terça-feira, 10 de abril de 2012

Gráfico do Dia - Bancos Europeus

O gráfico abaixo é do índice STOXX 600 Banks, que reúne os maiores bancos europeus. Creio que esse índice atualmente é o melhor termômetro para o mercado como um todo, já que, essencialmente, foram os bancos europeus que lideraram a queda das bolsas na segunda metade do ano passado e a reação dos mercados foi notadamente forte depois que o Banco Central Europeu introduziu a LTRO e acabou com o problema de liquidez dessas instituições. O índice testou por três vezes este ano o nível de 160, sem sucesso, e nos últimos dias rompeu tanto sua média móvel de 200 dias quanto uma linha de tendência de alta que vinha desde a mínima de Novembro passado.

Entre seus componentes, os mais problemáticos são o italiano UniCredit (que perdeu 1/4 do valor de mercado neste ano) e o espanhol BBVA (queda de 17,5% em 2012). Fiquemos de olho, acredito que os balanços dos bancos europeus são uma grande potencial fonte de surpresas negativas ao longo dos próximos meses / anos.


8 comentários:

JGould disse...

Mais um "timing" de sua parte. Show! Algum tempo atrás vc comentou de sua dificuldade de compreender o modelo de negócio dos pequenos/médios bancos do bráseo, principalmente os cotados em bolsa. Houve alguns ruídos sobre um desses, inclusive com reclassificação de "rating". A questão agora é: Com os 2 grandões estatais jogando, principalmente no consignado, as tx. para baixo, como ficarão estes bancos? Vamos ver o governo enterrá-los e depois salvando como Panamericano, Votorantim e etc? Teremos a jabuticaba "too small to fail" ?

Abs

Anônimo disse...

nesse caso eh too brother to fail

Drunkeynesian disse...

"nesse caso eh too brother to fail"

Exatamente! Risco moral é o nome do jogo... se nem o Panamericano, que foi uma fraude absolutamente escandalosa, deixaram quebrar... Acho que vai ter uma boa limpa entre os bancos médios, mas não acho que nenhum bondholder deles vai perder dinheiro.

Dawran Numida disse...

Bem, parece algo de decisão acertada não existirem mais bancos estaduais, não é?

Se parar para pensar como estariam as finanças, de tais bancos, vistas sob o prisma de recentes bancos privados quebrados e salvos, a palavra abismo seria pouco.

E ainda há quem tenha saudades da ARO, ou das AROs, roladas por bancos estaduais.

E se pensar como estaria o Tesouro Nacional, então...

Mas, há os otimistas que acham que as taxas e "spreads" bancários do oligopólio cairão, forçadas pelos bancos federais.

Pois bem, a estatal do petróleo mantém os preços da gasolina sem reajustes ao distribuidor. E mesmo assim, a inflação de 2011, bateu o PIB e ficou no pico da banda, 6,5%.

Drunkeynesian disse...

Sim, mataram um potencial enorme de problemas (pra não dizer roubo).

Não sei o que vai dar essa iniciativa do Governo se meter em tarifa de bancos... Acho que é dos casos no Brasil em que falta mercado, e, nesse sentido, não vai ajudar muito a mão pesada no governo. Mas é uma impressão muito rasteira.

Delfim Bisnetto disse...

"nesse caso eh too brother to fail"

hahaha

Marcelo Novaes de Oliveira disse...

Aqui na Espanha basicamente rolou uma onde maluca de "fusões"/aquisições com dinheiro imaginário (e uma bela e básica ajuda do governo), e tanto comprador como comprado, em geral, tem balanços com ativos implorando por um impairment test.

Para se desviarem dessa obrigação, continuam refinanciando empréstimos perdidos, arando terreno baldio e reformando apartamento vazio para depois dizer que espera benefícios futuros desses ativos, e não admitir a perda). A outra parte do ativo é composta de... títulos do governo Espanhol! A contabilidade deles vai ter que começar a usar números complexos para poder contar com a parte imaginária (ok, péssima piada)...

E agora o governo Espanhol quer fazer um limpa pelo menos os obrigando a fazer provisões monstro para trazer um pouco de realidade à tona, usando os lucros futuros...

Previsão de um futuro brilhante. E o BBVA nem é o pior caso...

Drunkeynesian disse...

Belo resumo, Marcelo, acho que é isso, mesmo. A bolha imobiliária por aí foi pior que a dos EUA, e nem de longe os bancos reconheceram os empréstimos furados que fizeram.

A ideia de usar "lucros futuros" para provisões é surreal... mas podemos esperar essa e mais outras iniciativas de contabilidade criativa.