sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Frase do dia - Tragédia dos Comuns

"Eu, que sou fã da economia de preços e de mercado, hoje percebo que ela padece de uma cegueira absurda, que é o modo como usamos os recursos ambientais."

Professor Eduardo Giannetti da Fonseca, em entrevista para o Valor de hoje. O conceito de tragédia dos comuns é de 1833 (quando observado pelo economista britânico William Forster Lloyd), e foi revisitado pelo ecologista americano Garrett Hardin, em trabalho de 1968.

Ah, o texto do André Lara Resende sobre os possíveis limites para o crescimento econômico, que saiu no mesmo caderno, também é bastante recomendável.

13 comentários:

Daniel V. disse...

Esse problema só ocorre quando os direitos de propriedade são mal definidos, como afirma o teorema de Coase, né não ? Esse Llpoyd é aquele do caso do médico vs padaria ?
E ja que estamos no assunto de tragédia dos comuns, recomnedo a leitura :
http://mises.org/books/bagus_tragedy_of_euro.pdf

Anônimo disse...

Muito boa a entrevista do Gianetti. Essa discussão reabre um grande campo de debate na ciência econômica. Só um reparo, a "economia competitiva de mercado" é uma quimera. Nunca houve nem vai existir. Estão aí as grandes corporações públicas e privadas para demonstrar.

Drunkeynesian disse...

Daniel, acho que o meio ambiente cai nesse caso de direitos de propriedades não definidos, não? Ainda mais algo como aquecimento global, que tem potencial de afetar bilhões e é problema de ninguém e de todo mundo ao mesmo tempo (nossa, me senti o Humberto Gessinger agora).

Não conheço esse caso do médico vs padaria, qual é?

Obrigado pelo livro, eu tinha mesmo decidido estudar mais de economia austríaca este ano, até comprei o livro introdutório do Huerta de Soto.

iconoclastas disse...

muito ligeira essa exposição do giannetti

sobre o sistema de preços ele deu exemplos de mercados que tem de tudo, menos preços livres, pois tanto água, energia e a indústria aérea sofrem pesadas intervensões.
opa, e a carne, além da preocupação com a china... no fim o mercado de preços livres é tão limitado que melhor seria dirigir seu desapontamento para outro lado.

outra coisa muito superficial é esse fatalismo do aquecimento pela ação humana.

Drunkeynesian disse...

A entrevista é curtinha, mas ele é um cara ilustrado; melhor questionado, deve ter mais substância.

Anônimo disse...

Meus caros,
Não pude ler a entrevista (você tem que se cadastrar, etc), mas eu tenho alguns pontos:
1- O sujeito não é economista, é filósofo. Como qualquer não-economista quando fala em economia, sai de baixo (com as quantidades homéricas de bobagem que o sujeito fala).
2- A teoria econômica avançou demais. Não existe esta bobagem relativa a economia de mercado. Os preços podem ter qualquer comportamento dadas as características do mercado (cada conjunto muito específico de características geram comportamentos específicos dos preços). As coisas são extremamente complicadas e existem trocentas formas de contratos entre os agentes que não passam pelos preços dos mercados (e isto tudo a teoria econômica já sabe a muito tempo).
3- Esta coisa do aquecimento global ser uma grande falha de mercado é mais velho que andar para a frente.
4- Não vi a entrevista. Na chamada,é citado que ele diz qualquer coisa sobre alguma superioridade específica do planejamento central. Ou seja, o sujeito não conhece nem este blá-blá-blá austríaco-libertário não formalizado que existe. Qual a pergunta que desmonta um argumento assim? "tudo bem, mas você combinou com o adversário?" (ou seja, qual a estrutura de incentivos necessário para fazer o planejador central se preocupar com questões ambientais de longo prazo? Como implementá-la?
4- Sob o ponto acima, as maiores tragédias ambientais ocorreram nos países centralmente planificados.
5- Por fim, para o primeiro comentário. O problema não é definição de direito de propriedade (claro, importantíssimo), mas a existência de custos de transação. Mesmo com direitos de propriedade muito bem definidos, os custos de transação são estratosféricos (caso concreto, mesmo que eu ganhasse o direito de propriedade sobre a floresta amazônica, eu nunca conseguiria defendê-la - ou seja, fazer cumprir os contratos onde se definem claramente quem pode desmatar e em qual proporção).
Saudações

Drunkeynesian disse...

Não é economista? Graduação na USP e PhD em Cambridge não qualificam mais para o título?

http://www.insper.edu.br/docentes-e-pesquisa/corpo-docente/eduardo-giannetti-da-fonseca

Drunkeynesian disse...

Ah, nesse link tem a íntegra da entrevista:

http://zelmar.blogspot.com/2012/01/o-ambiente-nao-aceita-desaforos-diz.html

iconoclastas disse...

"pesadas intervensões."

krai...ç

perdoem a poluição...

;(

Anônimo disse...

Meus caros,
Fui ler a entrevista (com o link descrito acima). Seria uma ótima entrevista para um aluno de graduação de primeiro ano. Seria péssima se este aluno estivesse formando no último ano. O PhD do sujeito não é em economia (é em astrologia, sei lá).
O ponto básico é que ele, por um lado, fala coisas óbvias ("nunca imaginei que existissem falhas de mercado..."???? - TODO O DESENVOLVIMENTO TEÓRICO DAS ÚLTIMAS 4 DÉCADAS SE DÁ EM CIMA DAS FALHAS DE MERCADO - O MODELO CLÁSSICO FOI ENTERRADO A MUITO!!!!!) ou erradas (o sistema de preços simplesmente não dá conta - CADE UMA CRÍTICA MAIS LIBERAL???? AS ENERGIAS SUJAS ESTÃO FICANDO MUITO CARAS!!!! POR QUE NÃO IMPOSTOS PIGOVIANOS PARA RESOLVER O PROBLEMA??? Ele não deve ter estudado Pigou - muito moderno para o gosto dele - afinal a teoria do sujeito só tem 100 anos!!!).
É isto. Este tipo de entrevista só gera deserviço!!!
Um grande abraço
PS: O blog é ótimo!!!!! Parabéns!!!!

Dionísio disse...

Meu problema nao eh com o que ele diz: acho que esta com toda razao e um senso de urgencia salutar. Mas realmente eh balela achar que esse eh o unico caso em que o mercado falhou em grandes proporcoes em alocar os recursos de forma otima. Basta ver a situacao da medicina nos EUA, ou a propria crise.

Qualquer critica como a dele tem de ser mais ampla, esse nao eh o unico furo no queijo

M. Silveira disse...

Li a íntegra da entrevista, é realmente muito superficial e não tem nada de científica, o que o autor faz é pegar alguns fatos para fortalecer sua conclusão.
A conclusão dele não é consequência de nenhum estudo empírico, é uma ideia ou sentimento que ele tem e agora está distorcendo fatos( ou rearranjando)para fundamentá-la.
O aquecimento global não é irrefutável, existe muitas divergências sobre isso, e se fosse irrefutável não seria ciência.
A solução está sim na tecnologia, que é desenvolvida em seu máximo potencial num sistema de mercado, mas essa mudança é lenta, na medida que os custos de produção de meios agressivos ao meio ambientes vão ficando mais caro novos modos de produção "limpos" vão se desenvolvendo, e os custos estão sim aumentando.
Nunca tivemos uma qualidade de vida tão alta como temos agora, e nunca investimos tanto em meios de produção "limpos", essa ideia que estamos indo para um caminho "sombrio" é retrógrada e sem fundamento. Tivemos sim, consideráveis perdas ambientais, mas que resultaram em grandes ganhos, compensando as perdas.
Agora damos mais importância para meios de produção sustentáveis e estamos numa nova era econômica, mas a passada não foi errada e cumpriu com seu papel.
Num sistema de preços os recursos são alocados para o que a sociedade considera mais importante, hoje temos novas prioridades e o capitalismo se alinha com elas; é claro que o mercado tem suas falhas, mas sempre serão menores que as falhas de governo.O governo tem sua importância, mas no geral o mercado deve prevalecer.
Termino com uma pequena especulação:
Hoje ninguém gosta de parar o carro no sol, sempre preferimos uma sombra, mas logo isso vai mudar, faremos o possível para parar no sol, o carro será movido por energia fotovoltaica, enquanto ele estava no sol a energia solar captada é convertida em energia elétrica e nunca mais teremos que para em postos de gasolina.
Não entrem no grupo dos pertubados com a hora em que os chineses e os indianos começarem a consumir em proporções elevadas, não cometam o mesmo erro de Malthus.

Moska disse...

Sou fã do "O Valor do Amanhã" do Gianetti mas acho que nessa entrevista ele se precipitou.

Conforme o comentário anterior, o aquecimento global é algo BEM discutilvel (as conclusões do IPCC são recheadas de interesses políticos) tanto no que se refere ao real aquecimento quanto à influencia do homem nele.

Outro equivoco é dizer que energia solar não tem impacto ambiental. Não vou nem considerar o tipo de material envolvido na construção dos paineis mas uma especulação do Matt Ridley (www.therationaloptimist.com) diz que se os EUA fossem trocar 100% da energia para solar, precisariam de uma área equivalente à Espanha. Quem está disposto a renunciar essa área em floresta? Para a energia solar valera a pena EM TERMOS AMBIENTAIS, precisa-se de muito investimento em novas tecnologias.

Quanto à tragédia de Malthus, ja é bem discutido e aceito hoje em dia que a população da terra vai se estabilizar (se não me engano em torno de 9Bi) e que o responsável por isso é o progresso economico e acesso à saude etc...(pode parecer contraditório mas quanto menor a mortalidade infantil, menos filhos as mulheres tem). Relegar progresso e acesso a energia e novas tecnologias só irá fazer com que a população cresça ainda mais, botando mais pressão no meio-ambiente