terça-feira, 9 de novembro de 2010

Imóveis em São Paulo, uma anedota

Qualquer um que vive em São Paulo hoje em dia consegue perceber a euforia com o mercado imobiliário -- vê-se gruas pela cidade toda, os jornais estão repletos de anúncios de novos empreendimentos (o André Barcinski fez uma observação hilária sobre isso) e todo mundo mais seus cachorros parece querer adquirir um imóvel, e estes só sobem de preço. Tudo isso junto sugere uma bolha em formação, como já coloquei aqui. Entretanto, nossos juros pornográficos dificultam colocar as coisas em perspectiva. Veja o caso abaixo, catado ontem numa mesa de botequim das mais animadas:

Um amigo comprou, em maio de 2001, um apartamento em uma das zonas que mais se desenvolveu em São Paulo desde então (Vila Leopoldina). O imóvel foi comprado por R$ 170 mil, e vale hoje algo como R$ 550 mil - o preço subiu, portanto, 223%. Parece espetacular, até olharmos os juros acumulados (CDI) no período: quase 290%. Pior ainda se considerarmos a liquidez e os riscos envolvidos na compra de um imóvel contra a moleza que é comprar uma LFT (título pós-fixado do Tesouro Nacional) e dormir em cima dela. Portanto, a real aberração no Brasil não são os preços de imóveis em São Paulo, mas sim os juros praticados pelo Banco Central. Bolha imobiliária, como nos acostumamos a ver em outros países, só quando esses juros caírem substancialmente (ou os preços de imóveis subirem de forma ainda mais frenética).

P.S. Anedotas tem valor... anedótico, eu sei disso. Dados de mercado imobiliário no Brasil, entretanto, ainda são paupérrimos -- nesse sentido, é muito benvinda a iniciativa do Banco Central, que, dizem as boas línguas, estão trabalhando para montar um índice de preços de imóveis.

Update (de ago/11): Tem um erro grotesco de cálculo de retorno neste post, uma atualização está aqui.

2 comentários:

Gil Moss Neto disse...

Blogger,

Cheguei agora na blogosfera dos economistas e gostei de seus posts. O mercado imobiliário é um assunto que interessa a todos, afinal de contas temos que "morar" em algum lugar, seja ele prório ou alugado. Esse artigo da The Economist traz nova luz sobre o assunto:
http://www.economist.com/node/18254291?fsrc=scn/fb/wl/sr/owngoal

Abs, Gil Moss Neto

Drunkeynesian disse...

Gil, obrigado pela visita e volte sempre... vira e mexe falo de mercado imobiliário, ainda há muita coisa pra acontecer por aqui.