quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Última piada (involuntária) do ano

O post anterior era para ser o último do ano, mas não resisti. Acabou de chegar, de uma das equipes de economistas mais "respeitadas" do mercado financeiro:



Há quem acredite em Papai Noel; há quem acredite em previsões com precisão decimal. Ho, ho, ho!

Acabou 2009...

Meu 2009 "útil" chega ao fim hoje. Esses últimos dias devem ser dedicados a coisas menos mundanas do que mercados e economia, como família e amigos. É uma oportunidade quase única no ano de passar um tempo razoável e despreocupado com pessoas queridas, e isso deve compensar o lado menos divertido de obrigações sociais.

Gostaria de ter escrito muito mais sobre a década e o próximo ano durante dezembro, mas passei mais tempo de ressaca (portanto, em estado quase vegetativo) do que o imaginado. Paciência. Haverá muito tempo em 2010 - dia 4 estou de volta.
Tenho que agradecer os leitores, cujos comentários e apoio dão mais sentido ao ofício egocêntrico de escrever. Meu muitíssimo obrigado. Divirtam-se e tenham um 2010 crítico e feliz (sim, é possível).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

How the mighty have fallen

Fantástico gráfico do Wall Street Journal mostrando como o mercado de ações evoluiu na década que está terminando.

Via William Easterly.

Top 25 Companies 1999-2009 (WSJ Chart)

Grécia nas mãos da Moody's (ou: a volta da dracma)

Hoje a Moody's rebaixou a nota de crédito da Grécia de "A1" para "A2". Curiosamente, o mercado da dívida soberana grega respirou alividado. Explicação: nas semanas anteriores, as outras duas grandes agências de classificação de risco (Fitch e S&P) haviam rebaixado o país para BBB+, e, caso a Moody's se movesse para esse mesmo patamar (equivalente a Baa1 na sua escala, veja a tabela abaixo para entender melhor e deixe as questões nos comentários), os bancos locais não poderiam mais usar títulos públicos como garantias (colateral) para seus empréstimos junto ao Banco Central Europeu. O resumo da história é que agora o sistema bancário grego depende (caso o BCE não mude as regras) de alguns analistas sentados em um escritório em Londres. Tempos difíceis para os gregos.

Quando a Grécia adotou o euro, muitos protestaram pelo desaparecimento da dracma, até então a moeda mais antiga em circulação no mundo. Nesse sentido, a Grécia pode esperar para breve uma boa notícia: creio que o país não se aguentará não podendo desvalorizar a moeda para aliviar o peso da dívida, e a dracma terá sua volta, infelizmente nada triunfal.

Foreign Currency Long Term Debt Ratings (Sovereign)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Frase da década - Donald Rumsfeld

"Now what is the message there? The message is that there are known "knowns." There are things we know that we know. There are known unknowns. That is to say there are things that we now know we don't know. But there are also unknown unknowns. There are things we do not know we don't know. So when we do the best we can and we pull all this information together, and we then say well that's basically what we see as the situation, that is really only the known knowns and the known unknowns. And each year, we discover a few more of those unknown unknowns."

Do então Secretário de Defesa dos EUA Donald Rumsfeld, em junho de 2002 numa conferência de imprensa na sede da OTAN. Ao menos para economia e mercados, resume bem a década: muitos "unknown unknowns" confundidos com "known knowns" e toda a bagunça consequente.

Frase do dia - Que pena, COP15

"Estou rindo para não chorar."

Nosso Guia Lula da Silva, sobre a conferência climática da ONU.

Ontem consegui chegar em casa a tempo de assistir ao jornal da Globo. Às 3 da manhã de Copenhague, uma Sonia Bridi abatida trazia as últimas notícias: os negociadores chegaram a um "acordo" que propõe um limite no aumento da temperatura global de 2ºC com relação à era pré-industrial, sendo que alguns países queriam um limite mais "rígido", de 1,5ºC. Sim, a arrogância (ou ignorância, ou ambas) dessa gente é tanta que eles se julgam capazes de controlar a temperatura global com precisão de MEIO grau centígrado.

Para hoje, era esperada a chegada e uma atuação decisiva de Barack Obama. Tenho que concordar com o Lula, é rir para não chorar.
Mais pela Reuters. Minha opinião, aqui.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os mercados em 2010

Um economista que não faz previsões numéricas e reconhece que toda projeção carrega um erro que pode ser enorme merece alguma atenção.

Year Ahead: Can You Handle the Truth?

Festival de extrapolação aplicada ao mercado (edição EUA)

Aí do lado está uma tabela com a previsão de alguns analistas para a bolsa americana (índice S&P 500) em 2010. No pior dos casos, sobe 2,3% (considerando o preço de hoje como base). No melhor, 19%. Lembrando que o custo de oportunidade lá (o juro de um dia) é próximo a 0%. Lá, como cá, ninguém cogita que o movimento pode ser contrário.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ben Bernanke, pessoa do ano pela Time

Se vale a teoria de capas de revista como indicadores contrários, a decadência de Ben Bernanke deve estar começando agora (e, como sinal dos tempos, é incrível ver como os americanos querem acreditar e depositar confiança em um banqueiro central tão pouco tempo após relegar Alan Greenspan à condição de um dos culpados pela crise).

Festival de extrapolação aplicada ao mercado (6)

Em breve acabaremos a série. Esta previsão está no Valor de hoje.

Frase do dia - Jim Rogers

Na verdade não é do dia, é de 1989. Mas segue atual:

"It should be written down as an axiom that you always invest against the central banks."

Hoje, na Bloomberg:

Gold Buying by Central Banks May Send Signal to Sell

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Rubem Braga e o comércio internacional

Lendo uma coletânea de crônicas do Rubem Braga (cuja capa é essa da figura), encontrei, em uma crônica de janeiro de 1942 (História de São Silvestre), esse trecho:

Proibimos a instalação de usinas de açúcar não porque a vida para a humanidade esteja demasiado doce, mas, sim, porque é preciso proteger os lucros dos donos de usinas de açúcar existentes. Fazemos isso para evitar que o açúcar fique muito barato, como se fosse um grande pecado ficar o açúcar muito barato. Além disso, se o país A produz colchetes e o país B também produz colchetes, e ambos desejam vender colchetes ao país J, isso resulta em uma disputa entre nações, sendo convidados escritores, declamadoras, militares, eclesiásticos e escroques do país J a visitar ora o país A, ora o país B, na esperança de que se esforcem para colocar o país J a favor do país A em sua guerra contra o país B, ou a favor do país B em sua guerra contra o país A, visto que no Sistema do Imperialismo o único meio de saber quem tem direito de vender colchetes é transformar as fábricas de colchetes em fábricas de espoletas e travar batalhas terrestres, aéreas e navais que enriquecem as Páginas da História.

Ainda diz algo sobre políticos, diplomatas, protecionismo e comércio internacional, não?

Gráfico do dia - tempo para chegar no trabalho

Não achei os dados para o Brasil... mas creio que nas grandes cidades isso tem se tornado um problema cada vez maior. Todos os incentivos para se comprar mais carros e muito pouco investimento em transporte coletivo tem sido a receita do nosso "desenvolvimento".

Mais na The Economist.