quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sobre fome e burocratas

Na série "de boas intenções o inferno está cheio", o Valor noticia hoje que líderes mundiais estão estudando a criação de um estoque internacional de alimentos e o monitoramento da especulação nos preços das commodities agrícolas (malditos especuladores - a culpa é sempre deles). A cereja no bolo é mais um ataque à produção de biocombustíveis, uma suposta causa do aumento de subnutridos no mundo.

Malthus morreu há quase 200 anos e sua idéia de que o mundo um dia vai passar por uma falta geral de alimentos já foi derrotada diversas vezes, mas seus discípulos sempre aparecem -- desta vez, na forma de burocratas bem remunerados e com pouca ocupação, sentados confortavelmente nos seus escritórios em Roma (onde é a sede da FAO).

O brilhante Amartya Sen, no seu Desenvolvimento Como Liberdade, mostrou que, primeiro, fomes coletivas (famines) geralmente têm mais causas políticas do que econômicas, e que NENHUM episódio de fome coletiva na história da humanidade aconteceu em uma democracia funcional. Atacar a raiz do problema, portanto, é muito mais difícil do que simplesmente influenciar os mercados de commodities -- mas aqueles burocratas precisam justificar seus salários, o que quase nunca é garantia de algo útil para a prosperidade global.
- Trechos do original do Sen no Google Books (em inglês).

Um comentário:

Danilo Balu disse...

Impressionante como tem gente paga pra pensar bobagem... deveriam se preocupar com a obesidade!
Abrax