Commerzbank forms the dreaded "Intraday Bart" technical formation.
Roubado daqui.
Mais fronteiras da análise técnica:
- Velociraptor
- Vampire Black Swan
- Bullish Cyclist
- Evil Knievel Formation
quinta-feira, 28 de março de 2013
quarta-feira, 27 de março de 2013
Frases do Dia - o termômetro do mercado negro de câmbio
The black market is indispensable to one's insight into a country. Right away you know if there is a black market, and if so, whether the currency carries a big premium. The black market is like taking somebody's temperature. If I give you a thermometer and we take your temperature, we know whether something is wrong. We do not know what is wrong, but we do know that something is wrong. If you have a high temperature, we know that something is really wrong. The black market operates the same way. You do not know what is wrong if there is a black market, but it gives you the frist hint. And if there is a big premium in the market - a large discrepancy between the official rate and the black market rate - you know something is seriously wrong. If you want to know something about a country, you can learn more from talking to a black marketer than from speaking to a government minister.
Da nova biografia de Jim Rogers, Street Smarts. A economia da Argentina vai bem, obrigado.
P.S. Não sei se já linkei aqui, mas há uns dois anos a Glória Maria fez uma matéria divertida com ele em Cingapura. Figuraça.
Marcadores:
Argentina,
câmbio,
citações,
livros,
macroeconomia
terça-feira, 26 de março de 2013
Frases do Dia - unintended consequences
Da última Economist:
Lululemon, a maker of fabulously pricey yoga wear, issued a recall for its women’s black Luon bottoms because of a high “level of sheerness” that was too revealing. It warned there would be a shortage of the pants in its stores, presumably because men were rushing out to buy them for their wives and girlfriends.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Leituras da Semana (passada) - não contém Chipre
- Operando ações aleatoriamente.
- Biografia de Albert O. Hirschmann, sai semana que vem nos EUA.
- Férias no Irã, com inflação acelerando.
- O comércio entre países do hemisfério sul do mundo já é quase tão importante quanto entre sul e norte.
- Os piores gráficos em trabalhos científicos.
- Moisés Naím indica cinco livros sobre poder.
- O preço do bagre no Vietnã, uma historinha sobre livre comércio (ou não).
- O que o fim do Reader diz sobre o Google.
- Cerveja como base da civilização.
- Fatos sobre a Hungria.
- Dois belos ensaios de Zadie Smith: sobre alegria e sobre Joni Mitchell, descontinuidades e inconsistências.
- Hipsters e a era da ironia.
- Um filme para cada estado dos EUA.
- A batalha das fontes com e sem serifa.
- Biografia de Albert O. Hirschmann, sai semana que vem nos EUA.
- Férias no Irã, com inflação acelerando.
- O comércio entre países do hemisfério sul do mundo já é quase tão importante quanto entre sul e norte.
- Os piores gráficos em trabalhos científicos.
- Moisés Naím indica cinco livros sobre poder.
- O preço do bagre no Vietnã, uma historinha sobre livre comércio (ou não).
- O que o fim do Reader diz sobre o Google.
- Cerveja como base da civilização.
- Fatos sobre a Hungria.
- Dois belos ensaios de Zadie Smith: sobre alegria e sobre Joni Mitchell, descontinuidades e inconsistências.
- Hipsters e a era da ironia.
- Um filme para cada estado dos EUA.
- A batalha das fontes com e sem serifa.
Marcadores:
academia,
ações,
cinema,
comércio exterior,
Europa,
inflação,
internet,
livros,
mercado financeiro,
Oriente Médio
sexta-feira, 22 de março de 2013
Som da Sexta - Please Please Me, 50
Há exatos 50 anos o primeiro álbum dos Beatles era lançado no Reino Unido, e fez-se a luz. Esta é minha faixa preferida, sempre traz boas lembranças da época em que todo mês eu comprava um CD dos Beatles na Pop's.
Contas externas do Brasil e um possível alento para o etanol
(este post é quase uma continuação do anterior)
A deterioração nas contas externas brasileiras começou a acelerar no final do ano passado, sobretudo pelo aumento na importação de gasolina. Gráficos de relatório recente da Nomura:
Imaginemos um cenário em que essa deterioração se aprofunde - por exemplo, se os preços de commodities caírem - e o déficit em conta corrente comece a preocupar o governo. Uma possível medida seria tentar conter o consumo de gasolina. Aumentar o preço parece impensável num ambiente em que a inflação deve seguir preocupando. O que poderia ser considerado, com alguma espécie de subsídio para o setor (que não está em tempos muito bons), é uma tentativa de baratear o preço do etanol e estimular seu consumo por quem tem carro flex. Das grandes variáveis macro, onde o Brasil encontra maior folga é nas contas fiscais, que devem continuar a ser usadas como válvula de escape para as demais (inflação, câmbio, crescimento).
Talvez o mercado já tenha antecipado algum movimento desse tipo, já que as ações das duas principais usinas de processamento de cana listadas - Cosan e São Martinho - operam com múltiplos altos e vêm de um período longo de valorização. A ver o que acontece nos próximos meses...
A deterioração nas contas externas brasileiras começou a acelerar no final do ano passado, sobretudo pelo aumento na importação de gasolina. Gráficos de relatório recente da Nomura:
Imaginemos um cenário em que essa deterioração se aprofunde - por exemplo, se os preços de commodities caírem - e o déficit em conta corrente comece a preocupar o governo. Uma possível medida seria tentar conter o consumo de gasolina. Aumentar o preço parece impensável num ambiente em que a inflação deve seguir preocupando. O que poderia ser considerado, com alguma espécie de subsídio para o setor (que não está em tempos muito bons), é uma tentativa de baratear o preço do etanol e estimular seu consumo por quem tem carro flex. Das grandes variáveis macro, onde o Brasil encontra maior folga é nas contas fiscais, que devem continuar a ser usadas como válvula de escape para as demais (inflação, câmbio, crescimento).
Talvez o mercado já tenha antecipado algum movimento desse tipo, já que as ações das duas principais usinas de processamento de cana listadas - Cosan e São Martinho - operam com múltiplos altos e vêm de um período longo de valorização. A ver o que acontece nos próximos meses...
Marcadores:
ações,
Brasil,
comércio exterior,
commodities,
energia,
macroeconomia
quinta-feira, 21 de março de 2013
Argentina e uma possível falta de dólares no mundo
Ontem o dólar paralelo atingiu novo recorde na Argentina, cotado a 8,63 pesos (ágio de quase 70% contra a cotação oficial - mais na Folha; cotações atualizadas aqui; gráfico aqui). Todo mundo sabe do problema de escassez da moeda americana por lá, e é claro que ele tem mais motivações idiossincráticas do que globais. Mas pode ser que a Argentina esteja sendo o canário na mina de carvão, a primeira indicação de um problema de financiamento em dólares que em breve pode afetar outros países.
De alguns meses para cá, creio que os EUA se tornaram novamente o melhor destino para a poupança global - melhor até do que a Suíça, que em 2011 colocou um teto para sua moeda contra o euro. Os EUA têm bancos sólidos, já saneados; oportunidades interessantes de investimento; legisladores não muito hostis com o mercado financeiro (para dizer o mínimo) e, pelo "privilégio exorbitante" de emitir a moeda global de transações, não terão problemas de financiamento externo até onde seja possível enxergar.
Além disso, o déficit em conta corrente americano vem diminuindo desde 2006, tendo mudado de patamar desde então e, aparentemente, voltado a fechar a partir do ano passado. Se vale a alternativa de substituição de importações de combustível pelo shale gas, essa pode ser uma nova tendência. E, amigos, déficit externo americano diminuindo não é nada bom para o resto do mundo, como mostra esse gráfico do Simple Economic Concepts for Complicated Financial Markets, ótimo livro da turma do GaveKal Research que merece uma reedição (como de costume, descontem minhas incríveis habilidades de digitalização de imagens - clique para aumentar):
Se de fato a Argentina for a primeira da série de vítimas de um encolhimento da liquidez em dólares, quais serão os próximos dominós a caírem? Os candidatos evidentes são países com grandes déficits de conta corrente: entre os maiores (critério: os que aparecem toda semana nas tabelas das últimas páginas da The Economist) estão Turquia (6% do PIB) e África do Sul (5,4% do PIB). A moeda turca anda relativamente bem comportada, mas o rand sul-africano já perdeu quase 30% contra o dólar desde o topo, em abril de 2011.
Ainda que o déficit externo brasileiro seja relativamente pequeno (3,5% do PIB), me preocupa a dependência do país de commodities para gerar dólares. É provável que, se o dólar começar a se valorizar contra as principais moedas do mundo, isso afete os preços das matérias primas, e a balança comercial brasileira pode se deteriorar rapidamente (mais ainda com a nossa recém criada demanda por gasolina importada - mais nesse relatório da Nomura). Com isso em mente, tenho cerca de 30% da minha poupança em dólares, e recomendo a todos que me perguntam considerar essa opção. Os dias em que comprar até lenço de papel em Miami é mais barato podem estar acabando.
De alguns meses para cá, creio que os EUA se tornaram novamente o melhor destino para a poupança global - melhor até do que a Suíça, que em 2011 colocou um teto para sua moeda contra o euro. Os EUA têm bancos sólidos, já saneados; oportunidades interessantes de investimento; legisladores não muito hostis com o mercado financeiro (para dizer o mínimo) e, pelo "privilégio exorbitante" de emitir a moeda global de transações, não terão problemas de financiamento externo até onde seja possível enxergar.
Além disso, o déficit em conta corrente americano vem diminuindo desde 2006, tendo mudado de patamar desde então e, aparentemente, voltado a fechar a partir do ano passado. Se vale a alternativa de substituição de importações de combustível pelo shale gas, essa pode ser uma nova tendência. E, amigos, déficit externo americano diminuindo não é nada bom para o resto do mundo, como mostra esse gráfico do Simple Economic Concepts for Complicated Financial Markets, ótimo livro da turma do GaveKal Research que merece uma reedição (como de costume, descontem minhas incríveis habilidades de digitalização de imagens - clique para aumentar):
Se de fato a Argentina for a primeira da série de vítimas de um encolhimento da liquidez em dólares, quais serão os próximos dominós a caírem? Os candidatos evidentes são países com grandes déficits de conta corrente: entre os maiores (critério: os que aparecem toda semana nas tabelas das últimas páginas da The Economist) estão Turquia (6% do PIB) e África do Sul (5,4% do PIB). A moeda turca anda relativamente bem comportada, mas o rand sul-africano já perdeu quase 30% contra o dólar desde o topo, em abril de 2011.
Ainda que o déficit externo brasileiro seja relativamente pequeno (3,5% do PIB), me preocupa a dependência do país de commodities para gerar dólares. É provável que, se o dólar começar a se valorizar contra as principais moedas do mundo, isso afete os preços das matérias primas, e a balança comercial brasileira pode se deteriorar rapidamente (mais ainda com a nossa recém criada demanda por gasolina importada - mais nesse relatório da Nomura). Com isso em mente, tenho cerca de 30% da minha poupança em dólares, e recomendo a todos que me perguntam considerar essa opção. Os dias em que comprar até lenço de papel em Miami é mais barato podem estar acabando.
DXY (dólar americano contra cesta de moedas, preto) x CRB (índice de commodities, laranja) |
Marcadores:
América Latina,
Argentina,
Brasil,
câmbio,
comércio exterior,
commodities,
dados,
macroeconomia
quarta-feira, 20 de março de 2013
Mais IDH do Brasil
Dois textos bons da Folha de hoje sobre o novo IDH:
- Do Flavio Comim:
- Do Delfim, com esse gráfico:
- Do Flavio Comim:
Fiquemos com o mais correto e mais simples. Evitemos o mirabolante. Assumamos nossas deficiências estruturais em prol da justiça social no nosso país.
- Do Delfim, com esse gráfico:
Marcadores:
academia,
Brasil,
dados,
desenvolvimento
III ENBECO
terça-feira, 19 de março de 2013
O cálculo político de Chipre
Com a advertência de que quase fiquei um semestre a mais na graduação por conta de Teoria dos Jogos, aí vai uma análise rápida do que pode acontecer com o Chipre nos próximos dias:
- A condição imposta pela Troika para Chipre receber €10 bilhões de ajuda externa é conseguir arrancar dos contribuintes €5,8 bilhões em forma de uma taxa sobre o estoque de depósitos bancários (a outra questão relevante é se esse dinheiro é suficiente para salvar um sistema bancário com €126 bilhões em ativos, sete vezes o PIB da ilha - mas deixemos essa de lado, por enquanto).
- Aparentemente, a ideia inicial era aprovar as medidas rapidamente, no final de semana, evitando assim o confronto com a população. Esse plano falhou, e agora deve parecer claro que é uma espécie de suicídio eleitoral para um político defender abertamente a medida que gerou tanta controvérsia.
- Assim, é mais provável que o plano não seja aprovado (está em discussão enquanto escrevo), e a bola volta para a Troika, que pode (i) relaxar os termos e pensar em um pacote mais amigável; (ii) bater o pé e não liberar o dinheiro. Se as condições forem amenizadas, é provável que Chipre leve um pacote em termos parecidos que outros países, sem necessidade de medidas imediatas radicais e algum comprometimento para o futuro (esse tipo de blefe funcionou para a Grécia em novembro de 2011, com o então Primeiro Ministro George Papandreou ameaçando convocar um referendo para votar um acordo e provocando um recuo dos emprestadores). Caso isso não ocorra, Chipre pode decidir que passar o pacote é a melhor opção ou romper com a Troika e, possivelmente, sair do euro.
- Para resumir a confusão acima: ou Chipre entra em um acordo com a Troika (em termos ruins ou menos ruins) ou há o risco concreto de Chipre deixar a união monetária. Se isso acontecer, é provável que, novamente, a sobrevivência do euro seja colocada em questão pelos mercados e a Troika teria que apagar outro grande incêndio. Uma matriz de payoffs estilizada e meio torta pode ser:
- Creio que, por agora, Chipre tem os incentivos para adiar uma solução e tentar conseguir uma oferta melhor (ou uma negociação paralela com a Rússia - vida loka). Confrontada com essa opção, a escolha racional da Troika seria apresentar uma alternativa menos draconiana e liberar o dinheiro. Imagino que esse seja o equilíbrio se todos agirem "racionalmente".
- O problema, claro, está no "racionalmente" e em que mensagem a Troika (para alguns, leia-se: Alemanha) quer passar para os periféricos. Deixar Chipre afundar seria uma mudança importante na postura dos países fortes envolvidos, e delimitaria os termos de negociações com outras economias que futuramente precisarem de ajuda.
- Se Chipre resolver sair do euro, curiosamente, vai parecer que a melhor alternativa teria sido aceitar a taxa, já que provavelmente a desvalorização do câmbio e a subsequente inflação devem tirar do poder de compra das economias dos cipriotas muito mais do que os 6,75% (ou 9,9%) propostos. Porém, a saída da desvalorização pode parecer menos arbitrária, e, sobretudo, seria uma demonstração de soberania.
Em resumo, apostaria que esta semana o pacote seja rejeitado e volte uma oferta em condições mais amenas, que seria aprovada. Porém, levando em conta as consequências para os mercados de cada um dos cenários (business as usual, se der tudo certo versus caos, se der tudo errado) e suas probabilidades, é bastante recomendável pensar numa saída para se o pior se concretizar. Confiar na racionalidade humana raramente é uma boa estratégia de sobrevivência.
- A condição imposta pela Troika para Chipre receber €10 bilhões de ajuda externa é conseguir arrancar dos contribuintes €5,8 bilhões em forma de uma taxa sobre o estoque de depósitos bancários (a outra questão relevante é se esse dinheiro é suficiente para salvar um sistema bancário com €126 bilhões em ativos, sete vezes o PIB da ilha - mas deixemos essa de lado, por enquanto).
- Aparentemente, a ideia inicial era aprovar as medidas rapidamente, no final de semana, evitando assim o confronto com a população. Esse plano falhou, e agora deve parecer claro que é uma espécie de suicídio eleitoral para um político defender abertamente a medida que gerou tanta controvérsia.
- Assim, é mais provável que o plano não seja aprovado (está em discussão enquanto escrevo), e a bola volta para a Troika, que pode (i) relaxar os termos e pensar em um pacote mais amigável; (ii) bater o pé e não liberar o dinheiro. Se as condições forem amenizadas, é provável que Chipre leve um pacote em termos parecidos que outros países, sem necessidade de medidas imediatas radicais e algum comprometimento para o futuro (esse tipo de blefe funcionou para a Grécia em novembro de 2011, com o então Primeiro Ministro George Papandreou ameaçando convocar um referendo para votar um acordo e provocando um recuo dos emprestadores). Caso isso não ocorra, Chipre pode decidir que passar o pacote é a melhor opção ou romper com a Troika e, possivelmente, sair do euro.
- Para resumir a confusão acima: ou Chipre entra em um acordo com a Troika (em termos ruins ou menos ruins) ou há o risco concreto de Chipre deixar a união monetária. Se isso acontecer, é provável que, novamente, a sobrevivência do euro seja colocada em questão pelos mercados e a Troika teria que apagar outro grande incêndio. Uma matriz de payoffs estilizada e meio torta pode ser:
- Creio que, por agora, Chipre tem os incentivos para adiar uma solução e tentar conseguir uma oferta melhor (ou uma negociação paralela com a Rússia - vida loka). Confrontada com essa opção, a escolha racional da Troika seria apresentar uma alternativa menos draconiana e liberar o dinheiro. Imagino que esse seja o equilíbrio se todos agirem "racionalmente".
- O problema, claro, está no "racionalmente" e em que mensagem a Troika (para alguns, leia-se: Alemanha) quer passar para os periféricos. Deixar Chipre afundar seria uma mudança importante na postura dos países fortes envolvidos, e delimitaria os termos de negociações com outras economias que futuramente precisarem de ajuda.
- Se Chipre resolver sair do euro, curiosamente, vai parecer que a melhor alternativa teria sido aceitar a taxa, já que provavelmente a desvalorização do câmbio e a subsequente inflação devem tirar do poder de compra das economias dos cipriotas muito mais do que os 6,75% (ou 9,9%) propostos. Porém, a saída da desvalorização pode parecer menos arbitrária, e, sobretudo, seria uma demonstração de soberania.
Em resumo, apostaria que esta semana o pacote seja rejeitado e volte uma oferta em condições mais amenas, que seria aprovada. Porém, levando em conta as consequências para os mercados de cada um dos cenários (business as usual, se der tudo certo versus caos, se der tudo errado) e suas probabilidades, é bastante recomendável pensar numa saída para se o pior se concretizar. Confiar na racionalidade humana raramente é uma boa estratégia de sobrevivência.
Marcadores:
crise,
euro,
Europa,
macroeconomia,
microeconomia,
política
Gráficos do Dia - EUA, capota mas não breca
Gráficos interessantes da apresentação do diretor do BC Luis Awazu Pereira da Silva na reunião do BID da semana passada, na Cidade do Panamá. Não tinha me dado conta, mas parece claro que o setor privado dos EUA voltou a se alavancar, enquanto a maior parte do restante do mundo desenvolvido segue reduzindo balanços.
Clique para aumentar |
Marcadores:
bancos,
bancos centrais,
crédito,
dados,
macroeconomia
segunda-feira, 18 de março de 2013
Gráficos do Dia - Comutação no Brasil
Ontem a Folha citou esse estudo do IPEA sobre o tempo de deslocamento de casa para o trabalho nas principais regiões metropolitanas do Brasil. Os gráficos são de lá.
Marcadores:
academia,
Brasil,
dados,
desenvolvimento
domingo, 17 de março de 2013
Como será amanhã...
Fatos, esses sacanas |
Lembrei disso acompanhando ontem e hoje a história do confisco bancário de Chipre (ver o post anterior). O que vai acontecer amanhã nos mercados? É difícil discordar do mais evidente: a escolha do governo cipriota é muito perigosa, pode fazer com que os correntistas de diversos outros países enxerguem nela um precedente e corram para os bancos. Se isso for verdade, ações de bancos europeus devem cair, os juros pagos por países periféricos subir, o euro se desvalorizar, etc.
Por outro lado, é quase tão fácil criar um cenário alternativo onde o mercado segue se apoiando no relativo otimismo que tem sido mostrado nos últimos meses e logo surge uma narrativa dizendo que, no fim das contas, Chipre é um país pequeno e o risco de contágio é fácil de ser contido com uma ação decisiva das autoridades, afirmando que o caso é isolado e não será repetido em outros países.
Se na sexta-feira, antes do fechamento dos mercados, eu tivesse o jornal do final de semana, provavelmente concordaria com a maioria das reações na imprensa, blogs e twitter, e apostaria no pessimismo. Sabendo, porém, que mercados têm a incômoda característica de atropelar consensos e racionalizações (ver regra 9 de Bob Farrell) e seguir tendências, não ficaria surpreso se em alguns dias ficar mostrado que o temor deste final de semana foi exagerado e a Europa seguir empurrando seus problemas ladeira abaixo, sem pânico.
Em resumo, os mercados darão o veredito de curto prazo. Se ignorarem as notícias, não deve demorar para aparecerem opiniões dizendo que, na verdade, a decisão de tomar parte dos depósitos dos cipriotas foi sensata, a melhor opção disponível. Acontecimentos antecipam as análises, raramente o contrário, para desespero da nossa lógica e tentativa de entender o mundo.
sábado, 16 de março de 2013
Segunda-feira no Chipre...
Not any given monday |
O precedente para os outros países com setores bancários problemáticos na zona do euro é muito perigoso - resta saber se o mercado vai extrapolar essa possibilidade (acredito que sim), e, mais importante, como vão se comportar os correntistas dos outros países ao verem o que aconteceu com os cipriotas. Provavelmente teremos uma semana muito interessante pela frente.
Mais no Financial Times e no Paweł Morski.
P.S. Incrível como esse script, de decisões tomadas no final de semana com feriado bancário no dia seguinte, soa familiar para nós, brasileiros, e deve parecer uma invasão alienígena para os europeus acostumados com tantos anos de estabilidade.
sexta-feira, 15 de março de 2013
Som da Sexta - Getz/Gilberto, 50
Na segunda-feira fará 50 anos que João Gilberto, Stan Getz, Tom Jobim, Sebastião Neto e Milton Banana entraram num estúdio em Nova York para gravar Getz/Gilberto, o símbolo maior da invasão da bossa nova nos EUA. Dizem (não lembro onde li) que Gilberto não se entendia com Getz no estúdio e, como não falava inglês, ficava passando recados via Tom Jobim ("fala pra esse gringo filho da puta..."). O resultado final não entrega nada disso, e fica parecendo que o violão, a voz, o piano e a bateria suave nasceram para se encontrar com o sax tenor ora calmo, ora explosivo de Getz (para alguns, não por acaso, já que a turma bossa nova era bem versada no jazz). Uma obra prima, seguramente na lista dos 10 discos que mais gosto de escutar repetidamente.
Leituras da Semana
- Ótima entrevista de Stanley Fischer para a GloboNews.
- Vanity Fair sobre a guerra envolvendo as ações da Herbalife.
- Charlie Rose entrevistando Jeremy Grantham.
- O fundo soberano da Noruega está vendendo títulos da França e Reino Unido. O impressionante balanço do banco central do país.
- O mamute BTG Pactual.
- Cristiano Costa e Flavio Comim comentam os novos números do IDH.
- Preços de sorvete pelo mundo.
- Acemoglu e Robinson sobre o Chavismo.
- A geopolítica de Girls.
- 36 mapas que ajudam a explicar o mundo.
- Geoff Dyer e sua relação com livros de papel.
- Uma nova coletânea de ensaios de Leszek Kolakowski, já foi pro carrinho da Amazon.
- A ciência da junk food.
- Vanity Fair sobre a guerra envolvendo as ações da Herbalife.
- Charlie Rose entrevistando Jeremy Grantham.
- O fundo soberano da Noruega está vendendo títulos da França e Reino Unido. O impressionante balanço do banco central do país.
- O mamute BTG Pactual.
- Cristiano Costa e Flavio Comim comentam os novos números do IDH.
- Preços de sorvete pelo mundo.
- Acemoglu e Robinson sobre o Chavismo.
- A geopolítica de Girls.
- 36 mapas que ajudam a explicar o mundo.
- Geoff Dyer e sua relação com livros de papel.
- Uma nova coletânea de ensaios de Leszek Kolakowski, já foi pro carrinho da Amazon.
- A ciência da junk food.
Marcadores:
academia,
ações,
América Latina,
bancos,
bancos centrais,
dados,
desenvolvimento,
Europa,
fundos,
fundos soberanos,
Jeremy Grantham,
livros,
macroeconomia,
off topic,
preços
quinta-feira, 14 de março de 2013
Eu sabia...
... que o personagem de George Clooney em Syriana se parecia com alguém do mundo real:
Roubado daqui.
Roubado daqui.
Gráfico do Dia - real forte (por enquanto)
Em maio do ano passado, o real era a moeda que mais havia se desvalorizado no ano. Este ano, a situação é oposta: o real corrigiu a desvalorização do ano passado e está entre as moedas que mais se fortaleceram em 2013. Por enquanto, aparentemente, ganha a corrente que defende manter o câmbio relativamente apreciado para combater a inflação contra os industrialistas. No campo dos fundamentos, caminhamos para ter o pior saldo em balança comercial desde 2002.
O gráfico abaixo é de variação percentual contra o dólar americano.
O gráfico abaixo é de variação percentual contra o dólar americano.
Marcadores:
Brasil,
câmbio,
comércio exterior,
dados
terça-feira, 12 de março de 2013
Etanol no Brasil
Clássico da aborrescência |
1. O governo federal incentivou a criação de uma bolha de investimento em etanol em 2007 / 2008, enquanto o preço do petróleo passava de $100/barril e parecia que ia ficar por lá.
2. O governo federal também passou bastante tempo alimentando a ideia de que "país bom é país onde todo mundo anda de carro", dando incentivo para montadoras e concessão de crédito. A frota aumentou rapidamente.
3. Passado um tempo, surpresa, surpresa - o preço do petróleo caiu e fez com que, no relativo, o etanol ficasse muito caro.
4. Mesmo com a recuperação do preço do petróleo, a Petrobras segura o preço da gasolina abaixo do preço internacional. O etanol segue sem competitividade.
5. O consumo de combustível explodiu, o país tem que importar gasolina. Fura a bolha do etanol, usinas quebram ou são vendidas por uma fração do que custaram.
6. O contribuinte acaba tendo que financiar tanto a salvação das usinas quanto o subsídio à gasolina.
7. Dá pra ler de vários jeitos, mas a história toda me parece um exemplo de livro-texto de como tentar passar por cima de um sistema de preços de mercado gera grandes distorções e má alocação de capital.
8. Em resumo, a gasolina precisa subir, e o álcool precisa se viabilizar como alternativa mesmo com a flutuação de preços de mercado ou ser abandonado. Triste para as nossas ambições nacionalistas, porém verdadeiro.
Esse é um resumo bem rasteiro, vale ler a matéria toda.
segunda-feira, 11 de março de 2013
Os Ginis do Brasil
Fui matar uma curiosidade e montei essa tabela com os índices de Gini dos estados do Brasil (dados daqui e do Banco Mundial). Nosso padrão de desigualdade é espantoso, nada impressionante nos melhores estados e entre os piores do mundo no geral e na maioria das unidades da federação.
sexta-feira, 8 de março de 2013
Gráfico do Dia - compressão de margens
Marcadores:
Brasil,
dados,
macroeconomia,
microeconomia,
preços
Leituras da Semana
Helicópteros de dinheiro são para os fracos |
- Uma comparação interessante entre os índices de inflação de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Venezuela e variações de preços na internet. O resultado é o que você imagina. Dica do leitor J.
- Aviões de dinheiro (literais) teriam salvado a Grécia de uma corrida bancária. O euro esteve incrivelmente perto de se esfacelar ano passado.
- Mansueto Almeida duas vezes sobre bancos públicos: aqui e aqui.
- A (falta de) competitividade internacional do Brasil.
- A Argentinofilia de Paul Krugman.
- Moisés Naím sobre Hugo Chávez. Ótimo gráfico comparando a evolução dos termos de troca nos países da América Latina, reforça o tamanho da sorte que acompanhou os mandatos de Chávez. O editorial da última The Economist.
- Os bairros mais caros do Brasil.
- O Índice Starbucks.
- Ótimo guia para ratings de crédito soberano.
- Uma introdução à desigualdade global, por Branko Milanovic.
- Entrevista da Folha com Ricardo Paes de Barros.
- As cidades com quartos de hotel mais caros do mundo.
- Você anda lendo demais o Zero Hedge?
- Uma carta para Marissa Mayer, a CEO do Yahoo! que proibiu os funcionários de trabalharem de casa.
- Entrevista com John Gray.
- Entrevista com Teju Cole, sobre drones e mais.
- Do que fala a literatura brasileira contemporânea.
- Um projeto para ler todos os romances mais vendidos dos últimos 100 anos.
- Uma resenha muito interessante de Django Livre.
- Candidatando-se para a vaga de papa.
- Jacques Derrida entrevistando Ornette Coleman.
- Criei um Tumblr para alimentar (como se precisasse) meu lado diletante.
Marcadores:
ações,
América Latina,
bancos,
Brasil,
cinema,
crise,
desenvolvimento,
Europa,
Grécia,
inflação,
macroeconomia,
mercado financeiro,
mundo corporativo,
off topic,
preços,
Warren Buffett
quinta-feira, 7 de março de 2013
Bovespa contra resto do mundo
Um par de gráficos que fiz para o trabalho, talvez interesse para alguém. Nos últimos 12 anos, só em duas ocasiões a Bovespa ficou tão atrás desses mercados de ações: nas crises de 2002 e 2008. Ambas foram seguidas de fortes reações.
Banco Central do Brasil, o volúvel
Trabalhinho legal do Credit Suisse, mostrando que, na mediana, o Banco Central do Brasil fica apenas três meses com a taxa Selic parada. Os fatos parecem mudar muito rápido por aqui.
Marcadores:
bancos centrais,
Brasil,
dados,
Keynes,
renda fixa
quarta-feira, 6 de março de 2013
A Venezuela antes e depois de Chávez
Vou deixar uma análise qualitativa e política do chavismo para quem estudou mais do que eu - o Flavio Comim conseguiu, muito rapidamente, produzir uma ótima, sucinta e bastante ponderada. Aqui vou me limitar a apresentar e comentar alguns dados, e que o leitor tome-os com os devidos grãos de sal quanto à confiabilidade. Os números de inflação parecem razoáveis (ver esse estudo do Alberto Cavallo); vejo como principal problema as conversões para dólares, já que o câmbio oficial, mesmo após a desvalorização deste ano, é uma peça de ficção.
Todos esses indicadores melhoraram - a crítica aqui pode ser contrafactual (melhoraram apesar de Chávez, não por causa dele) ou no relativo, já que foi um período em que o mundo e o continente melhoraram bastante.
A coisa fica feia aqui (clique para aumentar se as últimas colunas aparecerem cortadas):
Durante toda a era Chávez, o crescimento do PIB da Venezuela foi menor do que o da América Latina e muito menor do que dos produtores de petróleo. O PIB per capita cresceu 27%, contra uma alta de quase 70% para o continente. Como proporção do PIB mundial, a economia do país ficou estagnada. A dívida pública bruta aumentou (assim como as reservas internacionais), a inflação caiu (mas ainda ficou alta demais para o padrão do resto do mundo) e as exportações de petróleo aumentaram cinco vezes (aumento médio dos outros produtores: nove vezes). No período, o preço do barril de petróleo aumentou 7,5 vezes.
Por essa ótica, o fracasso da era Chávez é enorme, desperdício de uma janela de oportunidade que não deve ocorrer outra vez nesta geração (já tinha chegado nessa mesma conclusão, olhando outros dados, aqui). E se partirmos da (boa, acho) premissa que o maior indutor de desenvolvimento é o crescimento, ganha mutia força a crítica contrafactual dos indicadores da tabela anterior melhoraram, mas poderiam ter sido muito melhores. Que a Venezuela encontre seu rumo no futuro, longe do populismo, do militarismo e da retórica bocó de não-alinhamento.
Alguns dados roubados de outras fontes:
(de um post do Leonardo Monasterio)
(de um post do Lucas Llach)
(do Guardian, com typo e tudo)
(do Valor Econômico de hoje - clique para aumentar)
P.S. Como melhorou o acesso a essas bases de dados dos multilaterais desde que eu comecei a usá-los (2001)... Acho que devemos agradecer o Hans Rosling pela briga para liberar informações coletadas com dinheiro público.
P.P.S. Dica de leitura sobre a Venezuela: essa reportagem recente de Jon Lee Anderson na New Yorker.
Todos esses indicadores melhoraram - a crítica aqui pode ser contrafactual (melhoraram apesar de Chávez, não por causa dele) ou no relativo, já que foi um período em que o mundo e o continente melhoraram bastante.
A coisa fica feia aqui (clique para aumentar se as últimas colunas aparecerem cortadas):
Por essa ótica, o fracasso da era Chávez é enorme, desperdício de uma janela de oportunidade que não deve ocorrer outra vez nesta geração (já tinha chegado nessa mesma conclusão, olhando outros dados, aqui). E se partirmos da (boa, acho) premissa que o maior indutor de desenvolvimento é o crescimento, ganha mutia força a crítica contrafactual dos indicadores da tabela anterior melhoraram, mas poderiam ter sido muito melhores. Que a Venezuela encontre seu rumo no futuro, longe do populismo, do militarismo e da retórica bocó de não-alinhamento.
Alguns dados roubados de outras fontes:
(de um post do Leonardo Monasterio)
(de um post do Lucas Llach)
(do Guardian, com typo e tudo)
(do Valor Econômico de hoje - clique para aumentar)
P.S. Como melhorou o acesso a essas bases de dados dos multilaterais desde que eu comecei a usá-los (2001)... Acho que devemos agradecer o Hans Rosling pela briga para liberar informações coletadas com dinheiro público.
P.P.S. Dica de leitura sobre a Venezuela: essa reportagem recente de Jon Lee Anderson na New Yorker.
Marcadores:
América Latina,
dados,
desenvolvimento,
macroeconomia
terça-feira, 5 de março de 2013
A maçã que caiu
O gráfico abaixo é do preço das ações da Apple - chegaram a quase $700 em setembro do ano passado e agora operam a $420 - queda de quase 40%. No topo, muita gente respeitada dizia que a companhia seria a primeira a atingir $1 trilhão em valor de mercado e que a $700 as ações ainda eram baratas. How the mighty have fallen.
A queda da Apple serve como exemplo de várias heurísticas conhecidas no mercado, como:
- As regras #1, 2, 3, 4, 5 6, 9 e 10 do lendário estrategista Bob Farrell - um espetacular exagero foi corrigido com uma queda não menos espetacular.
- Nenhuma empresa passou muito tempo com valor de mercado acima de $500 bilhões (mais aqui).
- A enorme dificuldade em lucrar tentando vender uma bolha ou movimento parabólico. A primeira perna parabólica da Apple no ano passado parecia ter terminado em abril, mas as ações ainda subiram mais 10% até o novo pico. Pior ainda, quem tentou vender quando a empresa passou a valer $500 bilhões viu as ações subirem mais 32% até o início da queda. Conseguiu lucrar quem teve pouca preocupação com o mercado ou montou uma estrutura com opções fora do dinheiro. Até agora não apareceu nenhum gestor de fundos que ficou multimilionário com o movimento.
Da minha parte, pelo terceiro ano consecutivo coloquei a queda da Apple entre as minhas previsões do início do ano. Como dizem, mesmo um relógio quebrado acerta o horário duas vezes ao dia, e esta foi minha vez de acertar. Agora, porém, passei a achar o movimento exagerado, e imagino que uma correção está por vir (o Mark Dow concorda comigo). Hora de recolher as fichas (melhor seria se eu tivesse seguido a tal previsão na vida real).
Outro fato que merece nota é como o índice Nasdaq conseguiu descolar, a partir de novembro do ano passado, da queda da Apple, mesmo com esta representando cerca de 12% do índice e tendo liderado toda a alta de 2012. Nesse período, as ações da Google subiram 24%. O setor de tecnologia continua quente.
A queda da Apple serve como exemplo de várias heurísticas conhecidas no mercado, como:
- As regras #1, 2, 3, 4, 5 6, 9 e 10 do lendário estrategista Bob Farrell - um espetacular exagero foi corrigido com uma queda não menos espetacular.
- Nenhuma empresa passou muito tempo com valor de mercado acima de $500 bilhões (mais aqui).
- A enorme dificuldade em lucrar tentando vender uma bolha ou movimento parabólico. A primeira perna parabólica da Apple no ano passado parecia ter terminado em abril, mas as ações ainda subiram mais 10% até o novo pico. Pior ainda, quem tentou vender quando a empresa passou a valer $500 bilhões viu as ações subirem mais 32% até o início da queda. Conseguiu lucrar quem teve pouca preocupação com o mercado ou montou uma estrutura com opções fora do dinheiro. Até agora não apareceu nenhum gestor de fundos que ficou multimilionário com o movimento.
Da minha parte, pelo terceiro ano consecutivo coloquei a queda da Apple entre as minhas previsões do início do ano. Como dizem, mesmo um relógio quebrado acerta o horário duas vezes ao dia, e esta foi minha vez de acertar. Agora, porém, passei a achar o movimento exagerado, e imagino que uma correção está por vir (o Mark Dow concorda comigo). Hora de recolher as fichas (melhor seria se eu tivesse seguido a tal previsão na vida real).
Outro fato que merece nota é como o índice Nasdaq conseguiu descolar, a partir de novembro do ano passado, da queda da Apple, mesmo com esta representando cerca de 12% do índice e tendo liderado toda a alta de 2012. Nesse período, as ações da Google subiram 24%. O setor de tecnologia continua quente.
Marcadores:
ações,
dados,
mercado financeiro,
tecnologia
segunda-feira, 4 de março de 2013
Qual classe média?
Terminei no fim de semana The Haves and the Have-Nots: A Brief and Idiosyncratic History of Global Inequality, do economista do Banco Mundial Branko Milanovic. O livro é uma ótima introdução não-técnica (quer dizer, até onde consegue ser para adentrar o tema) sobre os vários jeitos de medir desigualdade, temperado com pequenas vinhetas sobre casos específicos.
Uma delas (3.2) pergunta e se propõe-se a responder se há uma classe média global. Nos cálculos do autor, a classe média global (por um critério que considera como classe média famílias que têm renda a até 25% da renda mediana) abrange 850 milhões de pessoas, com renda média diária entre $2,5 e $4 por dia (já ajustados por poder de compra). A reflexão final desse ensaio merece ser compartilhada, sobretudo num país que tem celebrado uma "nova classe média" com renda per capita entre R$291 e R$1.019 por mês (o critério brasileiro é diferente e mais opaco):
Uma delas (3.2) pergunta e se propõe-se a responder se há uma classe média global. Nos cálculos do autor, a classe média global (por um critério que considera como classe média famílias que têm renda a até 25% da renda mediana) abrange 850 milhões de pessoas, com renda média diária entre $2,5 e $4 por dia (já ajustados por poder de compra). A reflexão final desse ensaio merece ser compartilhada, sobretudo num país que tem celebrado uma "nova classe média" com renda per capita entre R$291 e R$1.019 por mês (o critério brasileiro é diferente e mais opaco):
Due to the technological revolution (there were no cell phones ten years ago) and the decline in relative prices, consumer goods are now available to a lot of people. Far be it from me to deny their value and importance, but a cell phone does not a middle class make. If one lives in a shack, in insalubrious conditions, with a volatile income that is barely above subsistence, and is unable to send his kids to school or offer to his family decent health care, it makes no sense to classify him as part of some imaginary "global middle class" because he can dial a cell phone.
Marcadores:
academia,
citações,
dados,
desenvolvimento,
livros
Gráficos do Dia - balança comercial no Brasil
Cortesia do ItaúBBA, mostrando a deterioração recente da balança comercial brasileira. Parte relevante pode ser atribuída ao aumento da importação de combustíveis (mais aqui).
Marcadores:
comércio exterior,
commodities,
dados,
energia,
macroeconomia,
petróleo
sexta-feira, 1 de março de 2013
Assinar:
Postagens (Atom)