terça-feira, 29 de julho de 2008
Don't cry for me...
Para muitos brasileiros é um prazer ver os sinais de que nossos vizinhos estão indo para o buraco novamente, apenas sete anos após o caos de 2001. Eu acho uma pena, um sinal muito claro da decadência do nosso continente. É sempre bom ter vizinhos ricos: vide Portugal, Espanha, Grécia Irlanda e outros ex "primos-pobres" do continente europeu que prosperaram em função da ajuda alheia. Enquanto isso, temos que aguentar ameaça de corte de gás da Bolívia, argentinos controlando exportações de trigo, o tio Chavez...
domingo, 27 de julho de 2008
Indicadores Curupira
Já temos material para um primeiro teste: em Maio, a capa da você s/a anunciava a mágica de fazer dinheiro com ações. A média dos fechamentos do Ibovespa daquele mês foi de 71,075 pontos, sendo que no dia 20 o índice atingiu sua máxima histórica, aos 73,438 pontos. Desde então, a bolsa desceu a ladeira. Em Junho, o Ibovespa encerrou o mês perto dos 65 mil pontos, e agora estamos beirando os 57 mil pontos. Momento oportuno, portanto, para uma capa pessimista: a Exame desta quinzena pergunta se a bolsa virou um mico. É hora de abrir a carteira e ir às compras. Depois cobrem o teste.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Som da Sexta - Johnny Griffin - 1928-2008
A incrível empresa que encolheu

A viabilidade da exploração de alguns novos poços da Petrobras depende inteiramente do preço do petróleo - sem entrar em detalhes técnicos (até porque eu não os conheço), furar um poço na areia custa muito menos do que desenvolver uma tecnologia capaz de trazer o óleo da famigerada "camada pré-sal". Por mais que o preço do barril de petróleo que viabiliza essa exploração seja consideravelmente mais baixo do que o praticado atualmente, a única resposta de alguma honestidade intelectual para a pergunta "quanto vai estar o petróleo daqui a cinco anos?" é um sonoro "não faço a menor idéia". Ao invés disso, o mercado parecia precificar que o preço do óleo só possuia uma direção possível - para cima, e com força. Com esse preço invertendo a tendência, pelo menos no curto prazo, essa certeza está abalada - não vai demorar muito para surgirem novos profetas dizendo que o petróleo terminará a decada a US$ 50.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Fssssssssss...

Para quem está fora da Bovespa e consegue pensar friamente, se confirmado, o estouro dessa bolha teria consequências benéficas para o mundo. Primeiro, por conter as pressões inflacionárias que têm feito políticos e consumidores mundo afora ficarem de cabelo em pé, mais ainda em um momento, com muitos bancos fracos, em que o uso da política monetária ortodoxa não é uma opção viável. Segundo (e principalmente no caso do petróleo), por cessar uma brutal transferência de renda de democracias onde o capital é reinvestido, na maioria dos casos, em tecnologia, pesquisa, desenvolvimento, etc, para países que se ocupam em gastar o que arrecadam com seus produtos em torneiras de ouro, armas nucleares ou títulos da dívida da Argentina. Terceiro, porque teremos a oportunidade de verificar quais dos países beneficiados pela bonança de anos de preços altos de produtos primários conseguirá se se sustentar em um mundo menos favorável. E a lista poderia ir mais longe...
O conselho deste humilde escriba é: não tenha pressa para entrar na bolsa. Prefira aplicar o seu dinheiro na renda fixa, a ainda exorbitantes 14,5% ao ano.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
A semana que passou
Consequências da alta do petróleo
Bordel dá gasolina a quem gastar US$ 300 em sexo
Em tempo: os pobres americanos pagam o exorbitante preço de, aproximadamente, US$ 4 por galão de gasolina - algo como R$ 1,67 por litro. E reclamam.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Calmaria?
"Ibovespa fecha em leve queda de 0,2%".

quinta-feira, 17 de julho de 2008
V de Vingança

O estudo analisa entrevistas feitas (por um instituto da ONU) com mais de 89.000 pessoas em 53 países. O "nível de vingança" dos entrevistados foi medido por meio de duas perguntas: primeiro, se uma pessoa apanhada roubando uma tv em cores (sendo que essa pessoa já havia roubado uma vez) merecia ser punida com multa / prisão / serviço comunitário ou ser perdoada. Para os que escolhiam a prisão como sentença, era feita a segunda pergunta: por quanto tempo o criminoso deveria ficar preso? As alternativas iam de menos de um mês até prisão perpétua.
Mocan conclui que o desejo de vingança é maior em países com níveis baixos de educação e renda e fraco arcabouço legal (em Botswana, 14% dos entrevistados optariam por prisão perpétua para o crime). Ou seja, o desejo de vingança diminui na medida que um país desenvolve-se economicamente e torna-se mais estável politicamente. Mas a descoberta mais interessante está em outra quebra dos dados: entre outros grupos, idosos (contrariando os versos do samba de Nelson Cavaquinho: "Vingança, meu amigo, eu não quero vingança / os meus cabelos brancos / me obrigam a perdoar uma criança...") e mulheres provaram-se mais vingativos. Sim, mulheres. Alguma surpresa?
A íntegra do trabalho (em inglês) está em http://papers.nber.org/papers/w14131.
Do que os EUA precisam?

quarta-feira, 16 de julho de 2008
Dias estranhos

De volta...
domingo, 28 de outubro de 2007
Desserviço ao Brasil, parte 2
Hoje, em sua coluna semanal na Folha de São Paulo, Antônio Ermírio comenta o texto que comentei no texto abaixo. O título da coluna é "A festa dos especuladores", de onde se pode facilmente inferir o conteúdo. Alguns trechos: "Com inflação ou sem inflação, eles (os especuladores) sempre fazem rodar a seu favor a nefasta ciranda financeira."; "Os brasileiros precisam de empregos, atenção às crianças, saúde bem cuidada e segurança individual. De que forma os especuladores colaboram para esses objetivos?".
Eu já critiquei os argumentos do texto original, e fico decepcionado ao ver um grande empresário embarcando nesse tipo de discurso retrógrado. Interessante também é constatar que Antônio Ermírio de Moraes pode ser demagogo, mas não é burro: o grupo Votorantim também atua no mercado financeiro, por meio de um agressivo banco de investimentos, uma gestora de recursos e uma financeira (posso estar esquecendo mais algum negócio), em busca dos lucros advindos da "ciranda financeira" brasileira. Creio já ter ouvido falar que Moraes teria vergonha dessas companhias, mas até onde se sabe elas seguem lucrativas e sem planos de serem vendidas ou desativadas.
Na prática, os estrangeiros vão continuar aplicando em títulos do Brasil enquanto os juros que pagamos pela nossa dívida pública continuem, ajustados pelo risco, brutalmente maiores do que os de outros países. As razões por trás deste fenômeno preencheriam vários livros, mas creio que resta pouca dúvida de que essas razões incluem o nosso estado glutão e ineficiente. Diminuindo o déficit nominal (a diferença entre o que o governo arrecada e gasta, incluindo o serviço da dívida), teríamos menor oferta de títulos para uma determinada demanda, forçando juros menores. Se a meta de inflação tivesse sido reduzida para 4% neste ano, em teoria teríamos juros de equilíbrio 0,5% menores (afinal, juros futuros podem ser decompostos, grosso modo, em juros reais + expectativa de inflação + prêmio de risco). Enfim, o que não se vê é que os juros altos e a "ciranda financeira" são um efeito colateral do modelo econômico que o Brasil resolveu seguir. O resto é conversa mole.