quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Negócios da China


(perdoem o chavão do título, não consegui pensar em nada melhor)
O gráfico aí do lado é da variação em 12 meses do preço das importações americanas -- queda de 19,3%, no dado referente a julho publicado hoje. Os EUA são o maior mercado importador para a China, de onde podemos concluir, com alguma convicção, que o preço do que a China produz e vende segue caindo fortemente. Há os que acreditam que a China seguirá crescendo e arrastando o mundo; a minha impressão, de orelhada, sem olhar muitos dados (até porque dados econômicos chineses são tão confiáveis quanto um relógio comprado na praça Ramos) é que a China segue alimentando uma capacidade produtiva monstruosa, sem garantia de que terão para quem vender o que produzirem. O resultado deve ser um grande desperdício de recursos e pressão para baixo nos preços. Mais sobre o tema no futuro.

2 comentários:

Fernando Salgado disse...

Com os EUA consumindo menos e a China produzindo a todo vapor, teremos estoques elevados de produtos cada vez mais baratos. Afora o forte impacto ambiental da desenfreada produção chinesa, isso pode significar preços ainda mais interessantes e desenvolvimento de vários mercados que não o americano como America Latrina, África e resto da Ásia, não acha ?
Seria isso ruim ? Todo mundo (literlamente) com necessidades mais básicas atendidas e o consumo maluco dos americanos finalmente freado ? Imagine um mundo que o consumo fosse equilibrado entre os povos e um país (por exemplo os EUA) começasse a consumir desenfreadamente, isso não parece mais distorcido que o oposto ??? para pensar...

Drunkeynesian disse...

Eu concordo com a primeira parte da sua análise, mas não com a consequência. A deflação é devastadora para a maior parte da economia (basicamente toda que não é capaz de fixar preços) - imagina que os fluxos de caixa que entram (vendas) são decrescentes e que os salários são relativamente rígidos para baixo e as dívidas pagam um juro prefixado. O consumo dos EUA tem que diminuir para refletir um consumidor menos alavancado, mas não porque os consumidores deixam de comprar esperando porque o preço vai ser menor no futuro.

Quanto a América Latina, a África e o resto da Ásia, acho ainda pior. O poder de compra dos consumidores pode melhorar, mas boa parte do equilíbrio de contas externas desses países depende da venda de commodities. Como a China é a maior consumidora mundial (pelo menos na margem) de boa parte delas, caso eles aumentem os estoques a ponto de frear a produção, os preços devem cair, e, se isso acontecer, podemos voltar às mesmas crises de balança de pagamentos que tivemos nas décadas de 80 e 90.