quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A memória curta do mercado

É incrível como o investidor tem memória curta. O caso que considero mais emblemático no momento é da GWI, uma gestora de fundos de ações que quase quebrou com a queda da bolsa no final do ano passado (veja aqui) e já conseguiu fazer seu fundo GWI FIA superar novamente a marca de R$ 100 milhões de ativos administrados (chegou a apenas R$ 13,5 milhões em outubro de 2008, quando o retorno foi de -89,8%. Boa parte desse novo dinheiro é dos sócios, mas me espanta que o fundo tenha recebido mais do que um centavo de outros investidores.).

A performance neste ano é "espetacular": esse fundo já rendeu 151,7%. Como a variação da Bovespa no período foi de "apenas" 49,5%, é razoável acreditar que tal retorno deve-se à alavancagem -- a mesma alavancagem que varreu o fundo há poucos meses, e que varrerá novamente caso a premissa de tal tipo de investimento (a bolsa vai subir sempre, ponto final) seja novamente contrariada. Enquanto isso, o fundo voltará a atrair os olhos da mídia, aparecer em rankings, ganhar prêmios, etc, e atrair mais cotistas (para não dizer otários). Os gestores enriquecem com as taxas de administração e performance, que são totalmente assimétricas: evidentemente não são devolvidas quando o fundo vai mal. É a irresponsabilidade sendo premiada pelo viés otimista e de continuidade das pessoas.

2 comentários:

Andre disse...

Taxa de performance: eu pego o SEU $, arrisco ele, e se der certo, fico com parte do lucro, mas se der errado o preju é TODO seu...

É isso?

Abs

Drunkeynesian disse...

Exatamente. A proporção do mercado financeiro que opera com essa premissa é assustadora.