terça-feira, 25 de setembro de 2007
Férias, doces férias
Não leve BRIC muito a sério
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
BM&F, a jóia da coroa
Muito já se falava de uma abertura de capital da BM&F, e as notícias acima sinalizam que esse processo já está bastante avançado. Há uma tendência global de fusões e aquisições entre bolsas (a união das bolsas de Chicago mencionada acima é um bom exemplo disso), e não haveria porque a BM&F ficar de fora. A BM&F é a quinta maior bolsa de derivativos (em volume negociado, veja o gráfico abaixo) do mundo, opera com grande eficiência, possui uma variedade muito atrativa de produtos e já passou por diversos (e severos) testes de choque. Somando a isso o potencial de crescimento e diversificação dos mercados financeiros no Brasil, temos na BM&F um alvo extremamente atrativo para investimentos estrangeiros.
Como em qualquer setor, a abertura de capital das bolsas brasileiras (comenta-se que a Bovespa também deve abrir o capital até o final deste ano) deve ser comemorada. O aumento da base de investidores e o adequamento às regras de boa governança devem trazer mais transparência e eficiência para as operações. Além disso, a aquisição de parte dessas bolsas por alguma bolsa estrangeira pode viabilizar a comercialização no Brasil de diversos produtos financeiros atualmente indisponíveis localmente, o que aumentaria a possibilidade de diversificação das carteiras de bancos, fundos e pessoas físicas. É torcer para que querelas jurídicas (a assembléia da BM&F mencionada acima parece já ter sido suspendida por uma liminar na justiça) e visões retrógradas e protecionistas não atrapalhem essa evolução.
Para os interessados no assunto, recomendo uma matéria publicada recentemente na onipresente The Economist.
* Por algum motivo, o Blogger não aceita o "&" nos marcadores, por isso o aportuguesamento de M&A. Até que não ficou ruim...
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
UBS Pactual domina o "sell-side"
Explicações feitas, neste ano o UBS Pactual não deixou muito espaço para a concorrência. Se o UBS já tinha uma equipe prestigiada (foi o segundo do ranking geral em 2006), a fusão com o Pactual (o líder do ano passado) resultou em um time difícil de ser batido. O UBS Pactual arrematou oito dos doze primeiros lugares nos setores, liderando o ranking ponderado com larga vantagem sobre o Credit Suisse, segundo colocado.
Entretanto, o ranking deste ano apresenta várias distorções: por conta da dança das cadeiras que dominou o mercado entre o final do ano passado e o primeiro semestre deste ano, diversos nomes fortes não receberam votos. Além disso, muitos votos levaram em conta a situação do mercado antes da fusão da compra do Pactual pelo UBS, o que fez com que, em diversas categorias, dois analistas atualmente na mesma instituição aparecessem entre os três indicados. A disputa em 2008, com um mercado mais consolidado, novos players e analistas estabelecidos há algum tempo promete ser bem mais interessante.
A sombra de Greenspan
Muito já se falou que esse comportamento assimétrico do Fed - deixar que preços de ativos se valorizem livremente e, quando essa valorização começar a se reverter, cortar os juros rapidamente - estimula a criação de bolhas. Embora eu não concorde com essa noção (não acho que seja papel de um banco central se preocupar com preços de ativos, e tenho dúvidas que um estouro de bolha induzido seja menos danoso do que quando este ocorre de forma natural), a impressão que tenho é que ou o Fed ou os mercados estão cometendo um grave erro de leitura da conjuntura atual: uma economia americana que precisa de um corte de meio ponto percentual nos juros básicos parece estar sob um risco considerável de recessão (visão do Fed), o que não condiz com o S&P 500 a apenas 1,7% de sua máxima histórica. Ou seja, os próximos dados econômicos ou corroborarão a festa dos mercados por conta da antecipação da queda dos Fed Funds em direção a sua taxa neutra (que deve ser algo em torno de 4%, pela regra de Taylor) ou darão razão ao Fed e trarão mais turbulência para os preços de ativos. Façam suas apostas.
* Impressionante a capacidade de síntese e de criar termos pomposos da língua inglesa. Imagine se o banco central brasileiro resolvesse promover uma conferência em um lugar chamado "Buraco do Filho do Zé".
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Pérola do dia
To be a rock and not to roll
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Citação do dia
"Subjective states are simply one more type of thing I may have preferences over. It is a fairly reliable generalisation that people prefer pleasure over pain. But it is is not a part of the model. People do run marathons and watch Jim Carrey movies, after all."
Brilhante, embora eu goste muito do Jim Carrey. O texto de onde a pérola acima foi pescada também merece uma leitura, principalmente por sua conclusão.
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
À guisa de introdução
Acho que cabem aqui alguns esclarecimentos:
-- Inicialmente, minha verdadeira identidade ficará anônima. Assim poderei escrever sem me preocupar em contrariar interesses ou opiniões das entidades onde trabalho ou trabalhei. Ainda não enriqueci ou envelheci o suficiente para não me preocupar com isso.
-- Não sou keynesiano. Sou libertário. Na classificação acéfala que costuma se usar no Brasil, sou ortodoxo (e não "desenvolvimentista", embora eu, assim como, acredito, a imensa maioria dos "ortodoxos", não tenha absolutamente nada contra desenvolvimento).
Segundo o livro-texto de Olivier Blanchard, os keynesianos enfatizavam a política fiscal (em vez da política monetária) como chave para combater recessões; muitos acreditavam na existência de um dilema confiável entre desemprego e inflação, mesmo no longo prazo; e acreditavam na eficácia do estado como formulador de política econômica. Após a revolução das expectativas racionais, muitas dessas idéias foram sepultadas, e os chamados neo-keynesianos focaram seus estudos em outros pontos, bem menos controversos (como a rigidez nominal de salários e preços, imperfeições no mercado de crédito, etc). Entretanto, as idéias dos keynesianos de primeira época ainda encontram adeptos, como se a teoria econômica não tivesse evoluído desde os anos de 1940.
"When the facts change, I change my mind. What do you do, sir?" Esta é uma das citações mais famosas do próprio John Maynard Keynes. Se estivesse vivo, até ele discordaria dos keynesianos.
-- Então, qual é o porquê do nome? Primeiro, porque me pareceu um bom trocadilho. Mais do que isso, é original - tente fazer uma busca no Google por "drunkeynesian": orgulhosamente, "nenhum documento correspondente" aparece (bem, em breve aparecerá ao menos este humilde blog).
Tirando os motivos mundanos, acho que homenagens ao velho Keynes nunca são excessivas. Além disso, Keynes foi um bêbado, ainda que tardio. Supostamente suas últimas palavras foram: "I should have drunk more Champagne." Em resumo, Keynes foi o primeiro "drunkeynesiano", sou apenas um modesto discípulo.
-- Odeio escrita obtusa. Os escassos leitores podem me cobrar por isso. O título deste texto é irônico.
-- Escrever sobre economia e mercados financeiros sem usar termos em inglês é virtualmente impossível (que o Aldo Rebelo não me leia...). Tentarei respeitar a língua de Camões e MC Serginho, mas, às vezes, os leitores serão brindados com algumas palavras ou siglas consagradas que fogem do vocabulário-padrão do português. A Investopedia resolve a maioria das dúvidas; as restantes podem ser esclarecidas, com o maior prazer, nos comentários.
-- Não vou vender nem comprar nada que eu ataque ou defenda aqui. Não tenho dinheiro. Portanto, também não adianta me processar.
Por enquanto, é isso. Divirtam-se!