terça-feira, 6 de outubro de 2009

Porque não me empolgo com o rali do Ibovespa

Fato: o Ibovespa é composto de 63 papéis, sendo uma média ponderada por volume de negociação (grosso modo) dos preços desses papéis. Petrobras e Vale correspondem por cerca de 1/3 do valor do índice. Com isso em mente, é razoável assumir que uma alta no índice que não seja puxada por esses papéis deve ter por trás uma valorização grande dos papéis com peso menor.

Dito isso, veja as ações que mais subiram no índice neste segundo semestre (clique para aumentar):



Nada de Vale, nada de Petrobras. Os destaques são: três construtoras (cujo negócio, por natureza, é alavancado e de fluxo de caixa negativo), uma mineradora de uma holding que vive de vender promessas e esperanças, uma usina de açúcar e álcool (várias estiveram a beira da falência no final do ano passado), uma companhia aérea (negócio que, nas palavras de sir Richard Branson, se destaca por transformar bilionários em milionários), duas varejistas (margens baixas e muita concorrência), uma indústria química (dependente do preço do petróleo) e uma companhia de papel e celulose. Note que as ações ordinárias da Petrobras estão entre as piores performances nesse período (as preferenciais acumulam alta de cerca de 6%) -- ou seja, quase nada da alta de 21% no Ibovespa desde 30 de junho teve contribuição da empresa com maior peso.

Meu ponto principal é que, para o mundo real confirmar a linda história de sucesso que o Ibovespa está contando, tudo tem que correr bem, sem saltos, sem sustos e com todos querendo comprar o que o Brasil produz / vende. Talvez isso aconteça; mas, no mundo das probabilidades, creio que as chances são bem menores do que a convicção com a qual o mercado tem operado.

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