terça-feira, 27 de outubro de 2009

Paulistanos, esses milionários (ou: londrinos, esses pobres)

Se você é paulistano, está passeando por Londres e quer se sentir em uma cidade barata, basta entrar no Mc Donald's mais próximo. Segundo a Bloomberg, o Big Mac na capital britânica custa, a taxas de câmbio correntes, cerca de R$ 6,50 (£ 2,29), contra R$ 8,00 em São Paulo (melhor não fazer a conta como proporção da renda, já que o PIB per capita britânico ajustado pelo poder de compra é cerca de 3,5 vezes maior que o brasileiro).

O interessante é que, na mesma matéria, nenhum dos economistas citados acha estranho o que há bem pouco tempo soaria como um grande absurdo. Para eles, os "fundamentos" e o crescimento superior do Brasil justificam uma taxa de câmbio apreciada e, como consequência, um dos Big Macs mais caros do mundo. O nível de euforia com o país é, de fato, imenso -- na mesma proporção que a desesperança com os EUA e a Inglaterra. Euforia num extremo, desilusão no outro: receita para grandes distorções nos preços relativos.

O real deve, de fato, tornar-se uma moeda mais forte no longo prazo, o que deve implicar em um Brasil mais caro -- o país está enriquecendo, e o efeito Balassa-Samuelson é bem estudado e suportado empiricamente. Isso não elimina, porém, a existência de exageros no caminho. No nosso exemplo, o Brasil ainda é um país pobre, e o Reino Unido ainda não consumiu seu grande estoque de riqueza. E o exemplo do Big Mac serve para ilustrar que, talvez, o real, como as ações de empresas nacionais, já esteja bastante caro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Imagina se alguem usou o tal do indice Mc Donald's pra alguma coisa....

Aline Mariane disse...

hmmm, isso me da ideia de post (citando você, claro)...
mas deixa isso pra quando a France Télécom me permitir ter internet.

Drunkeynesian disse...

Não reclama muito com a France Telécom... arrisca a atendente ameaçar se suicidar.