sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Obama, Nobel da Paz

Acordei hoje surpreso com a notícia que Barack Obama foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz. Primeiro, porque há dois anos a grande maioria do mundo nunca tinha ouvido falar no então senador por Illinois; mas, principalmente, pelo cargo que ele ocupa atualmente. Desde 1919 o prêmio não era dado a um presidente americano durante seu mandato (naquele ano, Woodrow Wilson recebeu-0 pela fundação da Liga das Nações) e, provavelmente, o prêmio deste ano é um dos mais carregados em significados políticos na história recente.

Quero destacar duas leituras possíveis (outras tantas certamente se espalharão pela mídia nos próximos dias): a primeira, do passado, é um grande repúdio à Era Bush. O prêmio foi concedido a Obama "por seus extraordinários esforços para fortificar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos" -- justamente pontos em que George W. Bush falhou grandiosamente, com sua postura de pouco ligar para a opinião internacional quando resolveu se meter em guerras no Oriente Médio. A segunda, olhando para o futuro, parece ser um grande voto de confiança (ou de esperança) na capacidade dos EUA continuarem sendo a "polícia do mundo", numa conjuntura onde o maior poder econômico deve ser, em breve, uma tecnocracia com pouco apreço pela liberdade individual. É particularmente interessante esse sinal estar vindo num momento em que uma cidade americana foi a primeira eliminada na escolha final para a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e em que a moeda americana, grande expressão da credibilidade do país, é dada como "morta" (ver o post abaixo).

O "porém" é que, em bem pouco tempo, Obama conseguiu frustrar muitas expectativas de uma mudança nas estruturas do mercado financeiro, mesmo tendo a imensa oportunidade de levantá-lo de uma montanha de entulho. Talvez esse tenha sido o preço que ele pagou por sua entrada para o establishment. Depois disso, espero que, ao menos, ele consiga entrar para a história como um conciliador e o responsável pela mudança de uma postura de repúdio a uma grande democracia que tomou conta de uma boa parte do mundo nos últimos anos.

Update: a The Economist opina.

3 comentários:

Danilo disse...

Eu não concordei. Obama ainda é pura retórica. De boas intenções, o inferno está cheio...
Abraço

Anônimo disse...

Gideon Rachman: "While it is OK to give school children prizes for 'effort' -- my kids get them all the time -- I think international statesmen should probably be held to a higher standard," .

E acho que esse prêmio funcionará como uma grandississima algema enquanto durar a presidência.

Anônimo disse...

PJ, o que ele fez de concreto pela paz??? O que faz com que tantos presidentes americanos ganhem este prêmio? Você deveria ganhar o prêmio, você é bonzinho demais...

Pelica