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Uma grande questão para os próximos anos (décadas, talvez) é: até quando o contribuinte americano concordará em financiar setores que não são mais competitivos? Já é assim com a agricultura, têxteis, siderurgia... e a lista tende a aumentar. Algumas dessas indústrias podem ser grandes geradoras de emprego, outras contam com lobbies fortíssimos em Washington; qualquer que seja o caso, vão se acumulando motivos para que trabalhadores de ramos realmente produtivos e empreendedores comecem a pensar duas vezes antes de dispor de suas energias: trabalhar para pagar impostos e sustentar o status quo? Pelo tamanho do estoque de riqueza e pelo dinamismo da sociedade, a decadência dos Estados Unidos deve ser lenta e pode ser revertida, mas aparentemente é o caminho escolhido -- Obama pode representar a mudança em alguns aspectos, mas não na economia. Empresas e órgãos do governo que falharam na crise de crédito continuam sendo dirigidas pelas mesmas pessoas e com as mesmas práticas, apenas um pouco disfarçadas. Que pena, Tio Sam.
Da General Motors ficará a história, como narra Liaquat Ahamed no muito bom Lords of Finance, lançado nos EUA no início do ano e ainda sem tradução em Português:
"Sob seu novo comando profissional (a partir de 1920), a General Motors tornou-se a companhia mais bem sucedida do país e a queridinha de Wall Street. Em 1925, estava produzindo mais de 800.000 carros por ano, cerca de 25% das unidades vendidas no país, e gerando mais de US$ 110 milhões em lucros. O preço de suas ações nesses cinco anos quadruplicou, de cerca de US$ 25 para mais de US$ 100."
Pela regra de bolso do próprio autor, as grandes cifras da época devem ser multiplicadas por 200 para se obter o equivalente em dólares atuais. Assim, o lucro da GM nos anos de 1920 equivale a US$ 22 bilhões atuais. Com uma relação preço / lucro relativamente conservadora, de 10 vezes, a empresa valeria hoje US$ 220 bilhões. Seria a segunda maior companhia do mundo, só atrás da ExxonMobil.
Sic transita gloria mundi.
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