quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O não fim do euro

Fatos mudando, e eu mudando o que penso. Há uns seis meses eu escrevi um texto dizendo que esperava o fim do euro para breve, seja porque os países com problemas não iam aguentar o ajuste fiscal necessário para continuar com a moeda ou porque a Alemanha não estaria disposta a cobrir o buraco nas contas daqueles países. Passado o tempo, parece que, apesar da retórica, os países ricos estão optando por uma solução conciliatória -- no caso específico da Alemanha, parece preferível financiar a dívida da periferia a ter que conviver com um novo marco alemão supervalorizado (ou entrar numa guerra, essa pra valer, pela desvalorização). No futuro, talvez os eleitores europeus votem contra a brutalidade do ajuste nominal ou o financiamento compulsório da dívida de outros países; por enquanto, por vias tortas, a tal integração fiscal está ocorrendo, e isso é o suficiente para que o euro ganhe uma sobrevida, sabe-se lá a que nível.

3 comentários:

Anônimo disse...

Acho que o principal erro da analise referente ao fim do Euro é que vc fez ela pensando no senso comum. O problema é que não são necessariamente as pessoas que tomam essas decisões, e sim os politicos. Há na Europa uma geração inteira de lideres politicos, sem contar todo o staff de pessoas ligadas ao Euro e ao mundo do Euro. Para essas pessoas optarem por desistir do seu projeto de vida, ou da sua atividade (mesmo que puramente do ponto de vista pratico e nada intelectual) o buraco é bem mais embaixo.

Drunkeynesian disse...

Entendo o seu argumento... mas, no limite, as pessoas vão votar em alguém que defenda a retirada de um determinado país do euro, não? Talvez leve algum tempo e muito sofrimento para alguém tão fora do mainstream ganhar espaço, mas não acho totalmente improvável.

Anônimo disse...

Concordo. Mas até lá é um longo caminho. Acho antes mais provavel a criação de um Euro 2. Teriamos um Euro dos países ricos e um Euro da periferia, comum a esses países e num desconto razoavel em relação ao Euro 1. Resolve o problema da moeda valorizada e mantem um senso de integridade.