Mais um dos grandes investimentos do BNDES:
BNDES é sócio de usina acusada de usar trabalho "escravo"
Via Folha.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Acabou
Imagens como essa aí do lado já fazem parte da história, já que a BM&F decidiu acabar com o pregão viva voz (a Bovespa já tinha feito o mesmo há alguns anos) -- agora todas as negociações serão conduzidas de forma eletrônica. Interessante notar que, enquanto o Brasil já automatizou todas as plataformas de negociação em bolsa, nos Estados Unidos ainda são empregados milhares de operadores de pregão, tanto em Chicago quanto em Nova York.
Mais na Bloomberg.
Mais na Bloomberg.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Arbitragem de caminhões
Ah, e como o Brasil é um país muito sério e correto, NINGUÉM vai tomar o juro do BNDES, comprar caminhões das montadoras, vender com algum desconto para o mercado e aplicar o dinheiro em CDBs, fundos, títulos do Tesouro...
Alguém quer comprar um caminhão?
O governo federal anunciou hoje mais um festival de bondades para alguns setores que têm a sorte de contar com bons lobbies no governo. Foram mantidos os cortes no IPI para automóveis, eletrodomésticos e material de construção. Além disso, na prática, os juros praticados pelo BNDES para seus empréstimos foram cortados em quase 3% ao ano (para 6%), e juros para alguns setores específicos caíram ainda mais. Agora, por exemplo, pode-se financiar a compra de um caminhão a um juro de 4,5% ao ano, por até oito anos -- uma verdadeira moleza, comparando-se aos juros de mercado.
É claro que alguém tem que pagar a conta dos subsídios -- por conta disso, e de rumores que Lula teria apertado aquela grande tecla "F" para o superávit primário no ano que vem, os juros no mercado interbancário estão em forte alta (o juro de dez anos sobe 0,3% e já chega a 12,56% ao ano). Essas taxas são, grosso modo, as que o Tesouro é cobrado para financiar seus déficits, que, entre outras despesas, cobrem o capital do BNDES. E quem paga a conta do Tesouro, no fim das contas, são todos os contribuintes, dos quais uma ínfima parcela consegue tomar dinheiro no BNDES, a qualquer custo.
A injustiça pareceria menor se soubéssemos que o dinheiro está de fato sendo aplicado em setores importantes para o desenvolvimento do país, mas, comos temos visto, os recursos acabam indo parar na mão de usineiros, frigoríficos, montadoras quebradas, e por aí vai... Torço para que a imprensa se esforce também para mostrar esse lado, e não só o da "boa notícia da desoneração".
É claro que alguém tem que pagar a conta dos subsídios -- por conta disso, e de rumores que Lula teria apertado aquela grande tecla "F" para o superávit primário no ano que vem, os juros no mercado interbancário estão em forte alta (o juro de dez anos sobe 0,3% e já chega a 12,56% ao ano). Essas taxas são, grosso modo, as que o Tesouro é cobrado para financiar seus déficits, que, entre outras despesas, cobrem o capital do BNDES. E quem paga a conta do Tesouro, no fim das contas, são todos os contribuintes, dos quais uma ínfima parcela consegue tomar dinheiro no BNDES, a qualquer custo.
A injustiça pareceria menor se soubéssemos que o dinheiro está de fato sendo aplicado em setores importantes para o desenvolvimento do país, mas, comos temos visto, os recursos acabam indo parar na mão de usineiros, frigoríficos, montadoras quebradas, e por aí vai... Torço para que a imprensa se esforce também para mostrar esse lado, e não só o da "boa notícia da desoneração".
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Argentina, ou como a desgraça gosta de companhia
Algumas notas sobre os nossos vizinhos, mais uma vez se afundando em problemas:
-- James Surowiecki escreve na New Yorker sobre o desaparecimento das moedas em Buenos Aires. Possíveis explicações: companhias de ônibus estão retendo as moedas para depois revenderem com uma margem; uma conspiração do governo federal contra o governo de BUenos Aires; pessoas guardando moedas porque, por conta da inflação, o metal da quais são feitas já vale mais do que o valor de face. Nenhuma é exatamente auspiciosa.
-- A Bloomberg noticia que, pela primeira vez na história, a Argentina pode deixar de exportar trigo.
-- O ex-presidente Néstor Kirchner perdeu por mais de dois pontos percentuais as eleições legislativas em Buenos Aires, o que sinaliza a falta de confiança dos portenhos no governo federal.
Já escrevi aqui sobre a vantagem de se ter vizinhos ricos; infelizmente, cada vez mais o Brasil parece uma ilha de prosperidade numa América do Sul muito confusa.
-- James Surowiecki escreve na New Yorker sobre o desaparecimento das moedas em Buenos Aires. Possíveis explicações: companhias de ônibus estão retendo as moedas para depois revenderem com uma margem; uma conspiração do governo federal contra o governo de BUenos Aires; pessoas guardando moedas porque, por conta da inflação, o metal da quais são feitas já vale mais do que o valor de face. Nenhuma é exatamente auspiciosa.
-- A Bloomberg noticia que, pela primeira vez na história, a Argentina pode deixar de exportar trigo.
-- O ex-presidente Néstor Kirchner perdeu por mais de dois pontos percentuais as eleições legislativas em Buenos Aires, o que sinaliza a falta de confiança dos portenhos no governo federal.
Já escrevi aqui sobre a vantagem de se ter vizinhos ricos; infelizmente, cada vez mais o Brasil parece uma ilha de prosperidade numa América do Sul muito confusa.
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domingo, 28 de junho de 2009
With a little help from my friends
Está na Veja desta semana: os frigoríficos Marfrig e Bertin pediram uma pequena ajuda ao BNDES para concretizar sua fusão: um empréstimo de R$ 120 milhões, com carência de dois anos e juros anuais de 6%. Não duvido que recebam. Enquanto isso, empresas muito mais competentes, mas sem contatos no governo, se esfolam para financiarem seus projetos a taxas bem menos, digamos, generosas. Assim funciona o capitalismo brasileiro, vergonhoso.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Som da Sexta - duh...
Todos conhecem Michael Jackson, mas nem todos sabem quem é Quincy Jones, que produziu os trabalhos de menos sucesso do Rei do Pop (Off The Wall, Bad e Thriller). Para quem assistiu ao filme Ray, Jones é o jovem trompetista que Ray Charles encontra assim que desembarca em Seattle.
Off the Wall traz esta música, na minha opinião o melhor arranjo entre as músicas de Michael Jackson. Fica aqui a homenagem póstuma para Jackson e a lembrança em vida ao grande maestro Quincy Jones.
(vá lá no Youtube porque não deixaram incorporar o vídeo ao blog)
Michael Jackson - Don't Stop 'Til You Get Enough
Off the Wall traz esta música, na minha opinião o melhor arranjo entre as músicas de Michael Jackson. Fica aqui a homenagem póstuma para Jackson e a lembrança em vida ao grande maestro Quincy Jones.
(vá lá no Youtube porque não deixaram incorporar o vídeo ao blog)
Michael Jackson - Don't Stop 'Til You Get Enough
Espanha
Izabella Kaminska escreve no blog do Financial Times sobre o tamanho do problema por lá. O euro continua operando perto de 1,41 dólares, perto da máxima do ano. Sigo achando que o dólar deve ser fraco, mas o euro não pode estar muito melhor. O futuro próximo nos dirá.
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Goldman responde
"Never believe anything until it has been officially denied."
Claud Cockburn
A Goldman Sachs responde a matéria da Rolling Stone que citei aqui -- via Felix Salmon.
Claud Cockburn
A Goldman Sachs responde a matéria da Rolling Stone que citei aqui -- via Felix Salmon.
Economia e a difícil conciliação com o mundo real
O caderno de fim de semana do Valor traz uma matéria muito interessante sobre o ensino de economia na universidade. A mais recente polêmica é entre Edward Fullbrook, professor da University of the West of England e o mainstream do ensino de economia, representado pelos livros-texto do professor de Harvard N. Gregory Mankiw, seguidor da tradição didática neoclássica iniciada pela obra Economics (1948), do Nobel Paul Samuelson.
Fullbrook é autor de um manifesto (vale a pena ler) contra o que ele chama de "livros-texto tóxicos", que resumem a economia a modelos matemáticos que muitas vezes guardam pouca relação com a realidade. Ele defende uma economia mais honesta, pluralista e menos "científica" -- para ele, a economia ortodoxa forneceu a base intelectual para a crise financeira e econômica que estamos vivendo, ao supor racionalidade de todos os agentes e deixar todos os problemas de alocação de recursos por conta do mercado. Na matéria do Valor, a defesa da ortodoxia é feita por Simão Silber, que foi meu professor na graduação. Diz ele:
"A ciência tem formas de se comunicar. Esse formato não é o convencional. O formato da ciência tem um profundo formalismo. No blá-blá-blá pode se errar. Mas se você tiver um modelo matemático, não tem erro. O único erro é você estar com o modelo errado. Mas aí você vai para o mundo real, para a prática, e vê se tem uma boa teoria. Esse papo de diálogo é conversa mole pra boi dormir. Isso não é ciência. Você pode colocar como ideologia, como praxis política, não é ciência. Ciência é: me traga um modelo. Se você tem um modelho melhor que o convencional, que explica tudo que está acontecendo no mundo, ótimo. A ciência faz isso. Fez isso com Ptolomeu, com Newton, na medida em que você tem uma teoria superior. Isso é ciência. Não se trata de diálogo."
O problema, claro, é que o mundo real já atropelou diversas vezes supostas boas teorias -- o planejamento econômico centralizado, o mercado eficiente, a racionalidade humana... O impressionante, no caso da economia, é a arrogância dos seus praticantes, que continuam defendendo suas velhas e ultrapassadas visões de forma quase religiosa. Nas Ciências (com "c" maiúsculo), de fato uma teoria serve até ser desmoralizada por outra -- assim foi com o geocentrismo, com a mecânica newtoniana, com o criacionismo, e assim por diante (no caso da economia neoclássica, talvez seja uma questão de tempo, já que as revoluções citadas não foram exatamente bem recebidas inicialmente e levaram um tempo até alcançarem uma certa unanimidade). Na pseudo-ciência econômica, teorias que já se provaram furadas continuam sendo ensinadas e difundidas como se fossem verdades absolutas. O argumento de que não há uma teoria melhor para substituir a corrente não pode ser usado para se continuar propagando idéias sabidamente erradas -- até porque, até agora, tudo indica que não é possível elaborar uma teoria para explicar relações complexas entre os já complexos seres humanos.
Nassim Taleb, talvez o primeiro grande herói intelectual no campo neste século, coloca (no prefácio para o livro Lecturing Birds How to Fly, de Pablo Triana -- também recomendo a leitura integral) o argumento que acho definitivo nessa questão:
"Traditionally charlatans have hidden themselves behind garb, institutions, and language. Now add fancy mathematics. Robert Merton’s book Continuous Time Finance contains 339 mentions of the word theorem (or equivalent). An average physics book of the same length has 25 such mentions. Yet, while economic models, it has been shown, work hardly better than random guesses or the intuition of cab drivers, physics can predict a wide range of phenomena with tenth-of-a-decimal precision."
Como prega o moto deste blog (na coluna da direita), um pouco de humildade para os economistas faria muito bem ao mundo.
Fullbrook é autor de um manifesto (vale a pena ler) contra o que ele chama de "livros-texto tóxicos", que resumem a economia a modelos matemáticos que muitas vezes guardam pouca relação com a realidade. Ele defende uma economia mais honesta, pluralista e menos "científica" -- para ele, a economia ortodoxa forneceu a base intelectual para a crise financeira e econômica que estamos vivendo, ao supor racionalidade de todos os agentes e deixar todos os problemas de alocação de recursos por conta do mercado. Na matéria do Valor, a defesa da ortodoxia é feita por Simão Silber, que foi meu professor na graduação. Diz ele:
"A ciência tem formas de se comunicar. Esse formato não é o convencional. O formato da ciência tem um profundo formalismo. No blá-blá-blá pode se errar. Mas se você tiver um modelo matemático, não tem erro. O único erro é você estar com o modelo errado. Mas aí você vai para o mundo real, para a prática, e vê se tem uma boa teoria. Esse papo de diálogo é conversa mole pra boi dormir. Isso não é ciência. Você pode colocar como ideologia, como praxis política, não é ciência. Ciência é: me traga um modelo. Se você tem um modelho melhor que o convencional, que explica tudo que está acontecendo no mundo, ótimo. A ciência faz isso. Fez isso com Ptolomeu, com Newton, na medida em que você tem uma teoria superior. Isso é ciência. Não se trata de diálogo."
O problema, claro, é que o mundo real já atropelou diversas vezes supostas boas teorias -- o planejamento econômico centralizado, o mercado eficiente, a racionalidade humana... O impressionante, no caso da economia, é a arrogância dos seus praticantes, que continuam defendendo suas velhas e ultrapassadas visões de forma quase religiosa. Nas Ciências (com "c" maiúsculo), de fato uma teoria serve até ser desmoralizada por outra -- assim foi com o geocentrismo, com a mecânica newtoniana, com o criacionismo, e assim por diante (no caso da economia neoclássica, talvez seja uma questão de tempo, já que as revoluções citadas não foram exatamente bem recebidas inicialmente e levaram um tempo até alcançarem uma certa unanimidade). Na pseudo-ciência econômica, teorias que já se provaram furadas continuam sendo ensinadas e difundidas como se fossem verdades absolutas. O argumento de que não há uma teoria melhor para substituir a corrente não pode ser usado para se continuar propagando idéias sabidamente erradas -- até porque, até agora, tudo indica que não é possível elaborar uma teoria para explicar relações complexas entre os já complexos seres humanos.
Nassim Taleb, talvez o primeiro grande herói intelectual no campo neste século, coloca (no prefácio para o livro Lecturing Birds How to Fly, de Pablo Triana -- também recomendo a leitura integral) o argumento que acho definitivo nessa questão:
"Traditionally charlatans have hidden themselves behind garb, institutions, and language. Now add fancy mathematics. Robert Merton’s book Continuous Time Finance contains 339 mentions of the word theorem (or equivalent). An average physics book of the same length has 25 such mentions. Yet, while economic models, it has been shown, work hardly better than random guesses or the intuition of cab drivers, physics can predict a wide range of phenomena with tenth-of-a-decimal precision."
Como prega o moto deste blog (na coluna da direita), um pouco de humildade para os economistas faria muito bem ao mundo.
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Nova joint venture
A operação do mamute russo Gazprom com a NNPC, estatal nigeriana, criou a NIGAZ.
Humor involuntário impagável.
Via Zero Hedge.
As finanças de Michael Jackson
Enquanto o Balu não escreve o tributo definitivo, aí vão alguns dados das finanças pessoais do Rei do Pop*:
- US$ 14,6 milhões -- o custo do rancho Neverland em 1988
- US$ 30 milhões -- quanto Michael Jackson gastava mais do que ganhava a cada ano
- US$ 47,5 milhões -- quanto ele pagou pela ATV, proprietária do catálogo dos Beatles
- US$ 200 milhões -- um empréstimo que ele tomou, tendo a ATV como garantia, em 2006
Como vemos, disciplina fiscal não era exatamente o forte do ídolo. Nada mais apropriado como símbolo de uma era.
*Números da BBC.
Mais dívidas árabes
"Se você deve a seu banco 100 libras, você tem um problema. Mas se você deve um milhão, ele tem."
John Maynard Keynes
Depois da bolha de Dubai estourar, é a vez da Arábia Saudita começar a expelir os excessos dos últimos anos. A Algosaibi, holding da família real, foi declarada como devedora de um total de cerca de US$ 9 bilhões (2,6% do PIB do país) a mais de 100 bancos. Palmas aos respectivos comitês de crédito.
Mais na Bloomberg.
John Maynard Keynes
Depois da bolha de Dubai estourar, é a vez da Arábia Saudita começar a expelir os excessos dos últimos anos. A Algosaibi, holding da família real, foi declarada como devedora de um total de cerca de US$ 9 bilhões (2,6% do PIB do país) a mais de 100 bancos. Palmas aos respectivos comitês de crédito.
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
Zzzzzzzzzz...
Dia chato. O Brasil está tomando sufoco da África do Sul do professor Joel. Nouriel Roubini diz que a recessão está acabando, mas que o estoque de riqueza vai demorar anos para se recuperar. O Fed anunciou que vai encerrar um dos programas de emergência e diminuir outros dois. O mercado interpreta esse como o n-ésimo sinal de fim da crise, e a bolsa explode. Algumas das melhores cabeças do mercado (David Rosenberg, Paul Tudor Jones, Jim Rogers, Robert Prechter...) acham que estamos vivendo uma mini-bolha dentro de um mercado ainda bastante negativo. Minha cabeça não é nada boa, mas estou com eles.
Admiro quem consegue ter criatividade todos os dias. O Scott Adams deve ser um desses. Fiquem com o Daily Dilbert de hoje. Amanhã tem mais.
Admiro quem consegue ter criatividade todos os dias. O Scott Adams deve ser um desses. Fiquem com o Daily Dilbert de hoje. Amanhã tem mais.
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quarta-feira, 24 de junho de 2009
A máquina de fazer bolhas
A Rolling Stone americana traz uma matéria perturbadora sobre a Goldman Sachs. Você pode conferir no Zero Hedge.
Trecho:
"The bank is a huge, highly sophisticated engine for converting the useful, deployed wealth of society into the least useful, most wasteful and insoluble substance on Earth -- pure profit for rich individuals."
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Crise? Não no mercado de cocaína.
Em 2008, o preço da cocaína vendida nos Estados Unidos foi o maior desde 1996 (com a pureza da droga piorando significativamente). Em compensação, o preço da heroína foi o menor da série, desde 1990 (US$ 131 dólares / grama). Dados do interessante World Drug Report, lançado pela ONU hoje. Outras informações aleatórias do relatório:
-- Entre 140 milhões e 190 milhões de pessoas usaram maconha no mundo durante o último ano;
-- Entre 140 milhões e 190 milhões de pessoas usaram maconha no mundo durante o último ano;
-- 12,7% dos estudantes do ensino médio no Chile usam maconha (a maior proporção na América Latina);
-- O Cazaquistão tem a maior área cultivada de maconha no mundo (mas o maior número de apreensões é do Marrocos);
-- O Brasil é o segundo no ranking de venda ilícita de tabaco (30% do mercado);
-- 52% dos detidos em Portugal por tráfico de cocaína em 2007 são nativos de Cabo Verde;
-- Uma das maconhas mais baratas do mundo está no Paraguai -- 5 centavos de dólar por grama.
A íntegra do relatório está aqui.
Google Zeitgeist
Existe há algum tempo, mas acabei de descobrir: o Google mapeando o "espírito do tempo". Curiosos, vejam direto lá.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Mais sobre o diploma para jornalistas
Marcelo Rubens Paiva, um dos ídolos da minha adolescência, escreve sobre a decisão do STF. Ele defende a opinião de Maurício Stycer, para quem o jornalista deveria ter pelo menos formação universitária em qualquer área e um curso técnico de especialização técnico -- para evitar que a profissão vire "terra de ninguém". Discordo. Daí para começar a dizer que jornalista esportivo deve ser formado em Esportes, jornalista econômico deve estudar Economia, e assim por diante, é um passo. Formação universitária, na maioria dos casos, não é garantia de conhecimento algum, é só uma sinalização para a sociedade e o mercado de trabalho -- em termos de aprendizado, provavelmente os alunos de diversos cursos e faculdades estariam melhor se usassem o dinheiro, o tempo e a energia dispensados para comprar todos os livros que quisessem, abrir um pequeno negócio ou viajar pelo mundo. Contra a "terra de ninguém", deveríamos contar com o mercado e com a lei, esta contra caluniadores, mentirosos e mal-intencionados em geral. O resto é preconceito e corporativismo.
Reservas, pra que te quero?
A Folha noticia que o governo brasileiro estuda elevar as reservas cambiais para US$ 300 bilhões (atualmente estão perto de US$ 200 bilhões), como forma de conter a valorização do real contra o dólar e aumentar a blindagem do país contra alguma turbulência externa. Ter uma "meta de aumento de reservas" me parece estranho, mas não vou entrar nessa discussão, nem na da "eficácia marginal" das reservas (é diferente aumentar reservas cambiais de zero para US$ 100 bilhões do que daí para US$ 300 bilhões, assim como R$ 1000 fazem mais diferença para um operário que ganha um salário mínimo do que para um milionário). Quero aproveitar a deixa para tratar da aplicação dessas reservas.
Atualmente, o grosso do que o país acumula em moeda estrangeira é aplicado em títulos do tesouro americano, que há tempos são considerados os ativos livres de risco no mercado mundial. Entretanto, atualmente, além da remuneração paga por esses títulos ser baixa (perto de 3,5% ao ano), o mundo ainda tem que conviver com os EUA emitindo grandes quantidades de dívida e gerando dúvidas sobre sua capacidade de pagá-la em um futuro não muito distante. Não que um dia os EUA vão declarar uma moratória, há um jeito mais simples e menos chocante de fazer com que essa dívida diminua: deixar a inflação correr (ou melhor, galopar). Como já comentei aqui, a disposição da sociedade americana para fazer sacrifícios e garantir um futuro mais tranquilo para as próximas gerações parece baixa, então essa solução inflacionária não deve ser vista como uma idéia tão lunática assim.
Nesse cenário. acumular mais títulos do governo americano, que carregam a infeliz combinação de remuneração baixa e algum risco de desvalorização, não parece ser exatamente uma alternativa muito inteligente. É claro que as Treasuries têm a vantagem da liquidez, mas podemos trabalhar com a seguinte premissa: se US$ 200 bilhões em títulos líquidos foram suficientes para que o país atravessasse praticamente incólume a maior crise financeira mundial desde a décadada de 1930, as eventuais reservas adicionais podem tranquilamente serem aplicadas em outros instrumentos (e não seria má idéia diversificar os tais US$ 200 bilhões em outros créditos também líquidos).
Atualmente, o grosso do que o país acumula em moeda estrangeira é aplicado em títulos do tesouro americano, que há tempos são considerados os ativos livres de risco no mercado mundial. Entretanto, atualmente, além da remuneração paga por esses títulos ser baixa (perto de 3,5% ao ano), o mundo ainda tem que conviver com os EUA emitindo grandes quantidades de dívida e gerando dúvidas sobre sua capacidade de pagá-la em um futuro não muito distante. Não que um dia os EUA vão declarar uma moratória, há um jeito mais simples e menos chocante de fazer com que essa dívida diminua: deixar a inflação correr (ou melhor, galopar). Como já comentei aqui, a disposição da sociedade americana para fazer sacrifícios e garantir um futuro mais tranquilo para as próximas gerações parece baixa, então essa solução inflacionária não deve ser vista como uma idéia tão lunática assim.
Nesse cenário. acumular mais títulos do governo americano, que carregam a infeliz combinação de remuneração baixa e algum risco de desvalorização, não parece ser exatamente uma alternativa muito inteligente. É claro que as Treasuries têm a vantagem da liquidez, mas podemos trabalhar com a seguinte premissa: se US$ 200 bilhões em títulos líquidos foram suficientes para que o país atravessasse praticamente incólume a maior crise financeira mundial desde a décadada de 1930, as eventuais reservas adicionais podem tranquilamente serem aplicadas em outros instrumentos (e não seria má idéia diversificar os tais US$ 200 bilhões em outros créditos também líquidos).
Uma solução interessante seria o uso do tal Fundo Soberano do Brasil, que teve a criação aprovada pelo Senado no final do ano passado e que ainda não decolou. O fundo soberano poderia investir em ações e participações de empresas mundo afora. É claro que, tratando-se de órgão do governo, esses investimentos estariam sujeitos a critérios políticos bastante discutíveis (provavelmente nem se cogitaria a possibilidade de formar uma equipe independente, competente e bem remunerada para tocar esses investimentos), mas ainda assim parece um uso melhor para o dinheiro do que simplesmente ajudar a financiar a preços baixos os déficits americanos.
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
África do Sul: um em cada quatro homens já cometeu estupro
Enquanto os holfotes estão na Copa das Confederações e na preparação para o Mundial do ano que vem, não custa chamar a atenção para um aspecto bem menos glamouroso da África do Sul. O dado do título é chocante e real. Veja a matéria na Time.
Update do Soneca, muito bem-vindo:
Dados reais sim, mas bem específicos. Dá uma olhada no post do Pé na África sobre isso: http://penaafrica.folha.blog.uol.com.br/arch2009-06-21_2009-06-27.html#2009_06-22_09_34_23-129032461-0
Em especial essa parte:"A pesquisa sul-africana, por outro lado, tem uma limitação óbvia. Foi realizada em apenas duas das nove províncias (Estados) sul-africanos, o Cabo Oriental e Kwa-Zulu Natal. Que são basicamente as duas mais violentas do país. É como fazer uma pesquisa sobre violência no Rio de Janeiro analisando apenas o Complexo do Alemão."
Sem justificar nada... só lembrando sempre de entender as coisas...
Update do Soneca, muito bem-vindo:
Dados reais sim, mas bem específicos. Dá uma olhada no post do Pé na África sobre isso: http://penaafrica.folha.blog.uol.com.br/arch2009-06-21_2009-06-27.html#2009_06-22_09_34_23-129032461-0
Em especial essa parte:"A pesquisa sul-africana, por outro lado, tem uma limitação óbvia. Foi realizada em apenas duas das nove províncias (Estados) sul-africanos, o Cabo Oriental e Kwa-Zulu Natal. Que são basicamente as duas mais violentas do país. É como fazer uma pesquisa sobre violência no Rio de Janeiro analisando apenas o Complexo do Alemão."
Sem justificar nada... só lembrando sempre de entender as coisas...
Uma mini-bolha desinflando?
Enquanto escrevo, a bolsa americana vai terminando de devolver os ganhos do mês até agora, operando perto dos 900 pontos no índice S&P500. Acho que é grande a probabilidade de a máxima do ano já ter ficado para trás, já que a situação da economia ainda é bastante frágil e as empresas provavelmente não entregarão os lucros precificados nos atuais níveis -- sem contar que o múltiplo preço / lucro (quantos anos de lucro uma empresa leva para cobrir o preço da ação) encontra-se em níveis de exuberância, nada condizentes com a figura desanimadora de meses atrás (o gráfico é do Fed de Saint Louis, via Zero Hedge).
Não dá para acreditar numa recuperação sustentada dos EUA porque eles continuam usando os mesmos métodos de combate à crise usados nos últimos 20 anos: a solução para qualquer problema econômico é baixar os juros e imprimir dinheiro até o ponto em que aplicar em renda fixa deixe de ser atrativo e o dinheiro migre para outros ativos mais arriscados -- geralmente ações e imóveis. Enquanto essas bolhas estão inflando, os preços sobem e todos desfrutam de uma sensação de prosperidade; depois do estouro, ficam evidentes os problemas estruturais da economia, cada vez maiores e mais numerosos. Obama poderia ter usado a grande crise financeira que acontecia enquanto assumia para dar fim a essa era, mas preferiu varrer tudo para baixo do tapete, sem sequer trocar o perfil das pessoas que tocam o Tesouro, o Fed, a SEC... Pelo visto, vai ser necessária outra grande crise para que a opinião pública se convença e pressione os políticos para a execução de uma reforma que deixe os incompetentes quebrarem, os fraudadores serem presos e seja capaz de incentivar o verdadeiro espírito capitalista que fez a grandeza econômica daquele país. Enquanto isso não acontecer, podemos nos acostumar com mais uma rodada de fragilidade e incerteza.
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Marolinha
Conclusão da atualização de um trabalho de Barry Eichengreen e Kevin O'Rourke, que compara a crise atual com a Grande Depressão do começo dos anos de 1930:
"O mundo está passando por um choque econômico rigorosamente tão grande quanto o da Grande Depressão de 1929-30."
A íntegra, muito interessante, está no Vox (o gráfico ao lado é de lá, e compara a produção industrial do mundo nos dois períodos).
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Observando os observadores
"It's tough to make predictions, especially about the future. "
Yogi Berra
Profissão ingrata, a de analista financeiro. Seria de dar dó, não fossem eles tão bem remunerados. Paul McCulley (o bigodudo da foto) é um dos principais executivos da PIMCO, a maior gestora de fundos de renda fixa do mundo. É tido como um dos melhores "Fed Watchers" (profissionais que acompanham os passos do banco central americano e tentam prever quais serão suas ações de política monetária) do mercado. É erudito, convincente, escreve muito elegantemente. Pois bem, um anônimo, com bastante paciência e tempo sobrando, resolveu checar o índice de acerto das previsões de McCulley. Um jogo de búzios não faria pior, e cobraria muito menos.
Confira o estudo no The Big Picture.
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
Congresso BM&FBovespa
O fato de Arnaldo Jabor ter sido convidado para ser um dos principais palestrantes de um dos congressos sobre mercado financeiro mais importantes do Brasil diz muito sobre a qualidade do debate sobre o tema por aqui...
Palmas para o STF...
... que decidiu ontem que um diploma de graduação em jornalismo não é necessário para exercer a profissão e, por consequência, vetou uma tentativa ridícula de criar uma reserva de mercado para a profissão. Elio Gaspari não tem diploma de jornalismo, nem Paulo Francis tinha, nem Ryszard Kapuściński, nem Norman Mailer. Fazer bom jornalismo é muito mais difícil do que simplesmente completar uma faculdade, e, para esse tipo de seleção, podemos contar com o velho e bom mercado.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Standard & Poor's e EUA
Dia corrido por aqui... só passei para avisar que todos podem dormir tranquilos, já que as águias de precificação de risco da Standard & Poor's anunciaram hoje que é pouco provável que os Estados Unidos percam a classificação AAA no futuro próximo. Resta saber o que vai acontecer no futuro menos próximo, depois que o mercado já tiver feito o serviço de provar que o crédito soberano americano não é mais a fortaleza que costumava ser.
Mais na Reuters.
Mais na Reuters.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Letônia respira
A Letônia aprovou hoje um pacote fiscal para satisfazer o FMI e a União Européia. Promessas críveis ou não, os últimos dias deram um bom alívio para o país, e as apostas de que a moeda teria que quebrar a paridade com o euro diminuíram consideravelmente. Os juros interbancários em Riga, que chegaram a 19,4% a.a. há poucos dias, voltaram rapidamente para perto de 1% a.a (ver o gráfico -- não se sabe quantos operadores de mercado monetário morreram nesse movimento).
"The World Factbook" de cara nova
Pegando informações para o post anterior, notei que a versão web do The World Factbook da CIA ganhou uma bem-vinda repaginação -- agora os perfis dos países incluem até fotos. Vale a visita e a consulta, é uma base de dados bastante completa e atualizada de dezenas de informações sobre todos os países e territórios que você pode sonhar em conhecer (já ouviu falar das Ilhas Paracel e de Svalbard?).
O contrabando de US$ 134 bilhões
Para quem pensava que a volta da pirataria (marítima, mesmo, na costa da Somália) já era notícia bizarra o bastante: na sexta-feira dois japoneses foram presos na fronteira da Itália com a Suíça, tentando deixar aquele país com US$ 134 bilhões (mais que o PIB da Nova Zelândia, por exemplo) em supostos títulos do tesouro americano. A história tem dado margem para as mais malucas teorias conspiratórias; Andrew Leonard acompanha.
Pérola retirada da notícia:
"Caso os certificados provem-se verdadeiros, a multa incorrida seria de US$ 38 bilhões e ajudaria a Itália a reduzir sua dívida pública. Caso sejam falsos, os homens podem ser presos por fraude."
Pérola retirada da notícia:
"Caso os certificados provem-se verdadeiros, a multa incorrida seria de US$ 38 bilhões e ajudaria a Itália a reduzir sua dívida pública. Caso sejam falsos, os homens podem ser presos por fraude."
Acabou a crise
Ao menos é o que diz Anatole Kaletsky no Times. Eu ainda acho que teremos um monte de besteiras emergindo na Europa -- a Espanha ontem anunciou a criação de um fundo para ajudar bancos com problemas, por exemplo.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Meirelles na Suíça
E não é em Davos, para o Fórum Econômico Mundial. Nem na Basiléia, para alguma reunião do BIS, ou em Zurique, para encontrar algum banqueiro. Nosso presidente do Banco Central vai esta semana para Lausanne junto com a pajelança do Comitê Olímpico Brasileiro para promover a candidatura do Rio de Janeiro para cidade-sede dos Jogos Olimpicos de 2016. Não me pergunte o que política monetária tem a ver com esportes. Dá orgulho ver o dinheiro público brasileiro sendo tão bem gasto!
A propósito, a decisão do COI é em 2 de Outubro. Concorrem também Chicago, Madri e Tóquio. Baku, Doha e Praga já dançaram, talvez por não levarem comitivas tão volumosas nas apresentações. Vai, Brasil!
A propósito, a decisão do COI é em 2 de Outubro. Concorrem também Chicago, Madri e Tóquio. Baku, Doha e Praga já dançaram, talvez por não levarem comitivas tão volumosas nas apresentações. Vai, Brasil!
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Notas de viagem - aeroportos
É sabido que a Infraero cobra, nos aeroportos brasileiros, uma das tarifas de embarque mais altas do mundo. Ainda assim, os principais aeroportos internacionais daqui - Cumbica e Galeão - estão entre os piores das dezenas em que já estive. No feriado, viajei para Quito, com escala em Lima. Apesar da pobreza dos países, ambos os aeroportos estão tinindo de novos, com salas de embarque confortáveis, internet wi-fi grátis, várias opções de lojas e restaurantes, saguões de check-in espaçosos... A cada governo que passa, o titular do Ministério do Turismo sempre coloca como prioridade atrair mais visitantes estrangeiros, mas não é capaz de, como começo, coordenar uma renovação no primeiro cartão de visitas para quem chega.
Talvez o Mundial de Futebol de 2014 ajude a criar algum incentivo para uma melhora significativa dessa situação; talvez tudo continue igual e passemos vergonha. Creio que a visão atual do tema seja algo do tipo "a-maioria-do-eleitorado-não-pisa-em-aeroporto-então-que-se-lixem-as-elites-e-os-gringos". Espero estar errado.
Cumbica é um pesadelo. A começar pelo acesso -- já tive amigos perdendo vôo em véspera de feriado tendo saído da capital cinco (CINCO!!!) horas antes do horário de decolagem. Supondo que isso seja resolvido com um trem, outros problemas ainda são gritantes. O passageiro que consegue chegar em Guarulhos faz check-in num saguão pequeno, projetado para um movimento algumas vezes menor que o atual. Se quiser comer, tem que se contentar com poucas, lotadas e caras opções. O turista que tenta levar algum souvenir de última hora encontra apenas clichês -- tamborins, camisas da seleção de futebol, caixas de bombom Garoto -- e nada de muitas marcas brasileiras que já são ou poderiam ser sucesso no exterior. As cadeiras das salas de embarque são desconfortáveis, a programação visual é horrorosa (placas pretas com letras brancas em caixa alta, lembram mais um presídio), dentro da área de embarque as opções de comida são ainda piores. A maioria dos que rumam para outros destinos tem que retirar toda a bagagem em São Paulo e fazer outro check-in, já que são poucos os aeroportos que têm estrutura para os procedimentos de alfândega internacional.
Talvez o Mundial de Futebol de 2014 ajude a criar algum incentivo para uma melhora significativa dessa situação; talvez tudo continue igual e passemos vergonha. Creio que a visão atual do tema seja algo do tipo "a-maioria-do-eleitorado-não-pisa-em-aeroporto-então-que-se-lixem-as-elites-e-os-gringos". Espero estar errado.
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quarta-feira, 10 de junho de 2009
Extra: Selic = 9,25%
Num raro ato de ousadia, o Banco Central decidiu cortar os juros básicos em 1% (as expectativas da maioria do mercado estavam entre 0.5% e 0.75%). Assim, a Selic chega ao nível mais baixo desde sua implementação. Movimento mais do que bem-vindo, espero que, entre outros benefícios, acelere o processo de desindexação da economia. Mais sobre o tema na volta do feriado.
O comunicado do BC:
Copom reduz a taxa Selic para 9,25 % ao ano
10/6/2009 20:00:00
Brasília - Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,75 p.p. Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa. O Copom acompanhará atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos da estratégia de política monetária.
Brasília, 10 de junho de 2009
Banco Central do Brasil
Assessoria de Imprensa
O comunicado do BC:
Copom reduz a taxa Selic para 9,25 % ao ano
10/6/2009 20:00:00
Brasília - Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,75 p.p. Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa. O Copom acompanhará atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos da estratégia de política monetária.
Brasília, 10 de junho de 2009
Banco Central do Brasil
Assessoria de Imprensa
Som da Sexta (adiantado) - Koko Taylor
Homenagem atrasada à rainha do blues (embora o amigo Soneca argumente, sacanamente, que cantoras de blues e jazz são como quarterbacks da NFL, todo ano aparece uma melhor de todos os tempos), Koko Taylor, que morreu na semana passada, aos 80 anos: "Bad Case of Loving You (Doctor, Doctor)", que também foi sucesso na voz de Robert Palmer.
O blog desliga para o feriado e volta na segunda-feira. Divirtam-se!
O blog desliga para o feriado e volta na segunda-feira. Divirtam-se!
O rabo abanando o cachorro
Nosso çábio e sortudo ministro da Fazenda acaba de anunciar que o rico Brasil emprestará US$ 14.5 bilhões ao FMI, proclamando que "antes a gente pedia dinheiro emprestado para o Fundo Monetário e agora nós estamos emprestando". O dinheiro provavelmente será repassado a países que cultivaram por anos o bom hábito de trocar alguma prosperidade por empréstimos impagáveis em moeda estrangeira, como Hungria, Romênia e a nossa tão falada Letônia. Mais um brilhante investimento do nosso setor público. Parabéns, Mantega!
A podridão de Dubai
Há pouco tempo, circulou pela internet uma daquelas infames apresentações em Powerpoint (pode ser vista aqui) glorificando o progresso acelerado de Dubai. Em uma geração, a cidade-estado passou de um porto de pescadores no deserto a um exuberante destino turístico e centro de especulação imobiliária.
Boa parte desse "milagre" foi baseado em grande alavancagem -- os projetos mirabolantes eram financiados com dinheiro externo, até pouco tempo abundante, barato e pouco seletivo. A reversão desse processo nos últimos meses deixou o emirado de joelhos, dependendo de ajuda de Abu Dhabi, o primo rico (seu fundo soberano, o Abu Dhabi Investment Authority, possui investimentos estimados em US$ 700 bilhões. Abu Dhabi é o grande produtor de petróleo dos Emirados Árabes Unidos; o óleo corresponde atualmente por menos de 6% da receita de Dubai) e com uma dívida externa de cerca de US$ 400 mil por cidadão (dos 2.2 milhões de habitantes, apenas 250 mil não são imigrantes).
Se, depois disso, Dubai ainda é capaz de gerar alguma admiração, vá até a revista piauí deste mês e leia o artigo de Johann Hari, publicado originalmente no The Independent. Na amostra do autor, os poucos nativos, arrogantes e dependentes do Estado, são sustentados e servidos por uma legião de imigrantes, muitos deles trabalhando em semi-escravidão. O insucesso de Dubai talvez só piore a situação desssa pessoas; resta torcer para que a ONU e as organizações de direitos humanos olhem por esses renegados, e boicotar o ridículo falso milagre vendido por aí.
Do depoimento de uma imigrante filipina citado no texto:
"...tudo aqui é falso. Tudo. As palmeiras são falsas, os contratos de trabalho são falsos, as ilhas são falsas, os sorrisos são falsos. Dubai é como uma miragem. Você acha que avistou água, mas quando chega perto vê que é só areia."
Boa parte desse "milagre" foi baseado em grande alavancagem -- os projetos mirabolantes eram financiados com dinheiro externo, até pouco tempo abundante, barato e pouco seletivo. A reversão desse processo nos últimos meses deixou o emirado de joelhos, dependendo de ajuda de Abu Dhabi, o primo rico (seu fundo soberano, o Abu Dhabi Investment Authority, possui investimentos estimados em US$ 700 bilhões. Abu Dhabi é o grande produtor de petróleo dos Emirados Árabes Unidos; o óleo corresponde atualmente por menos de 6% da receita de Dubai) e com uma dívida externa de cerca de US$ 400 mil por cidadão (dos 2.2 milhões de habitantes, apenas 250 mil não são imigrantes).
Se, depois disso, Dubai ainda é capaz de gerar alguma admiração, vá até a revista piauí deste mês e leia o artigo de Johann Hari, publicado originalmente no The Independent. Na amostra do autor, os poucos nativos, arrogantes e dependentes do Estado, são sustentados e servidos por uma legião de imigrantes, muitos deles trabalhando em semi-escravidão. O insucesso de Dubai talvez só piore a situação desssa pessoas; resta torcer para que a ONU e as organizações de direitos humanos olhem por esses renegados, e boicotar o ridículo falso milagre vendido por aí.
Do depoimento de uma imigrante filipina citado no texto:
"...tudo aqui é falso. Tudo. As palmeiras são falsas, os contratos de trabalho são falsos, as ilhas são falsas, os sorrisos são falsos. Dubai é como uma miragem. Você acha que avistou água, mas quando chega perto vê que é só areia."
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É hoje
Se nenhuma tragédia acontecer, hoje o Banco Central do Brasil deve levar os juros de um dia para o histórico nível abaixo de 10%. Sim, nuncanahistóriadestepaís tivemos uma taxa Selic tão "baixa". Ainda assim, 10% ao ano, livres de risco, deixa um sorriso no rosto de qualquer rentista. Pensando por outro lado, se você tem algum dinheiro, qualquer projeto em que você se meta precisa ter uma taxa de retorno acima de 10% para começar a valer a pena. Fácil, não?
Sarcasmos à parte, a grande discussão daqui para a frente vai ser sobre o nível de taxa de juros que o Brasil terá para que a inflação não fuja da meta. A minha tese é que, se não passarmos novamente por uma onda de desvalorização do real (e isso parece muito longe da realidade), a inflação não será um problema. Pode ser que o nosso conservador banco central demore muito tempo para chegar a essa mesma conclusão (ou que eu simplesmente esteja errado), mas acredito que uma grande quebra estrutural está por vir -- entraremos numa era de juros compatíveis com o resto do mundo, sem danos para a economia. Os grandes carregadores de dívida pública e aplicadores na poupança terão que se acostumar com algo bastante abaixo dos anteriores costumeiros 1% de rendimento ao mês. Mas já tiveram tempo mais do que o suficiente para pensar em investir de forma menos preguiçosa.
Sarcasmos à parte, a grande discussão daqui para a frente vai ser sobre o nível de taxa de juros que o Brasil terá para que a inflação não fuja da meta. A minha tese é que, se não passarmos novamente por uma onda de desvalorização do real (e isso parece muito longe da realidade), a inflação não será um problema. Pode ser que o nosso conservador banco central demore muito tempo para chegar a essa mesma conclusão (ou que eu simplesmente esteja errado), mas acredito que uma grande quebra estrutural está por vir -- entraremos numa era de juros compatíveis com o resto do mundo, sem danos para a economia. Os grandes carregadores de dívida pública e aplicadores na poupança terão que se acostumar com algo bastante abaixo dos anteriores costumeiros 1% de rendimento ao mês. Mas já tiveram tempo mais do que o suficiente para pensar em investir de forma menos preguiçosa.
terça-feira, 9 de junho de 2009
O PIB da discórdia
O PIB brasileiro encolheu 0,8% no primeiro trimestre deste ano, quando comparado ao último trimestre do ano passado, divulgou hoje o IBGE. O resultado, embora significativamente melhor do que o esperado pelos analistas, confirma a chamada "recessão técnica" do Brasil -- ou seja, dois trimestres consecutivos de queda no produto, nada mal para a "marolinha" que ia chegar por aqui. O dado, claro, conta uma história passada, e o futuro segue dependendo do que acontecerá no resto do mundo. Nem por isso nossos çábios governantes deixaram de tripudiar. O Ministro da Fazenda fez questão de dizer que o mercado inteirinho errou, como se houvesse uma torcida organizada contra o crescimento do país. Esqueceu-se de dizer que ele mesmo, em Novembro do ano passado, dizia que o Brasil perseguiria uma meta de 4% para o crescimento de 2009. Agora, para o resultado do ano cheio, qualquer crescimento será comemorado.
A surpresa positiva caiu como uma bomba no mercado de juros futuros, que teve o dia de maior alta no ano. O juro para Janeiro de 2011 subiu 0.4% (parece pouco, mas é muito para um mercado que é cotado em centésimos de ponto percentual), reflexo, em parte, da possibilidade do Banco Central reduzir significativamente o ritmo do corte de juros já na reunião de política monetária de amanhã. Se os atuais níveis de mercado seguirem se confirmando, o Brasil continuará trabalhando com um juro real (expresso pelos títulos indexados do Tesouro) de mais de 6%. Ou seja, mesmo após a pior crise mundial desde a década de 1930, não teremos conseguido derrubar significativamente o custo dos empréstimos em moeda local. Será que somos mesmo um país tão diferente?
A surpresa positiva caiu como uma bomba no mercado de juros futuros, que teve o dia de maior alta no ano. O juro para Janeiro de 2011 subiu 0.4% (parece pouco, mas é muito para um mercado que é cotado em centésimos de ponto percentual), reflexo, em parte, da possibilidade do Banco Central reduzir significativamente o ritmo do corte de juros já na reunião de política monetária de amanhã. Se os atuais níveis de mercado seguirem se confirmando, o Brasil continuará trabalhando com um juro real (expresso pelos títulos indexados do Tesouro) de mais de 6%. Ou seja, mesmo após a pior crise mundial desde a década de 1930, não teremos conseguido derrubar significativamente o custo dos empréstimos em moeda local. Será que somos mesmo um país tão diferente?
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Adeus Peter Bernstein
Peter Bernstein, o historiador econômico autor do fabuloso "Desafio aos Deuses" (Against the Gods, no original), morreu ontem, de pneumonia, aos 90 anos. O livro é uma leitura muito agradável e interessantíssima sobre como a humanidade lida com incerteza desde o início da civilização. Se o tema interessar, faça um favor a você mesmo e um tributo a Bernstein e procure a obra -- apesar do preço extorsivo (cerca de R$ 100) da edição nacional.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
domingo, 7 de junho de 2009
Energia "limpa"
Da Folha de hoje:
Usinas de álcool dão calote no fisco de SP
Usineiros, esses injustiçados... com o petróleo a US$ 150, eram os heróis, produzindo energia limpa, renovável e a preços competitivos. Como todo bom empreendimento agrícola, o lucro inicial vira excesso de investimento, e o preço da commodity despenca. Não ajuda acreditar que o petróleo só poderia subir ou ficar caro. Aí, resta calotar as dívidas contraídas para investir, o fisco... Como dizem, a cana é doce, mas não é mole.
Usinas de álcool dão calote no fisco de SP
Usineiros, esses injustiçados... com o petróleo a US$ 150, eram os heróis, produzindo energia limpa, renovável e a preços competitivos. Como todo bom empreendimento agrícola, o lucro inicial vira excesso de investimento, e o preço da commodity despenca. Não ajuda acreditar que o petróleo só poderia subir ou ficar caro. Aí, resta calotar as dívidas contraídas para investir, o fisco... Como dizem, a cana é doce, mas não é mole.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Som da Sexta - Love Rollercoaster
Em homenagem ao dia turbulento... clipe de "Love Rollercoaster", trilha do longa dos cretinos Beavis & Butt-head. Versão do Red Hot Chili Peppers para o funkão do The Ohio Players. Bom final de semana a todos!
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Uísque refresca?
É o que dizem no caso dos pernambucanos, os maiores consumidores per capita de uísque do Brasil, segundo matéria publicada hoje no Valor. O estado consome 3,5 milhões de litros da bebida por ano, enquanto São Paulo, com cinco vezes mais pessoas, só é capaz de beber 4,6 milhões de litros. Rio Grande do Norte e Ceará são os outros membros do top 3.
A explicação dada na matéria por um gerente da Diageo é que, no Nordeste, o uísque é associado a status. Deve contar, também (divagação minha), a péssima distribuição de renda e a cultura de torrar o dinheiro público "ganho" sem muito esforço. Não à toa o campeão de consumo per capita no continente é a Venezuela -- que, com seus 28 milhões de habitantes, 74ª posição no ranking mundial de IDH e 26ª pior distribuição de renda do globo, é o quinto maior mercado para o uísque escocês no mundo. Saúde, se for possível.
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Como investir durante uma recessão
Frase do dia
Do fanfarrão Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, após anunciar a entrada de sua entidade no maravilhoso mundo do afrouxamento quantitativo (= imprimir dinheiro e comprar títulos dos governos que adotam o euro, já que o mercado não tem demonstrado muito apetite por eles a ponto de fazer os juros de longo prazo baixarem):
"O BCE não espera perder dinheiro no programa de compra de títulos".
Trichet está entre os gênios que subiram os juros em julho do ano passado, insistindo que a inflação era uma ameaça para a zona do euro. Agora ele entra para o ramo de investimentos. O futuro é promissor.
* Desenho tirado do site do artista holandês Siegfried Woldhek, pobre investidor compulsório nos títulos de Trichet.
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Kaletsky em Riga
Anatole Kaletsky, colunista econômico do Times londrino, fala hoje exatamente sobre o tema do post anterior (com muito mais erudição e estilo, claro). Vai lá.
The great bailout - Europe's best-kept secret
The great bailout - Europe's best-kept secret
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Nuvens sobre a Europa
"Você só descobre quem está nadando nu quando a maré baixa"
Warren Edward Buffett
O blog do Financial Times nota que a Letônia não conseguiu vender hoje nem um centavo (ou o equivalente na moeda local, o lat) de uma emissão do tesouro local de apenas US$ 100 milhões. O temor dos investidores é que o país seja forçado a desvalorizar sua moeda, hoje atrelada ao euro, para combater um déficit em conta corrente de 8.3% do PIB.
Boa parte do Leste Europeu enriqueceu nos últimos anos com a ajuda de forte alavancagem em moeda estrangeira -- bancos de países desenvolvidos estavam felizes em conceder crédito, muitas vezes em moeda estrangeira (euros, francos suíços, etc) para cidadãos e empresas desses países. Além do crédito local, com financiamento externo abundante, os déficits em conta corrente iam sendo cobertos com emissão de dívida externa. Agora, depois que a maré baixou, estamos vendo o estrago. Se alguém lembrou da Argentina em 2001, é exatamente isso.
Tirando as implicações diretas dessas iminentes desvalorizações (aumento de preços de produtos importados, problemas para os bancos que concederam crédito, entre outros), há um sinal que não pode ser desprezado: como também nota o FT, a Letônia seria o primeiro país a abandonar o mecanismo de câmbio europeu desde a notória desvalorização da libra esterlina de 1992. Como é um país que ainda não operava na moeda unificada, o problema parece menor. Porém, se imaginarmos que outros países que já adotaram o euro podem ser forçados a tomar a mesma atitude, estamos falando de um desastre de outra magnitude.
Curiosamente, o mercado de câmbio não tem refletido esses riscos -- o euro vem de uma forte valorização contra o dólar. Na minha opinião, isso deve-se a uma escolha do "menos pior": vende-se o dólar americano contra qualquer moeda, já que a situação dos EUA é tão precária. "o mercado está errado" são sempre palavras muito caras, mas creio que o próximo passo da crise atual é mostrar a fragilidade da Europa e da moeda única. Muitos dos países dos velho continente estavam nadando nus.
A bela foto é de Riga, capital da Letônia. Roubada da Wikipedia.
Warren Edward Buffett
O blog do Financial Times nota que a Letônia não conseguiu vender hoje nem um centavo (ou o equivalente na moeda local, o lat) de uma emissão do tesouro local de apenas US$ 100 milhões. O temor dos investidores é que o país seja forçado a desvalorizar sua moeda, hoje atrelada ao euro, para combater um déficit em conta corrente de 8.3% do PIB.
Boa parte do Leste Europeu enriqueceu nos últimos anos com a ajuda de forte alavancagem em moeda estrangeira -- bancos de países desenvolvidos estavam felizes em conceder crédito, muitas vezes em moeda estrangeira (euros, francos suíços, etc) para cidadãos e empresas desses países. Além do crédito local, com financiamento externo abundante, os déficits em conta corrente iam sendo cobertos com emissão de dívida externa. Agora, depois que a maré baixou, estamos vendo o estrago. Se alguém lembrou da Argentina em 2001, é exatamente isso.
Tirando as implicações diretas dessas iminentes desvalorizações (aumento de preços de produtos importados, problemas para os bancos que concederam crédito, entre outros), há um sinal que não pode ser desprezado: como também nota o FT, a Letônia seria o primeiro país a abandonar o mecanismo de câmbio europeu desde a notória desvalorização da libra esterlina de 1992. Como é um país que ainda não operava na moeda unificada, o problema parece menor. Porém, se imaginarmos que outros países que já adotaram o euro podem ser forçados a tomar a mesma atitude, estamos falando de um desastre de outra magnitude.
Curiosamente, o mercado de câmbio não tem refletido esses riscos -- o euro vem de uma forte valorização contra o dólar. Na minha opinião, isso deve-se a uma escolha do "menos pior": vende-se o dólar americano contra qualquer moeda, já que a situação dos EUA é tão precária. "o mercado está errado" são sempre palavras muito caras, mas creio que o próximo passo da crise atual é mostrar a fragilidade da Europa e da moeda única. Muitos dos países dos velho continente estavam nadando nus.
A bela foto é de Riga, capital da Letônia. Roubada da Wikipedia.
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terça-feira, 2 de junho de 2009
Enquanto isso, num reality show perto de você...
Via Terra:
Pedro, no caso, é o filho do cantor sertanejo Leonardo e participante de "A Fazenda", o mais novo festival de tosquices produzido pela Rede Record. Acho que entramos em um novo patamar de indicadores contrários. Vendam ações como se não houvesse amanhã.
Econometria com coelhinhos
Para os iniciados nas artes esotéricas da econometria, uma brincadeira frenética (e nerd) sobre os p-valores. Veja no Zero Hedge.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
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