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Muito já se falou que esse comportamento assimétrico do Fed - deixar que preços de ativos se valorizem livremente e, quando essa valorização começar a se reverter, cortar os juros rapidamente - estimula a criação de bolhas. Embora eu não concorde com essa noção (não acho que seja papel de um banco central se preocupar com preços de ativos, e tenho dúvidas que um estouro de bolha induzido seja menos danoso do que quando este ocorre de forma natural), a impressão que tenho é que ou o Fed ou os mercados estão cometendo um grave erro de leitura da conjuntura atual: uma economia americana que precisa de um corte de meio ponto percentual nos juros básicos parece estar sob um risco considerável de recessão (visão do Fed), o que não condiz com o S&P 500 a apenas 1,7% de sua máxima histórica. Ou seja, os próximos dados econômicos ou corroborarão a festa dos mercados por conta da antecipação da queda dos Fed Funds em direção a sua taxa neutra (que deve ser algo em torno de 4%, pela regra de Taylor) ou darão razão ao Fed e trarão mais turbulência para os preços de ativos. Façam suas apostas.
* Impressionante a capacidade de síntese e de criar termos pomposos da língua inglesa. Imagine se o banco central brasileiro resolvesse promover uma conferência em um lugar chamado "Buraco do Filho do Zé".
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