terça-feira, 19 de outubro de 2010

Odeio dizer "eu já sabia", mas...

Parabéns à equipe que pensou no novo aumento de IOF para "combater a apreciação do real". Os efeitos no dia foram:

1) Os juros longos (isto é, o custo de refinanciamento da dívida pública) subiram 0,3% (parece pouco, mas é bastante relevante para um mercado que opera em incrementos de centésimo de ponto percentual), descolando da tendência de queda de países com juros semelhantes um pouco menos aberrantes (no gráfico, as linhas branca, vermelha, amarela e verde são, respectivamente, Brasil, México, África do Sul e Turquia):

2) O real foi a moeda que perdeu menos contra o dólar no dia (perdeu 0,7% - dólar canadense perdeu 1,5%, dólar australiano 2,1%, dólar neozelandês 1,3%, rand 1,5%...), descolando do índice DXY (esse é o mesmo gráfico de duas postagens atrás, atualizado):


Em Português claro: novamente o dedo da Fazenda foi ignorado no mercado de câmbio e, efeito colateral (não consigo acreditar que ninguém no Tesouro tenha alertado para essa possibilidade), fez com que o custo da dívida subisse. Até quando vamos continuar fazendo a mesma coisa, esperando resultados diferentes?

P.S. Vou poupar o leitor dos detalhes do estrago no balanço dos bancos que oferecem aos clientes estrangeiros produtos que replicam a taxa de juros local -- mais um efeito colateral.

P.P.S. Pior ainda é torcer para que o real, por qualquer motivo, se desvalorize e sejamos poupados de mais medidas insensatas.

Posted via email from drunkeynesian's posterous

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