domingo, 13 de novembro de 2011

Edição de Domingo - Pa-Panamericano

Porque é muito fácil falar da crise e das fraudes bancárias alhures e não se lembrar do nosso próprio umbigo. Que não se esqueça a história podre do Panamericano, e, se possível, dê-se atenção a outro caso similar (que ainda não virou um escândalo): o do Banco Votorantim, em 2008. Escreve o Elio Gaspari hoje, na Folha:

Os amigos do mico do PanAmericano 
Todos os malfeitos dos seis ministros varridos na faxina da doutora Dilma não somam os R$ 4,3 bilhões do buraco do Banco PanAmericano. Em dezembro de 2009 o comissariado da Caixa Econômica comprou por R$ 739 milhões metade desse negócio, então pertencente ao empresário Silvio Santos. À época, tudo parecia nos conformes. O Banco Central autorizou a operação, e as contas haviam sido auditadas pela KPMG e pela Deloitte.
Em agosto de 2010 o BC sentiu cheiro de queimado e, dois meses depois, chamou a Polícia Federal. Desde 2007 os diretores do PanAmericano simplesmente vendiam carteiras de crédito sem retirar esses valores de seus balanços. Para começar, um rombo de R$ 2,5 bilhões. A Caixa comprara metade de um mico.
Havia de tudo, dezenas de milhões em bônus dissimulados, casas em Miami e até caixas de dinheiro em porta-malas de carro. Graças à PF sabe-se que há mais. Em 2009, o ex-comissário Luiz Gushiken tinha tratativas com a casa. Nesse ano, o braço direito de Silvio Santos dizia que "ficou de boca aberta" ao saber quem eram os "amigos" que ajudariam a enfiar a Caixa no buraco. Amigos, o banco tinha. Em dezembro de 2006, com Lula já reeleito, seus diretores, valendo-se de empresas próprias, doaram legalmente R$ 500 mil à sua campanha. Em janeiro de 2010, semanas depois da entrada da Caixa no banco, os diretores recebiam pedidos para nomear amigos do governo. Num e-mail, o presidente Rafael Palladino narrou sugestões para que se aninhasse no PanAmericano o companheiro Demian Fiocca, ex-presidente do BNDES. A essa altura, a explosão do banco era iminente, mas doaram, "na moita", por meio de outra empresa, R$ 300 mil para o Diretório Nacional do PT. Na mesma época, o PanAmericano passou ao tucanato R$ 954 mil. Numa operação escrachada, pagou contas de campanha do governador Teotônio Vilela. Em agosto de 2010 o Banco Central achou o rombo, no dia 22 de setembro Silvio Santos esteve com Lula e em outubro chamou-se a polícia.
O PanAmericano mudou de dono, Silvio Santos saiu do negócio, os ex-diretores estão indiciados em inquérito, o contador está colaborando com as investigações e os computadores apreendidos pela PF têm mais a contar.

3 comentários:

Daniel V. disse...

Drunk, não posso visualizar o artigo do BV. Tem outra fonte ?
Dizem por ai que alguns bancos médios estão com problemas, captando a 150%cdi e tomando do FGC.

Drunkeynesian disse...

Não tinha link para o artigo do BV (e o escândalo não é dos noticiados, ficou por baixo dos panos - a não ser que você não ache normal o BB comprar a maior fatia possível para não controlar um banco médio)... O que o Elio Gaspari escreveu sobre o Panamericano na Folha está na íntegra aqui (o link é pra coluna inteira, que fala de outros assuntos)>

Anônimo disse...

É o Estado patrimonialista em operação. Aos amigos, o socorro financeiro e as benesses do Estado; aos adversários, processos e mais processos. Enquanto isso, o cidadão comum morre na fila do SUS e tem seu apartamento executado pela Caixa ou pelo BB. Ah, sem falar na carga tributária.