Nosso gestor de fundos favorito e o historiador Simon Schama discutem o que está errado com o Reino Unido.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Vídeo do dia - Hugh Hendry, Simon Schama
Nosso gestor de fundos favorito e o historiador Simon Schama discutem o que está errado com o Reino Unido.
Gráfico do mês - alavancagem e crescimento
Curso Valor de Jornalismo Econômico
Som da Sexta - The Faces
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Quer doar um livro para a FEA-USP?
Alan Greenspan's Asset Bubble Band
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Pensando alto sobre mercados
- No cenário bom para o Fed, mais dólares no mercado conseguiriam segurar os preços nominais enquanto a economia se recupera (se vai se recuperar ou não é outra história). No cenário dos sonhos, a inflação aceleraria um pouco, afastaria o medo de deflação, sustentaria os preços de ações e destruiria parte da poupança aplicada em títulos do governo. Nesse cenário seria esperada uma alta nas taxas de juros de médio / longo prazo. Em ambos os casos o dólar se enfraqueceria, com o aumento da oferta de moeda e juros curtos ainda muito baixos.
- Esse cenário parecia estar sendo corroborado pelos mercados, com o inconveniente de que tanto os juros quanto as expectativas de inflação seguiam muito baixos. Ou seja, havia uma divergência entre os mercados "de risco" e o de títulos: commodities e ações subindo indicariam uma certa inflação (ou pelo menos sucesso temporário na política do Fed de sustentar preços); juros longos baixos podem ser traduzidos por investidores dispostos a aceitar taxas de retorno baixas por muito tempo, sem preocupação com inflação, em busca de alguma segurança. Os recordes no preço do ouro pareciam também concordar com essa visão.
- Teorias à parte, olhemos alguns dados. A impressão de que o Fed estaria disposto a imprimir mais dinheiro teve início em 22 de agosto, no simpósio econômico de Jackson Hole. Desde então, as expectativas de inflação (medidas pela diferença entre o rendmento dos títulos nominais de dez anos e dos títulos indexados para o mesmo prazo) pulou de 1,55% ao ano para 2,17% e o índice S&P 500 subiu 12%. O dólar (DXY) caiu 6,15%. Até aí, sucesso. A divergência incômoda é que os juros das Treasuries de 10 anos seguiram caindo, pelo menos até o último dia 7, quando fizeram a mínima do ano (a 2,38%).Num mundo "normal", valeria o que eu disse acima: juros baixos são sinal de aversão a risco. O paradigma a ser testado é que o Fed de mr. Bernanke conseguiu criar o maravilhoso mundo onde todos os preços de ativos sobem.
- A tese do Maravilhoso Mundo de Bernanke precisa que entre tanto dinheiro no mercado a ponto de haver comprador marginal para todas as classes de ativos, com pouquíssima diferenciação entre taxas de retorno esperadas. Ou pelo menos que o mercado acredite nisso. O problema é que, no caso dos títulos, isso só vale enquanto a inflação não suba e destrua a taxa de retorno fixa. É acreditar que Deus não só não joga dados como está de muito bom humor e trabalha na Constitution Avenue com a rua 20, em Washington, DC.
- Nos últimos dias vimos: i) os mercados de "risco" (bolsas e commodities) caindo, ii) os juros das treasuries subindo, iii) a inflação esperada subindo, iv) o dólar se fortalecendo. Um possível cenário que justificaria esse comportamento é a inflação subindo -- o contraponto é que os juros curtos subiram relativamente pouco. Outra possibilidade é que estamos perto do limite do que os ativos conseguem se apreciar com dinheiro fácil -- de fato, é de se imaginar que o segundo bilhão de estímulo tenha efeito menor do que o primeiro bilhão, e assim por diante. Uma terceira explicação, mais cínica, é que o mercado está tentando empurrar o Fed para um corner cuja saída seria anunciar (na próxima reunião de política monetária, no início da semana que vem) um volume obsceno para o QE2 -- há duas semanas já se falava em algo entre US$ 500 bilhões e 1 trilhão de recompra de títulos, o volume que satisfaria o mercado seria ainda maior.
- A questão que fica é: o que acontecerá quando o Fed falhar na tarefa de manipular os mercados (manter juros baixos e preços de ativos relativamente altos)? Teoricamente não há limites para quanto dinheiro ele pode imprimir, desde que o risco de inflação esteja afastado (estará, para alguns, enquanto o mercado de trabalho permanecer anêmico). Na prática, a economia americana está desesperada por estímulo, e toda a pressão da sociedade e dos políticos parece ser na direção de alguma ação. O Fed não depende do Congresso para agir, e tem sido o instrumento escolhido para fazer todo o trabalho sujo. Resta saber até onde vai a desonestidade intelectual de Bernanke ao seguir fazendo algo que parece no mínimo ineficiente no curto prazo e de potencial destrutivo no futuro. Ou, para não personalizar a questão, quão doente está a maior economia do mundo para ter como única fonte visível de recuperação a ilusão de que dinheiro barato e ridiculamente mal distribuído pode resolver problemas.
P.S. Em homenagem ao mestre Jason Vieira: hoje apareceu uma marca nova de papel sulfite aqui no escritório. Made in Finland. Sim, estamos importando papel da Finlândia. E, conhecendo a turma de compras, deve estar mais barato que o velho e bom Report (da Suzano).
P.P.S. Hoje o Banco Bonsucesso (eu também não conhecia, até semana passada) captou US$ 125 milhões no mercado internacional, pagando juros em dólar de 9,5% ao ano (por dez anos).
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Leituras do dia
Luto
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Gráfico do dia - TIPS
Eu não entendo o Bresser-Pereira
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Bye, bye, Petrobras
Som da Sexta - Richard & Linda Thompson
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
O futuro da pesquisa econômica
Alguns links para um dia cheio
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Por que o México não é rico?
Dose de pessimismo do dia
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Crônica de um câmbio sobrevalorizado - edição proteína animal
Odeio dizer "eu já sabia", mas...
Parabéns à equipe que pensou no novo aumento de IOF para "combater a apreciação do real". Os efeitos no dia foram:
1) Os juros longos (isto é, o custo de refinanciamento da dívida pública) subiram 0,3% (parece pouco, mas é bastante relevante para um mercado que opera em incrementos de centésimo de ponto percentual), descolando da tendência de queda de países com juros semelhantes um pouco menos aberrantes (no gráfico, as linhas branca, vermelha, amarela e verde são, respectivamente, Brasil, México, África do Sul e Turquia):
2) O real foi a moeda que perdeu menos contra o dólar no dia (perdeu 0,7% - dólar canadense perdeu 1,5%, dólar australiano 2,1%, dólar neozelandês 1,3%, rand 1,5%...), descolando do índice DXY (esse é o mesmo gráfico de duas postagens atrás, atualizado):
Gráfico do dia - preço do iPad
Para que o leitor não se engane...
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Mais IOF e Frase do Dia - Einstein
"The definition of insanity is doing the same thing over and over again and expecting different results."
Os árabes estão chegando, os árabes
Tempo, tempo, tempo, tempo... entro num acordo contigo
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Benoît Mandelbrot, 1924-2010
"It is beyond belief that we know so little about how people get rich or poor, about how it is they come to dwell in comfort and health or die in penury and disease. Financial markets are the machines in which much of human welfare is decided; yet we know more about how our car engines work than about how our global financial system functions. We lurch from crisis to crisis. In a networked world, mayhem in one market spreads instantaneously to all others—and we have only the vaguest of notions how this happens, or how to regulate it. So limited is our knowledge that we resort, not to science, but to shamans. We place control of the world's largest economy in the hands of a few elderly men, the central bankers."
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Tinha esquecido de recomendar...
Analistas x moeda
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Algumas observações desses últimos dias
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Ausência (por um bom motivo)
Apostas para o Nobel de Economia
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Sinal de loucura do dia - México
10 sugestões para desvalorizar o real
1. Terceirizar a gestão da política monetária para o Banco Central da República Argentina. Ajuda se também terceirizar o cálculo da inflação para o Indec. Na impossibilidade, colocar o Meirelles para anunciar que é um admirador do modo Bernanke e Banco do Japão de controle da oferta de moeda.
2. Implementar o "Bolsa Disney", garantindo uma renda mínima em dólares para que todo brasileiro possa conhecer o Mickey e o Pateta.
3. Permitir que o BNDES conceda crédito em moeda estrangeira, para que a JBS e a Marfrig comprem todos os frigoríficos do mundo, de Labrador a Vladivostok.
4. Anunciar uma política mais agressiva para a gestão das reservas internacionais: trocar metade dos títulos da dívida dos EUA por papéis que oferecem taxas de retorno maiores, como os da Grécia, Irlanda, Portugal e Paquistão.
5. Transferir a gestão do fundo soberano para a GWI (ajuda se acompanhada de um decreto permitindo que o fundo use alavancagem).
6. Conceder a gestão e exploração das reservas do pré-sal para a PDVSA.
7. Anunciar Tiririca como o próximo Ministro da Fazenda e Paulo Maluf para o BNDES.
8. Trocar a arara da nota de dez reais por uma efígie do Zé Dirceu. Criar a nota de 1000 reais com a cara do Lula (será conhecida como "Lulão").
9. Lastrear o real ao minério de ferro.
10. Anunciar o "Minha Casa, Minha Vida" para a alta renda, financiando com juros subsidiados a aquisição de residências de valor acima de US$ 5 milhões em Dubai, Riviera Francesa, Ilha de Capri e Newport Beach.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Mais uma bola fora do governo - IOF para estrangeiros
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Este blog vota em...
E o IgNobel vai para... Catbert
Valor entrevista Delfim Netto
Valor: As economias desenvolvidas continuam frágeis. Isso vai dificultar a vida de quem for eleito?
Delfim Netto: Não podemos pensar que 2011-2014 vai ser igual a 2003-2008. As condições externas serão inferiores às que tivemos e, para manter o crescimento, vamos precisar de um governo mais ágil, eficiente e amigável com o setor privado. Não teremos mais oito anos de crescimento contínuo de preços de matérias-primas e minerais, ainda que a China continue crescendo 6% a 7%. Há uma acomodação dos preços. O próximo governo não vai navegar em mar tranquilo, como navegou Lula. Vai ser um mar complicado, de vento de frente.
Valor: O que isso vai representar para a política econômica?
Delfim: O Brasil tem que se preparar para uma dependência menor do exterior do que teve nesses anos. Temos que sofisticar nossa indústria. É ilusão pensar que um país como o Brasil, com 240 milhões de habitantes em 30 anos, que vai ter que dar emprego de qualidade para 150 milhões de brasileiros, pode fazer isso com atividades agrícola e mineral, poupadoras de mão de obra. Temos que providenciar uma indústria ultrassofisticada e uma economia de serviços que absorva essa mão de obra. Eu fico desesperado quando alguém diz: olhe a Nova Zelândia, a Austrália, como funcionam com commodities.
Valor: Por quê?
Delfim: A Nova Zelândia é menor que São Bernardo. A Austrália é menor que São Paulo. Em 30 anos serão ainda menores. O Brasil precisa ser pensado de novo e cada vez 20 anos à frente.
Delfim: Veja, até hoje somos apenas 1,3% das exportações mundiais. Exatamente o que éramos nos anos 1980. Entre 1980 e 1984 a China exportava igual ao Brasil. Hoje a China tem 10% do mercado mundial. Nós continuamos com 1,3%. Nunca fizemos esforço exportador. O que teve foi esse bônus vindo de fora para dentro. É simples de ver: nos oito anos do FHC as exportações cresceram em média 4%. No período do Lula cresceram 23%. Mas não por estímulos ao setor empresarial, por uma nova política cambial ou nova política de exportação.
Delfim: Por causa dos investimentos que tinham sido feitos na agricultura e na mineração. O mundo expandiu e veio aqui buscar produto agrícola e mineral. E de devedores, viramos credores do FMI, certo?
Valor: E isso diminuiu bastante a vulnerabilidade externa, não?
Delfim: Fizemos o papel direitinho. Acumulamos reservas cambiais, corretamente. Mas não vamos dizer que isso foi produto pensado de uma política econômica. Isso foi produto de um acidente.
Delfim: O BNDES é fundamental e seu papel seria financiar os investimentos em infraestrutura com taxa de retorno social maior do que a privada. Tem subsídios? Tem, sim senhor. E está aqui no orçamento da União. Pronto. Pode-se questionar, porém, a qualidade dos investimentos feitos.
Valor: Por exemplo?
Delfim: A cartelização do setor pecuário vai dar muita dor de cabeça. A ideia de que dois ou três grandes grupos frigoríficos podem comprimir 4 mil pecuaristas vai terminar muito mal. Temos experiência disso. Esse é um sistema que tem dentro de si um ciclo. Quando você aperta o pecuarista, a impressão é que não há reação nenhuma. Você acorda três anos depois e vê que não há mais boi para abater. Eles comeram as vaquinhas.