Há pouco tempo, circulou pela internet uma daquelas infames apresentações em Powerpoint (pode ser vista aqui) glorificando o progresso acelerado de Dubai. Em uma geração, a cidade-estado passou de um porto de pescadores no deserto a um exuberante destino turístico e centro de especulação imobiliária.
Boa parte desse "milagre" foi baseado em grande alavancagem -- os projetos mirabolantes eram financiados com dinheiro externo, até pouco tempo abundante, barato e pouco seletivo. A reversão desse processo nos últimos meses deixou o emirado de joelhos, dependendo de ajuda de Abu Dhabi, o primo rico (seu fundo soberano, o Abu Dhabi Investment Authority, possui investimentos estimados em US$ 700 bilhões. Abu Dhabi é o grande produtor de petróleo dos Emirados Árabes Unidos; o óleo corresponde atualmente por menos de 6% da receita de Dubai) e com uma dívida externa de cerca de US$ 400 mil por cidadão (dos 2.2 milhões de habitantes, apenas 250 mil não são imigrantes).
Se, depois disso, Dubai ainda é capaz de gerar alguma admiração, vá até a revista piauí deste mês e leia o artigo de Johann Hari, publicado originalmente no The Independent. Na amostra do autor, os poucos nativos, arrogantes e dependentes do Estado, são sustentados e servidos por uma legião de imigrantes, muitos deles trabalhando em semi-escravidão. O insucesso de Dubai talvez só piore a situação desssa pessoas; resta torcer para que a ONU e as organizações de direitos humanos olhem por esses renegados, e boicotar o ridículo falso milagre vendido por aí.
Do depoimento de uma imigrante filipina citado no texto:
"...tudo aqui é falso. Tudo. As palmeiras são falsas, os contratos de trabalho são falsos, as ilhas são falsas, os sorrisos são falsos. Dubai é como uma miragem. Você acha que avistou água, mas quando chega perto vê que é só areia."
quarta-feira, 10 de junho de 2009
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