terça-feira, 7 de junho de 2011

Taxa de câmbio, essa desconhecida

Confesso que há tempos não lia um paper de macroeconomia inteiro. Feito esse aviso, gostei bastante do último trabalho do Sebastian Edwards (UCLA), que faz uma boa revisão da literatura sobre taxa de câmbio e levanta, dessa literatura e de alguns testes econométricos feitos por ele mesmo e alguns colegas, algumas regularidades observadas no comportamento das taxas de câmbio da América Latina e do leste asiático. Vale ler o trabalho inteiro; para os mais preguiçosos, aí estão as regularidades. A lista é bem útil para debater com tudólogos e chutadores de plantão (quem trabalha em uma mesa de operações sabe bem do que estou falando):

1. Crises cambiais são muito caras (em termos de desaceleração no crescimento, aumento do desemprego e inflação mais alta).

2. Países com taxas de câmbio mais flexíveis tendem a crescer mais rápido no longo prazo do que países com câmbio fixo.

3. Países dolarizados não têm melhor desempenho (em termos de crescimento mais rápido do PIB e menor volatilidade desta medida) do que países com moeda própria.

4. Países com regimes de câmbio flexíveis são capazes de acomodar choques externos melhor que países com taxas fixas.

5. Com mobilidade de capital e cãmbio fixo, não há espaço para política monetária completamente independente.

6. Ajustes na taxa de câmbio baseados em diferenciais de infllação resultam numa perda de ancoragem e em instabilidade macroeconômica.

7. Programas de estabilização baseados na taxa de câmbio são perigosos, e frequentemente geraram supervalorização da moeda.

8. Desalinhamento de taxa de câmbio real pode ser muito custoso; intervenções do banco central podem se justificar, mesmo sob um regime de câmbio flexível.

9. Há uma assimetria entre supervalorização e subvalorização (sobrevalorizações podem ser mais persistentes).

10. Mesmo sob regime de câmbio flexível, a extensão para política monetária independente é limitada.

11. Houve uma importante quebra estrutural no relacionamento entre a taxa de câmbio real efetiva do dólar americano e a taxa de câmbio real efetiva dos exportadores de commodities.

2 comentários:

Delfim Bisnetto disse...

Item 9. Não seria supervalorização e subvalorização?

Drunkeynesian disse...

Perfeitamente - vou arrumar lá. Obrigado!