terça-feira, 17 de abril de 2012

Spread bancário: olhando alguns dados e culpando o mordomo

Consta que o comando da economia do país tem olhado com certo desagrado para o spread bancário, e decretou o "fim da era dos lucros hiperbólicos obtidos sem esforço" no setor (mais no João Villaverde). O governo olha para as taxas de juros cobradas pelos bancos e acha que elas são muito altas (como discordar? Cabe ver a tabela do Banco Mundial que foi bastante citada nesses dias, com a comparação dos spreads por país); os bancos rebatem dizendo que os juros refletem, além do custo de captação entre os mais caros do planeta, compulsórios, impostos, inadimplência, custos, etc, todos altos. Creio que há vários estudos muito competentes sobre spread bancário e sua composição, e não quero entrar nessa parte da discussão. Aqui, reflito sobre algumas premissas (na preguiça de ler tudo, pule direto para o item 3 abaixo):

1. Primeira impressão: mesmo com os spreads tão altos, a operação de bancos no Brasil não parece fácil, haja vista que o mercado é dominado por dois bancos estatais, dois gigantes nacionais e apenas um estrangeiro com participação significativa. Barreiras de entrada à parte (e não estou negando que existam), se os spreads por si só garantissem lucros muito altos, seria esperado (pelo menos até antes da crise) uma briga dos grandes grupos bancários globais para operar no varejo brasileiro. Citi, BBVA, HSBC, etc, tentaram, mas não conseguiram ganhar escala; hoje, só o Santander tem tamanho para conseguir competir com os grandes de capital nacional.

2. Se os spreads no Brasil são muito mais altos do que deveriam, isso implicaria em lucros maiores ou mais fáceis. Resolvi recolher alguns dados para testar essa hipótese (nada científico, vai pouco além do anedótico): a tabela abaixo resume dez anos de retorno sobre patrimônio líquido e alavancagem para diversos bancos mundo afora (excluí bancos puramente de investimento e tentei pegar bancos representativos de diversas economias grandes). Uma possível teoria é que o trade-off risco x retorno vale para bancos: quanto maior a alavancagem, maior o retorno potencial (e o tamanho do estrago quando o plano não vai bem). No caso do Brasil, poderíamos esperar: (i) retornos absolutos muito altos com relação ao resto do mundo e/ou (ii) retornos excepcionais dado um certo nível de alavancagem.

A turma mais afobada pode já dizer que o retorno sobre PL dos bancos brasileiros é o maior do mundo, caso encerrado, mas vamos com calma:

- De fato, os retornos estão entre os mais altos desta amostra. São sensivelmente mais altos do que no mundo desenvolvido (algo previsível, já que isso também deve valer para os demais setores da economia - economias mais maduras oferecem, em teoria, retornos menores), mas comparáveis aos de diversos países do grupo que chamei de "outros emergentes". Alguns bancos indianos, chineses e sul-africanos são tão rentáveis quanto os brasileiros, por esse critério.

- A crise, como era de se esperar, reduziu muito o retorno sobre PL para bancos europeus e americanos; o mesmo não ocorreu para emergentes (incluindo o Brasil).

- A alavancagem dos bancos brasileiros é muito similar a dos americanos e do resto do mundo emergente (em que pese que bancos americanos conseguem carregar muitos ativos fora dos balanços das companhias listadas, o que leva a dados oficiais de alavancagem subestimados na maioria dos casos). Na Europa, níveis de alavancagem muito maiores levaram a retornos menores - a competência dos banqueiros europeus virou do avesso a fronteira eficiente.

Os gráficos abaixo mostram o retorno sobre PL em função da alavancagem para os três períodos (2001-2006, 2007-2011 e todos os dez anos da amostra):






Os bancos brasileiros conseguiram ficar o tempo todo no quadrante "sweet spot" (de retorno mais alto e alavancagem mais baixa que as respectivas médias na amostra), mas não estão isolados em nenhum dos períodos que determinei (não perguntem como os bancos espanhóis conseguiram manter a rentabilidade depois da crise - creio que poderemos reavaliar com mais cinco anos de dados).

- Dos países listados, o Brasil, ao longo do período, teve o custo de oportunidade (juro interbancário) mais alto, com exceção da Turquia. A tabela abaixo mostra o que chamei de "excesso de retorno" dos bancos, simplesmente a diferença entre o retorno sobre PL e a taxa básica de juros no período:


Antes da crise, o excesso de retorno sobre o PL dos bancos brasileiros foi menor do que no mundo desenvolvido e em boa parte dos emergentes. Após a crise, como dito acima, os bancos de países emergentes (Brasil incluso) conseguiram manter as rentabilidades, ao contrário dos bancos de países desenvolvidos. O desempenho dos bancos brasileiros, medido por esse critério, foi consideravelmente melhor do que o de boa parte do mundo, mas similar a de bancos da Índia, China, México e África do Sul (os juros básicos muito altos da Turquia jogaram a média da amostra de emergentes para baixo). Enfim, nada que pareça "hiperbólico" com relação a outros casos de sucesso.

3. Concluindo: não há dúvida de que o spread bancário brasileiro é alto. Porém, ainda assim, o capital que os bancos locais arriscam não parece absurdamente melhor remunerado do que no resto do mundo, sobretudo entre alguns emergentes. Por esse critério, é difícil não dar razão a Febraban e devolver ao governo a responsabilidade por juros bancários tão altos: teriam que ser ainda mais altos para que a acusação do governo de lucros espetaculares e fáceis encontrasse correspondência na realidade. Talvez a concorrência com os bancos públicos faça com que os bancos privados tenham que competir com taxas menores. Ainda que isso seja, num primeiro momento, bom para o consumidor, pode ser um incentivo para que o sistema, na tentativa de manter margens, aumente a alavancagem (que já não é notadamente baixa, como vimos). Resta saber se isso é desejável em um mundo onde alavancagem alta já provou ter efeitos potencialmente muito danosos e em um país onde a capacidade da população de absorver crédito sem aumento de inadimplência parece estar perto de ser atingida (claro que isso também é afetado pelo nível dos juros). Aqui, mais concorrência ao longo do tempo pode não trazer apenas benefícios para a população - possivelmente o contrário: na parte boa do ciclo, ganha quem surfa no crédito; na parte ruim, todos os contribuintes pagam pelos eventuais pacotes de resgate (a conclusão mudaria caso perdas do sistema bancário não fossem socializadas, mas essa não é a prática corrente e não tenho porque acreditar que no Brasil seria diferente do resto do mundo).

Outra observação sobre a alavancagem dos bancos brasileiros, que não parece muito abaixo de um nível relativamente prudente: o dado talvez seja surpreendente para um país com volume de crédito baixo como proporção do PIB (ver a página 12 da apresentação do professor Gabriel Palma que mencionei há alguns dias). Uma possível hipótese é que o volume de crédito é baixo porque o sistema bancário parte de uma base de capital pequena para o tamanho da economia, o que também reforça a ideia de que os retornos no setor não são absurdos: se fossem, atrairiam mais capital. Nenhuma resposta fácil daqui, e não vai ser de um dia para o outro que o governo vai conseguir estimular a criação de novos bancos, com dinheiro vindo de outras fontes que não os bancos já existentes ou o Tesouro Nacional (evitem mencionar os bancos de frigoríficos, por favor).

Talvez seja possível concluir que crédito é caro no Brasil pelo mesmo motivo que também são caros carros, roupas, alimentos, passagens aéreas, etc: para isso, ver tudo que já se escreveu (muito!) sobre o suspeito usual, o mordomo de iniciais C.B. (Custo Brasil) - para mim, o nome-fantasia de uma enorme e intrincada rede de oligopólios, subsídios cruzados e privilégios. Quem toma dinheiro no BNDES, paga TJLP; quem toma crédito rural, paga TJLP mas renegocia para pagar em 350 anos caso tenha problemas com a safra;  quem toma no balcão da agência, paga três dígitos anuais e vai parar no SPC se falhar uma prestação, e por aí vai.

4. Resumo do resumo: o ataque do governo aos spreads parece mais uma tentativa de achar uma solução fácil para um problema complexo. Uma queda forçada nos juros bancários deve levar a maior tomada de risco por parte dos bancos (a conferir se isso se concentrará nos bancos estatais ou se estenderá para todo o setor). Enquanto essa queda favorecer a capacidade de pagamento da massa de tomadores, muito bem - é possível que os juros mais baixos diminuam a inadimplência e permitam mais alavancagem a um risco, na margem, igual ou mais baixo. Pode ser que isso não ocorra, ou que os bancos estatais forcem uma compressão nas margens de lucro de todo o sistema e gerem incentivos para que os padrões de concessão de crédito sejam relaxados. Com boa parte do mundo vivendo a maior crise de dívida (isso é, descasamento entre fluxos de caixa esperados e efetivamente pagos) em muitas gerações, deveríamos entender bem os riscos dessa situação.

P.S. Contra essas conclusões, vale fazer algumas ressalvas:

- Retornos sobre qualquer investimento, na média, deveriam ser menores no Brasil do que em países menos desenvolvidos e com potencial maior de crescimento. Ocorre que, para pegar dois casos, juros na China e Índia são muito menores que no Brasil, o que viabiliza investimentos lá que aqui possivelmente parariam em títulos do governo. Com os juros básicos caindo, é de se esperar que também caiam as taxas para o consumidor, mas a margem de lucro dos bancos só será comprimida, como concluí acima, com mais capital entrando no sistema.

- Creio que ainda é cedo para saber se os bancos de emergentes (Brasil incluído) são mesmo mais lucrativos ou se apenas estão em uma fase do ciclo em que más decisões de crédito ainda não afetaram o resultado. Talvez essa análise tenha resultados bem diferentes daqui a cinco anos.

- O acionista dos bancos brasileiros, ao longo do tempo, lucrou também com a valorização das ações no mercado, mas isso vale para praticamente qualquer ativo brasileiro. Para isso, correu um risco de mercado, como deve ser. Não houve nenhuma moleza evidente do governo envolvida nisso.

- Pode-se perguntar porque é razoável, no mundo, bancos terem retornos tão elevados em comparação a outros ativos. A discussão toda é longa e não cabe aqui, mas creio que a balança se equilibraria caso alavancagem trouxesse também risco maior de perda permanente para quem a utiliza. Infelizmente, o conceito de risco no capitalismo contemporâneo só se aplica a uma determinada parcela da sociedade, que não consegue influenciar decisivamente governos e bancos centrais.

P.P.S. Acho que este é o post mais longo da história deste blog. Agradeço ao leitor pela paciência.

26 comentários:

Anônimo disse...

os bancos brasileiros são ineficientes, assim como a indústria, que eles adoram chamar de ineficiente. A diferença é que a indústria tem que competir com os importados, enquanto os bancos têm mercado cativo. A Caixa, que é 100% estatal, poderia adotar parâmetros de eficiência dos bancos estrangeiros - mesmo levando prejuízo por um tempo - para vermos o que acontece aos bancos privados sujeitos à concorrência "internacional". Não vai demorar vão bater na porta do governo para pedir um pacote de socorro.

Moska disse...

Hmmmm é um bom tema para se pensar...
Minha unica critica é quanto ao método e tamanho da amostra, mas como voce ja se desculpou, ta perdoado!

Este é um bom tema para meu doutorado. Se vocês tiverem paciencia daqui a uns 4-5 anos eu volto com mais alguma evidencia empírica/teórica ;-)

Drunkeynesian disse...

Anon, por que são ineficientes?

Moska, de fato, pra virar pesquisa precisa mastigar muito mais dados (outros parâmetros de rentabilidade, estimar a real alavancagem, etc)... essa foi só uma tentativa de ir um pouco além do achismo.

Daniel V. disse...

"não perguntem como os bancos espanhóis conseguiram manter a rentabilidade depois da crise" - provavelmente MtM na lata do lixo. Fiquei c/ uma dúvida: títulos domésticos no BR comprados por estrangeiros ñ pagam IR, certo ? Sabe como funciona o mercado nos US e EUR ? T10y, GLOBAL's, etc.. ?

Meu achismo é que o principal componente é barreiras à entrada, seguido de perto p/ insegurança jurídica (e portanto escassez de colaterais exigíveis de qualidade) e por último sua explicação de > custo de oportunidade.

Infelizmente ñ tenho a qualidade e paciência de entrar a fundo como vc. Parabéns pelo texto.
Abrs

Dionísio disse...

Excelente análise,

Mas sinto que ela parte de um único aspecto: a comparação com bancos estrangeiros e mercados emergentes. Infelizmente, sabemos que a entrada em um mercado cartelizado como o nosso é limitada e que os mercados emergentes são muito heterogêneos. Um fato relevante é que institucionalmente nossos bancos dão um baile em China, India, Africa do Sul.

Faltou também a análise particularizada do Brasil. Um fato dramático é que recentemente a oferta de crédito tem andado na contramão da taxa básica de juros. Se isso não é um sinal de cartelização, não sei o que é. Junto a isso, os lucros recordes dos bancos, a taxa de lucro sobre o capital descolada do setor real da economia denunciam que há uma distorção no mercado de crédito.

Esses sinais mostram que as propostas da Febrabam são em sua maioria cortinas de fumaça. O compulsório responde por uma taxa minúscula do spread. A tese do governo de que uma redução expressiva do componente de lucro do spread ajudaria a reduzir o componente inadimplência (os dois maiores componentes, e que vem aumentando) parece altamente plausível. Feita essa operação em um clima de estagnação econômica e queda dos juros, creio que teremos uma forte mudança no mercado de crédito.

Drunkeynesian disse...

Daniel,
É fato, MtM não existe lá há tempos. Mas isso também vale para outros bancos europeus, e só na Espanha a rentabilidade foi mantida. Dá um pouco para explicar pela presença desses bancos na América Latina, que não sofreu tanto com a crise, mas não consigo não desconfiar que esses balanços ainda vão trazer muitas supresas negativas.

Não sei quanto a tributação, mas imagino que seja baixa.

Dionísio,

Sim, de fato a análise parte de só um aspecto - daria para incluir outros tantos, mas aí fugiria da minha capacidade (ou do escopo de um post de blog). O aspecto da entrada no mercado de fato é problemático, mas dá para ver por outro lado: mesmo em um mercado cartelizado, os lucros não são absurdamente melhores que em outros países, o que seria mais uma indicação de um mercado não trivial.

O crédito desacelerando com juros caindo, creio, reflete o medo dos bancos com inadimplência. Quanto aos lucros dos bancos, não sei quanto estão descoladas dos outros setores da economia - eu diria que não muito, mas sem olhar dados é só um chute.

Eu não acho ruim per se a ideia de tentar reduzir o componente de lucro dos bancos dentro do spread. Só temo, como disse no texto, que isso aumente muito a alavancagem e o risco do sistema. Veremos... Talvez também o ataque aos spreads seja uma cortina de fumaça por parte do governo, entre tantas outras que vimos nos últimos anos.

Anônimo disse...

Achoq que a simples análise da rentabilidade esta equivocada.

Quanto do resultado dessa comparação vem efetivamente de operações de crédito ?? A exposição a crédito dos bancos brasileiros e baixa se comparada a seus pares no mundo. A questão que deve ser colocada não é a da rentabilidade da operação bancaria como um todo, mas sim das respectivas carteiras de crédito.
Se mesmo emprestando pouco comparativamente ja temos os bancos mais rentavéis.... !!!!

O trabalho é interessante + parece corroborar as opniões do governo e não da banca

Drunkeynesian disse...

Sim, uma análise mais aberta seria melhor, mas não foi o foco aqui. Ainda assim, parte do crédito é coberta pela medida de alavancagem - ainda que se possa alegar que muito disso é carteira de títulos públicos.

Anônimo disse...

"FALA MUITO! FALA MUITO!"

hahaha

iconoclastas disse...

"... [no mundo]a balança se equilibraria caso alavancagem trouxesse também risco maior de perda permanente para quem a utiliza."

conclusão perfeita para um ótimo post.

já no Brasil vários setores contam com, como já foi muito bem dito aqui, "too brother to fail".


só uma questão diplomática:

o Murilo Portugal seria o melhor emissário do setor bancário para tratar de um assunto tão delicado com o Mantega?

Drunkeynesian disse...

Obrigado...

Boa pergunta. O Murilo foi funcionário da Fazenda e deve ter um bom trânsito lá em outros escalões, mas não sei qual a relação dele com o Mantega - que, consta, avisou que ele ia ter que sair no primeiro dia em que sentou na cadeira de ministro. Talvez seja um outro motivo para achar que é tudo smoke & mirrors - se fosse coisa séria, iam lá discutir os próprios banqueiros. Esta semana um monte de bancos anunciaram redução de juros para algumas linhas, talvez fique por aí e daqui a uns dias ninguém mais fale do assunto.

Anônimo disse...

Reforçando o que já foi dito anteriormente, seria bom tirar os tit. publ. para calcular a alavancagem "no game" dos bancos. Especulo que este número seria bem menor que os números mundo afora e poderia sancionar a idéia que o setor bancário no Brasil seria disfuncional e com margens excessivas. Quase como a indústria nos idos de 1970.
Maradona

Unknown disse...

Pensando alto sobre a questão dos retornos elevados dos bancos: o aspecto "too big to fail" torna um banco grande e conhecido muito mais interessante para o cliente.

Outro dia fui comprar um sofá. Passei na Tok & Stok mas acabei levando um de uma loja menor. Se a loja quebrar antes da entrega, perdi o pagamento antecipado; se a loja quebrar depois da entrega, não perco nada (a não ser que o sofá quebre também). Com um banco o buraco é mais embaixo. Prefiro deixar meu dinheiro num banco grande e conhecido, com menos chance de quebrar e mais chance de ser resgatado quando quebre, do que num banco pequeno e desconhecido que pode quebrar e levar meu dinheiro junto.

Isso seria um fator para explicar o retorno elevado dos grandes bancos. E também para justificar uma olhar governamental atento não apenas à capitalização dos bancos mas também às margens praticadas.

Drunkeynesian disse...

Lucas, partindo da situação em que bancos grandes tem maior probabilidade de serem salvos, vale o seu raciocínio. Se não existissem bailouts (pode rir), talvez o cliente fizesse alguma distinção entre banco grande e banco sólido.

Anônimo disse...

Drunkeynesian,

só conheço uma medida de eficiência: input/output. E a dos bancos brasileiros é baixa. Compare as despesas administrativas com a carteira de crédito para bancos brasileiros e estrangeiros. Se a carteira é pequena, para um dado nível de despesas administrativas, ela só poderá gerar o mesmo lucro que uma carteira grande se o spread for mais alto. Matemática básica. Compare o Bradesco com o Sberbank, uma espécie de Caixa Econômica da Rússia, para você ver. E olhe que os russos vivem reclamando dos spreads por lá.

Drunkeynesian disse...

Boa, anon... vou tentar juntar essa e outras métricas que sugeriram nos comentários e fazer um novo post, tempo permitindo.

Gradilone disse...

Achei seu post brilhante. O problema do voluntarismo econômico no setor bancário é forçar o setor a uma alavancagem acima do suportável. Não lembro do custo do Proer em termos absolutos e em percentual do PIB, mas qualquer reprise dessa novela seria várias ordens de grandeza mais cara do que a primeira exibição...

Drunkeynesian disse...

Obrigado! Também me preocupa o Brasil abraçar a ideia que mais alavancagem é inequivocamente bom. Curioso que um dos "acasos" que fizeram o Brasil sair bem da crise foi o baixo grau de alavancagem da economia, talvez agora conclua-se que é preciso criar nossa própria crise...

Vitor Morais Morosine disse...

Ótimo post e aqui vai uma dica: coloca a escala de alavancagem em log ou semi-log, deve dar leitura mais correta do risco x retorno.

Drunkeynesian disse...

Hmmm, vou tentar e ver como fica, mas não tem muita diferença de ordem de grandeza... é tudo 10^1...

Guilherme disse...

Caro Drunkenesian,

Parabéns pelo post! Instigante e com timing adequado.

É claro que custos administrativos, tributários e a estrutura concorrencial importam.

No entanto, não me recordo de ter lido, no meio de toda essa discussão (seu post e publicações afora), ninguém citando um fator que, a meu ver, é relevante: as elasticidades da demanda e da oferta dos empréstimos bancários.

Tenho a impressão de que a demanda brasileira é relativamente inelástica, o que auxiliaria a explicar um pouco mais do tamanho dos spreads.

Faz sentido?

Guilherme

Drunkeynesian disse...

Guilherme, não sei se faz sentido. Daria para contra-argumentar dizendo que o estoque de crédito concedido aqui é pequeno (entre os menores do mundo de renda parecida) porque os juros são altos, e que juros mais baixos levariam a mais crédito, mas não sei como isso se compara com outros países. O fato é que tantos anos com a única opção de crédito sendo a juros muito altos deve ter criado alguns mecanismos na população para lidar com isso, como os parcelamentos para praticamente qualquer tipo de bem. Enfim, não sei se alguém estudou isso por aqui, é um tema interessante.

Alexsandro de Amorim disse...

Os bancos brasileiros são ineficientes??

Drunkeynesian disse...

Não, dão bons retornos aos acionistas com relativamente pouca alavancagem. Há quem argumente que isso só é possível com muita ajuda da estrutura de juros e em oligopólio; e também quem diz que o ambiente institucional, tributário, etc, não é bom.

Drunkeynesian disse...

Da última The Economist: "... over the long term banks' returns have averaged 10% in Britain and 9% in America".

http://www.economist.com/node/21554193

CCEOMeccaSampaio disse...

Ótima análise.

Att. Paulo