sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Som (filme) da Sexta - Soul Power

Hoje, como muito bem lembrou o Balu, a maior luta de boxe da história faz 35 anos. Claro que estou falando do rumble in the jungle, o fantástico combate em Kinshasa, Zaire (hoje República Democrática do Congo) entre o então campeão George Foreman (hoje deve ter gente que só o conhece como vendedor de grelhas elétricas...) e o "decadente" Muhammad Ali. Como sabemos, Ali venceu de forma épica e o episódio rendeu pelo menos um excelente livro (A Luta, de Norman Mailer) e um documentário ganhador do Oscar (Quando Éramos Reis).

Como para o megalomaníaco Mobutu Sese Seko a luta não bastava, foi também organizado, como aperitivo, um pequeno e humilde festival de música negra, com a presença de: B.B. King e James Brown (dois monstros no auge da carreira), a cantora cubana Celia Cruz, Manu Dibango (o pai do soul africano, que Michael Jackson citou em Wanna Be Startin' Somethin'), Miriam Makeba, The Spinners e Bill Withers. Ano passado esse festival também ganhou um documentário -- Soul Power -- que está sendo exibido na Mostra de Cinema de São Paulo e cujo trailler está aqui. Para quem perder essas poucas sessões (como eu), o filme deve estrear regularmente no dia 11 de dezembro. Assista à luta, leia o livro, veja os filmes -- e tenha um bom feriado.

Vídeo do dia - Hugh Hendry

Hugh Hendry é o CIO da Eclectica Asset Management, uma companhia de gestão de recursos baseada em Londres. Escutá-lo falar é sempre um desafio às idéias estabelecidas e ao senso comum. Este é o primeiro de uma série de oito vídeos; as sequências estão nos links à direita da janela. Para quem gostar do assunto, tiver paciência e conseguir compreender o sotaque escocês, é uma grande aula.

Lords of Finance - Business Book of the Year

O livro que conta a história da Grande Depressão concentrando-se nos principais banqueiros centrais do mundo ganhou o prêmio do Financial Times (ainda não saiu em Português, mas, acredito, isso deve acontecer em breve). Não li os outros indicados, mas, no absoluto, posso dizer que foi uma boa escolha. Nunca é demais aprender com os erros do passado, e o timing não poderia ser mais apropriado. E uma das mensagens que fica é: banqueiros centrais são seres perigosos. Cuidado com eles.

Update: a Folha de hoje (4/11) diz que a editora Campus Elsevier (que publica os livros mais caros do Brasil) vai lançar a obra em Português em janeiro.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Je vous salue Astérix

Há exatos 50 anos, um grupo de irredutíveis gauleses era apresentado ao mundo pelas mãos geniais de René Goscinny e Albert Uderzo. Saudações ao jubileu de ouro de uma das grandes séries em quadrinhos da história, repleta de humor inteligente e politicamente incorreto. Que mais gerações aprendam sobre os hilários estereótipos europeus nas páginas das revistas do Asterix.

(para o post ter algum número "sério": a série Asterix vendeu 325 milhões de cópias no mundo, o que faz de Goscinny e Uderzo os autores franceses mais lidos no exterior. Que pena, Proust.)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Mais uma ação para o longo prazo...

... já que, no curto, a performance foi um desastre. As ações da CETIP estrearam hoje na Bovespa, com queda de 10,3% do preço da emissão (R$ 13). Mais uma vez, nem sinal da eficácia da "estratégia vencedora".

Sobre ações para o longo prazo, ver aqui.

Atravessando a fronteira por uma Guinness

O Free Exchange, da The Economist, traz mais uma anedota fascinante sobre taxas de câmbio e poder de compra. Com a mesma conclusão: o Reino Unido está ficando barato, acredite se quiser.

Soros e a nova economia

Anatole Kaletsky escreve sobre a tentativa de George Soros de apressar a morte da velha economia, com a criação do Institute for New Economic Thought.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Paulistanos, esses milionários (ou: londrinos, esses pobres)

Se você é paulistano, está passeando por Londres e quer se sentir em uma cidade barata, basta entrar no Mc Donald's mais próximo. Segundo a Bloomberg, o Big Mac na capital britânica custa, a taxas de câmbio correntes, cerca de R$ 6,50 (£ 2,29), contra R$ 8,00 em São Paulo (melhor não fazer a conta como proporção da renda, já que o PIB per capita britânico ajustado pelo poder de compra é cerca de 3,5 vezes maior que o brasileiro).

O interessante é que, na mesma matéria, nenhum dos economistas citados acha estranho o que há bem pouco tempo soaria como um grande absurdo. Para eles, os "fundamentos" e o crescimento superior do Brasil justificam uma taxa de câmbio apreciada e, como consequência, um dos Big Macs mais caros do mundo. O nível de euforia com o país é, de fato, imenso -- na mesma proporção que a desesperança com os EUA e a Inglaterra. Euforia num extremo, desilusão no outro: receita para grandes distorções nos preços relativos.

O real deve, de fato, tornar-se uma moeda mais forte no longo prazo, o que deve implicar em um Brasil mais caro -- o país está enriquecendo, e o efeito Balassa-Samuelson é bem estudado e suportado empiricamente. Isso não elimina, porém, a existência de exageros no caminho. No nosso exemplo, o Brasil ainda é um país pobre, e o Reino Unido ainda não consumiu seu grande estoque de riqueza. E o exemplo do Big Mac serve para ilustrar que, talvez, o real, como as ações de empresas nacionais, já esteja bastante caro.

Fala Bill Gross

Interessante ver que, assim como Grantham (ver post abaixo), Gross (principal cabeça da PIMCO, maior gestor de renda fixa do mundo), na sua última carta, está pessimista com o futuro próximo dos EUA -- uma economia que cresceu nos últimos anos com base na criação de riqueza no "papel" e agora está vendo trilhões de dólares de contribuintes sendo usados para sustentar esse mesmo modelo.

Jeremy Grantham - carta trimestral

Já citei aqui algumas vezes o Jeremy Grantham. Sua carta trimestral é, provavelmente, das coisas mais inteligentes escritas sobre mercados que você vai ler até o final do ano.

Jeremy Grantham's Quarterly Letter - 3Q09

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Festival de extrapolação aplicada ao mercado (3)



Dando sequência a nossa série, por enquanto temos um vencedor: 85 mil pontos até o meio de 2010.

Férias em Gana

Bolgatanga e a floresta de Katum podem se tornar nomes conhecidos para o turista americano. Paul Kedrosky nota que, neste ano, apenas nove moedas no mundo (!!!) estão se desvalorizando contra o dólar. O maior movimento é o do cedi de Gana, que perdeu 13%. Nossos vizinhos argentinos também fazem parte dessa seleta lista. E, para o americano que se dispõe a pedir um visto e enfrentar 10 horas de vôo para conhecer o Corcovado ou ver o que a baiana tem, os preços em real estão hoje cerca de 35% maiores do que no final do ano passado. É o preço do sucesso, como diria nosso querido ministro Mantega.

Você sabe que um país está mal...

... quando o Mc Donald's resolve abandoná-lo porque os custos dos insumos dobraram de um ano para cá e é inviável aumentar os preços para recuperar algo da margem de lucro. Nem na Argentina dos piores dias isso aconteceu.

Mais no Financial Times: Icelandic collapse complete