"Atenção, não se trata de erro por incompetência ou impossibilidade real de adivinhar o futuro, adverte o economista do Santander. Diz: "A oportunidade de ganhos está em antecipar o que os demais ainda não veem (...) e em traduzir isso em posicionamentos nos ativos certos, na "ponta" certa (comprado ou vendido) antes que os demais o façam".Traduzindo: apostam numa direção e fazem previsões para ajudar a aposta a dar certo."
A leitura é errada. Os erros são, sim por impossibilidade real de adivinhar o futuro. Acontece que, primeiro, quem efetivamente toma decisões de comprar ou vender determinado ativo raramente é quem faz tais previsões (e os jeitos de ver o mundo dos profissionais típicos que fazem uma ou outra coisa não poderiam ser mais diferentes). Segundo, antecipar o que os demais não veem nos preços de mercado não necessariamente tem a ver com o que vai acontecer com variáveis econômicas -- o mercado sempre tenta antecipar as tendências do mundo real, de onde vem a famosa frase de Paul Samuelson ("the stock market has forecast nine of the last five recessions"). Terceiro, o viés de quase toda previsão é na direção da tendência do mercado ou do que ele está precificando, de forma que as previsões sempre vão estar atrás das "apostas" (não necessariamente ajudando-as a "dar certo"). É claro que não devemos ser totalmente inocentes a ponto de pensar que não existem pessoas que operam com informação privilegiada antes de previsões de analistas influentes serem divulgadas, mas isso, além de ser crime, é exceção, e não a regra.
Independente do que pensa o Clóvis Rossi, recomendo a leitura do texto do Aquiles, que é um dos poucos analistas que têm espaço na mídia a divulgar finanças comportamentais e tentar entender os mercados como eles são, e não como se eles seguissem modelos e relações bem definidas de causa e consequência (Fil, consegui fazer um elogio neste blog). Voltarei a citar ele em breve.
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