sexta-feira, 21 de setembro de 2007

BM&F, a jóia da coroa

A Agência Estado noticia que a Bolsa de Chicago, que faz parte do CME Group (surgido da união de duas das maiores bolsas de derivativos e commodities do mundo, a Chicago Board of Trade - CBOT - e a Chicago Mercantile Exchange - CME), negou-se a comentar os rumores de uma possível troca de patrimônio com a BM&F. O negócio consistiria na troca de 10% da BM&F por 2,5% da bolsa americana. Ontem a assembléia da BMF aprovou uma desmutualização de patrimônio (o fim do privilégio de propriedade da bolsa para um pequeno número de detentores de títulos), que culminará na venda de R$ 1 bilhão da BM&F para a General Atlantic, uma empresa de growth equity baseada em Connecticut.

Muito já se falava de uma abertura de capital da BM&F, e as notícias acima sinalizam que esse processo já está bastante avançado. Há uma tendência global de fusões e aquisições entre bolsas (a união das bolsas de Chicago mencionada acima é um bom exemplo disso), e não haveria porque a BM&F ficar de fora. A BM&F é a quinta maior bolsa de derivativos (em volume negociado, veja o gráfico abaixo) do mundo, opera com grande eficiência, possui uma variedade muito atrativa de produtos e já passou por diversos (e severos) testes de choque. Somando a isso o potencial de crescimento e diversificação dos mercados financeiros no Brasil, temos na BM&F um alvo extremamente atrativo para investimentos estrangeiros.



Como em qualquer setor, a abertura de capital das bolsas brasileiras (comenta-se que a Bovespa também deve abrir o capital até o final deste ano) deve ser comemorada. O aumento da base de investidores e o adequamento às regras de boa governança devem trazer mais transparência e eficiência para as operações. Além disso, a aquisição de parte dessas bolsas por alguma bolsa estrangeira pode viabilizar a comercialização no Brasil de diversos produtos financeiros atualmente indisponíveis localmente, o que aumentaria a possibilidade de diversificação das carteiras de bancos, fundos e pessoas físicas. É torcer para que querelas jurídicas (a assembléia da BM&F mencionada acima parece já ter sido suspendida por uma liminar na justiça) e visões retrógradas e protecionistas não atrapalhem essa evolução.


Para os interessados no assunto, recomendo uma matéria publicada recentemente na onipresente The Economist.

* Por algum motivo, o Blogger não aceita o "&" nos marcadores, por isso o aportuguesamento de M&A. Até que não ficou ruim...

Um comentário:

Anônimo disse...

A título de curiosidade, a Bovespa deve abrir capital antes mesmo da BM&F. Eles estão um pouco adiantados.

Aliás, a partir de hoje, 1/10 começam a cobrar uma série de serviços das corretoras, que antes eram gratuitos ou subsidiados.

Pobres corretoras...