Os poucos leitores já devem ter percebido que estou de volta (para os não-leitores não faz a menor diferença, como a árvore filosófica que cai na floresta sem que ninguém ouça). No fim das contas eu gosto de escrever, e organizar as ideias de forma que alguém do outro lado da tela as compreenda é sempre um grande aprendizado e uma lição de humildade. No entanto, escrever consome uma certa energia, e essas pausas são necessárias para refletir e jogar a concentração para outros assuntos -- não se espantem se elas voltarem a ocorrer, a intenção principal segue sendo continuar com o blog e um dia (hahahaha) fazer dele algo que tenha mais importância na minha vida.
Esse mês e pouco fora do ar fez bastante diferença para os mercados:
- A Europa conseguiu, como os Estados Unidos, comprar tempo para resolver seus problemas (continuo achando que não vai fazer isso).
- O Banco Central do Brasil deu um cavalo de pau na condução da política monetária, de se preocupar com as oscilações de curtíssimo prazo na inflação e ser a maior "águia" do mundo para uma postura, digamos, mais blasé, citando que a projeção de inflação para 2012 "e além" (to infinity and beyond, como diria o Buzz Lightyear) está confortavelmente perto da meta. Há quem diga que isso seja um efeito colateral da proximidade das eleições; pode ser também um reflexo das mudanças na diretoria (saíram os bancários, entraram os tecnocratas). Como, aparentemente, dona Dilma já colocou as eleições no bolso, em breve teremos sinais de como será a condução das políticas monetária e fiscal nos próximos anos, e veremos se uma das últimas jabuticabas do nosso mercado (os juros absurdamente altos) sobreviverá.
- O cenário deflacionista nos EUA e nos demais países desenvolvidos segue sendo precificado pelo mercado de juros: as taxas pagas pelos títulos de 10 anos da Alemanha estão perto das mínimas históricas. Caminham para isso, no caso da dívida americana.
- A farra do BNDES continua, com a diferença que a imprensa e a academia parecem ter acordado para a questão (recomendo a The Economist da semana passada e o blog do pesquisador do IPEA Mansueto Almeida). O debate sem dúvida é necessário, mas acredito que precisaremos de um abalo forte em alguma(s) das empresas escolhidas pelo banco para que a atual política seja revista -- por enquanto ela ainda é vista como correta e vencedora (além de não ser um fenômeno exclusivamente brasileiro).
- As commodities agrícolas finalmente reagiram: café, açúcar, algodão e trigo tiveram fortes altas recentes, e há uma história interessantíssima para ser acompanhada no mercado de cacau.
- Os indianos inventaram um sinal gráfico para a rúpia. Copie se for capaz.
Do resto eu vou falando ao longo dos dias. No mundo terreno, por enquanto O Profeta é o melhor filme do ano -- aproveitem enquanto ainda dá pra ver na tela grande (pelo menos aqui em São Paulo).
5 comentários:
Boa.´pelo menos tem leitores fieis.
bem vindo de volta.
Oba! De volta! E nossa peça? Tenho de lhe mandar os Originais gregos. A idéia esta quase pronta! :D
Achei que você tinha esquecido, hehehe... Manda lá!
Bem vindo de Volta.
A descontração de seus textos, foi algo que me fez falta nas leituras diárias dos ultimos meses.
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