- O Banco do Brasil não tem o mesmo objetivo que os bancos privados. Os bancos privados trabalham para remunerar o acionista. O Banco do Brasil entrou como componente da política fiscal anticíclica do governo (neste caso, para compensar a queda da oferta de crédito pelo resto do sistema bancário). O lucro é uma ocasionalidade: ocorreu porque o mercado de crédito NO MUNDO INTEIRO melhorou; teria sido prejuízo caso tivesse acontecido o contrário (talvez não -- balanços de bancos, como salsichas, estão na categoria de coisas que é melhor não saber como são feitos).
- O maior acionista do Banco do Brasil é o Tesouro Nacional - o que significa que, se algo der errado com o banco e ele precisar ser capitalizado, quem vai pagar a conta é o contribuinte. Bancos privados, evidentemente, não têm essa vantagem (pelo menos não aqui no Brasil, não por enquanto), e, talvez por isso, tenham que ser mais criteriosos na maneira como distribuem seu risco.
- Concorrência é boa quando os concorrentes têm condições iguais (ou similares). Não é o caso do Banco do Brasil versus bancos privados. No limite, acaba tirando os bancos privados do mercado (não que isso vá acontecer no futuro próximo).
- Por último, quem iria na TV comentar o resultado caso tivesse sido ruim? Não o senhor Mantega, imagino -- talvez o companheiro Aldemir Bendine, presidente da companhia. Que diria algo do tipo "que pena, acionista, mas você sabia dos riscos".
"O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde."
Rubens Ricupero, Ministro da Fazenda em 1994 - sempre inspirador.
Mais sobre o tema na Folha:
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