quinta-feira, 10 de maio de 2012

Leituras da Semana

- Charlie Munger, o primeiro violino do maestro Warren Buffett, faz companhia a Keynes na definição de ouro como uma "relíquia bárbara": "I think gold is a great thing to sew in to your garments if you're a Jewish family in Vienna in 1939 but I think civilized people don't buy gold." A maioria dos americanos acha que ouro é o investimento mais seguro (seguido de imóveis, não parecem ter aprendido muito).

- O poder da "repressão financeira" para destruir dívida.


- Um bom relatório do Santander sobre os limites (ou falta deles) para a atuação do BNDES.

- Os fantásticos cursos abertos virtuais de Yale viraram livros. A iniciativa é tão bacana que eu deveria fazer propaganda toda semana. Dá para aprender sobre mercados financeiros com um tal Robert Shiller; eu comecei a assistir a um curso sobre capitalismo que parece muito bom.

- Enquanto isso, na UERJ, você pode aprender como se tornar um ninja.

Elio Gaspari e o cheiro de picaretagem no livro Breakout Nations (o autor diz que o Plano Real saiu durante o governo Collor). A The Economist resenhou.

- Raghuram Rajan publicou, na Foreign Affairs, um artigo muito comentado sobre as possíveis lições da recessão nos EUA. Aqui um resumo das discussões.

- John Kay defende o fim do oligopólio bancário e menores barreiras de entrada no setor.

- Shaquille O'Neal agora é doutor (provavelmente o maior do mundo). Título da tese: How Leaders Utilize Humor or Seriousness in Leadership Styles.

- Uma conversa do Wall Street Journal com Deirdre McCloskey (é de Janeiro, tinha deixado passar).

- Para quem estiver pensando em seguir carreira de trader.

- Hugh Hendry preocupado com a "monocultura de fundos". Eu, com iniciativas como a do banco central do Japão, que está comprando ETFs de ações. A época parece ser de grande ameaça para livres mercados.

- James Montier, da GMO, na conferência anual do CFA Institute.

- Celso Barros, do NPTO, sobre as complicações de ler Marx.


- Das Kapital... em quadrinhos.

- O ministério de piadas prontas de Portugal, numa tentativa de amenizar a crise, cortou quatro feriados do calendário. Ganha um (ig)Nobel quem provar a relação entre número de feriados em um país e crescimento econômico.

14 comentários:

André disse...

Piada pronta foi terem abolido o dia da independência!

Danilo Balu disse...

Pode até ser o maior, mas não o mais rápido...

http://sportingeagle.com/?p=1634

Balu

Drunkeynesian disse...

Hahaha, honorário é sacanagem! O Shaq ralou pelo título (ou não).

Anônimo disse...

DK, conhece esse?

http://www.khanacademy.org/

Vi pouca coisa ainda, mas já recomendo!

Drunkeynesian disse...

Já vi algumas coisas, o Khan é popstar - mas acho que o foco de Yale é diferente, são aulas mais longas e algo mais profundas.

Anônimo disse...

Assisti o curso do Shiller. Leseira demais. É um estilo Campanário na exposição. Na clareza, equivale a um Kanckzuk. E aí? Está vendido em Ibex, trader?

Drunkeynesian disse...

Nope... saímos anteontem, nível um pouco mais alto do que fechou hoje. Agora resta torcer para o euro implodir.

Drunkeynesian disse...

Ah, eu fui num almoço com o Shiller aqui em SP há uns cinco anos... de fato didática não é o forte dele, mas não dá pra dizer que ele não sabe. Engraçado que na época ele estava encantado com o sistema de indexação do Chile, com os preços de um monte de coisas cotados com correção da inflação, achava que isso era o ideal - enquanto aqui a gente segue tentando se livrar das décadas de indexação.

O Douglas Rae, do curso de capitalismo, é muito bom, muito claro e objetivo.

Dawran Numida disse...

Bom, o fato de Portugal ter cortado quatro feriados, chama a atenção.
Ainda mais em crise, fazer a relação como Brasil é interessante.
Por aqui, talvez, teria de começar logo com o Carnaval.
E depois, ou antes, fechar a Bahia para reformas...conforme fala um amigo gozador.
Dai sim poderia ter algum material bom para tentar fazer a correlação desafiada "número de feriados em um país e crescimento econômico".
Piadas são imperdíveis...hehehehe...

Moska disse...

Sobre Yale, tem uma série muito boa de Financial Theory com o John Geanakoplos.

Osmar Camilo disse...

Só depois da leitura, lembrei que Ms. McCloskey era Mr. McCloskey...

Anônimo disse...

Já havia lido esse papo da Ms. McCloskey, o trecho mais interessante para mim foi:

"Ms. McCloskey insists that alternative explanations for the Industrial Revolution fail, for a variety of reasons. Property rights, she says, could not have been the principal cause because England and many other societies had stable and secure property rights for a long time. Similarly, Atlantic trade and plundering of the colonies were too insignificant in revenue to have made the real difference. There had long been much more trade in the Indian Ocean than in the Atlantic, moreover, and China or India had never experienced an industrial revolution.

By elimination, Ms. McCloskey concludes that culture and rhetoric are the only factors that can account for economic change of the magnitude we have seen in the developed world in past 250 years."

Dar um papel menor à propriedade privada, embora ela/ele certamente a defenda, deixaria muito liberal de cabelo em pé. É uma posição artificialista da política econômica, mas eu tendo a concordar.

...

Sempre bom ler o que o Celso escreve. Legal ter lincado.

...

Sobre esse lance do ouro, eu tampouco cultivo o menor fetichismo pelo metal, mas o Munger não deu uma razão econômica séria, são palavras meio afetadas de quem finge certa superioridade. Mas é só trecho, não assisti ao resto da entrevista. Mas se não me engano, quem investiu em ouro nos últimos anos, não saiu perdendo. É claro que o ouro em si não produz nada, não sei se investimento seria a palavra certa. Para mim, é mais um bem que você pode comprar e manter em tempos de incerteza. Não vejo mal algum nisso nem entendo a implicância. ouro parece-me uma opção bastante válida e menos tóxica que muitas das ações da petrobrás que o Buffet comprou.

Drunkeynesian disse...

McCloskey: eu não li o livro (tenho meio preguiça dos maneirismos dela, ainda que tenham falado que esse mais recente é bem melhor que o anterior), mas acho que ela diria que propriedade privada, base de capital, colônias, etc, são condições necessárias; a cultura faz a diferença. Claro que tem o papel do acaso que ninguém nunca vai conseguir determinar. Acho que a revolução industrial é daqueles movimentos históricos que iam ocorrer de qualquer jeito, se não fosse na Inglaterra em 1750, teria sido na Holanda, Alemanha ou França alguns anos depois.

Ouro: a birra dele e do Buffett com commodities é que não geram fluxos de caixa, o valor depende do que alguém está disposto a pagar (nesse sentido, o "investimento" depende de um eterno greater fool). O Buffett sempre cita a história do cubo com todo o ouro do mundo, cujo valor é o mesmo de um monte de grandes empresas - levado pra esse extremo o argumento melhora, mas talvez tenha uma falácia de divisão envolvida.

Como investimento tático não acho ouro ruim, mas os mais fundamentalistas usam como racional um "fim da civilização" que parece pelo menos tão afetado quanto o Munger.

Anônimo disse...

"propriedade privada, base de capital, colônias, etc, são condições necessárias; a cultura faz a diferença. Claro que tem o papel do acaso que ninguém nunca vai conseguir determinar."

Também acho. E indo mais longe, diria que a própria cultura é bastante casuística também, então invade um bocado essa fronteira do indeterminado.