Em mais um sinal de mudança nos tempos, o Goldman Sachs está passando de companhia exemplo de sucesso para o status de "besta negra" e símbolo de uma era de excessos e pouca ética. Já citei aqui uma matéria da Rolling Stone que deu muito o que falar; hoje é a vez de Paul Krugman, último Nobel de economia e colunista do New York Times, dizer que "o que a Goldman Sachs faz não é bom para os Estados Unidos".
A motivação para tal revolta é o começo da divulgação dos resultados das companhias americanas no segundo trimestre. Aparentemente, os bancos (sobretudo o Goldman e o JP Morgan) estarão entre os maiores ganhadores, menos de seis meses após estarem à beira de um enorme buraco. Com a ajuda bilionária do governo, o setor financeiro deve voltar a remunerar seus executivos como se nada houvesse acontecido, para justa indignação da opinião pública.
Os bancos, evidentemente e negociatas à parte, estão fazendo seu papel -- usando recursos disponíveis (e baratos) para maximizar seus lucros. O problema esteve no modo como o governo americano lidou com a crise, distribuindo dinheiro quase gratuito (lend freely but at a penalty rate, era a regra anterior ditada por Walter Bagehot, um dos editores da The Economist no século XIX) e incentivando a volta do mesmo comportamento irresponsável que quase conduziu o sistema financeiro ao colapso. A exposição a risco da Goldman Sachs, por exemplo (medida pelo VaR, mais sobre o conceito aqui) estão de volta à níveis perigosamente altos, em um mundo que não é exatamente previsível e ordenado. Uma piora das condições de mercado poderia levar, novamente, a empresa a precisar de ajuda federal, com a diferença que, se isso acontecer, não haverá mais consenso sobre a melhor solução e, muito provavelmente, a vontade política e do contribuinte americano terá mudado radicalmente. Não há como não concordar com a conclusão do artigo de Krugman: a volta do lucro aos bancos pode ser boa para seus empregados, mas é sinal de que algo continua muito errado com o resto do sistema.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
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