Um leitor comentou no post abaixo e me motivou a escrever sobre a confusão que é comparar a valorização do real contra a desvalorização das outras moedas. Os dois movimentos são paralelos.
Para começar, o dólar americano vem numa tendência de desvalorização que já dura mais de oito anos (desde o final de janeiro de 2002). O DXY é um índice amplamente usado (e negociável) que mede a taxa de câmbio do dólar contra outras seis moedas (euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço):
Comparando o real com outras moedas nesse período, vemos que a moeda brasileira não foi das que mais se fortaleceu (todas as barras verdes indicam valorizações maiores que o real). Entretanto, contra o dólar o ganho foi expressivo (quase 27%):
Para pegarmos um período mais recente: o DXY fez uma mínima histórica em abril de 2008, que foi seguida por uma correção relativamente forte, seguida de uma nova desvalorização. Desde o pico dessa correção, em março de 2009, a mesma comparação do real com outras moedas é a seguinte:
Esse é um período de "todo-poderoso real", e onde está boa parte da valorização contra o euro.
Conclusão? Da minha parte, nenhuma relevante. Fortes mesmo estão os dólares australiano e neo-zelandês, além do rand sul-africano. O ganho em termos de troca dos produtores de commodities tem sido brutal, e esse é o mundo em que vivemos.
2 comentários:
Obrigado por mais uma aula, mestre.
O fato è que o mundo precisa de uma metodologia de moedas, senáo vai ficar uma loucura comparar coisas comparàveis, acho que sò o Big Mac Index me parece razoàvel...por falar nisso, acho esquisito a comparaçao do preço do Big Mac com a inflaçao... nao batem, serà que estao roubando no ìndice de inflaçao ?
A OECD tem um estudo de paridade de poder de compra que também é bastante interessante.
Inflação é um negócio muito complicado de se medir. Os índices de preços ao consumidor são baseados em pesquisas de orçamento familiar que tentam reproduzir a média da cesta de consumo de uma determinada região. Como isso é feito em intervalos longos, é bem difícil pegar mudanças de padrão na margem. Outro problema grande (por enquanto não para o Brasil) é nos países onde habitação tem um peso grande no índice, já que as metodologias para estimar o quanto isso varia com o tempo são bastante contestadas.
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