Bolhas são um dos temas mais estudados e discutidos na literatura de finanças, mas nem por isso surgiu, até hoje, um método eficaz e objetivo para identificá-las e prever seu fim. Se houvesse, bolhas não existiriam ou seriam de outra natureza, já que o mercado financeiro, de posse da informação, começaria a especular na direção do estouro, antecipando-o até o ponto em que o pico da bolha ficaria misturado com os movimentos "normais" do mercado.
Todos esses anos (centenas! As primeiras manias especulativas registradas por Charles Kindleberger no clássico Manias, pânicos e crashes são do século XVII) de observação e estudo não foram em vão, e serviram para destacar dois fatos, talvez óbvios, mas não por isso irrelevantes: bolhas são da natureza dos mercados e da psicologia de massas; e bolhas sempre estouram. Se, portanto, considerarmos bolhas como partes indissociáveis dos mercados, como furacões e maremotos são da natureza, a solução mais inteligente seria, ao invés de tentar combatê-las, blindar o sistema contra seus efeitos. Isso passaria por acabar com instituições "grandes demais para quebrarem", regular o nível de alavancagem de empresas e fundos e deixar que o investidor e sócio, não o contribuinte, sofra com os custos de quem, por azar ou incompetência, for pego no estouro de uma bolha.
Curiosamente, nada ou muito pouco está sendo feito nesse sentido. Ao contrário, a tentativa de "caçar bolhas" deve criar mais distorções nos mercados "escolhidos": mais poder estará sendo dado a burocratas com nenhuma legitimidade e pouco conhecmiento prático comprovado; e sempre teremos o problema de insider, de pessoas que sabem antecipadamente das medidas vendendo a informação ou atuando diretamente nos mercados. É mais uma tentativa de mudança sem passar pelas bases. Na melhor das hipóteses, será ineficiente e gerará mais um problema para o futuro, que tem sido tão negligenciado em favor de uma falsa prosperidade de curto prazo.
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