Do jornal grego Kathimerini, melhor fonte de informações sobre o país em Inglês que conheço:
Já mudei de assunto várias vezes sobre o assunto Grécia / euro, e acho que estou mudando novamente. Em junho de 2010, eu achava que o euro estava perto do fim. No início do ano passado, fiquei mais otimista com a ideia de uma união fiscal mais profunda e a manutenção da moeda única. Agora, creio que a combinação da insistência alemã em só ver austeridade como solução com a situação política da Grécia (dificuldade de formar um governo, ascensão de um partido de esquerda mais radical) parece apontar para a maior probabilidade desde o início da crise de um país deixar a união monetária. Talvez isso, de imediato, não signifique o fim do euro - o projeto de moeda única é tanto mais viável quanto mais parecidos forem entre si os países que o adotam, e hoje parece claro que a Grécia tem mais a ver com seus vizinhos do leste europeu que com Alemanha ou Holanda. Porém, caso a saída da Grécia via desvalorização e destruição da dívida mostre-se, em alguns meses ou anos, bem sucedida, provavelmente vai servir como guia e inspiração para lideranças políticas de outros países com problemas parecidos. Claro que, se a Alemanha resolver transigir e abrir o bolso, a situação muda radicalmente em pouco tempo e o euro ganha uma sobrevida mais robusta (ainda que, creio, mais desvalorizado).
Em tempo: esta opinião eu não mudei. Os gregos (e quaisquer outros povos) merecem ser tratados como adultos.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
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13 comentários:
Opinião pessoal e totalmente sem base teórica, se a Grécia deixar o Euro, a depressão lá vai se aprofundar de tal forma que será um incentivo para que os demais "Piigs" tentem permanecer onde estão, sobrevalorizados ou não.
Pode até ser que a Grécia retorne à dracma, moeda anterior, como forma de poder cuidar de sua política monetária e fiscal sem depender do BCE.
Mas, isso não seria sinônimo de melhora da situação difícil em que se encontra.
Sim, também tem essa possibilidade. Seria justo o contrário do que escrevi.
Tem um texto bom de hoje do Eichengreen sobre isso, muita gente compara o euro de hoje com o padrão-ouro do início do século, ele acha a situação do euro muito mais difícil:
http://www.project-syndicate.org/commentary/is-europe-on-a-cross-of-gold-
Abaixo o EUR, o futuro pertence ao EME !(moeda dos países começados em M)
O nó talvez fosse os credores receberem em dracma, os salários serem convertidos de euros para dracma, aplicações e resgates passariam a ser nominados em dracma...
Seria um nó difícil de desatar e talvez sem segurança de estabilização a curto e médio prazos.
Estou nesse momento viajando pela europa, hoje estou em barcelona. Minha opiniao é muito clara sobre o fim do euro: nao vai acabar. A uniao europeia en muito mais do que simplesmente uma moeda
Sem dúvida é mais que uma moeda. A questão é se dá para continuar existindo União Européia caso a moeda se prove inviável.
Acho que vai gostar deste trecho:
http://drunkeynesian.blogspot.com.br/2011/09/para-saber-onde-pisamos-um-pouco-da.html
Seria uma pena a UE inviabilizar-se, depois de um longo processo de acertos no pós-guerra.
Não foram poucos os problemas enfrentados e resolvidos ou ao menso "acertados", ou "concertados".
Tudo passado pelo crivo dos votos das respectivas sociedades.
Por isso, concordo com o Drunkeynesian, sobre os gregos serem tratados como adultos.
E a UE, também, não foi lá ver se haviam e quanto montavam as plantações de azeitonas, a quantas chegava o esmagamento das azeitonas e a quantidade de óleo obtida e exportada.
E as receitas x despesas etc.
Parece que mutia andou fajutando e deu no que deu.
A ver, mas, se a UE fortalecer-se, novamente, a moeda estará salva.
É, mas assim como houve muita fajutada por parte de uns, também não está previsto em nenhum acordo da UE que Merkel é a imperatriz da Europa pra ficar metendo pressão nas eleições alheias...
Bem, Bisnetto, tratar os gregos como adultos, não implica em tratar a Merkel como não adulta.
O que está sendo visto é uma locomotiva econômica tentando, ao menos é o que parece, consolidar algo de fundamental importância, como a UE.
Depois de tudo pelo que passou a Europa, a UE "é mais do que uma moeda".
Como vão fazer para resolver? Sabe-se lá. Mas, não será tirando a Merkel do jogo e adotando o "berro e o pé na jaca" de gastos e consumo.
Tudo bem, que isso não implica em interferir na votação de outros países. Em outros tempos, com certeza, estaríamos vendo tanques nas fronteiras, certo?
Mas, ao menos, que tenha quem fale algo diferente do senso comum.
Isso é tratar as pessoas como adultas.
Minhas ressalvas quando ao jeito intrometido com que os Alemães estão tratando os vizinhos não é nem tanto de legimidade, mas de eficácia mesmo.
Os gregos sabem muito bem o que a UE e o FMI querem, o ministro alemão não precisa ficar repetindo toda hora... Isso só serve pra dar combustível aos radicais nacionalistas: "vejam como Bruxelas (ou Berlim ou quem quer que seja) está desafiando a soberania de nosso país". Com essa intromissão ostensiva, Merkel só mina os políticos locais "alinhados".
Além disso, a austeridade não é a causa da crise ou da recessão, e talvez não piore esse problemas, mas é assim que o senso comum percebe. Foçar os políticos "alinhados" a adotar essa alternativa sem nenhuma ressalva ou contrapartida também me parece um tiro no pé.
Enfim, não sei se a atitude de Merkel é legítima ou não, mas me parece bastante inepta do ponto de vista político. Ela vai acabar empurrando os PIGS pra algum radicalismo...
É... acho que a Merkel pode ter várias qualidades, mas não estão entre elas a malemolência pra lidar com a turma do Mediterrâneo.
Bisnetto, clareou e posso concordar com o lado da propaganda de pobre envaidecido com a "intromissão nos nossos negócios" etc. etc.
Se for para evitar trocas de chumbo, literalmente, Merkel deveria moderar...só um pouco. Isso porque pobre atrevido é aqui e na UE também.
Bem feito para quem não conferiu direito a caderneta da venda ou se viu, não cobrou o que estava no prego.
Os alemães podem ter ficado preocupados quando continuaram trabalhando o mesmo ou até mais, pós-euro, vendo os gregos trabalhando menos horas e ganhando mais euros do que eles. E ficaram, lá...trabalhando.
Isso é que Merkel pode estar segurando, politicamente. Que essas coisas não se transformem em uma barafunda de insatisfações, que obstaculizem qualquer tipo de negociação.
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