"Some argue the euro can be saved only at the price of sacrificing monetary stability. This would be a momentous mistake. Putting the European Central Bank’s printing presses to work might at best bring some short-term relief. But it would have dire consequences, both raising inflation and dissipating vitally important incentives for reform. In the end we would end up with a depreciated currency and an even more destabilised eurozone. The ECB’s independence and firm commitment to price stability are of paramount importance to Europe’s economy."
Guido Westerwelle, ministro do exterior da Alemanha, no Financial Times de hoje.
9 comentários:
É a prova definitiva de que desse mato não sai coelho, ou seja, quando o menor problema da Europa é a inflação, a maior preocupação do BCE é com a inflação.
Mais ortodoxos do que caixa de Maizena, como diria o Jorge Browne. Mas ainda acho que eles vão acabar cedendo.
No meu comentário lá do outro texto (sobre a oferta monetária italiana), você havia recomendado um vídeo do Jim Grant. Bem, eu não sou a favor do padrão-ouro... a questão das reservas fracionárias pode ser resolvida sem lastrear a moeda ao ouro. Basta impedir que os bancos se alavanquem, exigindo 100% de depósitos compulsórios sobre contas de depósito à vista. É claro que será necessário um período de transição e tudo mais. Isso nem é algo inusitado: ocorreu, por exemplo, no início do Plano Real. Os bancos só poderiam emprestar capital próprio e dinheiro depositado em fundos de investimento, no qual os depositantes teriam consciência dos riscos e da perda de liquidez envolvida... eliminaria a maior parte da Moral Hazard e dos riscos relacionados à alavancagem. Do jeito que está, os bancos podem emprestar dinheiro (alavancado) a rodo, pois sabem que ao menor sinal de crise sistêmica, o Banco Central vai salvá-los...
Seria uma mudança grande com relação ao padrão de hoje - tornaria os bancos muito menos lucrativos (se lucrativos) e criaria uma restrição gigante ao crédito. Acredito que o capitalismo de hoje não está preparado para esse tipo de choque. Concordo que é desejável fazer algo para amenizar o risco moral da atividade bancária, no entanto, só não sei direito o quê.
Bem, de fato seria uma restrição gigante ao crédito... talvez a forma como essa avalanche de crédito seja obtida na sociedade moderna esteja na raiz do problema, ao alterar a percepção de riqueza das pessoas. Será muito difícil se acostumar a algum outro cenário. Talvez seja mesmo necessário esperar pelo estouro das próximas bolhas para que a sociedade esteja preparada para mudanças.
Quanto ao lucro dos bancos eu não sei. Se separarmos a atividade bancária em "compensações e depósitos" e "crédito e investimentos", onde estão os maiores custos?
Não entendi a separação... A maior parte do lucro dos bancos comerciais é intermediação financeira, ou tomar dinheiro com o risco de crédito do banco e emprestar com juros maiores a riscos de crédito piores. O resto no máximo paga os custos (lembro da máxima de gestão de Itaú, por exemplo, é que a receita de tarifas deveria cobrir os custos das agências, mas isso já faz algum tempo).
"tornaria os bancos muito menos lucrativos"
Tu mostrastes que o Taleb tem a proposta de deixar os bancos tão lucrativos quanto mercearias. Radical sem dúvida, mas pode ser algo nessa linha.
"raising inflation"
Esse parece não ser o problema.
"vitally important incentives for reform"
Quais reformas? E quais são esses incentivos? Recessão? Desemprego? Redução de salários/pensões? Tudo muito alemão hehe...
Bem, eu separei a atividade de crédito das outras operações bancárias exatamente porque seria a primeira que sofreria redução no caso de depósitos compulsórios de 100%. Ou seja, se as tarifas cobrem os custos desse tipo de operação e ainda sobra espaço para o crédito (capital próprio + fundos de investimento), não sei por que isso inviabilizaria os bancos... e ainda nos livraríamos do risco moral e dessas flutuações malucas que têm ocorrido. A alavancagem da base monetária dá uma falsa impressão de abundância de crédito, que se evapora diante da mera mudança de expectativas.
Fundo de investimento são um negócio à parte, são contas separadas de recursos de terceiros que não têm nenhuma participação na divisão de riscos do banco. Esse dinheiro só tem participação na criação de crédito na medida em que o gestor decide comprar ações ou dívida de empresas, ou títulos de crédito privado. Assim, o crédito bancário ficaria limitado ao capital dos bancos, o que pode ser algo como 1/20 do do que eles emprestam hoje. Sim, acabaria o risco moral e o que você chama de "falsa abundância de crédito", mas o financiamento da economia ficaria muito mais restrito, com eventuais prejuízos ao crescimento.
Outra questão é como chegar nesse estado partindo da situação atual em que os bancos são mega alavancados. Meu chefe acha que os bancos problemáticos deveriam ser todos estatizados e que a licença de operação bancária fosse, daí para frente, concedida de forma muito mais parcimoniosa, mas não sei se concordo com uma supressão de mercado desse tamanho.
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