensal de 2.500 francos para cada adulto.

- O megatorneio de previsões de Philip Tetlock e Dan Gardner.

- Mangabeira Unger no BBC Hardtalk.

- Philip Roth x Bertrand Russell.

- John Gray esculachando Malcolm Gladwell.

- Os muros do mundo no Guardian.

- Já é aquela época do ano, de novo: as listas de melhores livros do ano do New York Times e do Financial Times.

- Os cinco melhores ensaios de George Orwell.

- A viagem de ônibus de 96 horas e 5.800 quilômetros (mesma distância de Nova York a Ocotal, Nicarágua) entre São Paulo e Lima.

- Se os times da NFL fossem para o futebol europeu...

- Forte candidata a foto do ano.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Fora FMI!

Do portfólio do grande Henfil que a piauí publicou no mês passado. Espero que alguma editora se meta logo a fazer uma compilação bacanona da obra dele.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Frases do Dia - vivendo em tempos de bolha imobiliária

I wonder if a house has ever represented as much as it does now, for people like Lisa and me. It has been the full measure and symbol of our wealth and security over the last few years; every cent we threw into it and every cent we took out, seemed so smart, like such a good bet. Every time we got ahead, we borrowed against the thing to remodel, and every time we remodeled the thing we congratulated ourselves of our wisdom, and every time we saw a house go up for sale on our block (They're asking three-eighty-five and it's half the size!) we became like derivative-crazed brokers; we stopped thinking of the value of our home as a place of shelter and occupancy and family-or even as the aesthetic triumph witnessed from our alley-but as a kind of faith equation, theoretical construct, mechanism of wealth-generation, salvation function on a calculator, its value no longer what it's worth but some compounded value that might exist given the continued upward tick of the market, because this was the only direction housing markets could ever go: up. All the geniuses said so. If housing had survived the dump of the technology bubble and the brief realization after 7/11 that we weren't alone in the scary, scary world, then what could possibly stop its march? In eighty years, the geniuses told us, actual housing values had only fallen once. One time in eighty years? I can still close my over-leveraged eyes and hear two decades of such party talk: real estate is the only safe bet; real estate can only go up; they aren't making any more real estate. 

Do ótimo The Financial Lives of Poets, de Jess Walter.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

De volta aos dois dígitos

Nosso governo gosta de repetir variações da frase “quem aposta contra o Brasil sempre perde”. A volta da taxa Selic para os dois dígitos, padrão com o qual nos acostumamos por muito tempo, mostra que, ao menos no mercado de juros, vale o oposto da versão oficial: quem acha que o Brasil pode sustentar juros básicos abaixo de 10% por muito tempo acaba sempre perdendo dinheiro.

O resto do texto está no Estadão.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Os caminhos divergentes de Brasil e Argentina

Os dados de Brasil e Argentina fornecerão material riquíssimo para os historiadores econômicos de um futuro não muito distante. Ao fim de um período de câmbio fixo e muto valorizado (final dos anos 1990 / início dos anos 2000), os dois países partiram de níveis similares de renda per capita e desde então vêm aprofundando a divergência entre a condução de suas políticas econômicas. O Brasil trocou a âncora nominal do câmbio por metas de inflação e de resultado fiscal (duas pernas do famoso “tripé macroeconômico”); a Argentina, após o maior calote de dívida externa da história, tem se dedicado a abandonar qualquer espécie de âncora e navegar ao gosto do casal de capitães Kirchner. A recente ascensão ao posto de ministro de Axel Kicillof, o arquiteto da nacionalização da petrolífera YPF e representante de uma nova geração da longa tradição de economistas heterodoxos no continente, parece ser uma reafirmação desse caminho.

O resto do texto está no Estadão.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Desenvolvimento no Cinema

Do paper do Banco Mundial The Projection of Development - Cinematic Representation as An(other) Source of Authoritative Knowledge?, uma lista de filmes envolvendo temas de desenvolvimento:


  • Apocalypto (2006) 
  • Avatar (2009)
  • Bamako (2006) 
  • Beyond Borders (2003) 
  • Black Robe (1991) 
  • Blood Diamond (2006) 
  • Cannibal Tours (1989) 
  • Casino Royale (2006) 
  • Circle of Deceit (1981) 
  • City of God (2002) 
  • Critical Assignment (The Guinness film, 2003) 
  • Dirty Pretty Things (2002) 
  • Entre Nos (2009) 
  • Even the Rain (También la lluvia) (2010) 
  • Gandhi (1984) 
  • Gangs of New York (2002) 
  • Gangster’s Paradise: Jerusalema (2008) 
  • Hotel Rwanda (2004) 
  • In the Loop (2009) 
  • Johnny Mad Dog (2008) 
  • Journey to Banana Land (1950) 
  • Jungle Drums of Africa (1953) 
  • La Yuma (2010) 
  • Men with Guns (1997) 
  • Missing (1982) 
  • Salaam Bombay (1988) 
  • Salmon Fishing in Yemen (2011)
  • Salvador (1983) 
  • Sin Nombre (2009) 
  • Slumdog Millionaire (2009) 
  • Tears of the Sun (2003) 
  • The Beach (2000) 
  • The Constant Gardener (2005) 
  • The Constant Gardner (2005) 
  • The Day after Tomorrow (2004) 
  • The Fog of War (2003) 
  • The Gods Must be Crazy (1981) 
  • The Hurt Locker (2008) 
  • The Killing Fields (1984) 
  • The Last King of Scotland (2006) 
  • The March (1990) 
  • The Mission (1986) 
  • The Motorcycle Diaries (2004) 
  • The Painted Veil (2006) 
  • The Year of Living Dangerously (1982) 
  • Tsotsi (2005) 
  • Turistas (2006) 
  • Under Fire (1983) 
  • Viva Zapata (1952) 
  • Volunteers (1985) 
  • White Material (2009)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

As consequências econômicas da senhora Yellen

O aspecto mais importante da nomeação de Janet Yellen para a presidência do Fed foi a nomeação em si. Primeiro, por ela ser a primeira mulher a ocupar esse posto, em um campo ainda amplamente comandado por homens. Annie Lowrey, no New York Times, observou que não há nenhuma mulher entre os 23 membros do conselho do Banco Central Europeu ou os 9 do mesmo órgão no Banco da Inglaterra, e apenas uma no equivalente do Japão. Fora do mundo desenvolvido, mulheres presidem os bancos centrais da África do Sul, Malásia e Botsuana, mas não há mais do que 10 no cargo mais importante dos bancos centrais do resto do mundo. Atualmente, não há nenhuma mulher entre os membros do nosso Copom.

O resto do texto está no Estadão.

Cristiano Ronaldo, economista

Via BeardedGenius:


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O primeiro economista

Roubado do INET (clique para aumentar).


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quem acredita em “ataque especulativo fiscal”?

Na tentativa de negar a parcela de culpa do governo na deterioração recorrente das contas públicas, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, tentou caracterizar o primeiro caso na história econômica de “ataque especulativo fiscal”. Também deve ser o primeiro registro de ataque especulativo em uma variável sobre a qual o controle do mercado é mínimo: faz algum sentido falar em ataque especulativo no câmbio, mas dizer que a política fiscal está sofrendo do mesmo mal é como imaginar que as mesas de operações dos grandes bancos e fundos podem, decisivamente, afetar a cobertura do SUS ou a compra de caças pelo Ministério da Defesa (bem, teorias conspiratórias existem para todos os lados, o leitor pode usar a criatividade e construir a sua com os elementos acima).


O resto do texto está no Estadão.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Frases do Dia - instituições, piratas e engenheiros químicos

To be a successful pirate one needs to know a great deal about naval warfare, the trade routes of commercial shipping, the armament, rigging, and crew size of potential victims, and the market for booty. 
To be a successful chemical manufacturer in early twentieth century United States required knowledge of chemistry, potential uses of chemicals in different intermediate and final products, markets, and problems of large scale organization. 
If the basic institutional framework makes income redistribution (piracy) the preferred economic opportunity, we can expect a very different development of knowledge and skills than a productivity increasing (a twentieth century chemical manufacturer) economic opportunity would entail. The incentives that are built into the institutional framework play the decisive role in shaping the kinds of skills and knowledge that pay off.

Douglass North em Institutions, institutional change and economic performance, 1990.

sábado, 2 de novembro de 2013

5 lições da queda do Império X para o Brasil

Em 13 de junho de 2008, quando os melhores dias para a bolsa americana antes da crise já haviam passado, a OGX fez a maior oferta inicial da história da Bovespa até então (depois foi superada por Cielo, BB Seguridade e Santander). 6.7 bihões de reais foram levantados, e as ações fecharam o primeiro dia no pregão com mais de 8% de alta. Pouco menos de 2,000 dias depois, a empresa registrou um pedido de recuperação judicial na 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. 

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

OGX, *2008 †2013



Foi o maior IPO da história da Bovespa, foi o arquétipo do capitalismo de compadrio petista, foi um dos mais espetaculares e rápidos fracassos da história das companhias. Vá em paz, OGX, o Brasil fica melhor sem você (e o país que deixou uma companhia dessas quebrar certamente é melhor do que o contrafactual que a salvaria e seria bem plausível num passado não muito distante).

No mais, tudo o que eu tinha pra dizer sobre o Eike e suas empresas está aqui (Ai-que), aqui (As consequências econômicas do sr. Batista) e aqui (Frases do Dia - Eike Batista x Hugh Hendry). No fim das contas, tenho que dar o braço a torcer para os analistas que miraram na última perna da derrocada, mas sustento o racional deste post. O resto vocês vão cansar de ler na mídia nos próximos dias, e com sorte algum bom meio vai desenrolar o novelo que vai da massa falida da OGX até o governo federal. Torçamos.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O petróleo é (40%) nosso

A descoberta de petróleo no pré-sal segue sendo para o Brasil algo como um dom divino da mitologia grega: uma benesse acompanhada de vários problemas. Cassandra tinha o dom de antever o futuro, mas ninguém acreditava em suas previsões; Héracles tinha força e inteligência extraordinárias, mas foi destemperado a ponto de estrangular os próprios filhos e ter que sofrer com 12 trabalhos quase impossíveis para ser perdoado; e o Brasil foi dotado com uma das maiores reservas de hidrocarbonetos do mundo, mas ainda não sabe bem como explorá-la ou o que fazer quando os petrodólares começarem a aparecer.

O texto completo está no Estadão.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O novo Bretton Woods, por Dr. Enéas

Quem me segue em outros meios já deve ter topado com esse link algumas vezes, mas não podia deixar de registrar também aqui a resposta nacional à análise de Dooley, Folkerts-Landau e Garber.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Fronteiras da Análise Técnica - o Beija-Flor

O pássaro que voa sem sair do lugar aparece como uma possível salvação para a OGXP3:


Dica do Fabrício, obrigado.

Mais fronteiras da análise técnica:

- O Martelo de Thor (Batista)
Intraday Bart
Velociraptor
Vampire Black Swan
Bullish Cyclist
Evil Knievel Formation

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Som da Sexta - John Wilson Orchestra, Tom and Jerry at MGM

Dica da Camila, a orquestra inglesa tocando temas de Scott Bradley para os desenhos de Tom & Jerry nas décadas de 1940 e 1950.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Uma virada liberal de Dilma?

Se tomarmos pelo valor de face o que tem sido noticiado, estamos vendo ou em breve veremos no Brasil: diversos leilões de concessões no setor de transportes, bancos públicos reduzindo o crescimento do crédito, Banco Central levando os juros básicos de volta a dois dígitos, um novo reajuste nos preços de combustíveis e o braço de participações do BNDES vendendo ações no mercado. Todas essas decisões têm (pelo menos) dois fatores em comum: vão na direção de maior peso nas sinalizações vindas de um mercado livre e têm o aval da economista mais influente do país, que também acumula o cargo de Presidente da República.

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Bolão para o Nobel de Economia

O anúncio é na próxima segunda-feira. Aqui os chutes da Reuters; aqui os do Tyler Cowen. Acho que Harvard vetou o bolão que o Mankiw fazia, então vou fazer uma versão caseira aqui. Coloquem nos comentários seus favoritos. Se alguém acertar, eu mando um livro bacana daqui (talvez o novo do Angus Deaton, ou a nova coletânea de textos do Hirschman, ou o que estiver em promoção na livraria).

Meu chute-zebra é o Michael Woodford, não vale copiar (e, se eu acertar, mando minha conta para vocês depositarem milhões).

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Bernanke em casa

Da última New Yorker:


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Uma frase sobre matemática

Será?

What, then, to raise the old question once more, is mathematics? The answer, it appears, is that any argument which is carried out with sufficient precision is mathematical, and the reason that your friends and ours cannot understand mathematics is not because they have no head for figures, but because they are unable to achieve the degree of concentration required to follow a moderately involved sequence of inferences.

De College Admissions and the Stability of Marriage, D. Gale e L.S. Shapley, 1962.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Brasil, The Economist e as indicações contrárias

Quando a The Economist lançou a famosa edição com o Cristo Redentor decolando na capa (14 de novembro de 2009), o Ibovespa estava em 65.000 pontos, vindo de uma espetacular recuperação de mais de 80% nos doze meses anteriores (no mesmo período, o S&P500 havia subido “só” 28%, tendo feito uma nova mínima em março e só então iniciado uma correção). Uma ação da Petrobras (PETR4) valia R$ 37, uma ação da OGX (OGXP3) valia R$ 14 e gente como Jeremy Grantham, o conservador e respeitado estrategista da gigante americana GMO, dizia que ações de mercados emergentes deveriam operar com um prêmio sobre seus pares em países desenvolvidos, para (aqui cito literalmente de uma das cartas trimestrais dele) “celebrar seu crescimento do PIB obviamente superior comparado ao de um mundo desenvolvido envelhecendo”.

O resto do texto está no Estadão.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Algo totalmente diferente para a sexta

Anúncio na seção "Personals" da New York Review of Books. Tente não torcer por um belo desfecho pra história:

July 4, midsummer night swing. I was sitting, listening to the music, and you came into view: café au lait complexion, unapologetically white close-cropped curls, elegant stance. I said to my brother: "Now, there's a rarity, a truly beautiful older woman." You turned, I smiled at you, you shot back a big warm smile. Then you strolled way, and because I don't accost women in public, I let you go. Is it conceiveable that you are a NYR reader, and will respond? mayhewstephen3@gmail.com.

A probabilidade dela ler a NYR é um pouco maior do que dela ler este blog, mas, se passar por aqui, escreva para o mayhewstephen3, por favor.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Como caíram os poderosos (capitalismo de estado)

Matéria interessante na última Economist sobre o desencanto do mercado com companhias de controle estatal. Em 2009, estavam entre as 10 maiores companhias do mundo bancos chineses, uma petrolífera chinesa e a Petrobras. Hoje, 9 das 10 são americanas, e o capitalismo de mercado parece ter se salvado. O gráfico é de lá, e não custa lembrar que há pouco mais de ano e meio a capa da mesma Economist era essa aqui do lado.



sábado, 21 de setembro de 2013

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Dilma por Kal

A tirada de sarro da Economist desta semana:



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Ibovespa está morto, vida longa ao Ibovespa!

Um exercício simples, que pode ser resolvido com duas buscas na internet: quais são as 10 maiores companhias dos Estados Unidos? E do Brasil? Se usarmos como critério as receitas anuais, as respostas são, para os EUA: Wal-Mart, Exxon Mobil, Chevron, Phillips 66, Berkshire Hathaway, Apple, General Motors, General Electric, Valero Energy e Ford Motor; e, para o Brasil: Petrobras, BR Distribuidora, Vale, Ipiranga Produtos, Volkswagen, Cargill, Fiat, Vivo, Raízen e Bunge. Todas as 10 maiores americanas fazem parte do S&P 500, o principal índice do mercado de ações por lá. No Brasil, apenas três são listadas na Bovespa, sendo uma delas de controle estatal.

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Gráficos do Dia - Desigualdade nos EUA

Emmanuel Saez, de Berkeley, atualizou os dados do seu famoso trabalho de 2003 (em parceria com Thomas Piketty) sobre desigualdade de renda nos EUA. Nunca antes na história daquele país os 1% mais ricos (em 2012, famílias com renda anual maior que US$ 112 mil) ou os 0,1% mais ricos (renda familiar maior que US$ 10,25 milhões) tiveram fração maior do total:



A Economist montou esse gráfico, derivado dos mesmos dados. Curioso ver que os ricos ganharam pra valer nos anos Clinton, com a "exuberância irracional" no mercado de ações, perderam pouco na recessão de 2011 e voltaram a prosperar nos anos Bush. E chocante notar que 95% do aumento da renda nos últimos quatro anos veio dos 1% mais ricos:


Joseph Stiglitz comentou no Financial Times.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Já que não dá tempo de escrever...

... vou, descaradamente, apelar para um clipping de imagens (ideal para os leitores que sofrem do mesmo problema que eu):

1. Outra tirinha do Calvin sobre economia (na verdade é uma versão resumida da que eu tinha publicado aqui). Roubado do Economistas Xs.


2. Esta capa espetacular, triste e desesperadora da última New Yorker, desenhada pelo Adrian Tomine. Acho que vale por um tratado de centenas de páginas sobre os problemas de quem vive em megacidades hoje em dia. Mais aqui.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Leituras atrasadas

O que deu pra contrabandear entre as páginas do Mas-Collel, Whinston & Green (aliás, estou pensando em fazer uma camiseta com esses nomes nesse estilo--acho que já preciso de férias):

- Os 200 blogs de economia mais influentes do mundo.

- Um Q&A útil da Goldman Sachs sobre como andam os mercados emergentes.

- Um tradutor economia - sociologia (e vice-versa).

- Michael Woodford, o economista mais influente do mundo?

- Livro interessante que está por vir, sobre a reinvenção do capitalismo de estado a partir do caso do Brasil.

- Tim Harford sobre os grandes bancos, não poderia concordar mais.

- Morreu o grande David S. Landes, autor de A Riqueza e a Pobreza das Nações. Uma resenha de Deirdre McCloskey da época do lançamento desse livro (via Leo Monasterio) e o obituário do NY Times. Morreu também o Ronald Coase, mas este era famosão, mais fácil encontrar informação.

- Mark Blyth indica cinco livros sobre economia política.

- A orientação política da The Economist.

- Cinco distorções cognitivas de "gente que faz".

- Dinamarca = Boston.

- Viva a boa cerveja: o criador da Sam Adams ficou bilionário.

- Um esquema de citações em algumas publicações científicas brasileiras.

- Um dicionário de clichês, por Teju Cole.

- 10 grandes entrevistas da Playboy. Faltou a do Tim Maia.

- Um mapa dinâmico com todos os protestos no planeta desde 1979.

- Perfilzão de Chris Ware na Intelligent Life, que é a melhor revista que você pode assinar de graça no iPad.

- Paulo Francis entrevistando Gisele Bündchen.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Rent-seeking e o jogador de 100 milhões de euros

A grande notícia desta temporada de transferências no futebol europeu foi a venda do galês Gareth Bale do Tottenham para o Real Madrid por alegados 100 milhões de euros. Não vou tentar discutir aqui quantos Neymares deve valer Bale, mas sim alguns aspectos econômicos por trás do negócio (e já peço desculpas ao vizinho Roberto de Lira por roubar um potencial assunto dele).
Primeiro, o que determina o preço de um jogador? Se considerarmos que o atleta é um ativo do clube onde atua, seu preço poderia ser estimado como o de uma ação ou título de renda fixa, trazendo a valor presente toda receita estimada que ele trará ao clube durante sua passagem. Porém, contar com isso é arriscado: para cada Cristiano Ronaldo, que no primeiro ano em Madri vendeu 1,2 milhão de camisas só na cidade e ajudou a arrecadar estimados 120 milhões de euros, existem tantos outros Ibrahimovics ou Fernandos Torres, que passaram longe de justificar o valor dos seus passes quando foram transferidos, respectivamente, para Barcelona e Chelsea.
O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O que leem os gestores de investimentos brasileiros?

O Valor teve uma iniciativa legal, perguntando para vários gestores de investimentos brasileiros quais livros eles recomendam. Dos entrevistados de hoje (espero que sigam fazendo matérias desse tipo):

Paulo Bodin, Tempo Capital:

- Against the Gods: The Remarkable Story of Risk, Peter L. Bernstein
- Wealth, War & Wisdom, Barton Biggs

Arminio Fraga, Gávea Investimentos:

- Manias, Panics and Crashes: A History of Financial Crises, Charles Kindleberger
- Pioneering Portfolio Management: An Unconventional Approach to Institutional Investment, David Swensen
- Against the Gods: The Remarkable Story of Risk, Peter L. Bernstein
- Fortune's Formula: The Untold Story of the Scientific Betting System that Beat the Casinos and Wall Street, William Poundstone
- The Collected Writings of John Maynard Keynes, volume XII: Economic Articles and Correspondence Investment and Editorial, John Maynard Keynes

Luiz Carlos Mendonça de Barros, Quest Investimentos:

- Un Sorte de Diable: Les vies de John M. Keynes, Alain Minc
- Keynes: O Regresso do Mestre, Robert Skidelsky
- A Bola de Neve: Warren Buffett e o Negócio da Vida, Alice Schroeder
- A Arte da Guerra, Sun Tzu

Dório Ferman, Opportunity:

- The Warren Buffett Way, Robert G. Hagstrom
- Fooled by Randomness, Nassim Nicholas Taleb
- When Genius Failed, Roger Lowenstein
- Against the Gods: The Remarkable Story of Risk, Peter L. Bernstein

Roberto Vinhaes, Investidor Profissional:

- The Foundation Trilogy, Isaac Asimov
- Sources of Power: How people make decisions, Gary Klein
- Atlas Shrugged, Ayn Rand
- Philosophy, who needs it, Ayn Rand

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Expandindo os domínios

Hoje estreou no portal do Estadão O Andar do Economista Bêbado, a versão menos diletante deste blog. Apareçam por lá, também.

Delfim e a guerra cambial

Quando quer, Delfim é dos economistas mais lúcidos deste país. Por vezes, porém, é de um sabujismo que passa por cima de qualquer traço de honestidade intelectual. Hoje, no Valor, pede para os "críticos impertinentes fazerem justiça à retórica do ministro Guido Mantega", já que ele teria se provado correto quanto à "guerra cambial" promovida pelo Fed.

Ora, a guerra cambial não era uma tentativa de desvalorizar a própria moeda e colocar os vizinhos e parceiros comerciais em má situação? Na conveniência de Delfim, a lógica se inverteu: agora o Fed, ameaçando aumentar os juros, provoca desvalorização nas moedas dos emergentes (curiosamente, não no euro, libra, iene, etc). Não sabemos o que queremos, contra quem estamos lutando, de que lado estamos... mas estamos numa "guerra", e precisamos "lutar". A retórica é de propaganda de cerveja em época de Copa, e a tradição brasileira de tentar distribuir a culpa pelos próprios descaminhos econômicos tem um passado glorioso e um futuro promissor, como diria outro dos grandes tecnocratas da história do país.

Adiante, diz Delfim:

"O que os emergentes têm pela frente, portanto, não é um trilema. É um pobre dilema: impor controle à plena liberdade no movimento dos capitais ou entregar sua política monetária ao banco central americano, o Fed! Sua superação precisa de uma ordem internacional inteligente."

O Fed não é o maior BC do mundo desde anteontem, portanto, ou Delfim está certo, ou só é possível ter política monetária independente com controle de capitais (ignoremos os que têm conseguido fazê-lo). De novo, o inimigo está fora, é grande e não há nada que possamos fazer. Talvez a melhor solução seja mesmo alugar o Brasil (nós não vamo pagá nada, yeah).

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O fim do “duplo equilíbrio” nos juros?

Texto desta semana para a Agência Estado.


Entre as inúmeras explicações dadas para a persistência de juros reais altos no Brasil, a tese do “duplo equilíbrio” é das mais interessantes. Por ela, o país estaria preso em uma armadilha que se auto-alimenta: partindo de um nível alto de juros, o serviço da dívida é caro, requerendo um grande esforço fiscal e embutindo um risco grande para os títulos soberanos. O risco serve para justificar as taxas altas pedidas pelo mercado para carregar a dívida, e o preço dos títulos encontra equilíbrio a um nível de juros ainda mais alto, que deve ser sancionado pelo banco central na formulação da política monetária.

Para quebrar a armadilha, seria necessário um choque externo que colocasse os juros de partida num nível mais baixo. Isso reverteria o ciclo descrito acima: as taxas menores reduziriam os pagamentos de juros e o risco da dívida, levando o mercado a um novo equilíbrio, sem comprometer o controle da inflação.

Quaisquer que sejam os reais motivos que levaram o Banco Central do Brasil a, a partir de março de 2012, levar a taxa Selic aos níveis mais baixos em várias décadas, entre eles poderia estar uma justificativa “técnica”, embasada pela elegante teoria do “duplo equilíbrio” descrita acima. Se o experimento desse certo, Tombini e sua equipe entrariam para a história por terem, em uma decisão audaciosa, livrado os contribuintes brasileiros de transferirem bilhões de reais para os detentores da dívida ao longo do tempo. A combinação do ambiente de juros internacionais perto dos níveis mais baixos da história com anos de alguma disciplina fiscal, melhora notável do perfil da dívida (fim da dívida remunerada pela variação cambial e redução da emissão de LFTs) e acúmulo de reservas internacionais contribuiriam para aumentar a probabilidade de sucesso da mudança de rumo na política monetária.

Faltou, claro, combinar com a inflação, que foi o fator decisivo para que tal experimento começasse a ser revertido depois de pouco mais de um ano. Porém, o aumento da inflação deveria ter papel menos relevante na determinação dos juros reais--apenas levaria a uma alta na Selic que compensasse o desvio com relação à meta. Não foi o que ocorreu: os juros reais de longo prazo, medidos pela taxa de mercado das NTN-Bs, passaram pouco tempo ao redor de 3% (o que seria compatível com o objetivo declarado de levar os juros reais de um dia a 2%), e já voltam a flertar com o nível que parecia ser o equilíbrio anterior, ao redor de 6%.

Com esses resultados, sai enfraquecida a hipótese do equilíbrio duplo. Pior do que isso, as evidências apontam para a velha tese da “dominância fiscal” defendida por Olivier Blanchard*: o aumento nos juros tem sido acompanhado por uma depreciação no câmbio, como se a juros mais altos a dívida brasileira ficasse menos atrativa para o investidor global. Isso se explicaria por um maior risco de calote na dívida (como estamos tratando de dívida interna, essa probabilidade é melhor descrita como risco de mais depreciação no câmbio, controles de capital e aceleração da inflação para além do que o mercado precifica), que afastaria novos aplicadores e aumentaria o prêmio de risco para investimentos no país.

A saída da “dominância fiscal” é por via conhecida, ou seja, ortodoxa: aumentar o esforço fiscal, deixar o câmbio se ajustar, baixar a inflação e depois tentar um novo patamar para os juros. Parece ser para esse lado que o pêndulo está balançando, ainda que por uma somatória de forças conflitantes. Os meses do experimento ao tentar forçar um novo equilíbrio serviram, ao menos, para provar que a Selic alta não era nem de longe o principal obstáculo ao crescimento do país.


* Fiscal Dominance and Inflation Targeting: Lessons from Brazil, NBER Working Paper No. 10389