quarta-feira, 22 de julho de 2009

O "progressismo" do Vaticano

A coluna de hoje do professor Delfim Netto na Folha me fez lembrar de que não havia escrito nada sobre a nova encíclica do Papa Bento XVI, publicada no último dia 7. Nela, o papa reconhece a utilidade do lucro capitalista ("O lucro é útil se, como meio, for orientado para um fim que lhe indique o sentido e o modo como o produzir e utilizar."), com, considerando como marco de início do capitalismo a publicação de "A riqueza das nações", 233 anos de atraso. Levando em conta que a Igreja Católica levou 382 anos para se desculpar pelo tratamento dado a Galileu e reconhecer que a Terra não é o centro do universo, talvez devamos comemorar o avanço -- daí o título da reportagem da Veja sobre o assunto, "Atestado progressista". Prefiro não imaginar como estaria o mundo caso essa fosse a definição definitiva de progressismo.

Sarcasmo e religião à parte, a visão católica dos objetivos do desenvolvimento ("Com o termo « desenvolvimento », queria indicar, antes de mais nada, o objectivo de fazer sair os povos da fome, da miséria, das doenças endémicas e do analfabetismo. Isto significava, do ponto de vista económico, a sua participação activa e em condições de igualdade no processo económico internacional; do ponto de vista social, a sua evolução para sociedades instruídas e solidárias; do ponto de vista político, a consolidação de regimes democráticos capazes de assegurar a liberdade e a paz.") é, de fato, progressista e correta. Porém, felizmente e infelizmente, o jeito que o mundo anda atualmente depende bem pouco do que pensa a Igreja Católica.

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