quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os melhores livros de 2010

Se eu mal consigo acompanhar os filmes na medida em que eles estream no cinema, com os livros é ainda pior. Este ano consegui ler mais do que em 2009 (mesmo não considerando as releituras das histórias do Asterix), mas ainda assim a pilha só cresceu. De qualquer maneira, aí vai o que me chamou a atenção em 2010:

Economia, mercados e afins:

- The Big Short: Inside the Doomsday Machine, Michael Lewis (W.W. Norton, 2010)

Escrevi uma resenha aqui. Para quem trabalha no mercado, uma lição sobre paciência e como bolhas podem ser resilientes.

- Invisible Hands: Hedge Funds Off the Record - Rethinking Real Money, Steve Drobny (Wiley, 2010)

No mesmo molde de entrevistas dos clássicos Market Wizards e do livro anterior de Drobny (Inside the House of Money), só que preservando a identidade dos entrevistados. A tese (corajosa) de Drobny é que o dinheiro dos fundos de pensão deveria fugir da pseudodiversificação em instrumentos parecidos com ou mais arriscados que ações e ser gerido como os ativos de fundos de hedge, com extrema flexibilidade. Talvez a tese seja correta, mas, ainda assim, creio que faltariam gestores talentosos como os retratados no livro (alguns, como Hugh Hendry, são facilmente identificáveis). De qualquer forma, traz algumas grandes histórias e insights.

- The Little Book of Behavioral Investing, James Montier (Wiley, 2010)

Vale mais do que qualquer curso de finanças na universidade. Fala dos mercados e dos investidores como eles são, e não como deveriam ser no mundo da normalidade.

- More Money Than God: Hedge Funds and the Making of a New Elite, Sebastian Mallaby (Penguin, 2010)

Quatro anos de pesquisa foram necessários para montar uma grande história dos fundos de hedge e dos egos e ideias por trás deles. O pecado (menor) é praticamente só falar dos fundos americanos.

- The Soros Lectures, George Soros (PublicAffairs, 2010)

Um dos maiores especuladores da história fala sobre sua visão do mundo. Resenhei aqui.

- Mobs, Messiahs, and Markets, William Bonner e Lila Rajiva (Wiley, 2009)


Às vezes pedante a ponto de irritar, mas uma boa alternativa contemporânea para o clássico Extraordinary Popular Delusions and The Madness of Crowds.

- How to Lie With Statistics, Darrell Huff (W.W. Norton, 1993)

Quase 50 anos se passaram da primeira edição deste livro (de 1954). A quantidade de dados disponíveis se multiplicou algumas vezes; o mau tratamento deles (intencional ou não) segue o mesmo.

- Dance with Chance, Spyros Makridakis, Anil Gaba e Robin Hogarth (Oneword, 2009)

Soa um pouco como autoajuda, mas é muito bem embasado e ensina a fugir de médicos. Vale a leitura, portanto.



Temas menos mundanos:


- O Pequeno Livro do Rock, Hervé Bourhis (Conrad)

- Divertido, apaixonado e bem desenhado (e ousa achar Grandaddy melhor que Radiohead).

- Playing the Enemy, John Carlin (Penguin)

O livro que inspirou Invictus, do Clint Eastwood. História que se lê como um bom romance.

- As Cruzadas Vistas Pelos Árabes, Amin Maalouf (Brasiliense)

Consegue, ao mesmo tempo, defender os árabes e criticar duramente sua decadência. O trabalho de pesquisa, em fontes da época, deve ter sido insano.

- Six Easy Pieces, Richard P. Feynman (Penguin)

Física é para os fortes. O primeiro livro do Feynman que leio; ele realmente devia saber muito para conseguir fazer com que coisas completamente abstratas pareçam minimamente simples.

- Reflexões Sobre um Século Esquecido, Tony Judt (Objetiva)

A lucidez de Judt fará muita falta. Felizmente sua obra seguirá a nosso alcance.

- What Have You Changed Your Mind About?, John Brockman (Harper Perennial)

Tem tantas ideias interessantes que pode ser material de reflexão para a vida inteira.

- Autores de Guias de Viagem Vão Para o Inferno?, Thomas Kohnstamm (Panda)

Sexo, drogas e caipirinha. E, nas horas vagas, escrever um guia de viagens para o Brasil. Deixou a editora do Lonely Planet puta da vida, só por isso já valeria a leitura.


Ficção

- Uma Breve História dos Tratores em Ucraniano, Marina Lewycka (Bertrand Brasil)

Comprei pelo título e pela capa, saí no lucro. Além do aprendizado sobre a história dos tratores nos tempos de Stalin, ganhei uma história original, muito bem contada, divertida e humana.

- The Brief Wondrous Life of Oscar Wao, Junot Díaz (Riverhead Trade)

A história (de um adolescente de origem dominicana, nascido nos EUA e sofrendo o diabo no país dos pais) é miserável, mas rendeu, ao invés de um dramalhão, uma comédia de humor negro contundente e muito bem escrita.

- Pornopopéia, Reinaldo Moraes (Objetiva)

Mais um herói sem caráter para a história da literatura brasileira. Mais na piauí deste mês.

- Freedom, Jonathan Franzen (Farrar, Straus and Giroux)

O livro mais comentado deste ano nos EUA. Merecia um texto maior aqui, ainda vou fazer. Talvez seja o livro que vai definir uma geração.


E ficaram para o ano que vem (e para o outro... o outro... o outro...):

4 comentários:

Danilo Balu disse...

"Mobs, Messiahs, and Markets:"
"Dance with Chance, Updated Edition:"
Legal! Tenho lido bastante coisa nessa linha... tenho em casa um que fala da sabedoria das massas (algo nessa linha e em inglês)... qdo ler (está em 2o na lista) te falo!

Do seu estoque na fila, só conheço e li o Nudge e acho que vale a leitura! Fiquei BEM menos liberal depois de lê-lo... hahaha

Abrax

Anônimo disse...

A biografia de Keynes, de R.S., apesar de alguns pecadilhos, é excelente e a leitura voa. Acho que está mais para os interessados nos aspectos da vida e do espírito de Keynes, do que um apanhado sobre sua obra e estudos, ainda que isso também esteja presente no livro. É à prova de quermesseiros :). Vendo a sua pilha, eu começaria 2011 com ele. O "Salsa Dancing..." parece interessante (O Tyler Cowen adorou).

Abraços e ótimo final (e recomeço) de ano,

Drunkeynesian disse...

Balu, o da sabedoria das massas é o do Surowiecki (da New Yorker)? Já ouvi falar muito bem e muito mal, depois me diz o que acho.

Igor, esse livro do Keynes da pilha é o que saiu logo depois da crise de 2008 (The Return of the Master). A biografia também está na fila, mas há mais tempo. Valeu pela dica do "Salsa Dancing...", vou pegar ele assim que terminar as leituras de praia que sobraram.

Abraços!

Danilo Balu disse...

Positivo! The Wisdom of Crowds, James Surowiecki!

Daqui 3-4 dias qdo acabar de ler a biografia do Jackie Robinson, começo e daí te falo!

Abrax

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