sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Tchau, 2010
Adeus para um ano difícil. Este blog volta, mais queimado de sol e com alguns dias de ressaca acumulada, em 2011. Aproveito para agradecer os pacientes leitores e desejar um ano novo bestial a todos.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Minhas previsões para 2011
Quem acompanha o blog sabe o quanto eu sou crítico de previsões (concordo com o Yogi Berra: "It's tough to make predictions, especially about the future."), mais ainda das que envolvem números, mais ainda se esses números tiverem alguma casa depois da vírgula. Para o meu trabalho, porém, fazer previsões é um exercício quase necessário, sempre sabendo que os fatos devem mudar as opiniões e que meus clientes não me pagam para eu estar certo. Aí vão algumas coisas que acho que vão acontecer durante 2011, que podem ou não ter algum valor para quem opera no mercado financeiro:
- Os juros longos no Brasil vão continuar caindo, possivelmente para os níveis mais baixos da história.
- A inflação no Brasil será mais baixa do que o mercado prevê.
- Mais algum banco médio brasileiro vai ter problemas com a carteira de crédito.
- As ações de bancos na Europa vão seguir caindo. Possivelmente alguns bancos grandes serão nacionalizados ou receberão ajuda dos governos.
- A União Européia vai garantir a dívida de todos os seus membros. Dessa forma, o esfacelamento do euro que eu achava que ia ocorrer vai ser adiado, até que algum país não aguente mais conviver com uma moeda valorizada.
- O Brasil vai começar a ter problemas com financiamento externo. O real vai se desvalorizar. As reservas internacionais vão parar de crescer.
- A bolha do ouro e da prata vai estourar; o preço de ambos cairá pelo menos 20%.
- Vender volatilidade nos picos vai novamente ser uma estratégia ganhadora. O mercado caminha para cada vez mais preços controlados.
- A carteira de crédito do BNDES vai começar a ter problemas. Talvez demore mais do que um ano, mas a JBS não vai se aguentar.
- Não terminarão o ano acima dos preços máximos deste ano as ações de: Apple, Netflix, bancos brasileiros, índice do México, índice da Alemanha. E, sinto informar, o Facebook não vale US$ 40 bilhões.
- Preços de imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro vão seguir altos (e, possivelmente, subindo).
- Eike Batista vai seguir vendendo promessas. Guido Mantega vai continuar falando asneiras. Ben Bernanke vai seguir imprimindo. Eu vou seguir reclamando.
- Vai ficar cada vez mais claro o quanto Lula foi sortudo. E a culpa vai ser colocada em dona Dilma. É do jogo...
- Vou errar pelo menos metade das previsões acima. Espero não perder leitores por isso. Saravá!
- Os juros longos no Brasil vão continuar caindo, possivelmente para os níveis mais baixos da história.
- A inflação no Brasil será mais baixa do que o mercado prevê.
- Mais algum banco médio brasileiro vai ter problemas com a carteira de crédito.
- As ações de bancos na Europa vão seguir caindo. Possivelmente alguns bancos grandes serão nacionalizados ou receberão ajuda dos governos.
- A União Européia vai garantir a dívida de todos os seus membros. Dessa forma, o esfacelamento do euro que eu achava que ia ocorrer vai ser adiado, até que algum país não aguente mais conviver com uma moeda valorizada.
- O Brasil vai começar a ter problemas com financiamento externo. O real vai se desvalorizar. As reservas internacionais vão parar de crescer.
- A bolha do ouro e da prata vai estourar; o preço de ambos cairá pelo menos 20%.
- Vender volatilidade nos picos vai novamente ser uma estratégia ganhadora. O mercado caminha para cada vez mais preços controlados.
- A carteira de crédito do BNDES vai começar a ter problemas. Talvez demore mais do que um ano, mas a JBS não vai se aguentar.
- Não terminarão o ano acima dos preços máximos deste ano as ações de: Apple, Netflix, bancos brasileiros, índice do México, índice da Alemanha. E, sinto informar, o Facebook não vale US$ 40 bilhões.
- Preços de imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro vão seguir altos (e, possivelmente, subindo).
- Eike Batista vai seguir vendendo promessas. Guido Mantega vai continuar falando asneiras. Ben Bernanke vai seguir imprimindo. Eu vou seguir reclamando.
- Vai ficar cada vez mais claro o quanto Lula foi sortudo. E a culpa vai ser colocada em dona Dilma. É do jogo...
- Vou errar pelo menos metade das previsões acima. Espero não perder leitores por isso. Saravá!
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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Os melhores livros de 2010
Se eu mal consigo acompanhar os filmes na medida em que eles estream no cinema, com os livros é ainda pior. Este ano consegui ler mais do que em 2009 (mesmo não considerando as releituras das histórias do Asterix), mas ainda assim a pilha só cresceu. De qualquer maneira, aí vai o que me chamou a atenção em 2010:
Economia, mercados e afins:
- The Big Short: Inside the Doomsday Machine, Michael Lewis (W.W. Norton, 2010)
Escrevi uma resenha aqui. Para quem trabalha no mercado, uma lição sobre paciência e como bolhas podem ser resilientes.
- Invisible Hands: Hedge Funds Off the Record - Rethinking Real Money, Steve Drobny (Wiley, 2010)
No mesmo molde de entrevistas dos clássicos Market Wizards e do livro anterior de Drobny (Inside the House of Money), só que preservando a identidade dos entrevistados. A tese (corajosa) de Drobny é que o dinheiro dos fundos de pensão deveria fugir da pseudodiversificação em instrumentos parecidos com ou mais arriscados que ações e ser gerido como os ativos de fundos de hedge, com extrema flexibilidade. Talvez a tese seja correta, mas, ainda assim, creio que faltariam gestores talentosos como os retratados no livro (alguns, como Hugh Hendry, são facilmente identificáveis). De qualquer forma, traz algumas grandes histórias e insights.
- The Little Book of Behavioral Investing, James Montier (Wiley, 2010)
Vale mais do que qualquer curso de finanças na universidade. Fala dos mercados e dos investidores como eles são, e não como deveriam ser no mundo da normalidade.
- More Money Than God: Hedge Funds and the Making of a New Elite, Sebastian Mallaby (Penguin, 2010)
Quatro anos de pesquisa foram necessários para montar uma grande história dos fundos de hedge e dos egos e ideias por trás deles. O pecado (menor) é praticamente só falar dos fundos americanos.
- The Soros Lectures, George Soros (PublicAffairs, 2010)
Um dos maiores especuladores da história fala sobre sua visão do mundo. Resenhei aqui.
- Mobs, Messiahs, and Markets, William Bonner e Lila Rajiva (Wiley, 2009)
Às vezes pedante a ponto de irritar, mas uma boa alternativa contemporânea para o clássico Extraordinary Popular Delusions and The Madness of Crowds.
- How to Lie With Statistics, Darrell Huff (W.W. Norton, 1993)
Quase 50 anos se passaram da primeira edição deste livro (de 1954). A quantidade de dados disponíveis se multiplicou algumas vezes; o mau tratamento deles (intencional ou não) segue o mesmo.
- Dance with Chance, Spyros Makridakis, Anil Gaba e Robin Hogarth (Oneword, 2009)
Soa um pouco como autoajuda, mas é muito bem embasado e ensina a fugir de médicos. Vale a leitura, portanto.
Temas menos mundanos:
- O Pequeno Livro do Rock, Hervé Bourhis (Conrad)
- Divertido, apaixonado e bem desenhado (e ousa achar Grandaddy melhor que Radiohead).
- Playing the Enemy, John Carlin (Penguin)
O livro que inspirou Invictus, do Clint Eastwood. História que se lê como um bom romance.
- As Cruzadas Vistas Pelos Árabes, Amin Maalouf (Brasiliense)
Consegue, ao mesmo tempo, defender os árabes e criticar duramente sua decadência. O trabalho de pesquisa, em fontes da época, deve ter sido insano.
- Six Easy Pieces, Richard P. Feynman (Penguin)
Física é para os fortes. O primeiro livro do Feynman que leio; ele realmente devia saber muito para conseguir fazer com que coisas completamente abstratas pareçam minimamente simples.
- Reflexões Sobre um Século Esquecido, Tony Judt (Objetiva)
A lucidez de Judt fará muita falta. Felizmente sua obra seguirá a nosso alcance.
- What Have You Changed Your Mind About?, John Brockman (Harper Perennial)
Tem tantas ideias interessantes que pode ser material de reflexão para a vida inteira.
- Autores de Guias de Viagem Vão Para o Inferno?, Thomas Kohnstamm (Panda)
Sexo, drogas e caipirinha. E, nas horas vagas, escrever um guia de viagens para o Brasil. Deixou a editora do Lonely Planet puta da vida, só por isso já valeria a leitura.
Ficção
- Uma Breve História dos Tratores em Ucraniano, Marina Lewycka (Bertrand Brasil)
Comprei pelo título e pela capa, saí no lucro. Além do aprendizado sobre a história dos tratores nos tempos de Stalin, ganhei uma história original, muito bem contada, divertida e humana.
- The Brief Wondrous Life of Oscar Wao, Junot Díaz (Riverhead Trade)
A história (de um adolescente de origem dominicana, nascido nos EUA e sofrendo o diabo no país dos pais) é miserável, mas rendeu, ao invés de um dramalhão, uma comédia de humor negro contundente e muito bem escrita.
- Pornopopéia, Reinaldo Moraes (Objetiva)
Mais um herói sem caráter para a história da literatura brasileira. Mais na piauí deste mês.
- Freedom, Jonathan Franzen (Farrar, Straus and Giroux)
O livro mais comentado deste ano nos EUA. Merecia um texto maior aqui, ainda vou fazer. Talvez seja o livro que vai definir uma geração.
E ficaram para o ano que vem (e para o outro... o outro... o outro...):
Economia, mercados e afins:
- The Big Short: Inside the Doomsday Machine, Michael Lewis (W.W. Norton, 2010)
Escrevi uma resenha aqui. Para quem trabalha no mercado, uma lição sobre paciência e como bolhas podem ser resilientes.
- Invisible Hands: Hedge Funds Off the Record - Rethinking Real Money, Steve Drobny (Wiley, 2010)
No mesmo molde de entrevistas dos clássicos Market Wizards e do livro anterior de Drobny (Inside the House of Money), só que preservando a identidade dos entrevistados. A tese (corajosa) de Drobny é que o dinheiro dos fundos de pensão deveria fugir da pseudodiversificação em instrumentos parecidos com ou mais arriscados que ações e ser gerido como os ativos de fundos de hedge, com extrema flexibilidade. Talvez a tese seja correta, mas, ainda assim, creio que faltariam gestores talentosos como os retratados no livro (alguns, como Hugh Hendry, são facilmente identificáveis). De qualquer forma, traz algumas grandes histórias e insights.
- The Little Book of Behavioral Investing, James Montier (Wiley, 2010)
Vale mais do que qualquer curso de finanças na universidade. Fala dos mercados e dos investidores como eles são, e não como deveriam ser no mundo da normalidade.
- More Money Than God: Hedge Funds and the Making of a New Elite, Sebastian Mallaby (Penguin, 2010)
Quatro anos de pesquisa foram necessários para montar uma grande história dos fundos de hedge e dos egos e ideias por trás deles. O pecado (menor) é praticamente só falar dos fundos americanos.
- The Soros Lectures, George Soros (PublicAffairs, 2010)
Um dos maiores especuladores da história fala sobre sua visão do mundo. Resenhei aqui.
- Mobs, Messiahs, and Markets, William Bonner e Lila Rajiva (Wiley, 2009)
Às vezes pedante a ponto de irritar, mas uma boa alternativa contemporânea para o clássico Extraordinary Popular Delusions and The Madness of Crowds.
- How to Lie With Statistics, Darrell Huff (W.W. Norton, 1993)
Quase 50 anos se passaram da primeira edição deste livro (de 1954). A quantidade de dados disponíveis se multiplicou algumas vezes; o mau tratamento deles (intencional ou não) segue o mesmo.
- Dance with Chance, Spyros Makridakis, Anil Gaba e Robin Hogarth (Oneword, 2009)
Soa um pouco como autoajuda, mas é muito bem embasado e ensina a fugir de médicos. Vale a leitura, portanto.
Temas menos mundanos:
- O Pequeno Livro do Rock, Hervé Bourhis (Conrad)
- Divertido, apaixonado e bem desenhado (e ousa achar Grandaddy melhor que Radiohead).
- Playing the Enemy, John Carlin (Penguin)
O livro que inspirou Invictus, do Clint Eastwood. História que se lê como um bom romance.
- As Cruzadas Vistas Pelos Árabes, Amin Maalouf (Brasiliense)
Consegue, ao mesmo tempo, defender os árabes e criticar duramente sua decadência. O trabalho de pesquisa, em fontes da época, deve ter sido insano.
- Six Easy Pieces, Richard P. Feynman (Penguin)
Física é para os fortes. O primeiro livro do Feynman que leio; ele realmente devia saber muito para conseguir fazer com que coisas completamente abstratas pareçam minimamente simples.
- Reflexões Sobre um Século Esquecido, Tony Judt (Objetiva)
A lucidez de Judt fará muita falta. Felizmente sua obra seguirá a nosso alcance.
- What Have You Changed Your Mind About?, John Brockman (Harper Perennial)
Tem tantas ideias interessantes que pode ser material de reflexão para a vida inteira.
- Autores de Guias de Viagem Vão Para o Inferno?, Thomas Kohnstamm (Panda)
Sexo, drogas e caipirinha. E, nas horas vagas, escrever um guia de viagens para o Brasil. Deixou a editora do Lonely Planet puta da vida, só por isso já valeria a leitura.
Ficção
- Uma Breve História dos Tratores em Ucraniano, Marina Lewycka (Bertrand Brasil)
Comprei pelo título e pela capa, saí no lucro. Além do aprendizado sobre a história dos tratores nos tempos de Stalin, ganhei uma história original, muito bem contada, divertida e humana.
- The Brief Wondrous Life of Oscar Wao, Junot Díaz (Riverhead Trade)
A história (de um adolescente de origem dominicana, nascido nos EUA e sofrendo o diabo no país dos pais) é miserável, mas rendeu, ao invés de um dramalhão, uma comédia de humor negro contundente e muito bem escrita.
- Pornopopéia, Reinaldo Moraes (Objetiva)
Mais um herói sem caráter para a história da literatura brasileira. Mais na piauí deste mês.
- Freedom, Jonathan Franzen (Farrar, Straus and Giroux)
O livro mais comentado deste ano nos EUA. Merecia um texto maior aqui, ainda vou fazer. Talvez seja o livro que vai definir uma geração.
E ficaram para o ano que vem (e para o outro... o outro... o outro...):
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As palavras de 2010
Entre os 10 termos mais consultados no dicionário Merriam-Webster este ano, estão "austeridade", "moratória" e "socialismo". O mundo não anda muito auspicioso, mesmo.
Via Planet Money (a foto também roubei de lá).
Via Planet Money (a foto também roubei de lá).
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Seus problemas acabaram
Vendeu a descoberto e o papel não cai?
Como funciona?
"Garantia e seriedade". Claro. E você pensa que só vale para as ações pouco negociadas?
Mais de 2% em Petrobras? Ouch...
Interessados, dirijam-se ao Mercado Livre. A CVM também podia resolver passar por lá.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Os melhores filmes de 2010
Entre os filmes que estrearam no Brasil em 2010, este palpiteiro amador gostou muito de (em ordem alfabética):
- Direito de Amar (A Single Man) - Tom Ford
Daria para desconfiar da estreia de um estilista como diretor de cinema, mas Tom Ford acertou em quase tudo, do roteiro à escolha do ótimo (e pequeno) elenco. Colin Firth merecia o Oscar que foi para Jeff Bridges.
- Guerra ao Terror (The Hurt Locker) - Kathryn Bigelow
Para um filme difícil sobre um tema difícil levar um Oscar, os méritos não podem ser poucos. Na verdade mereceria destaque só por ter roubado a festa de Avatar e dado alguma esperança para quem quer continuar vendo simplesmente boas histórias bem contadas na tela.
- Ilha do Medo (Shutter Island) - Martin Scorsese
A parceria Scorsese-Di Caprio não para de funcionar. E este foi o ano em que me rendi ao Mark Ruffalo (por Ilha do Medo e...)
- Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) - Lisa Cholodenko
Famílias felizes são todas parecidas, mesmo quando têm duas mães. O feel good movie do ano.
- A Partida (Okuribito) - Yojiro Takita
Uma reflexão nada piegas sobre morte e dignidade. A trilha sonora, de Joe Hisaishi, é fabulosa.
- O Profeta (Un prophète) - Jacques Audiard
Quem acha que filme francês precisa ser sonolento ou metido a intelectual deveria gastar duas horas e meia (que passam em um estalo de dedos) para ver esse épico. Talvez o melhor filme desta lista.
- A Rede Social (The Social Network) - David Fincher
A vontade depois de sair do cinema foi de apagar minha conta no Facebook. Depois, inspirou uma boa reflexão sobre os nossos tempos. Talvez vá definir uma geração, talvez no ano que vem já estejamos falando de outra "revolução" digital.
- O Segredo dos Seus Olhos (El secreto de sus ojos) - Juan José Campanella
Acredite no hype, é um filmaço. Campanella soube aprender com os americanos sem perder o lado bom de ter nascido ao sul do Equador. A sequência no estádio de futebol é absolutamente memorável.
- Soul Kitchen - Fatih Akin
Um dos cineastas mais interessantes com menos de 40 anos dá um tempo nos filmes sérios e volta ao pastelão de Kebab Connection, sem perder a classe ou abandonar os temas de que tem tratado tão bem - os tipos marginais de Hamburgo, a difícil integração de imigrantes turcos e gregos na Alemanha e a boa música.
- Tropa de Elite 2 - José Padilha
Outro que vale o hype. Uma grande homenagem de Padilha ao ídolo Costa-Gavras.
- Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works) - Woody Allen
O clássico papel de Woody Allen com um ator algumas vezes melhor. Poucas vezes o mau humor foi tão divertido.
- Vincere - Marco Bellocchio
Bellocchio continua contando com maestria a história da Itália.
- Zona Verde (Green Zone) - Paul Greengrass
Bourne vai ao Iraque. Deve ter deixado bastante gente irritada no Pentágono.
Ainda estou me devendo A Origem (Christopher Nolan) e Carlos (Olivier Assayas), que, pelo o que ouvi, também estariam nesta lista. A menção honrosa vai para a boa volta de Francis Ford Coppola em Tetro.
- Direito de Amar (A Single Man) - Tom Ford
Daria para desconfiar da estreia de um estilista como diretor de cinema, mas Tom Ford acertou em quase tudo, do roteiro à escolha do ótimo (e pequeno) elenco. Colin Firth merecia o Oscar que foi para Jeff Bridges.
- Guerra ao Terror (The Hurt Locker) - Kathryn Bigelow
Para um filme difícil sobre um tema difícil levar um Oscar, os méritos não podem ser poucos. Na verdade mereceria destaque só por ter roubado a festa de Avatar e dado alguma esperança para quem quer continuar vendo simplesmente boas histórias bem contadas na tela.
- Ilha do Medo (Shutter Island) - Martin Scorsese
A parceria Scorsese-Di Caprio não para de funcionar. E este foi o ano em que me rendi ao Mark Ruffalo (por Ilha do Medo e...)
- Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) - Lisa Cholodenko
Famílias felizes são todas parecidas, mesmo quando têm duas mães. O feel good movie do ano.
- A Partida (Okuribito) - Yojiro Takita
Uma reflexão nada piegas sobre morte e dignidade. A trilha sonora, de Joe Hisaishi, é fabulosa.
- O Profeta (Un prophète) - Jacques Audiard
Quem acha que filme francês precisa ser sonolento ou metido a intelectual deveria gastar duas horas e meia (que passam em um estalo de dedos) para ver esse épico. Talvez o melhor filme desta lista.
- A Rede Social (The Social Network) - David Fincher
A vontade depois de sair do cinema foi de apagar minha conta no Facebook. Depois, inspirou uma boa reflexão sobre os nossos tempos. Talvez vá definir uma geração, talvez no ano que vem já estejamos falando de outra "revolução" digital.
- O Segredo dos Seus Olhos (El secreto de sus ojos) - Juan José Campanella
Acredite no hype, é um filmaço. Campanella soube aprender com os americanos sem perder o lado bom de ter nascido ao sul do Equador. A sequência no estádio de futebol é absolutamente memorável.
- Soul Kitchen - Fatih Akin
Um dos cineastas mais interessantes com menos de 40 anos dá um tempo nos filmes sérios e volta ao pastelão de Kebab Connection, sem perder a classe ou abandonar os temas de que tem tratado tão bem - os tipos marginais de Hamburgo, a difícil integração de imigrantes turcos e gregos na Alemanha e a boa música.
- Tropa de Elite 2 - José Padilha
Outro que vale o hype. Uma grande homenagem de Padilha ao ídolo Costa-Gavras.
- Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works) - Woody Allen
O clássico papel de Woody Allen com um ator algumas vezes melhor. Poucas vezes o mau humor foi tão divertido.
- Vincere - Marco Bellocchio
Bellocchio continua contando com maestria a história da Itália.
- Zona Verde (Green Zone) - Paul Greengrass
Bourne vai ao Iraque. Deve ter deixado bastante gente irritada no Pentágono.
Ainda estou me devendo A Origem (Christopher Nolan) e Carlos (Olivier Assayas), que, pelo o que ouvi, também estariam nesta lista. A menção honrosa vai para a boa volta de Francis Ford Coppola em Tetro.
Leituras da segunda-feira
Hoje é a última segunda-feira útil do ano para este escriba.
- O monstro JBS não para de crescer. Pior para o contribuinte brasileiro (Folha).
- O mercado está percebendo que conceder crédito no Brasil não é tão bom negócio assim (Bloomberg).
- Howard Marks discorre sobre o ouro (Zero Hedge).
- Os investidores da bolsa de Dhaka, Bangladesh, estão revoltados porque as ações caíram 6,7% em um dia - depois de terem subido 80% no ano (!!!) (BBC).
- A vitória dos zumbis, por Paul Krugman (NYT).
- Os filmes do ano para Wall Street (NYT).
- Bernanke vai à guerra (Barry Eichengreen).
- Os japoneses são mesmo diferentes de eu e você: ceia de Natal no Japão é sinônimo de KFC. A rede vende nos dias 23, 24 e 25 de dezembro o equivalente à metade das vendas de um mês normal (Financial Times).
- Espere o inesperado: projeções pouco usuais do dinamarquês Saxo Bank (Financial Times). Muito mais interessante do que dizer que a Bovespa vai subir 18% (12% de juros + 6% de prêmio).
- Porque é difícil interpretar números de balança comercial (Ultimi Barbarorum).
- Gráfico do dia: Dow Jones em 2010 (Barron's, clique para aumentar):
- O monstro JBS não para de crescer. Pior para o contribuinte brasileiro (Folha).
- O mercado está percebendo que conceder crédito no Brasil não é tão bom negócio assim (Bloomberg).
- Howard Marks discorre sobre o ouro (Zero Hedge).
- Os investidores da bolsa de Dhaka, Bangladesh, estão revoltados porque as ações caíram 6,7% em um dia - depois de terem subido 80% no ano (!!!) (BBC).
- A vitória dos zumbis, por Paul Krugman (NYT).
- Os filmes do ano para Wall Street (NYT).
- Bernanke vai à guerra (Barry Eichengreen).
- Os japoneses são mesmo diferentes de eu e você: ceia de Natal no Japão é sinônimo de KFC. A rede vende nos dias 23, 24 e 25 de dezembro o equivalente à metade das vendas de um mês normal (Financial Times).
- Espere o inesperado: projeções pouco usuais do dinamarquês Saxo Bank (Financial Times). Muito mais interessante do que dizer que a Bovespa vai subir 18% (12% de juros + 6% de prêmio).
- Porque é difícil interpretar números de balança comercial (Ultimi Barbarorum).
- Gráfico do dia: Dow Jones em 2010 (Barron's, clique para aumentar):
- Vídeo do dia: Nassim Taleb na Bloomberg (The Big Picture).
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
O Lulismo vai à academia ou: Doutor é quem faz doutorado
(Agora) Doutor Mercadante inaugura mais um episódio na era da sabujice brasileira:
Mais no UOL.
Futuro ministro da Ciência e Tecnologia no governo Dilma, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu nesta sexta-feira (17), no Instituto de Economia da Unicamp, em Campinas (SP), tese de doutorado sobre a política econômica do governo Lula. Depois de quatro horas de debates, a tese de 519 páginas foi aprovada, mas recebeu críticas da banca, formada pelos economistas Delfim Netto, Luiz Carlos Bresser Pereira, Ricardo Abramovay e João Manuel Cardoso de Mello.
(...)
Sua tese defende a ideia de que o governo Lula estabeleceu um novo modelo de crescimento econômico, o “neo-desenvolvimentismo”, diferente do “nacional-desenvolvimentismo”, que vigorou na década de 70, e do neoliberalismo, a partir dos anos 90. Este novo modelo, disse, se construiu a partir do primado da política social sobre a econômica.
Mais no UOL.
Som da Sexta - Amy Winehouse + Quincy Jones
Do disco novo de Quincy Jones. 47 anos depois, Amy Winehouse substitui Lesley Gore na marrenta It's My Party. Grande arranjo (padrão Quincy Jones de qualidade), e dona Amy de fato tem talento.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Rasgando a cartilha
Economia bombando? Inflação subindo? Corte juros. Foi o que a Turquia fez hoje, tentando desencorajar a entrada de capitais de curto prazo que valorizam o câmbio. A cartilha de operação dos bancos centrais que foi usada durante a última década está sendo rapidamente abandonada. 2011 promete ser um ano muito interessante nesse campo.
Mais no Financial Times.
Mais no Financial Times.
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Gráficos do dia - Brasil vai às compras
Cortesia do BNP Paribas: os termos de troca do Brasil (grosso modo, razão entre o preço do que exportamos e o que importamos) nunca estiveram tão altos. Como consequência, as importações estão explodindo. Como commodities vão subir para sempre, não há nenhum problema à vista.
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Leituras do dia (mais um chuvoso em SP)
Como previsto, está difícil produzir conteúdo original este mês:
- Os brasileiros estão consumindo mais cerveja e menos arroz e feijão, diz o IBGE (UOL).
- "Latvia slashed state salaries by 35% and the number of public agencies by half. It also closed half of its excessive number of hospitals and sacked superfluous teachers, of which there was one for every six children before the crisis." Ouch. Anders Åslund fala sobre como o ajuste nominal na Europa tem sido bem melhor sucedido do que se esperava (Project Syndicate).
- O Twitter "vale" US$ 3,7 bilhões (Bloomberg). Vem aí a bolha da Internet 2.0.
- Como escrever o obituário do euro (The Telegraph).
- Conheça Hawa Abdi, "metade Madre Teresa, metade Rambo" (Nicholas D. Kristof para o NY Times).
- O tesouro espanhol descansa, após um ano não exatamente fácil (Bloomberg).
- Leite humano à venda. Vestido de carne. Megalagosta. A democratização da macroeconomia. As ideias de 2010, pelo NY Times.
- Os brasileiros estão consumindo mais cerveja e menos arroz e feijão, diz o IBGE (UOL).
- "Latvia slashed state salaries by 35% and the number of public agencies by half. It also closed half of its excessive number of hospitals and sacked superfluous teachers, of which there was one for every six children before the crisis." Ouch. Anders Åslund fala sobre como o ajuste nominal na Europa tem sido bem melhor sucedido do que se esperava (Project Syndicate).
- O Twitter "vale" US$ 3,7 bilhões (Bloomberg). Vem aí a bolha da Internet 2.0.
- Como escrever o obituário do euro (The Telegraph).
- Conheça Hawa Abdi, "metade Madre Teresa, metade Rambo" (Nicholas D. Kristof para o NY Times).
- O tesouro espanhol descansa, após um ano não exatamente fácil (Bloomberg).
- Leite humano à venda. Vestido de carne. Megalagosta. A democratização da macroeconomia. As ideias de 2010, pelo NY Times.
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renda fixa
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
O mundo, de acordo com o Facebook
Arrisca algum tecnocrata olhar pra esse mapa e criar um programa do governo para que o Norte e o Nordeste fiquem mais iluminados. Via Link.
P.S. O mapa foi feito por um estagiário do Facebook. Mostre para seu estagiário toda vez que ele reclamar que o trabalho está muito difícil. Mais na The Economist.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Uma crítica de Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme
De vez em quando alguém me pergunta o que achei do Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street 2, daqui pra frente). Só fui ver o filme semana passada, então minha opinião provavelmente não vai ter nada de original. De qualquer forma, vamos lá (se você não viu o filme e pretende fazê-lo, talvez seja boa ideia deixar este texto para depois):
Ideologias à parte, Oliver Stone é um puta cineasta, o que talvez tenha ficado esquecido nos micos que ele fez nesta década (Alexander, World Trade Center, W, South of the Border. Além disso, ele escreveu "a porra do roteiro de Scarface", como fez questão de contar para o Shia LaBeouf durante as filmagens deste filme). Wall Street 2 nos lembra disso: as 2h15 do filme passam rapidinho. Ele sabe como contar uma história, o elenco é fantástico, o personagem Gordon Gekko ainda é sensacional e a música do David Byrne e do Brian Eno casou muito bem com as imagens de Nova York, mesmo quando aparecem aqueles efeitos meio cafonas de prédios se misturando com dominós caindo. Paro por aqui o comentário "artístico", já que, imagino, ninguém queria saber desse tipo de opinião quando me perguntavam do filme.
Para quem viveu a crise de 2007/2008 trabalhando no mercado financeiro, as cenas dos banqueiros reunidos com o tesouro e o Fed são uma grande atração, e parecem bastante verossímeis. Na primeira delas, o banco ficcional Churchill Schwartz (uma mistura dos reais Goldman Sachs e JP Morgan) coloca na parede o problemático Keller Zabel (referência óbvia a Bear Stearns), forçando sua venda a US$ 3 dólares por ação e provocando o suicídio de seu presidente, Louis Zabel. Na segunda, é o Churchill Schwartz (e o resto do sistema financeiro) que imploram (ou chantageiam) por ajuda para o Fed e o Tesouro, que, como na vida real, reconhece que os bancos são grandes demais para irem à falência e os salvam (também há personagens que são referências evidentes a Hank Paulson e Tim Geithner). Mas isso tudo é secundário. Os grandes temas do filme são redenção e renovação.
Gordon Gekko acaba de passar oito anos preso pelas fraudes cometidas no primeiro filme. Dedica-se, inicialmente, a vender livros e dar palestras, até descobrir uma maneira de conseguir sacar os US$ 100 milhões que deixou sob custódia da filha (Winnie) antes de ir para a cadeia. Com os US$ 100 milhões, como George Soros, volta da aposentadoria para operar em um mercado caótico, porém cheio de oportunidades. No final do filme, os US$ 100 milhões viraram US$ 1 bilhão, e Gekko pode devolver o dinheiro para Winnie, que o usa para investir em uma companhia de energia limpa na qual Jake, seu noivo, acredita. Gekko está redimido, e o dinheiro ganho com o estouro de uma bolha é renovado e usado para um projeto inovador e benéfico para a humanidade. O filho de Winnie e Jake nascerá em um mundo melhor.
Jake Moore, o genro de Gekko, choca-se com o suicídio de Louis Zabel, seu mentor no trabalho, e decide trabalhar para o Churchill Schwartz. Ultrajado por saber que a companhia de energia limpa que ele apoiava foi preterida em um investimento de chineses por não trazer benefícios para os executivos do banco, Moore decide preparar e publicar um dossiê envolvendo Bretton James, o presidente da Churchill Schwartz, em uma série de fraudes que visavam lucrar com a queda do Keller Zabel. James é demitido e deve responder a um processo. O suicídio de Louis Zabel está vingado.
No mundo criado por Stone, há espaço para redenção, renovação e justiça. O dinheiro capturado oportunamente após o estouro da bolha financeira é usado para financiar projetos ecologicamente corretos. O banqueiro que leva sua instituição à falência vê como única saída honrosa o suicídio. O outro banqueiro, inescrupuloso, é desmascarado e punido. Gordon Gekko, depois de um longo período na cadeia, está pronto para voltar ao mercado, contando apenas com suas habilidades e com objetivos mais nobres. Até Bud Fox (Charlie Sheen), a cria de Gekko do filme de 1987, encontrou sua redenção: transformou a companhia aérea em que o pai trabalhava em um negócio lucrativo, ficou multimilionário e agora dedica-se à "garotas, invernos em St Barts e filantropia".
Stone é um idealista: pintou o mundo como ele gostaria que fosse. A vida real, como sabemos, é bem diferente. O estouro das bolhas, por enquanto, não implicou em renovação, mas sim em desculpa para uma gigantesca transferência de dinheiro do contribuinte para uma classe de plutocratas, sem maiores consequências para os envolvidos. A mensagem relativamente otimista do final do filme, com crianças brincando com bolhas, não encontra correspondência em uma sociedade que parece cada vez menos se preocupar com as próximas gerações.
Quando fez o primeiro Wall Street, Oliver Stone queria fazer uma crítica à cultura inescrupulosa dos anos 80. Acabou inspirando uma geração de pretensos Gordon Gekkos, loucos por dinheiro, influência e poder. Desta vez, creio, a tentativa é de criar, em Jake Moore, um modelo para os recém entrados no mercado de trabalho. Temo, entretanto, que a figura que pode emergir do filme como inspiração é a do cínico Bretton James (papel de Josh Brolin) que opera na área cinzenta entre crime e legalidade, dá-se ao luxo de destruir um original de Goya num momento de fúria e, apesar de ter a sorte consideravelmente pior do que muitos dos executivos envolvidos na crise e perder o emprego, não tem sua fortuna ameaçada (talvez tenha, numa sequência). Essa história ainda está sendo contada, e, talvez, a visão relativamente otimista do cineasta ainda se prove correta. Infelizmente, por enquanto, as evidências apontam para o contrário.
Ideologias à parte, Oliver Stone é um puta cineasta, o que talvez tenha ficado esquecido nos micos que ele fez nesta década (Alexander, World Trade Center, W, South of the Border. Além disso, ele escreveu "a porra do roteiro de Scarface", como fez questão de contar para o Shia LaBeouf durante as filmagens deste filme). Wall Street 2 nos lembra disso: as 2h15 do filme passam rapidinho. Ele sabe como contar uma história, o elenco é fantástico, o personagem Gordon Gekko ainda é sensacional e a música do David Byrne e do Brian Eno casou muito bem com as imagens de Nova York, mesmo quando aparecem aqueles efeitos meio cafonas de prédios se misturando com dominós caindo. Paro por aqui o comentário "artístico", já que, imagino, ninguém queria saber desse tipo de opinião quando me perguntavam do filme.
Para quem viveu a crise de 2007/2008 trabalhando no mercado financeiro, as cenas dos banqueiros reunidos com o tesouro e o Fed são uma grande atração, e parecem bastante verossímeis. Na primeira delas, o banco ficcional Churchill Schwartz (uma mistura dos reais Goldman Sachs e JP Morgan) coloca na parede o problemático Keller Zabel (referência óbvia a Bear Stearns), forçando sua venda a US$ 3 dólares por ação e provocando o suicídio de seu presidente, Louis Zabel. Na segunda, é o Churchill Schwartz (e o resto do sistema financeiro) que imploram (ou chantageiam) por ajuda para o Fed e o Tesouro, que, como na vida real, reconhece que os bancos são grandes demais para irem à falência e os salvam (também há personagens que são referências evidentes a Hank Paulson e Tim Geithner). Mas isso tudo é secundário. Os grandes temas do filme são redenção e renovação.
Gordon Gekko acaba de passar oito anos preso pelas fraudes cometidas no primeiro filme. Dedica-se, inicialmente, a vender livros e dar palestras, até descobrir uma maneira de conseguir sacar os US$ 100 milhões que deixou sob custódia da filha (Winnie) antes de ir para a cadeia. Com os US$ 100 milhões, como George Soros, volta da aposentadoria para operar em um mercado caótico, porém cheio de oportunidades. No final do filme, os US$ 100 milhões viraram US$ 1 bilhão, e Gekko pode devolver o dinheiro para Winnie, que o usa para investir em uma companhia de energia limpa na qual Jake, seu noivo, acredita. Gekko está redimido, e o dinheiro ganho com o estouro de uma bolha é renovado e usado para um projeto inovador e benéfico para a humanidade. O filho de Winnie e Jake nascerá em um mundo melhor.
Jake Moore, o genro de Gekko, choca-se com o suicídio de Louis Zabel, seu mentor no trabalho, e decide trabalhar para o Churchill Schwartz. Ultrajado por saber que a companhia de energia limpa que ele apoiava foi preterida em um investimento de chineses por não trazer benefícios para os executivos do banco, Moore decide preparar e publicar um dossiê envolvendo Bretton James, o presidente da Churchill Schwartz, em uma série de fraudes que visavam lucrar com a queda do Keller Zabel. James é demitido e deve responder a um processo. O suicídio de Louis Zabel está vingado.
No mundo criado por Stone, há espaço para redenção, renovação e justiça. O dinheiro capturado oportunamente após o estouro da bolha financeira é usado para financiar projetos ecologicamente corretos. O banqueiro que leva sua instituição à falência vê como única saída honrosa o suicídio. O outro banqueiro, inescrupuloso, é desmascarado e punido. Gordon Gekko, depois de um longo período na cadeia, está pronto para voltar ao mercado, contando apenas com suas habilidades e com objetivos mais nobres. Até Bud Fox (Charlie Sheen), a cria de Gekko do filme de 1987, encontrou sua redenção: transformou a companhia aérea em que o pai trabalhava em um negócio lucrativo, ficou multimilionário e agora dedica-se à "garotas, invernos em St Barts e filantropia".
Stone é um idealista: pintou o mundo como ele gostaria que fosse. A vida real, como sabemos, é bem diferente. O estouro das bolhas, por enquanto, não implicou em renovação, mas sim em desculpa para uma gigantesca transferência de dinheiro do contribuinte para uma classe de plutocratas, sem maiores consequências para os envolvidos. A mensagem relativamente otimista do final do filme, com crianças brincando com bolhas, não encontra correspondência em uma sociedade que parece cada vez menos se preocupar com as próximas gerações.
Quando fez o primeiro Wall Street, Oliver Stone queria fazer uma crítica à cultura inescrupulosa dos anos 80. Acabou inspirando uma geração de pretensos Gordon Gekkos, loucos por dinheiro, influência e poder. Desta vez, creio, a tentativa é de criar, em Jake Moore, um modelo para os recém entrados no mercado de trabalho. Temo, entretanto, que a figura que pode emergir do filme como inspiração é a do cínico Bretton James (papel de Josh Brolin) que opera na área cinzenta entre crime e legalidade, dá-se ao luxo de destruir um original de Goya num momento de fúria e, apesar de ter a sorte consideravelmente pior do que muitos dos executivos envolvidos na crise e perder o emprego, não tem sua fortuna ameaçada (talvez tenha, numa sequência). Essa história ainda está sendo contada, e, talvez, a visão relativamente otimista do cineasta ainda se prove correta. Infelizmente, por enquanto, as evidências apontam para o contrário.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Brasil no 60 Minutes da CBS
Não dava para esperar muito de um programa feito para o americano médio. Mas acho que eu preferiria, no lugar do Eike Batista e do Eduardo Bueno, o Romário e o Zeca Pagodinho fazendo as vezes de embaixadores do Brasil.
Leituras da segunda-feira
- Um grande país vende soja e compra laptops (ambos tendo a China como contraparte). Não é o Brasil (Andrew Leonard).
- O mundo de acordo com Hugh Hendry (Investment Week).
- 145 minutos com Nassim Taleb (New York Magazine, via Solon's Warning).
- Leonardo Monasterio entra para a nobre lista de economistas brasileiros que visitaram a Etiópia.
- Gato vs internet, disputa injusta (The Oatmeal).
- O mundo de acordo com Hugh Hendry (Investment Week).
- 145 minutos com Nassim Taleb (New York Magazine, via Solon's Warning).
- Leonardo Monasterio entra para a nobre lista de economistas brasileiros que visitaram a Etiópia.
- Gato vs internet, disputa injusta (The Oatmeal).
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Som da Sexta - Rudresh Mahanthappa
Esse saxofonista de ascendência indiana, nascido na Itália e radicado nos EUA é das coisas mais interessantes que ouvi nos últimos anos.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Leituras do dia
- Nassim Taleb imitando Kanye West? Eric Falkenstein explica.
- Barry Eichengreen diz que a Europa precisa de um Plano Brady. Falta aparecer o novo Nicholas F. Brady.
- O canto do cisne de Meirelles. Tchau e benção.
- O discurso de Mario Vargas Llosa ao receber o Nobel de literatura.
- Os livros do ano, pela The Economist.
- Até a Esther Duflo deve ter se surpreendido vendo sua metodologia de experimentos com grupos de controle aleatórios sendo aplicada em Nova York. Ou a metodologia de fato é muito boa, ou algo nos EUA está se tornando assustadoramente parecido com a África subsaariana. Ou as duas coisas. No New York Times, dica do João Marcus. Nos EUA, claro, as considerações éticas da metodologia chamam mais atenção.
- Barry Eichengreen diz que a Europa precisa de um Plano Brady. Falta aparecer o novo Nicholas F. Brady.
- O canto do cisne de Meirelles. Tchau e benção.
- O discurso de Mario Vargas Llosa ao receber o Nobel de literatura.
- Os livros do ano, pela The Economist.
- Até a Esther Duflo deve ter se surpreendido vendo sua metodologia de experimentos com grupos de controle aleatórios sendo aplicada em Nova York. Ou a metodologia de fato é muito boa, ou algo nos EUA está se tornando assustadoramente parecido com a África subsaariana. Ou as duas coisas. No New York Times, dica do João Marcus. Nos EUA, claro, as considerações éticas da metodologia chamam mais atenção.
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2010 foi o ano de...
Saiu o Google Zeitgeist 2010. No ano, os usuários do Google foram atrás de chatroulette, iPad, Justin Bieber e Nicki Minaj. A gripe suína passou.
Via Paul Kedrosky.
Update: enquanto isso, no Brasil:
Update 2: agora em vídeo:
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Quebrando o gelo
A Islândia está saindo da recessão, nota Paul Kedrosky, com o padrão de vida de volta a 2003 (ver a matéria do NY Times). Nada mal para o abismo que se anunciava há poucos meses.
E Tyler Cowen discute quão efetivamente rica é a Irlanda. Talvez neste caso o desfecho não seja tão favorável quanto o da terra do gelo.
E Tyler Cowen discute quão efetivamente rica é a Irlanda. Talvez neste caso o desfecho não seja tão favorável quanto o da terra do gelo.
Gráfico do dia (II) - PISA x PIB per capita
Juntando os dados do PISA com o log do PIB per capita dos países (em dólares, ajustado pelo poder de compra). Sempre vai haver a discussão de casualidade, mas os dados seguem mostrando que é raro as duas variáveis andarem separadas (a China, pelo desempenho excepcional nos testes e o Qatar são os outliers).
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Gráfico do dia - PISA
Saíram hoje os dados do último PISA (Program for International Student Assessment), um estudo feito pela OECD que compara o desempenho de estudantes de 15 anos de 65 países em testes padronizados de matemática, leitura e ciências:
A tabela com os dados separados por exame pode ser vista no Wall Street Journal. Mais sobre o Brasil na Folha.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Discriminação de preços
Preço dos ingressos para os shows do Vampire Weekend no Brasil:
Porto Alegre - R$ 50
Rio de Janeiro - R$ 100
São Paulo - R$ 160
O fato dos paulistas estarem dispostos a pagar três vezes mais do que os gaúchos para ver o mesmo show deve dizer algo sobre o Brasil.
Porto Alegre - R$ 50
Rio de Janeiro - R$ 100
São Paulo - R$ 160
O fato dos paulistas estarem dispostos a pagar três vezes mais do que os gaúchos para ver o mesmo show deve dizer algo sobre o Brasil.
Eles (ele e ela) falam
Algumas entrevistas interessantes que saíram no final de semana:
- Ben Bernanke no 60 Minutes da CBS:
- Dilma, para o Washington Post.
- Ben Bernanke no 60 Minutes da CBS:
- Dilma, para o Washington Post.
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Som da Sexta - Ornette Coleman
Porque esse senhor (80 anos completos em março) estava se apresentado no SESC Pinheiros no domingo passado, e a energia caiu, e ele e a banda pararam por dois minutos, e voltaram a tocar, no escuro, sem amplificação, esta música (que tem mais de cinquenta anos). E a plateia veio abaixo, e foi um dos momentos mais fantásticos que já vi numa apresentação de música.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
As consequências econômicas de mr. Blatter
1. Os cleptocratas russos vão ter mais um canal (dos grandes) para lavar dinheiro;
2. Um território mais de dez vezes menor que a pacífica e minúscula cidade de Heliodora-MG, perto de onde meu pai nasceu, de pouco mais da metade do tamanho de Sergipe vai construir nove estádios (além dos outros três que já existem e serão reformados / ampliados) e estrutura hoteleira para receber uma Copa do Mundo. Vem aí mais uma bolha de construção civil e um desperdício de capital de grandes proporções (no relativo ao tamanho da economia, talvez o maior da história). Vai ser interessante também ver o que a FIFA vai fazer com os patrocínios de fabricantes de cerveja e se as tradicionais musas da Copa serão convidadas a colocar um lencinho na cabeça e uma blusa de manga comprida antes de entrar nos estádios.
2. Um território m
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Cinco livros
Funciona assim: algum figurão fala de cinco livros interessantes do assunto que conhece. Você vê as listas, acha quase todos interessantes, acaba comprando alguns e fica mais pobre, mas não menos ignorante, já que a commodity escassa é tempo para ler. Pelo menos a estante fica enriquecida.
Rabugices a parte, o site é bem interessante, vai lá: Five Books. Hoje tem o Dani Rodrik recomendando livros sobre globalização.
P.S. Depois de publicar, reparei que comecei os dois posts do dia com "funciona assim". Ô mania de querer explicar para as pessoas como as coisas funcionam...
Rabugices a parte, o site é bem interessante, vai lá: Five Books. Hoje tem o Dani Rodrik recomendando livros sobre globalização.
P.S. Depois de publicar, reparei que comecei os dois posts do dia com "funciona assim". Ô mania de querer explicar para as pessoas como as coisas funcionam...
Vem aí: o carry trade português
Funciona assim: o tesouro brasileiro emite dívida que paga em reais mais 12% e compra títulos da dívida portuguesa que pagarão euros escudos mais 6,7%. Aguardamos a posição do nosso Guido Mantega sobre o assunto, e também Portugal pedindo dinheiro para Angola, Moçambique, Cabo Verde e Macau. Às armas, às armas.
No Estado: Portugal deve pedir empréstimo ao Brasil, diz chefe da Casa Real
No Estado: Portugal deve pedir empréstimo ao Brasil, diz chefe da Casa Real
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Economia é mesmo uma ciência de segunda categoria...
Do The Big Picture, citando o The Guardian, as dez questões que a ciência ainda precisa responder (tradução livre e porca minha):
1. O que é a consciência?
2. O que aconteceu antes do Big Bang?
3. A ciência e a engenharia darão de volta nossa individualidade?
4. Como vamos lidar com o crescimento da população mundial?
5. Há um padrão para os números primos?
6. Podemos transformar o modo científico de pensar em dominante?
7. Como podemos nos assegurar de que a humanidade sobrevivará e se desenvolverá?
8. Alguém pode explicar adequadamente o significado de espaço infinito?
9. Será possível gravar o cérebro como se grava um programa de televisão?
10. A humanidade pode alcançar as estrelas?
Nada da existência da taxa neutra de juros reais, da validade da curva de Phillips ou da propriedade da hipótese dos mercados eficientes. Eu usei "ciência" no título?
Respostas na caixa de comentários, por favor. Tentem não gastar mais de cinco linhas por questão.
1. O que é a consciência?
2. O que aconteceu antes do Big Bang?
3. A ciência e a engenharia darão de volta nossa individualidade?
4. Como vamos lidar com o crescimento da população mundial?
5. Há um padrão para os números primos?
6. Podemos transformar o modo científico de pensar em dominante?
7. Como podemos nos assegurar de que a humanidade sobrevivará e se desenvolverá?
8. Alguém pode explicar adequadamente o significado de espaço infinito?
9. Será possível gravar o cérebro como se grava um programa de televisão?
10. A humanidade pode alcançar as estrelas?
Nada da existência da taxa neutra de juros reais, da validade da curva de Phillips ou da propriedade da hipótese dos mercados eficientes. Eu usei "ciência" no título?
Respostas na caixa de comentários, por favor. Tentem não gastar mais de cinco linhas por questão.
Dezembro é mês de...
- Off-topic, como foi ano passado;
- Festas de final de ano e consequentes ressacas, grandes inibidoras de criatividade (portanto, não esperem nada muito brilhante e alguns textos requentados por aqui);
- Retrospectivas do ano;
- Balanços da Era Lula;
- Preguiça;
- Adoração ao deus Ano Novo, a maior religião brasileira (essa é do Ricardo Freire);
- Sazonalidade muito favorável às bolsas, tanto aqui quanto nos EUA (ver aqui).
- Festas de final de ano e consequentes ressacas, grandes inibidoras de criatividade (portanto, não esperem nada muito brilhante e alguns textos requentados por aqui);
- Retrospectivas do ano;
- Balanços da Era Lula;
- Preguiça;
- Adoração ao deus Ano Novo, a maior religião brasileira (essa é do Ricardo Freire);
- Sazonalidade muito favorável às bolsas, tanto aqui quanto nos EUA (ver aqui).
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Quando o liberalismo econômico vira religião...
... seus seguidores acabam atropelando a realidade, e o colocam na mesma categoria de outras crenças que são levadas menos a sério (e que têm defensores mais expressivos, convenhamos).
Rodrigo Constantino, em dezembro de 2007 (notado pela Carta Capital desta semana):
E hoje:
E o sistema bancário "expandiu o crédito sem limites" por falta ou excesso de regulação / supervisão / liberalismo? Será que algum irlandês médio, vendo a taxa de desemprego sair, em pouco mais de três anos, de 4,8% para 13,6% (o maior desde 1994) e a possibilidade de um ajuste nominal brutal, considera sua nação próspera? Não é preciso ser nenhum oportunista de esquerda para achar respostas para essas perguntas que façam com que as tais reformas liberais pareçam algo sensivelmente pior que um sucesso inequívoco.
When the facts change, I change my mind. What do you do, sir?
Rodrigo Constantino, em dezembro de 2007 (notado pela Carta Capital desta semana):
"O caso da Irlanda vem bem a calhar então, pois se trata de um impressionante exemplo do sucesso das reformas liberais, que reduzem a intervenção estatal e aumentam a autonomia individual. A Irlanda aderiu com vontade ao capitalismo global, e isso permitiu um enorme crescimento econômico, levando a renda per capita dos irlandeses para patamares espantosos. O país, que era um dos mais pobres da Europa, mereceu o título de “tigre celta”. Não há milagre por trás deste sucesso, apenas lógica e respeito aos fatos da realidade."
E hoje:
"... o sistema bancário expandiu o crédito sem limites, colocando todas as conquistas em risco. Alguns oportunistas de esquerda aproveitam para atacar... as reformas liberais, como se estas fossem causa dos problemas. Não são! São o motivo do relativo sucesso, que mesmo após esta crise toda, gerada pelos bancos e pela bolha imobiliária mundial, ainda mantém a Irlanda como uma nação próspera."
E o sistema bancário "expandiu o crédito sem limites" por falta ou excesso de regulação / supervisão / liberalismo? Será que algum irlandês médio, vendo a taxa de desemprego sair, em pouco mais de três anos, de 4,8% para 13,6% (o maior desde 1994) e a possibilidade de um ajuste nominal brutal, considera sua nação próspera? Não é preciso ser nenhum oportunista de esquerda para achar respostas para essas perguntas que façam com que as tais reformas liberais pareçam algo sensivelmente pior que um sucesso inequívoco.
When the facts change, I change my mind. What do you do, sir?
Uma crítica do afrouxamento quantitativo (QE2)
Do ótimo economista da Nomura, Richard Koo. Responde com muito mais propriedade uma dúvida que o Igor colocou em um post passado. O João Marcus também deve gostar.
Richard Koo: growing criticism of QE2 and its implications
Richard Koo: growing criticism of QE2 and its implications
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Frase do dia - Espanha
"History is kind to Spain. They were the first nation ever to default. King Philip II of Spain came to the throne in 1556, defaulted on Spanish Debt in 1557, 1560, 1575, 1596 and then died in 1598."De um gestor de fundos anônimo que estudou História.
Em tempo:
O primeiro 5-0 a gente nunca esquece, né, Mourinho?
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Vídeo do dia - Educação
Algumas provocações muito interessantes:
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O Panamericano e a credibilidade do Copom
Na semana passada, seu Meirelles andou falando que o BC já sabia do problema do Banco Panamericano desde julho (ver no Estado), e que tal informação pesou nas decisões de política monetária desde aquela época. O curioso foi ninguém ter estranhado essa informação vinda do presidente de uma entidade que vive dizendo ter compromisso com a transparência, e que, após manter os juros básicos inalterados em setembro (contra o que boa parte do mercado esperava), citou como justificativa "a redução de riscos para o cenário inflacionário".
A impressão que ficou para quem esteve nas reuniões com Meirelles na semana passada (boa parte dos economistas de bancos, corretoras e fundos de investimento de São Paulo; há um vídeo no site do BC que para mim não funcionou, talvez o leitor tenha melhor sorte.) é que, caso não houvesse a história do Panamericano, os juros não teriam parado de subir. Se isso é verdade, o Copom não só omitiu a informação que tinha de que havia um banco com problemas como mentiu na justificativa para sua decisão de juros. A transparência, no caso, é de acordo com a conveniência. E ainda há quem leia as atas do Copom e use a informação que está lá como guia para tomada de decisões no mercado...
A impressão que ficou para quem esteve nas reuniões com Meirelles na semana passada (boa parte dos economistas de bancos, corretoras e fundos de investimento de São Paulo; há um vídeo no site do BC que para mim não funcionou, talvez o leitor tenha melhor sorte.) é que, caso não houvesse a história do Panamericano, os juros não teriam parado de subir. Se isso é verdade, o Copom não só omitiu a informação que tinha de que havia um banco com problemas como mentiu na justificativa para sua decisão de juros. A transparência, no caso, é de acordo com a conveniência. E ainda há quem leia as atas do Copom e use a informação que está lá como guia para tomada de decisões no mercado...
Capitalismo com características brasileiras
Da coluna do Elio Gaspari de ontem, sobre um livro que vai merecer ser lido:
QUAIS DAS seguintes informações são comprovadamente falsas:
1) A privataria iniciada em 1990 vendeu 165 empresas públicas, gerou uma receita de US$ 87 bilhões e reduziu a presença do Estado na economia nacional.
2) A expansão do setor privado sobre a mineração, telecomunicações, portos, rodovias e no setor elétrico colocou mais competidores no mercado.
3) Antes da chegada dos europeus houve na Amazônia uma civilização fundada por extraterrestres.
Seis anos de pesquisas, durante os quais o professor Sérgio Lazzarini, do Insper, mastigou 20 mil dados estatísticos de 804 empresas, informam que as duas primeiras afirmações são comprovadamente falsas. Quanto aos ETs da Amazônia, quem quiser pode continuar acreditando.
Entre 1996 e 2009 a rede do Estado e dos burocratas de caixas de pensão da Viúva expandiu-se. Cruzando-se números do banco de dados de Lazzarini descobre-se que, em 1996, num universo de 516 grandes empresas, o BNDES e os fundos Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa) participavam de 72 sociedades. Em 2003, numa amostra de 494 companhias a Boa Senhora estava em 95. Em 2009, num universo de 624, o Estado tinha um pé em 119 empresas.
O trabalho do professor chegará nas próximas semanas às livrarias, com o título de "Capitalismo de Laços". Além de mastigar números, Lazzarini foi fundo na documentação do assunto e nos estudos sobre as conexões do mundo empresarial. O livro tem 184 páginas, 51 das quais ocupadas por notas, descrições metodológicas e pela bibliografia.
"Capitalismo de Laços" começa recontando a investida recente do Palácio do Planalto, do fundo de pensão Previ e do empresário Eike Batista sobre os administradores da Vale. Em tese, a Vale é uma empresa privada. Na prática, pelos "laços", o governo é seu maior acionista e, na ocasião, Batista era o melhor amigo.
Segundo a revista "Forbes", ele é o homem mais rico do Brasil. Em 2008, foi o maior patrocinador privado do filme "Lula, o Filho do Brasil" e, em 2006, o maior doador individual na campanha que reelegeu Nosso Guia. Quem teria sido o maior doador corporativo? A Vale.
A privatização virou privataria (termo que Lazzarini não endossa), quando o tucanato, em busca de recursos e de interessados para os leilões de venda do patrimônio da Viúva, recorreu às arcas dos fundos de pensão e do BNDES. Diz o professor: "Fernando Henrique, longe de "esquecer o que escreveu", em realidade ajudou a sedimentar o capitalismo de laços no Brasil". Durante os últimos oito anos petistas alguns laços desfizeram-se (os de Daniel Dantas, por exemplo), outros, como os de Eike Batista e do grupo JBS-FriBoi (outro grande doador de 2006), estabeleceram-se.
Os laços do andar de cima com o Estado foram magistralmente mostrados por Raymundo Faoro em seu "Donos do Poder", um livro de 1957. Lazzarini poderia ter chamado seu livro de "Donos do Poder 2.0". Ele fulanizou e quantificou suas afirmações. Estudou a composição acionária das empresas do seu banco de dados para testar uma variante do famoso "diga-me com quem andas e eu te direi quem és": "Diga-me de qual empresa você é dono que te direi quem é o seu amigo".
O professor trabalhou com um complicado conceito de "centralidade". Simplificando-o quase ao exagero, é como se tivesse estudado a composição acionária das empresas com o olhar de um usuário do Facebook. Em 1996, quem tinha mais "amigos" eram a União (com o BNDES) e a Previ. Em 2009 a situação era a mesma. Com outro critério, olhando-se para os grupos econômicos e seus cruzamentos, hoje quem tem mais amigos é o conglomerado da Andrade Gutierrez, seguido pelo grupo do empresário Carlos Jereissati.
Estudando a estrutura das grandes empresas, Lazzarini mostra como é pequeno o mundo dos amigos entrelaçados: 11 grão-senhores participam de 66 conselhos de empresas.
Na epígrafe do livro o professor repete a frase do romance "O Leopardo", quando o aventuroso Tancredi (Alain Delon no filme) diz ao tio (Burt Lancaster): "Se quisermos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude".
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Gráfico do dia - dívida para bancos alemães
A história da dívida da Europa assemelha-se a um jogo de mico... com pelo menos cinco micos no baralho (e não mais que dez pessoas jogando).
Via The Big Picture.
Via The Big Picture.
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Leituras do Thanksgiving Day
- A bolsa do México segue movida a tequila. A ressaca promete. (Andrew Shawn)
- O governo americano está fazendo pouco para estimular a economia. Medo. (Brad DeLong)
- O Brasil é o rei do crescimento nas importações, entre 70 países cobertos pela OECD. (FT beyondbrics)
- O tamanho da besteira no sistema bancário irlandês (Planet Money)
Um sonzinho apropriado para o dia:
- O governo americano está fazendo pouco para estimular a economia. Medo. (Brad DeLong)
- O Brasil é o rei do crescimento nas importações, entre 70 países cobertos pela OECD. (FT beyondbrics)
- O tamanho da besteira no sistema bancário irlandês (Planet Money)
Um sonzinho apropriado para o dia:
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Gráficos do dia - Irlanda: caindo do céu
Ah, o "tigre celta". A Irlanda é era o caso de maior sucesso de adoção do euro. Seus 4,5 milhões de habitantes viram, em quinze anos, seu PIB per capita mais que dobrar, passando a ser o terceiro maior da zona do euro (atrás de Holanda e Áustria) e um dos 30 maiores do mundo (veja aqui). Milagres da alavancagem: hoje, como a Islândia há um par de anos (será que há um padrão de nomes começados com "I"? Cuidado, Itália), o país está com o sistema bancário quebrado e prestes a aceitar uma ajuda internacional de cerca de US$ 25 mil por habitante (US$ 114 bilhões), que, sinto informar, não vai resolver todos os problemas. O ajuste deve ser longo e doloroso.
Para ilustrar o tamanho da distorção, comparei a evolução do PIB per capita da Irlanda com o de outros quatro países europeus notadamente ricos: Suécia, Noruega, Dinamarca e Suíça (os dados são do FMI):
Para ilustrar o tamanho da distorção, comparei a evolução do PIB per capita da Irlanda com o de outros quatro países europeus notadamente ricos: Suécia, Noruega, Dinamarca e Suíça (os dados são do FMI):
É notável a aceleração do crescimento da Irlanda por volta de 1998, quando a libra irlandesa entrou na composição do euro. Em 2007, antes da crise global, o PIB per capita da Irlanda era de US$ 43,250, apenas menor, na nossa amostra, que o da Noruega - este um real caso de sucesso, ajudado pelo petróleo, sim, mas com baixíssima alavancagem. O delírio era acreditar que, em uma geração, uma economia relativamente atrasada teria desenvolvido uma fórmula que a equipararia com alguns dos países mais avançados do mundo. Atualmente os números ainda dizem que o cidadão irlandês ainda é mais rico que os dinamarqueses e suecos, mas isso pode ser explicado em grande parte por uma taxa de câmbio artificialmente valorizada - e o ajuste ainda está por vir. O gráfico abaixo mostra os mesmos dados em uma outra apresentação:
A linha azul é a razão entre o PIB per capita da Irlanda e a média dos outros quatro países. Em 1989, o PIB per capita da Irlanda era pouco mais do que a metade da média da nossa amostra. Em quinze anos a Irlanda alcançou essa média, chegando a superá-la por pouco tempo. Nesse período longo (quase 30 anos), o PIB per capita irlandês foi 75% da média dos outros quatro países. O último dado está em 95%, e, como disse, o ajuste ainda está acontecendo. Caso essa relação volte para o padrão de longo prazo, o PIB per capita da Irlanda deveria cair mais 20%, chegando a US$ 31 mil. Talvez esse cenário seja muito pessimista (e pode ser concretizado apenas com adoção de uma taxa de câmbio mais realista, que, como no caso da Grécia, me parece ser a saída menos destrutiva para a economia), mas o fato é que os irlandeses têm bons motivos para seguirem pedindo que St Patrick perdoe os excessos dos últimos anos.
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Panamericano e Caixa
E a velha dúvida entre ignorância e má fé continua no ar...
Do UOL:
Presidente da Caixa diz que rombo bilionário do Panamericano não causa perdas
Destaque:
Plano de negócios mais uma injeçãozinha de capital, caso o Panamericano precise. Mas o contribuinte pode ficar tranquilo, tudo isso estava previsto nas "melhores práticas" que avaliaram a operação.
Do UOL:
Presidente da Caixa diz que rombo bilionário do Panamericano não causa perdas
Destaque:
"A Caixa não considera que perdeu. Ela não comprou a instituição como especuladora, para comprar na baixa e vender na alta. Comprou com base em planejamento interno, temos a segurança de que a implantação do plano de negócios vai resolver a situação".
Plano de negócios mais uma injeçãozinha de capital, caso o Panamericano precise. Mas o contribuinte pode ficar tranquilo, tudo isso estava previsto nas "melhores práticas" que avaliaram a operação.
Gráfico do dia - América Latina e países avançados
Mais uma vez os dados dando um baile de humildade neste escriba (e, talvez, alguma razão para o Bresser-Pereira). A Argentina, durante a última década, é o maior caso de sucesso no continente em aumento no PIB per capita / redução da diferença dessa mesma medida para os países ricos.
Via IKN.
Via IKN.
Fumaça branca no Banco Central
A melhor parte do anúncio de Alexandre Tombini (a ser feito hoje, segundo toda a imprensa) como novo presidente do Banco Central do Brasil foi termos escapado de aguentar o Octavio de Barros no cargo.
Maldades à parte: alguém precisa de mais algum sinal de que a política econômica de dona Dilma, pelo menos no início do governo, será muito parecida com a do Lula, para o bem e o mal?
Update: acabou de sair que Luciano Coutinho foi convidado a continuar no BNDES. Change, we can't believe in.
Maldades à parte: alguém precisa de mais algum sinal de que a política econômica de dona Dilma, pelo menos no início do governo, será muito parecida com a do Lula, para o bem e o mal?
Update: acabou de sair que Luciano Coutinho foi convidado a continuar no BNDES. Change, we can't believe in.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
A tentação de fazer previsões
Nem quem vive dizendo que elas são inúteis nos melhores casos e danosas nos piores consegue escapar dela (na The Economist).
Tchau, Meirelles
Uma das melhores piadas do mercado financeiro é que você deve comprar profissionais argentinos pelo que eles valem e vendê-los pelo que eles acham que valem (se você achar esta ruim, não queira saber do nível médio das gracinhas do meio). Henrique Meirelles, nesse sentido, é um argentino: chegou para mostrar que Lula tinha virado amiguinho do mercado financeiro, escapou por pouco de ser sacado no meio do caminho (Luiz Gonzaga Belluzzo chegou a ser convidado por Lula, em 2008, e recusou) e depois surfou no sucesso relativo do país. Virou "peça fundamental", "fiador da estabilidade" e outros títulos ridículos. Passou a ser referência entre banqueiros centrais, mesmo não podendo esconder que subiu os juros básicos praticamente na véspera da quebra da Lehman Brothers, quando a economia mundial estava na beira do abismo (isso diz bastante sobre a crise intelectual em que anda a classe). Mostrou-se um desastre em articulação política, tentando enfiar goela abaixo das raposas do PMDB uma candidatura ao governo de Goiás ou à vice-presidência. A não ser que seu substituto seja um desastre (bem, há o risco... dos quatro nomes que a imprensa andou citando, dois são banqueiros, um é ainda mais "argentino" que Meirelles e a opção que parece menos pior é um burocrata de carreira), não vai deixar muitas saudades. Novamente, se a imprensa estiver correta, vai ter uma grande oportunidade de mostrar serviço no Ministério dos Transportes. "O Banco Central não é a Santa Sé", disse Serra durante a campanha. Dilma está reconhecendo isso, e por enquanto não há nada que aponte que ela está errada.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
(Mais uma) Frase do dia - Bebe, Brasil!
Esta não podia faltar num blog drunkeynesiano:
Mais no Valor: Classes C e D substituem cachaça por vodca e uísque.
"A cachaça não está acompanhando a expansão da economia porque o consumidor quer ficar chique", diz César Rosa, diretor do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) e da Indústria Reunidas de Bebidas Tatuzinho, fabricante da cachaça popular Tatuzinho e da Velho Barreiro.
Mais no Valor: Classes C e D substituem cachaça por vodca e uísque.
Frase & notícia do dia - Eric Cantona
"When the seagulls follow the trawler, it is because they think sardines will be thrown into the sea."1995
Quinze anos depois... ele está organizando uma campanha para causar uma corrida contra os bancos na Europa. Mais aqui.
domingo, 21 de novembro de 2010
Frase(s) do dia - O que os mercados querem?
Os mercados querem dinheiro para cocaína e prostitutas. Sério. A maioria das pessoas não percebe que 'os mercados' são na realidade recém-formados em administração de 22 a 27 anos, que inventam furiosamente estratégias de compra e venda em planilhas Excel, se reportam a chefes cinco anos mais velhos e, geralmente, têm a mentalidade e inteligência de ginasianos. Um plano orçamentário de quatro anos não vai deixá-los satisfeitos. Daqui a quatro anos estarão fora do negócio ou promovidos a uma posição na qual a Irlanda não lhes importará mais. Em vez de um orçamento apropriado, o que o país pode fazer é subornar as agências de classificação de risco. Pão e circo para as massas, cocaína e prostitutas para o mercado. Por que não explorar o fato de que o sistema é caótico e aético para fazer algum bem ao país em vez de levá-lo à falência num esforço para comprar BMWs novos para solteiros de 25 anos?Resposta anônima à pergunta do título (colocada pelo economista irlandês Kevin O'Rourke em seu blog), citada na CartaCapital desta semana.
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Som da Sexta - Maxïmo Park ao vivo no táxi
O projeto Black Cab Sessions começou em maio de 2007, e consiste em gravar uma música de uma banda durante um passeio em um dos famosos táxis pretos de Londres. Este é o episódio com a Maxïmo Park, no site você vê dezenas de outros.
Maximo Park from Black Cab Sessions on Vimeo.
Maximo Park from Black Cab Sessions on Vimeo.
Frase(s) do dia - Religião & Evolução
Da seção de perguntas e respostas da última Superinteressante (sim, de vez em quando eu leio Superinteressante):
Bom, hoje eu não estou muito pra coisa séria (deve ser influência da confirmação do Mantega na Fazenda... isso também não pode ser sério). Em todo caso, para os que estão aqui para ouvir de economia e mercados, o Mansueto Almeida postou um texto muito bom falando da experiência da Itália com a construção do trem bala, recomendo fortemente.
P: É coerente acreditar em Deus e também em Darwin?
R: Posto que o refeitório aqui da Abril serve uma sobremesa chamada "minibrigadeirão light", qualquer coisa pode ser coerente.
Bom, hoje eu não estou muito pra coisa séria (deve ser influência da confirmação do Mantega na Fazenda... isso também não pode ser sério). Em todo caso, para os que estão aqui para ouvir de economia e mercados, o Mansueto Almeida postou um texto muito bom falando da experiência da Itália com a construção do trem bala, recomendo fortemente.
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Duas leituras sobre desenvolvimento
- Nicholas Kristof, do New York Times, sobre o aumento da desigualdade nos EUA (quem diria, há cinco anos, que essa discussão ia parar no New York Times tão rapidamente).
- William Easterly confessa que ainda não concluiu se ajuda para países pobres faz mal ou bem. A humildade para concluir isso depois de 25 anos estudando o assunto infelizmente não é tão difundida na academia.
- William Easterly confessa que ainda não concluiu se ajuda para países pobres faz mal ou bem. A humildade para concluir isso depois de 25 anos estudando o assunto infelizmente não é tão difundida na academia.
A consagração da mediocridade
Da Folha:
Dilma convida Mantega a permanecer na Fazenda
Vamos ver como a tartaruga que foi parar em cima do poste se sai nesse mundo mais complicado.
Dilma convida Mantega a permanecer na Fazenda
Vamos ver como a tartaruga que foi parar em cima do poste se sai nesse mundo mais complicado.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Gráfico do dia - Preços de Imóveis
Como achar que preços de imóveis em São Paulo ainda são baratos: veja o gráfico abaixo, de um relatório da Nomura.
P.S. Considerando o tamanho e a distribuição de renda da cidade, a dispersão dos preços entre as regiões de São Paulo deve ser das maiores da amostra.
Um zumbi se levanta
Hoje acontece a venda de ações da General Motors, sepultada em 2009 e ressuscitada com o dinheiro do tesouro americano.
Da Bloomberg:
The Treasury, which is taking a loss on its portion of the sale, will break even only if the shares climb at least 60 percent, Bloomberg data shows.
Isso faz o escândalo do Banco Panamericano parecer coisa de amadores...
Da Bloomberg:
An overallotment and an offering of preferred shares may increase the total amount raised to about $22.7 billion. Agricultural Bank of China Ltd.’s $22.1 billion initial sale is the largest common-stock IPO in history.E o gran finale:
The Treasury, which is taking a loss on its portion of the sale, will break even only if the shares climb at least 60 percent, Bloomberg data shows.
Isso faz o escândalo do Banco Panamericano parecer coisa de amadores...
Dados do dia - gastos militares
Numa matéria da The Economist desta semana sobre o futuro da OTAN, uma tabela me chamou a atenção:
O porquê da Grécia ter um gasto militar só comparável ao dos EUA deve ser uma das explicações para o tamanho do buraco onde o país se enfiou nos últimos anos. |
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The Economist
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Bernanke, a Geni do momento
Consideremos o vídeo abaixo, que um leitor postou como comentário hoje (esses bichinhos do xtranormal estão virando um clássico):
Daqui a pouco vão comparar Bernanke a Hitler, e a discussão estará perdida.
Brincadeiras à parte: o vídeo é uma amostra de como a popularidade de Bernanke está indo ralo abaixo, com a economia não reagindo a todo o estímulo monetário e os bancos voltando à festa como se fosse 2007. Não ajuda o fato de os mercados não estarem seguindo o script imaginado por Bernanke quando foi anunciado o QE2: os juros longos subiram consideravelmente, o dólar se valorizou e as ações têm falhado na tentativa de fazer novas máximas.
Se os mercados seguirem a direção dos últimos dias, vejo dois cenários interessantes que podem se desenrolar (a tentação de fazer previsões é enorme):
1) O Fed não vai fazer mais nada, os políticos e a população vão pedir a cabeça de Bernanke e ela será entregue. Resta saber o que vem depois: um clone de Bernanke ou a volta triunfal do Paul Volcker (medo).
2) O Fed não vai se entregar sem lutar, e devemos esperar (mais) medidas (mais) desesperadas para tentar levantar os mercados e baixar os juros longos na porrada.
A maldição dos interesting times parece mesmo estar sobre os nossos tempos.
Daqui a pouco vão comparar Bernanke a Hitler, e a discussão estará perdida.
Brincadeiras à parte: o vídeo é uma amostra de como a popularidade de Bernanke está indo ralo abaixo, com a economia não reagindo a todo o estímulo monetário e os bancos voltando à festa como se fosse 2007. Não ajuda o fato de os mercados não estarem seguindo o script imaginado por Bernanke quando foi anunciado o QE2: os juros longos subiram consideravelmente, o dólar se valorizou e as ações têm falhado na tentativa de fazer novas máximas.
Se os mercados seguirem a direção dos últimos dias, vejo dois cenários interessantes que podem se desenrolar (a tentação de fazer previsões é enorme):
1) O Fed não vai fazer mais nada, os políticos e a população vão pedir a cabeça de Bernanke e ela será entregue. Resta saber o que vem depois: um clone de Bernanke ou a volta triunfal do Paul Volcker (medo).
2) O Fed não vai se entregar sem lutar, e devemos esperar (mais) medidas (mais) desesperadas para tentar levantar os mercados e baixar os juros longos na porrada.
A maldição dos interesting times parece mesmo estar sobre os nossos tempos.
Brincando de EUA
O New York Times montou uma ferramenta para resolver o déficit americano (de médio e longo prazo), envolvendo combinações de cortes no orçamento e aumento de impostos. A minha solução está aqui. É impressionante verificar o estrago que a dupla cortes de impostos / aumento nos gastos militares da era Bush fez nas contas públicas dos EUA. E como é fácil pensar em soluções quando não há políticos e grupos de interesse envolvidos.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Som da Sexta - Belle & Sebastian, Norah Jones
Eles tocaram na última quinta-feira, no Via Funchal (a imprensa toda falou que o show foi morno comparado ao do Free Jazz de 2001, eu só fui este ano e achei ótimo) e hoje estarão no Rio; ela se apresenta no domingo às 16h no Parque da Independência. Juntos fizeram Little Lou, Ugly Jack, Prophet John, que está no último álbum do Belle & Sebastian (Write About Love), lançado no mês passado. Eu tenho um fraco por duos cantor / cantora desde ouvir Gram Parsons com Emmylou Harris, e esta colaboração pode tranquilamente entrar na mesma liga -- ela está cantando cada vez melhor.
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