sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Som da Sexta - Paulinho da Viola
Paulinho da Viola está naquele ponto invejável da carreira onde sua produção é de tanta qualidade que pouco importa se os "resultados" demoram a vir. Seú último disco de canções inéditas (o impecável "Bebadosamba") já tem 12 anos, não se sabe quando virá o próximo e nem por isso ele deixa de ser relevante. No ano passado, a MTV prestou o seu tributo ao convidá-lo para um show da série "Acústico", que gerou um CD e um DVD onde o mais elegante dos sambistas mostra canções consagradas e algumas novas surpresas. Dentre elas, uma das mais bacanas e inesperadas é "Talismã", que, segundo Paulinho, foi encomendada meio de brincadeira ao irregular Arnaldo Antunes e entregue muito rapidamente. Deixe o preconceito com o ex-titã-poeta-concreto-cantor-cult-tribalista de lado e se entregue a um samba que não faria feio em qualquer coletânea de clássicos do gênero.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Don't cry for me...
Para muitos brasileiros é um prazer ver os sinais de que nossos vizinhos estão indo para o buraco novamente, apenas sete anos após o caos de 2001. Eu acho uma pena, um sinal muito claro da decadência do nosso continente. É sempre bom ter vizinhos ricos: vide Portugal, Espanha, Grécia Irlanda e outros ex "primos-pobres" do continente europeu que prosperaram em função da ajuda alheia. Enquanto isso, temos que aguentar ameaça de corte de gás da Bolívia, argentinos controlando exportações de trigo, o tio Chavez...
domingo, 27 de julho de 2008
Indicadores Curupira
Já temos material para um primeiro teste: em Maio, a capa da você s/a anunciava a mágica de fazer dinheiro com ações. A média dos fechamentos do Ibovespa daquele mês foi de 71,075 pontos, sendo que no dia 20 o índice atingiu sua máxima histórica, aos 73,438 pontos. Desde então, a bolsa desceu a ladeira. Em Junho, o Ibovespa encerrou o mês perto dos 65 mil pontos, e agora estamos beirando os 57 mil pontos. Momento oportuno, portanto, para uma capa pessimista: a Exame desta quinzena pergunta se a bolsa virou um mico. É hora de abrir a carteira e ir às compras. Depois cobrem o teste.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Som da Sexta - Johnny Griffin - 1928-2008
A incrível empresa que encolheu
A Petrobras, ação de maior peso no Ibovespa, perdeu mais de 34% do seu valor desde sua máxima neste ano (só em junho, a queda foi de cerca de 25%). Parte desta queda pode ser explicada pelo arrefecimento nos preços do petróleo, mas a empresa também sofre por ter sido superestimada no passado. Por algumas das métricas usadas no mercado, a Petrobras era a petrolífera negociada em bolsa mais cara do mundo - em parte por conta de uma euforia generalizada com ações brasileiras após a promoção do país a grau de investimento, em parte por conta das seguidas descobertas de novas jazidas em alto mar (as más línguas diziam que a Petrobras tinha um estoque de descobertas na manga, que ia sendo usado sempre que a ação começava a cair).A viabilidade da exploração de alguns novos poços da Petrobras depende inteiramente do preço do petróleo - sem entrar em detalhes técnicos (até porque eu não os conheço), furar um poço na areia custa muito menos do que desenvolver uma tecnologia capaz de trazer o óleo da famigerada "camada pré-sal". Por mais que o preço do barril de petróleo que viabiliza essa exploração seja consideravelmente mais baixo do que o praticado atualmente, a única resposta de alguma honestidade intelectual para a pergunta "quanto vai estar o petróleo daqui a cinco anos?" é um sonoro "não faço a menor idéia". Ao invés disso, o mercado parecia precificar que o preço do óleo só possuia uma direção possível - para cima, e com força. Com esse preço invertendo a tendência, pelo menos no curto prazo, essa certeza está abalada - não vai demorar muito para surgirem novos profetas dizendo que o petróleo terminará a decada a US$ 50.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Fssssssssss...

Para quem está fora da Bovespa e consegue pensar friamente, se confirmado, o estouro dessa bolha teria consequências benéficas para o mundo. Primeiro, por conter as pressões inflacionárias que têm feito políticos e consumidores mundo afora ficarem de cabelo em pé, mais ainda em um momento, com muitos bancos fracos, em que o uso da política monetária ortodoxa não é uma opção viável. Segundo (e principalmente no caso do petróleo), por cessar uma brutal transferência de renda de democracias onde o capital é reinvestido, na maioria dos casos, em tecnologia, pesquisa, desenvolvimento, etc, para países que se ocupam em gastar o que arrecadam com seus produtos em torneiras de ouro, armas nucleares ou títulos da dívida da Argentina. Terceiro, porque teremos a oportunidade de verificar quais dos países beneficiados pela bonança de anos de preços altos de produtos primários conseguirá se se sustentar em um mundo menos favorável. E a lista poderia ir mais longe...
O conselho deste humilde escriba é: não tenha pressa para entrar na bolsa. Prefira aplicar o seu dinheiro na renda fixa, a ainda exorbitantes 14,5% ao ano.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
A semana que passou
Consequências da alta do petróleo
Bordel dá gasolina a quem gastar US$ 300 em sexo
Em tempo: os pobres americanos pagam o exorbitante preço de, aproximadamente, US$ 4 por galão de gasolina - algo como R$ 1,67 por litro. E reclamam.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Calmaria?
"Ibovespa fecha em leve queda de 0,2%".

quinta-feira, 17 de julho de 2008
V de Vingança
A atual tendência da pesquisa econômica de recolher toneladas de dados, jogá-los em um modelo econométrico e analisar os resultados é muitas vezes sonolenta, mas pode produzir alguns resultados interessantes. Um trabalho recentíssimo, de autoria do professor Naci Mocan, da Louisiana State University, e publicado pelo NBER trata de (palavras do autor) "uma parte integral do comportamento humano": a vingança.O estudo analisa entrevistas feitas (por um instituto da ONU) com mais de 89.000 pessoas em 53 países. O "nível de vingança" dos entrevistados foi medido por meio de duas perguntas: primeiro, se uma pessoa apanhada roubando uma tv em cores (sendo que essa pessoa já havia roubado uma vez) merecia ser punida com multa / prisão / serviço comunitário ou ser perdoada. Para os que escolhiam a prisão como sentença, era feita a segunda pergunta: por quanto tempo o criminoso deveria ficar preso? As alternativas iam de menos de um mês até prisão perpétua.
Mocan conclui que o desejo de vingança é maior em países com níveis baixos de educação e renda e fraco arcabouço legal (em Botswana, 14% dos entrevistados optariam por prisão perpétua para o crime). Ou seja, o desejo de vingança diminui na medida que um país desenvolve-se economicamente e torna-se mais estável politicamente. Mas a descoberta mais interessante está em outra quebra dos dados: entre outros grupos, idosos (contrariando os versos do samba de Nelson Cavaquinho: "Vingança, meu amigo, eu não quero vingança / os meus cabelos brancos / me obrigam a perdoar uma criança...") e mulheres provaram-se mais vingativos. Sim, mulheres. Alguma surpresa?
A íntegra do trabalho (em inglês) está em http://papers.nber.org/papers/w14131.
Do que os EUA precisam?
De uma nova bolha, diz o sempre impagável The Onion.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Dias estranhos
Hoje o sub-índice de empresas financeiras do S&P 500 teve sua maior alta desde 1989. Os bancos americanos têm sido dizimados no mercado, como podemos observar na coluna da direita da tabela que acompanha este texto (a outra coluna é a variação do preço da ação NO DIA - sim, quase todos os principais bancos tiveram altas de mais de 10%). Iniciada pelos problemas com as hipotecas subprime, a crise atual ainda não parece ter um fim claro, mas algumas hipóteses podem ser levantadas sobre o futuro:












