Considerem uma caneca de café norte-americano. Pode ser encontrada em qualquer lugar. Pode ser fabricada por qualquer um. É barata -- e a reposição, gratuita. Como o café não tem quase gosto, pode ser diluído à vontade. O que lhe falta em encanto é compensado pelo tamanho. Trata-se do método mais democrático jamais inventado para introduzir cafeína em seres humanos. Agora pensem numa xícara de café expresso italiano. Exige equipamento caro. O preço pelo volume obtido é chocante, sugerindo indiferença ao consumidor e ignorância do mercado. A satisfação estética que acompanha a bebida supera em muito seu impacto metabólico. Não é uma bebida, é um artefato.
Tony Judt, historiador britânico que morreu no último 6 de agosto, ilustrando as diferenças entre Estados Unidos e Europa em um dos ensaios do magistral Reflexões sobre um século esquecido.
Um comentário:
Perfeito. Sem mais.
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