quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Frases do dia - Keynes e os haircuts

“I should say that it is from time to time the duty of a serious investor to accept the depreciation of his holdings with equanimity and without reproaching himself. Any other policy is anti-social, destructive of confidence and incompatible with the working of the economic system.”

John Maynard Keynes, 1938. Tirada deste bom texto do Kathimerini (se ainda não recomendei aqui, é o melhor jornal grego em Inglês que conheci).

Na Bloomberg, EU Sets 50% Greek Writedown, $1.4T in Rescue Fund.

P.S. Isso não é um calote?


13 comentários:

Ticão disse...

Só estou esperando alguma autoridade economica europeia vir para a "boca de cena" e perpetrar o famoso ...

"Calote ?! Não !! Vocês não entenderam. VEJA BEM, ... "

Deve ser só uma "Ilusão de Matemática".

Anônimo disse...

CDS virou ativo livre de risco. Pode shortear à vontade que não vale nada!

Drunkeynesian disse...

Bem colocado. O cara precisa subir no palanque sem camisa, com uma AK-47 na mão e gritar "NÃO VAMOS PAGAR NADA" pra caracterizar evento de crédito.

Anônimo disse...

Calote ou divisão da conta? Por que a conta tem que recair sempre sobre o contribuinte? Tomara que essa moda pegue pois só assim teremos melhores avaliações de crédito.

Delfim Bisnetto disse...

Se a coisa se encaminhar sem traumas financeiros na Grécia, não corremos o risco de entrar numa Era dos Calotes-Que-Não-São-Calotes?

Por evidências muito mais fracas já enterraram a responsabilidade fiscal e as metas de inflação...

Drunkeynesian disse...

É, tá com cara de que, 30 anos depois, o Bill Rhodes vai se provar correto: "países não quebram".

Marcelo Novaes de Oliveira disse...

How ironic: o veneno é também remédio, não é mesmo?

Um artigo que gostei sobre o assunto, do velhaco John Cassidy:
http://www.newyorker.com/online/blogs/johncassidy/2011/10/can-financial-engineering-save-the-euro.html

Tinha também um do AlphaVille no FT que mostrava a galera do Nomura comparando o EFSF a um CDO. Aí foi um ministro europeu dizer que "não é não, um CDO tem tranches!!".

Aham Claudia, senta lá...

Drunkeynesian disse...

Muito bom o texto do Cassidy, Marcelo. E concordo com a conclusão do Munchau: alavancagem não é solução pra nada, só amplifica as consequências da sua convicção (certa ou errada). Minha conclusão mais cínica é que essa história da alavancagem é um jeito de empacotar a história de maneira que o contribuinte não perceba o tamanho da tunga que vai levar, já que com todos esses termos e senões ninguém vai entender direito o que está se passando. Veremos...

Ticão disse...

O que eu aguardo ansiosamente é a tal da Mão Invisível pegar pelo pescoço o responsável pela Análise de Crédito desses empréstimos.

Se fosse um grande banco sendo caloteado por um pequeno empréstimo o gerente já estaria no olho da rua. Afinal foi incompetente. Não soube avaliar o correntista que pediu grana para passear em Miami. E depois não conseguiu pagar.

Mas como o caso é de grandes bancos e financeiras fazendo grandes empréstimos, o mais provável é que o "gerente" seja promovido a presidente. Ou a diretor de algum BC europeu.

A Mão, além de Invisível, é conivente ?

Drunkeynesian disse...

As mãos visíveis que compraram os títulos da Grécia para ganhar os últimos 0,5% da "convergência" para os da Alemanha já embolsaram os bônus do tempo em que a operação funcionou, e na melhor das hipóteses perderam o emprego.

As agências de risco... bom, elas não tinham acabado depois da crise de 2008?

Daniel V. disse...

Muito bom esse artigo do John

Daniel V. disse...

Esse calote de 50% ja estava precificado a um bom tempo ne?
Os títulos de 2 anos estavam pagando um YTM de +-70%. Supondo que não paga cupom, o preço era 0,3460. Com o calote, o novo YTM vai para 20%, mais próximo do titulo de 10y apresentado por vc no dia 10/10.
O haircut afeta todas as maturidades ? È só sobre o notional mesmo ?

Drunkeynesian disse...

Daniel, pelo o que li, o calote precificado nos títulos era até maior.

O haircut, até onde sei, é voluntário (ainda que negociado, etc) - o detentor do título trocaria o título antigo por um título novo que pagaria metade do principal. Supostamente vai ser aplicado só para os bancos, o que significa que os fundos de pensão e outros investidores institucionais vão continuar carregando os títulos ao par (por isso o estoque da dívida não cai pela metade). Talvez por isso não configure calote, não é unilateral e não afeta toda a dívida, ainda que, a essa altura, precisa se louco ou burro para ter um título desses e achar que vai receber 100 centavos por euro.