quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Última piada (involuntária) do ano

O post anterior era para ser o último do ano, mas não resisti. Acabou de chegar, de uma das equipes de economistas mais "respeitadas" do mercado financeiro:



Há quem acredite em Papai Noel; há quem acredite em previsões com precisão decimal. Ho, ho, ho!

Acabou 2009...

Meu 2009 "útil" chega ao fim hoje. Esses últimos dias devem ser dedicados a coisas menos mundanas do que mercados e economia, como família e amigos. É uma oportunidade quase única no ano de passar um tempo razoável e despreocupado com pessoas queridas, e isso deve compensar o lado menos divertido de obrigações sociais.

Gostaria de ter escrito muito mais sobre a década e o próximo ano durante dezembro, mas passei mais tempo de ressaca (portanto, em estado quase vegetativo) do que o imaginado. Paciência. Haverá muito tempo em 2010 - dia 4 estou de volta.
Tenho que agradecer os leitores, cujos comentários e apoio dão mais sentido ao ofício egocêntrico de escrever. Meu muitíssimo obrigado. Divirtam-se e tenham um 2010 crítico e feliz (sim, é possível).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

How the mighty have fallen

Fantástico gráfico do Wall Street Journal mostrando como o mercado de ações evoluiu na década que está terminando.

Via William Easterly.

Top 25 Companies 1999-2009 (WSJ Chart)

Grécia nas mãos da Moody's (ou: a volta da dracma)

Hoje a Moody's rebaixou a nota de crédito da Grécia de "A1" para "A2". Curiosamente, o mercado da dívida soberana grega respirou alividado. Explicação: nas semanas anteriores, as outras duas grandes agências de classificação de risco (Fitch e S&P) haviam rebaixado o país para BBB+, e, caso a Moody's se movesse para esse mesmo patamar (equivalente a Baa1 na sua escala, veja a tabela abaixo para entender melhor e deixe as questões nos comentários), os bancos locais não poderiam mais usar títulos públicos como garantias (colateral) para seus empréstimos junto ao Banco Central Europeu. O resumo da história é que agora o sistema bancário grego depende (caso o BCE não mude as regras) de alguns analistas sentados em um escritório em Londres. Tempos difíceis para os gregos.

Quando a Grécia adotou o euro, muitos protestaram pelo desaparecimento da dracma, até então a moeda mais antiga em circulação no mundo. Nesse sentido, a Grécia pode esperar para breve uma boa notícia: creio que o país não se aguentará não podendo desvalorizar a moeda para aliviar o peso da dívida, e a dracma terá sua volta, infelizmente nada triunfal.

Foreign Currency Long Term Debt Ratings (Sovereign)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Frase da década - Donald Rumsfeld

"Now what is the message there? The message is that there are known "knowns." There are things we know that we know. There are known unknowns. That is to say there are things that we now know we don't know. But there are also unknown unknowns. There are things we do not know we don't know. So when we do the best we can and we pull all this information together, and we then say well that's basically what we see as the situation, that is really only the known knowns and the known unknowns. And each year, we discover a few more of those unknown unknowns."

Do então Secretário de Defesa dos EUA Donald Rumsfeld, em junho de 2002 numa conferência de imprensa na sede da OTAN. Ao menos para economia e mercados, resume bem a década: muitos "unknown unknowns" confundidos com "known knowns" e toda a bagunça consequente.

Frase do dia - Que pena, COP15

"Estou rindo para não chorar."

Nosso Guia Lula da Silva, sobre a conferência climática da ONU.

Ontem consegui chegar em casa a tempo de assistir ao jornal da Globo. Às 3 da manhã de Copenhague, uma Sonia Bridi abatida trazia as últimas notícias: os negociadores chegaram a um "acordo" que propõe um limite no aumento da temperatura global de 2ºC com relação à era pré-industrial, sendo que alguns países queriam um limite mais "rígido", de 1,5ºC. Sim, a arrogância (ou ignorância, ou ambas) dessa gente é tanta que eles se julgam capazes de controlar a temperatura global com precisão de MEIO grau centígrado.

Para hoje, era esperada a chegada e uma atuação decisiva de Barack Obama. Tenho que concordar com o Lula, é rir para não chorar.
Mais pela Reuters. Minha opinião, aqui.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os mercados em 2010

Um economista que não faz previsões numéricas e reconhece que toda projeção carrega um erro que pode ser enorme merece alguma atenção.

Year Ahead: Can You Handle the Truth?

Festival de extrapolação aplicada ao mercado (edição EUA)

Aí do lado está uma tabela com a previsão de alguns analistas para a bolsa americana (índice S&P 500) em 2010. No pior dos casos, sobe 2,3% (considerando o preço de hoje como base). No melhor, 19%. Lembrando que o custo de oportunidade lá (o juro de um dia) é próximo a 0%. Lá, como cá, ninguém cogita que o movimento pode ser contrário.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ben Bernanke, pessoa do ano pela Time

Se vale a teoria de capas de revista como indicadores contrários, a decadência de Ben Bernanke deve estar começando agora (e, como sinal dos tempos, é incrível ver como os americanos querem acreditar e depositar confiança em um banqueiro central tão pouco tempo após relegar Alan Greenspan à condição de um dos culpados pela crise).

Festival de extrapolação aplicada ao mercado (6)

Em breve acabaremos a série. Esta previsão está no Valor de hoje.

Frase do dia - Jim Rogers

Na verdade não é do dia, é de 1989. Mas segue atual:

"It should be written down as an axiom that you always invest against the central banks."

Hoje, na Bloomberg:

Gold Buying by Central Banks May Send Signal to Sell

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Rubem Braga e o comércio internacional

Lendo uma coletânea de crônicas do Rubem Braga (cuja capa é essa da figura), encontrei, em uma crônica de janeiro de 1942 (História de São Silvestre), esse trecho:

Proibimos a instalação de usinas de açúcar não porque a vida para a humanidade esteja demasiado doce, mas, sim, porque é preciso proteger os lucros dos donos de usinas de açúcar existentes. Fazemos isso para evitar que o açúcar fique muito barato, como se fosse um grande pecado ficar o açúcar muito barato. Além disso, se o país A produz colchetes e o país B também produz colchetes, e ambos desejam vender colchetes ao país J, isso resulta em uma disputa entre nações, sendo convidados escritores, declamadoras, militares, eclesiásticos e escroques do país J a visitar ora o país A, ora o país B, na esperança de que se esforcem para colocar o país J a favor do país A em sua guerra contra o país B, ou a favor do país B em sua guerra contra o país A, visto que no Sistema do Imperialismo o único meio de saber quem tem direito de vender colchetes é transformar as fábricas de colchetes em fábricas de espoletas e travar batalhas terrestres, aéreas e navais que enriquecem as Páginas da História.

Ainda diz algo sobre políticos, diplomatas, protecionismo e comércio internacional, não?

Gráfico do dia - tempo para chegar no trabalho

Não achei os dados para o Brasil... mas creio que nas grandes cidades isso tem se tornado um problema cada vez maior. Todos os incentivos para se comprar mais carros e muito pouco investimento em transporte coletivo tem sido a receita do nosso "desenvolvimento".

Mais na The Economist.

Frase do dia - Eduardo Giannetti

"Não éramos tão ruins, nem ficamos tão bons."

Eduardo Giannetti fala sobre o Brasil na Isto É Dinheiro.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Paul Samuelson, 1915-2009

Não tenho muito a acrescentar ao obituário do New York Times. Só queria levantar uma reflexão sobre dois aspectos do legado de Paul Samuelson: a "exatização" da Economia e a cultura do livro-texto. Ambos são, na minha opinião, negativos, mas não sei se a ponto de anular as contribuições positivas que a imprensa está exaltando (não preciso repetí-las).

Quanto ao primeiro, Samuelson foi um dos pioneiros na idéia de aplicar métodos de ciências exatas (termodinâmica, no caso) à Economia e tentar propor modelos e teoremas gerais para explicar e entender a realidade. Esse hoje é o mainstream, e a força dessa visão é tão grande que mesmo teorias que já se provaram equivocadas (mas que conseguem ser elegantemente demonstradas por equações) custam a ser abandonadas. Daí, creio, vem a impressão da Economia ser mais "científica" que as outras ciências sociais, e em nome disso muitas idéias boas que não podem ser escritas com letras gregas e derivadas parciais são abandonadas ou ridicularizadas.

O segundo é uma consequência do anterior: Samuelson foi o autor do primeiro livro-texto amplamente difundido para o ensino de Economia na graduação (Economics: An Introductory Analysis, de 1948 - hoje está na 19ª edição e já vendeu 4 milhões de cópias, em 40 idiomas). Daí vem a impressão que todo o conhecimento acumulado desde os fisiocratas pode ser condensado em um livro, com o auxílio de ferramentas matemáticas. O aluno, portanto, estaria dispensado de procurar conhecer e interpretar a obra de outras épocas, já que os modelos e equilíbrios gerais não precisam ser interpretados, já contêm o "conhecimento acumulado" na forma de leis gerais e teoremas. Hoje em dia, num curso de graduação em Economia, passa-se mais tempo tentando decifrar equações e analisando dados na frente do computador do que lendo, criticando e tirando conclusões próprias.

Creio que boa parte da revitalização da Economia deveria partir de uma correção nesses dois aspectos, que criaram algumas gerações de economistas arrogantes, ultraconfiantes e (pior) influentes, com uma aura de respeitabilidade e "eu-sei-o-que-estou-fazendo". Nesse sentido, é preciso um novo Samuelson, uma figura influente a ponto de ditar os rumos do quê será estudado, e como, nas próximas décadas. Já se observou que indivíduos e agregados econômicos não se comportam como partículas cujas características podem ser previstas com baixo grau de erro; a Economia precisa de novas e mais realistas inspirações.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alguém me explica...

... como um empréstimo (que provavelmente será calotado) para a Aerolineas Argentinas contribui para o desenvolvimento econômico e social do país?

BNDES aprova crédito de US$ 640 mi a Aerolíneas Argentinas



Divisão do trabalho

Alguém anda levando Adam Smith MUITO a sério.


(impresso em Hong Kong / dobrado na China)


"The greatest improvement in the productive powers of labour, and the greatest part of skill, dexterity, and judgment with which it is any where directed, or applied, seem to have been the effects of the division of labour."

Adam Smith, capítulo I de An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations (1776)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Top 10 músicas dos anos 00 (Som da Sexta especial)

Creio que nunca se ouviu tanta música no mundo como nos últimos dez anos. A revolução da internet e dos formatos digitais fez com que nunca fosse tão barato, democrático e prático ouvir música. Como em toda revolução que se preze, algumas vacas sagradas foram derrubadas: as gravadoras tremeram, os poucos artistas que ganhavam dinheiro com venda de discos tiveram que se conformar com a receita de shows, o formato álbum perdeu a importância e direitos autorais viraram um conceito bastante complicado de se definir e defender.

Os saudosistas reclamam e alegam uma suposta "banalização"; eu acho que isso faz parte da tendência humana de dar um peso desproporcional para o passado. A vida para quem gosta de música nunca foi tão divertida: com alguns cliques, você pode baixar o hit da semana, a nova melhor banda de todos os tempos, o disco clássico, o cover inusitado (Travis cantando Britney Spears? Lily Allen cantando Pretenders? Pode procurar que tem) ou a gravação que um dia foi rara. As escolhas nunca foram tão abundantes e acessíveis (liberdade de escolhas é sinônimo de desenvolvimento, diria o professor Amartya Sen). Difícil é saber escolher com o quê gastar o tempo.

Aqui me concentrei somente no rock / pop em Inglês, não conseguiria colocar no mesmo saco o jazz e a música brasileira que tanto admiro (talvez faça listas separadas para essas categorias). Em termos de qualidade, acho que a década não destoou muito das anteriores: algumas grandes bandas que conseguiram criar uma obra, muitos one hit wonders, alguns bons álbuns. Aí vai minha lista das melhores canções, em ordem alfabética para não ter o trabalho de ordenar preferências tão subjetivas.


Belle & Sebastian - If You Find Yourself Caught In Love (Dear Catastrophe Waitress, 2003)

A grande década do Belle & Sebastian foi a anterior, mas nos anos 00 eles lançaram Dear Catastrophe Waitress, um bom disco e bem melhor humorado do que os anteriores. Esta é uma canção pseudo-gospel, muito irônica e divertida.




Damien Rice - The Blower's Daughter (O, 2002)

Para sobreviver a uma quantidade gigantesca de execuções (puxada pelo sucesso do filme Closer), e, sobretudo, a uma versão em Português absolutamente pavorosa, a música tem que ser muito boa.




Duffy - Warwick Avenue (Rockferry, 2008)

Amy Winehouse e Lily Allen que me desculpem, mas Duffy é a grande cantora da década. O álbum Rockferry é impecável, o clima anos 1960 das canções é delicioso, e ouvir a voz meio Blossom Dearie, meio Aretha Franklin de Duffy me faz pensar no quanto foi tonto o cara que a dispensou e mereceu as canções amarguradas desse disco.




Fiona Apple - Extraordinary Machine (Extraordinary Machine, 2005)

Fiona Apple é outra cantora extraordinária, que já havia sido revelada na década anterior. Extraordinary Machine combina o vozeirão de Apple com piano e cordas; a combinação merece o lugar nesta lista.




Gnarls Barkley - Crazy (St. Elsewhere, 2006)

Nada no disco St. Elsewhere chega perto do soul moderno de Crazy. Mais uma para a lista de grandes canções com esse título (fazendo companhia a Seal, Patsy Cline e Aerosmith). E que outra banda já teve oportunidade de tocar com o Chewbacca como baterista (veja no vídeo)?




Norah Jones - The Story (My Blueberry Nights - Songs From the Motion Picture, 2008)

Essa é a tal música ultra-sexy que me ajudou a gostar tanto de Um Beijo Roubado (Norah Jones escreveu a música para o próprio papel -- quantas outras cantoras podem fazer isso?). Resista, se puder.




Paul McCartney - This Never Happened Before (Chaos and Creation in the Backyard, 2005)

Deveria ser covardia deixar Paul McCartney participar desse tipo de lista... Esta canção poderia muito bem estar entre as baladas de Revolver (Here, There and Everywhere e For No One).




Radiohead - House of Cards (In Rainbows, 2007)

Radiohead é a maior banda em atividade. Quem os viu no Brasil este ano comprovou que eles têm repertório para um show espetacular de duas horas, e ainda não perderam nada da relevância que atingiram com OK Computer (de 1997). E quando a maior banda em atividade coloca para download grátis o seu útimo disco, o sinal de que algo mudou na indústria musical é inequívoco.




Ray LaMontagne - You Are the Best Thing (Gossip in the Grain, 2008)

Poderia ser um soul dos anos 1960 cantado por um negro de Detroit. É um soul dos anos 2000 cantado por um branquelo do Maine.


Rufus Wainwright - One Man Guy (Poses, 2001)

Nick Hornby, além de livros divertidíssimos, oferece a seus leitores dicas musicais como esta (que faz parte do 31 Songs). Obrigado, Nick.

Esta versão não é das melhores, mas foi o que achei no YouTube.



P.S. A lista do Ronalt está aqui.

P.P.S. A The Economist publicou há umas duas semanas um texto bem interessante sobre o que tem acontecido com o entretenimento.

Exuberância irracional, ontem e hoje



Via The Big Picture.

Marolinha revisited - PIB do 3º trimestre

O IBGE divulgou hoje o PIB do terceiro trimestre, que, na comparação com o mesmo período do ano passado, encolheu 1,2% -- queda maior do que a previsão do analista mais pessimista entre os 38 consultados pela Bloomberg (economistas... não dá para dizer "pobres economistas" porque, no geral, eles são muito bem remunerados para o que fazem). Além disso, a variação do segundo trimestre foi revisada de -1,2% para -1,6%. Com isso, me informa o economista de onde trabalho, o país precisará crescer mais de 5% no quarto trimestre (também contra o mesmo período de 2008) para registrar algum crescimento positivo (algum - beeeeeeeeeem longe da bravata do senhor Mantega de crescer 4%). Não crescer num mundo onde a maioria dos países vai fechar o ano em situação pior não é ruim, mas é longe do "novo milagre" que tem sido propagandeado.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Engordando o BNDES

Na falta de notícia melhor...

Governo libera R$ 80 bi extras para BNDES emprestar

O Tesouro segue financiando a dieta hipercalórica do BNDES. Aguardamos a contrapartida em desenvolvimento econômico e social.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

COP15, a festa dos burocratas

Um amigo me informou hoje que o Brasil levou para a Conferência Climática da ONU uma delegação modesta, de 720 pessoas, ao custo de R$ 30 milhões (de onde qualquer calculadora pode concluir que o gasto médio por representante da nossa pátria amada, idolatrada, foi de R$ 41,7 mil - belas férias, não?). Tudo isso com a nobilíssima intenção de salvar o país e o mundo do aquecimento global (não vamos considerar que o Ministro do Ambiente ainda não entrou em acordo com os diplomatas sobre o que o Brasil vai pedir na conferência).

Não quero entrar no mérito da causa -- não entendo absolutamente nada de clima, e, até onde sei, há bons argumentos para os dois lados. Ademais, enquanto a tecnologia não andar, me parece uma questão de solução impossível -- o bem estar de grande parte da humanidade atualmente depende de consumo de energia. Na margem, quem vai consumir mais energia são as pessoas que estão saindo da pobreza, e não há nenhuma motivação de curto ou longo prazo que justifique privá-las de uma oportunidade de vida mais confortável. Fica, portanto, a opção para quem pode "reduzir suas emissões", o que só virá via incentivos que, provavelmente, não são viáveis em um mundo já tão endividado (apedrejamentos nos comentários, por favor). O caso aqui é o desperdício de recursos em nome da "causa", do qual o Brasil, claro, é o exemplo mais gritante.

Burocratas e políticos estão sempre atrás de uma "causa", que justifique seus empregos e seus salários. Para isso, apoiam-se em especialistas e colocam-se como donos da verdade, sem deixar margem para dúvidas ou questionamentos. Há pouco tempo vimos o caso da Gripe H1N1: o desconhecimento geral virou pânico e justificou o desperdício de bilhões de dinheiro de contribuintes, para depois concluir-se que o perigo não era tão grande, assim. Como disse acima, não entendo absolutamente nada de clima. Mas sei que é uma questão extremamente complexa, com muitas variáveis não controláveis. Complexa demais para que, em tão pouco tempo, já tenha-se chegado a conclusões incontestáveis e que justifiquem tanto empenho. Quanto à colaboração entre países, devemos lembrar que os EUA seguem produzindo açúcar de beterraba, apesar de todas as rodadas de negociação de comércio internacional. Copenhague será um fiasco, podem anotar.


P.S. Ainda no campo das boas intenções:
Prostitutas dinamarquesas oferecem sexo grátis durante COP15

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dado inútil do dia - Ibovespa vs S&P 500

Há cerca de 14 meses, o índice S&P 500 (de ações americanas) estava mais ou menos no mesmo nível em que está hoje. O Ibovespa valia 46 mil pontos (hoje vale quase 69 mil). Brasil, todo mundo acredita.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Os livros do ano, pela The Economist

Mais uma daquelas listas para arrancar os cabelos pensando em quanta coisa interessante deixamos de ler durante o ano.

Emoções e investimentos

Ótimo gráfico que o Batata me mandou (clique para aumentar).



Pão de Açúcar compra Casas Bahia

Melhor comentário até agora:

"Foi em 36 vezes sem juros e sem entrada!!! E o melhor: a primeira parcela só em fevereiro!!! Isso mesmo!!! Só em fevereiro!!! Mas é só até sábado, hein!!! Tá esperando o quê?!? Vai lá!!! Vai lá!!! "

Via Kibe Loco.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Festival de extrapolação aplicada ao mercado (5)


85 mil está virando piso... aguardo a primeira projeção de 100,000 (afinal, seriam "apenas" 45% de valorização).

O oba-oba do PIB 2010

A capa do Valor de hoje traz algumas previsões para o crescimento do PIB brasileiro no ano que vem. Tem gente projetando aumento de 20% nos investimentos e crescimento total de 6,5%. Tudo isso com juros baixos, para fechar a conta de uma projeção de Ibovespa acima de 80 mil pontos. Acredite quem quiser.

Vídeo do dia - A Década em 7 minutos

Na visão centrada nos EUA da Newsweek:

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os 100 pensadores globais de 2009

A lista da revista Foreign Policy é encabeçada por Ben Bernanke e inclui Larry Summers e Dick Cheney. Acho que resume bem o espírito do ano: nada mudou, business as usual. A leitura subliminar é que os problemas continuam os mesmos, e sem nenhum sopro de renovação para resolvê-los.

Top 10 filmes dos anos 00

Toda lista desse tipo não tem como não ser estritamente pessoal e sujeita a idiossincrasias que muitas vezes passam longe de qualquer argumento técnico, histórico, artístico, etc... Eu entendo muito pouco desses aspectos. Sou apenas uma pessoa que assiste a muitos filmes. Sendo assim, consegui separar mais de 40 títulos que me agradaram bastante. Para chegar ao Top 10, resolvi separar os filmes que mais me tocaram, na maioria dos casos os que têm personagens nos quais identifiquei o meu passado ou como gostaria que fosse / imagino que será o meu futuro. Gosto quando o cinema fornece algo a mais que cento e poucos minutos de diversão, embora, claro, diversão de qualidade tenha muito valor. Aí vai; divirtam-se, critiquem e, sobretudo, façam suas próprias listas. Certamente será uma lição de autoconhecimento.




Top 10 (feito a muito custo, que pode mudar a qualquer minuto, e a ordem entre o Top 3 e dele para baixo é quase aleatória):




1. Match Point (Woody Allen, 2005)

Woody Allen dirigiu exatamente dez longas durante a década (teria tido uma regularidade ainda mais impressionante se não tivesse passado em branco por 2004 e compensado lançando dois títulos em 2005). Uma sequência fraca (para padrões Woody Allen, claro) nos primeiros cinco anos foi interrompida por este filme, o melhor dos anos 00 e um dos melhores da carreira de Allen. Match Point volta aos temas de culpa e moralidade do genial Crimes e Pecados (1989), constrói uma versão século XXI para a obra prima de Dostoiévski Crime e Castigo e introduz a visão do diretor, cínica e realista, sobre o papel da sorte na vida. Nas mãos de alguém menos hábil, tal combinação poderia resultar em um filme árido e sonolento; nas mãos do mestre, virou uma história de suspense, temperada com bom humor e Scarlett Johansson.



2. Antes do Pôr do Sol (Before Sunset, Richard Linklater, 2004)

Eu imagino qual teria sido o impacto desse filme em mim se eu tivesse a mesma idade dos protagonistas – algo como vinte e poucos anos em 1995, quando foi lançado o primeiro filme (Antes do Amanhecer) e mais perto dos 30 em 2004. De qualquer maneira, como só fui ver os dois em uma idade intermediária, me identifiquei com as duas situações. O passado, romântico e bastante ingênuo; e o futuro breve, mais difícil, mas não menos fascinante. Talvez por este filme ter tido participação dos dois atores principais (Ethan Hawke e Julie Delpy) no roteiro, ele às vezes parece um documentário, mas não deixa de alimentar um pouco do ideal romântico de Antes do Amanhecer.

Ah, e a cena final, com Julie Delpy imitando os trejeitos de Nina Simone no palco, contem toda a sensualidade que todas as cenas que a Megan Fox já gravou com roupas mínimas nunca terão.

3. As Invasões Bárbaras (Les Invasions Barbares, Denys Arcand, 2003)

Denys Arcand traz de volta os mesmos personagens de O Declínio do Império Americano (1986): intelectuais da parte francófona do Canadá, inteligentes, céticos, beberrões, sarcásticos e meio tarados. As Invasões Bárbaras é sobre a despedida de um deles, Rémy, da vida, e traz uma reflexão honesta e realista sobre família, amigos e a morte.






4. Um Beijo Roubado (My Blueberry Nights, Wong Kar Wai, 2007)

Fui assistir a esse filme esperando absolutamente nada, já que tinha achado muito chato o único filme (In the Mood for Love, não lembro como ficou o título em Português) que havia visto do diretor. Dada a posição dele na lista, não preciso falar quão boa foi a surpresa ao terminar a sessão. As histórias dos personagens de Norah Jones (grata surpresa como atriz), Jude Law, David Strathairn, Rachel Weisz (não dá para entender como ela ganhou o Oscar por O Jardineiro Fiel e não por este papel) e Natalie Portman são envolventes e profunamente humanas. E a música (The Story) composta por Norah Jones para a trilha é das coisas mais sensuais que já foram gravadas. Aliás, a trilha toda (Cat Power, Cassandra Wilson, Otis Redding, Ruth Brown) é tão boa quanto o filme.

5. Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002)

Cidade de Deus deve ser quase uma unanimidade nessas listas de Top 10 da década. Há muito tempo um filme brasileiro não era tão reconhecido, e hoje é uma influência visível para histórias filmadas sobre países subdesenvolvidos (vide Quem Quer Ser um Milionário?, talvez o filme mais superestimado da década).








6. Antiherói Americano (American Splendor, Shary Springer Berman / Robert Pulcini, 2003)

Antiherói Americano mistura cinema, quadrinhos e documentário para contar a história de Harvey Pekar, um americano ranzinza, funcionário público e viciado em jazz. Esse vício levou-o a conhecer o grande desenhista Robert Crumb, e a amizade dos dois transformou-se numa parceria onde Pekar contava seus “causos” e pensamentos e Crumb transformava-os em histórias em quadrinhos. Brilhante interpretação de Paul Giamatti, e uma cena comovente usando a interpretação de John Coltrane para My Favorite Things como trilha sonora.


7. Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, Quentin Tarantino, 2009)

“Tarantino é doente”, foi o consenso que eu e os amigos cinéfilos conseguimos chegar após ver Bastardos Inglórios. Felizmente sua doença é canalizada para filmes brilhantes e delirantes como este, o melhor desde Pulp Fiction. E se há alguma justiça no Oscar, Christoph Waltz sai da premiação do ano que vem com uma estatueta pelo papel do coronel poliglota Hans Landa.




8. O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, David Fincher, 2008)

A idéia do conto de F.S. Fitzgerald é tão boa que é de se estranhar que tenha levado tanto tempo para ser adaptada para o cinema. Felizmente a espera foi recompensada, e ganhamos um ótimo filme de um dos diretores mais interessantes da atualidade. Infelizmente, o filme teve que concorrer com a febre Quem Quer Ser um Milionário?, e não levou nada no Oscar. Acho as cenas em que Brad Pitt e Tilda Swinton contracenam, no segmento em que Button está em Murmansk, uma aula sobre como mulheres gostam, sobretudo, de serem ouvidas.




9. Os Sonhadores (The Dreamers, Bernardo Bertolucci, 2003)

Valeria só pelas cenas com a Eva Green, mas, como mulher pelada não é o critério da lista, esse filme é um dos motivos que me fazem ter vontade de ter vivido os anos 1960. Ou melhor, ser um estudante americano morando em Paris em 1968 e tendo um caso com a Eva Green.








10. Closer - Perto Demais (Closer, Mike Nichols, 2004)

Closer é o contraponto à esperança de Antes do Amanhecer, e condensa, embora de forma menos bem humorada, o pensamento de Woody Allen sobre relacionamentos no final de Annie Hall: "I thought of that old joke, y'know, the, this... this guy goes to a psychiatrist and says, "Doc, uh, my brother's crazy; he thinks he's a chicken." And, uh, the doctor says, "Well, why don't you turn him in?" The guy says, "I would, but I need the eggs." Well, I guess that's pretty much now how I feel about relationships; y'know, they're totally irrational, and crazy, and absurd, and... but, uh, I guess we keep goin' through it because, uh, most of us... need the eggs”

Filmes que poderiam, a qualquer minuto, entrar para o Top 10:

- Up - Altas Aventuras (Up, Peter Docter / Bob Peterson, 2009)
- Gran Torino (Clint Eastwood, 2008)
- Tropa de Elite (José Padilha, 2007)
- Superbad (Greg Mottola, 2007)
- Juno (Jason Reitman, 2007)
- Na Natureza Selvagem (Into the Wild, Sean Penn, 2007)
- WALL-E (Andrew Stanto, 2008)
- Sobre Meninos e Lobos (Mystic River, Clint Eastwood, 2003)
- Amantes (Two Lovers, James Gray, 2008)
- Kill Bill (Quentin Tarantino, 2003/2004)

Filmes que entraram na primeira lista que fiz para filtrar os escolhidos acima:

- Réquiem Para um Sonho (Requiem for a Dream, Darren Aronofsky, 2000)
- Oldboy (Chan-wook Park, 2003)
- Senhor das Armas (Lord of War, Andrew Niccol, 2005)
- Soldado Anônimo (Jarhead, Sam Mendes, 2005)
- Syriana (Stephen Gaghan, 2005)
- Os Inflitrados (The Departed, Martin Scorsese, 2006)
- Babel (Alejandro González Iñárritu, 2006)
- Borat (Larry Charles, 2006)
- Shrek (Andrew Adamson / Vicky Jenson, 2001)
- Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen, 2008)
- O Pianista (The Pianist, Roman Polanski, 2002)
- Quase Famosos (Almost Famous, Cameron Crowe, 2000)
- Alta Fidelidade (High Fidelity, Stephen Frears, 2000)
- Volver (Pedro Almodóvar, 2006)
- Fale Com Ela (Hable Con Ella, Pedro Almodóvar, 2002)
- Sideways (Alexander Payne, 2004)
- A Lula e a Baleia (The Squid and the Whale, Noah Baumbach, 2005)
- Desejo e Reparação (Se, jie, Ang Lee, 2007)
- Do Outro Lado (Auf der Anderen Seite, Fatih Akin, 2007)
- Batman Begins e Batman: O Cavaleiro das Trevas (Batman Begins / The Dark Knight, Christopher Nolan, 2005 / 2008)
- Quando Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hamburger, 2006)
- A Viagem de Chihiro (Sem to Chihiro no kamikakushi, Hayao Miyazaki, 2001)
- Um Táxi para a Escuridão (Taxi to the Dark Side, Alex Gibney, 2007)
- Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr., David Lynch, 2001)
- Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road, Sam Mendes, 2008)
- Mais Estranho que a Ficção (Stranger Than Fiction, Marc Forster, 2006)
- C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor (C.R.A.Z.Y., Jean-Marc Vallée, 2005)

Filmes que iam entrar na lista, mas depois fui ver que são de 1999:

- Magnolia (Paul Thomas Anderson)
- O Clube da Luta (Fight Club, David Fincher)
- Beleza Americana (American Beauty, Sam Mendes)
As listas do Ronalt e da galera estão aqui.

Dados do dia - Bancos Europeus

Da Bloomberg:

Paris-based BNP Paribas, the world’s biggest bank by assets, increased its balance sheet by 59 percent to 2.29 trillion euros ($3.5 trillion) since the beginning of 2007, an amount equal to 117 percent of France’s gross domestic product.
Assets at London-based Barclays jumped 55 percent to 1.55 trillion pounds ($2.6 trillion), or 108 percent of U.K. GDP.
Santander’s rose 30 percent to 1.08 trillion euros, about the size of Spain’s GDP.

Alguém falou em too big to fail?

Dezembro, o mês do off-topic

O ano vai acabando, a liquidez dos mercados vai minguando, e os assuntos sobre mercado financeiro e economia vão ficando cada vez mais batidos. Todos estão felizes com o brilhante ano que o mercado de ações teve (Bovespa +83% por enquanto - era só ter comprado, infiéis), e o abismo parece ter sido empurrado para 2010.

O fim de 2009 marca também o fim da década, e a onda dos Top 10 dos anos 00s (noughties, para os gringos descolados) é quase irresistível. Vou, portanto, unir o útil ao agradável (os leitores podem argumentar que é o inútil ao desagradável) e decretar este o mês do off-topic, publicando algumas listas pessoais de melhores da década, que não tem nada a ver com o assunto principal deste blog.

Claro que, sendo relativamente boa, a idéia de publicar Top 10 da década não foi minha. O Ronalt sugeriu a outros amigos que fizessem suas listas; cada um publica a sua e ele faz uma compilação no blog dele. Esta semana começamos com os melhores filmes da década, ainda hoje devo colocar minha lista aqui. Divirtam-se!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

2009 foi o ano de...

Michael Jackson, pelo Google Zeitgeist. Barack Obama, como dizem lá, is sooooooooo 2008...

Notícia do dia - Bolhas e Fé

Acabou de passar por aqui:

*PLOSSER SAYS HE `NOT A BIG BELIEVER' IN ASSET PRICE BUBBLES

Plosser, no caso, é Charles Plosser, presidente do Fed da Filadélfia. Que deve achar que a NASDAQ a 4,500 pontos era sustentada por fundamentos sólidos e que faz todo sentido esperar que preços de imóveis subam eternamente a 20% ao ano.

Um urso em hibernação

Nassim Taleb tira uma folga da mídia, após considerar que o reapontamento de Ben Bernanke para a presidência do Fed é demais para aguentar. Para ele, o mundo nunca esteve tão frágil.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ainda Dubai

Até por falta de assunto melhor, só se fala de Dubai... A melhor análise sobre o tema, até agora, é esta:

domingo, 29 de novembro de 2009

Reflexão sobre a pausa para reflexão

Quem trabalha no mercado financeiro é levado, muitas vezes, a acreditar que tem as melhores informações e o melhor julgamento. Afinal, somos nós que mexemos com dinheiro, que lemos, que estudamos, que falamos com pessoas que conhecem outras pessoas que conhecem quem manda. Observação e mea culpa número 1 feita.

Há a política. Há interesses que passam longe da racionalidade como a imaginamos (mas que devem fazer perfeito sentido para quem os defende). Há, como o próprio autor do artigo abaixo disse, "a complexidade da condição humana". E vai haver, no ano que vem, uma disputa pelo poder no "país do futuro", na possível-futura quinta maior economia do mundo.

Há um presidente que conta com uma aprovação assombrosa, mais ainda considerando que ele comanda uma democracia livre. Por trás desse presidente, há uma história de sucesso, fruto ou não do acaso, mas que faz com que ele paire acima do bem e do mal. Há uma possível sucessora. Há uma oposição acanhada, que ainda não decidiu o que quer (ou pelo menos isso aparenta). Há jornalistas, com diferentes graus de isenção, e seus veículos. No meio de tudo isso, vai haver muita sujeira, muito ruído, e pouca informação. De forma que vou me abster, daqui para a frente, de comentar política -- simplesmente não conheço, ou não entendo o bastante. Sou tonto. Deixo-me levar pelos meus vieses e não enxergo o que talvez seja óbvio. Estou engatinhando no entendimento de política e mídia -- tão ou mais opacas que mercado financeiro e economia, mas, pelo menos, esses eu estudo e vivencio há algum tempo.

Antes disso, tenho a obrigação de dar o outro lado da história. Um estimado amigo para quem mandei o texto abaixo disse que a opinião dele sobre a história está mais ou menos nesse texto do Luiz Carlos Azenha -- fica aí o contraponto, um dos possíveis. Tantos outros estão na mídia, é só procurar. Não conheço bem o trabalho do Luiz Carlos Azenha, nem suas orientações políticas, nem seus interesses. Como não conhecia esses aspectos do César Benjamin, que me impressionou pela biografia e pela história contada.

"Tive na vida várias fases de tentar explicar tudo, mesmo sem compreender. Quando compreendia, não tinha palavras para explicar." O Tostão escreveu isso em sua coluna de hoje. Há sabios e há tontos. Estou caminhado entre eles, sem ter idéia de quem estou mais perto.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pausa para reflexão

Reserve alguns minutos do seu tempo para ler o texto de César Benjamin na Folha de hoje. E mais algum tempo, depois, para uma reflexão sobre o Brasil e os brasileiros.

Artigo de César Benjamin na Folha de S. Paulo - 27/11/2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Gráfico do dia - Americanos x Perus

Feliz Dia de Ação de Graças para os americanos, que engordaram menos que os perus.




Da The Economist.

Não quer pagar estacionamento?

Não vá ao shopping! Ou vá de transporte público. Ou procure vaga na rua, e sofra com os odiosos flanelinhas.

Por que os shoppings de São Paulo têm de investir milhões em andares e andares de estacionamento, para depois não poderem cobrar pela facilidade? Qual a dificuldade dos legisladores em entender que uma vaga de estacionamento é um espaço privado, e que o preço cobrado nada mais é que um aluguel? Por que os clientes dos shoppings entendem isso e lotam tais vagas, e os deputados estaduais tentam violar a lei de oferta e demanda e a propriedade privada?

Se há algum alívio é que o executivo tenta vetar tal aberração. Que o judiciário compartilhe do mesmo pensamento.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A festa das isenções continua

Aproveite para fazer o seu puxadinho e mobiliar com um dormitório Bartira:


O Gian escreveu no comentário do post de ontem que concorda com o Friedman. Eu adoraria concordar também, sobretudo com a noção de que os governos, no geral, gastam muito e mal. O problema é que, no caso do Brasil hoje, as isenções de impostos muito provavelmente não serão acompanhadas por um corte correspondente nos gastos. E a operação acaba sendo uma transferência: de toda a base de contribuintes para quem compra móveis / carros / material de construção / etc. e seus respectivos produtores. Não vejo como isso pode ser bom (numa visão um pouco mais que imediatista) ou prioritário para um país que se financia a mais de 6% de juro real e só este ano conseguiu prover saneamento básico para metade dos domicílios.

Ai, ai, ai, Dubai

É a clássica história da formiga e da cigarra aplicada aos Emirados Árabes Unidos: enquanto a formiga Abu Dhabi poupava a receita do petróleo e montava o maior fundo soberano do mundo, a cigarra Dubai, cuja receita do petróleo já acabou há algum tempo, se endividava para construir o prédio mais alto do mundo, um hotel seis estrelas, um condominío de ilhas em forma de palmeira, etc. Na crise, a cigarra foi pedir abrigo para a formiga, e Abu Dhabi injetou dinheiro em Dubai para que esta não quebrasse. Agora, com o mundo inundado em liquidez, aparece a prova de quão frágil é a situação na terra "onde o sol nunca se põe": a Dubai World, uma das companhias estatais, tenta negociar o pagamento de títulos que vencem no próximo dia 14. O mundo parece não querer financiar Dubai; o que vai acontecer quando a formiga resolver não abrir a porta?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A palhaçada verde, versão Brasil

A cara de pau de políticos não têm limites. Veja o Brasil, bonito por natureza e dotado do maior potencial de geração hidroelétrica do mundo: um acaso da natureza agora faz com que o país possa alardear que tem a energia mais limpa do mundo, e leva o nosso Ministro de Minas e Energia a apontar o dedo para os americanos, que dependem do carvão para gerar 50% da energia que consomem. Esse tipo de bravata não custa ao consumidor, pelo menos. O caso do Ministério da Fazenda é mais grave: a causa verde ("Brasil está muito preocupado com meio ambiente", proclamou o çábio Mantega) está sendo usada como justificativa para subsidiar, via isenções e corte de impostos, indústrias com boa influência no governo. Paga a conta, como sempre, o contribuinte. Já havia sido anunciada uma isenção para geladeiras que tivessem um "selo verde". Hoje foi a vez da indústria automotiva: foi mantido o IPI reduzido de 3% para carros flex 1.0 até março do ano que vem (o plano inicial era voltar, gradualmente, a alíquota aos 7% pré-crise). Segundo a Fazenda, tal medida vai custar R$ 1,3 bilhão às contas públicas.

Milton Friedman dizia que nunca houve um corte de impostos de que ele não tivesse gostado. Eu discordo. Odeio cortes de impostos que favorecem diretamente o consumidor e, indiretamente, indústrias que não geram inovação. Odeio medidas que vão incentivar mais compra de automóveis, quando é nítido que o país precisa de mais transporte público de qualidade (o que, por sinal, seria muito mais ecológico do que aumentar o ritmo de produção de carros). Odeio pensar que gastança e incompetência serão confundidas com boa vontade, consciência ecológica e vanguarda. Odeio pensar que não vou rir por último, já que provavelmente farei parte dos que pagarão por excessos desse tipo. Já estou odiando esta enumeração, então vou parar por aqui.

Festival de extrapolação aplicada ao mercado (4)

Continuando a nossa série... por enquanto, ninguém prevê nada diferente da continuação do movimento.

Memórias da marolinha

Hoje o Valor nos informa que, durante a "marolinha" de outubro do ano passado, o Banco do Brasil jogou uma bóia de R$ 5,8 bilhões para os bancos Votorantim, Alfa e Safra. Na época, tivemos de ouvir bravatas por todos os lados, que diziam, entre outras barbaridades, que a crise financeira era coisa de "banqueiro loiro de olhos azuis". Infelizmente, passado o calor do momento, pouca gente vai prestar atenção na história que começa a aparecer. Infelizmente porque seria um bom aprendizado e exercício de humildade, pelo menos. Mas chegaremos no ano de eleição com a imagem de que temos um banco central infalível e um presidente onisciente. Pior para o país.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Gráfico do dia - Wikipedia


De um artigo do Wall Street Journal falando sobre a queda no número de editores da Wikipedia.