A piauí deste mês traz uma matéria interessante, embora o título ("Sérgio Rosa e o mundo dos fundos") seja inadequado: ao invés do perfil detalhado do presidente da Previ, temos uma reportagem sobre o que um amigo analista do setor chamou de "guerra de titãs", a briga pelo controle das maiores empresas de telecomunicações do Brasil.
O que sai da matéria é que a verdadeira guerra de titãs está sendo travada entre os grupos de interesse dentro do PT: o do presidente Lula e o chamado "núcleo duro", liderado pelo ex-ministro Luiz Gushiken e que conta com participação de Sérgio Rosa. Aparentemente, Lula venceu a batalha das telecom, usando o Banco do Brasil e o BNDES para dar o controle da nova gigante do setor (resultado da fusão entre Brasil Telecom e Telemar) a uma dupla de empresários amigos (Sérgio Andrade e Carlos Jereissati). O poder de fogo da turma dos fundos de pensão, entretanto, é bastante grande.
A Previ tem um patrimônio de R$ 121 bilhões. Para colocarmos esse número em perspectiva: a maior gestora de fundos do país, a do Banco do Brasil, tem R$ 243 bilhões em ativos (entre as não controladas por bancos estatais, a maior é a do Itaú, com R$ 169 bilhões). Desse total, a carteira de ações corresponde a aproximadamente R$ 73 bilhões -- dentre os fundos de ações, a maior gestora tem R$ 45 bilhões. A Previ tem 15% da Brasil Foods, 31% da CPFL, 14% da Embraer e 50% da Valepar, controladora da Vale.
Duas tendências parecem evidentes (embora não sejam exatamente novas): a primeira é o uso dos fundos de pensão para fins políticos, com o mandato (garantir a aposentadoria dos seus associados) totalmente em segundo plano -- sem maiores consequências, já que, caso ocorra algum problema com as ações e o fundo não consiga pagar essas aposentadorias, muito provavelmente o governo usaria dinheiro público para cobrir o buraco (imaginem o dano político de aposentados do Banco do Brasil sem receber). Nesse sentido, a Veja desta semana noticiou que o governo pretende usar a Previ e a BNDESPar para retomar o controle da Vale, o que nos leva também à segunda tendência: a reestatização (por baixo dos panos) de algumas empresas que foram privatizadas durante o governo FHC. Se isso já era uma intenção do governo do PT, agora, com a tendência global de aumento da participação do estado na economia, as portas se abriram de vez. O mercado ainda terá tempo de inflar os preços das ações antes de entregar para o estado. E a conta ficará, pra variar, com o contribuinte.
* Os dados de fundos saíram do ranking da revista Institutional Investor.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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2 comentários:
Estou todo curioso hoje. Mais palpiteiro na verdade. Porque seria errado o Brasil investir dinheiro na compra de ações das boas empresas do país. Não é "melhor" (considerando estratégia de portfolio, é claro) do que comprar US$ ou dívida americana, relativelly speaking ?
Acho melhor, sim, desde que as decisões de compra não tivessem a ver com politicagem... de qualquer forma, talvez você tenha razão, acho que praticamente qualquer coisa é melhor do que deixar o dinheiro em US$.
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