As principais exportações da Etiópia são o café (é o quinto maior produtor mundial) e o qat, uma planta que é usada como narcótico e é onipresente na parte muçulmana do chife da África e no Iêmen. Seus produtores devem estar muito satisfeitos com a nova medida; o outro lado é que as importações vão ficar mais caras, e desconfio que para muitos produtos não há substitutos produzidos localmente -- a indústria da Etiópia é praticamente inexistente, resultado de séculos de isolamento, seguidos de um regime comunista e uma pseudo-democracia também voltada para o controle estatal da economia. Eu estive na Etiópia em fevereiro (sim, há quem passe férias na Etiópia - recomendo), e um dos meus muitos choques foi passear nos supermercados de Addis Abeba e constatar que quase todos os produtos industrializados eram importados: havia biscoitos da Bauducco (!!!), farinha de trigo da Arábia Saudita, café solúvel egípcio, e por aí vai. Evidentemente a maior parte da população nem sonha em ter acesso a esse tipo de bem, mas o que vale para os supérfluos deve valer também para insumos agrícolas e medicamentos, por exemplo.
O câmbio desvalorizado pode aumentar a atração de capital chinês, que tem sido responsável por boa parte das obras de infraestrutura nos últimos anos, e acelerar o desenvolvimento do país. Pode também ter sido apenas um arranjo em favor de alguns produtores agrícolas, em detrimento do resto da população. Espero que o futuro confirme a primeira opção.
P.S. As notas de birr são das mais bonitas que já vi.
Um comentário:
Sim, são belas notas. Lembram-me nosso dinheiro, quando era mais bonito, na época do Cruzeiro Novo.
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