Do Estadão hoje:
Bancos refazem cálculos com os modelos de previsão do BC e chegam a inacreditáveis 5%
Mais impressionante do que a possibilidade de uma queda dessa magnitude nos juros é ver esse tipo de "revelação" feita por economistas "top", que ganham salários anuais de 6 ou 7 dígitos. Mais ainda que ela só apareceu depois de o BC ter sinalizado essa possibilidade. Qualquer primeiroanista que aprendeu regra de Taylor pode concluir que, se o PIB cai, digamos, 5% abaixo do potencial, o juro deve cair na mesma proporção (supondo que a inflação não se mexe). Os modelos são versões mais ou menos sofisticadas desse racional, e vão servir para que a ortodoxia consiga, pelas suas cartilhas, justificar um movimento que, por essas mesmas cartilhas, jamais deveria ter acontecido.
Claro que dentro do rótulo de ortodoxos existem ótimos e péssimos profissionais, mas esses episódios devem levar o leitor mais atento a acreditar que a mediocridade reina no mercado financeiro...
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Som da Sexta - Horace Silver
O Silver, acreditem, é uma adaptação do nosso conhecido Silva (a família é de Cabo Verde) para algo que soasse melhor na língua de Shakespeare.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Para não passar o dia em branco
Fiquei quase o dia todo sem internet, numa experiência involuntária de como era a vida em uma mesa de operações quando a única indicação da direção do mercado era a voz do corretor do outro lado da linha (difícil, muito difícil). Amanhã voltamos com a programação costumeira.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
A crise européia, explicada com Lego
De uma apresentação do JP Morgan, via Felix Salmon. Não sei se admiro o chutzpah e a criatividade ou lamento que pessoas recebem algumas centenas de milhares de dólares por ano (por baixo) para fazer isso.
- The toreador in a floppy hat, and the F1 driver with his helmet, represent Spain, Italy and the rest of the Euro Periphery.
- The three men with helmets, shields, and medieval weaponry represent the CDU, CSU and FDP parties in Germany.
- The blue-and-white sailor boy is Finland. Obvs.
- The woman with an oversized carrot and her friend in overalls with a shovel represent the Social Democrats and Greens.
- Wotan represents the Bundesbank.
- The piggy bank is the IMF.
- The grey-haired Banque chap is the ECB.
- The chap in the red bib is Poland.
- The artists are France.
- The angry chef, the sweeper with a broom, the airline pilot, and the rest of the motley crew at bottom left, represent EU taxpayers in Core countries.
- The storm troopers are the EU Commission and Euro Group Finance Ministers, chaired by Jose Manuel Barroso and Jean- Claude Juncker.
- The monocled banker and his assistant are EU bondholders and shareholders.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Leituras da volta de férias
Finalmente terminei a pilha acumulada durante agosto. Isso é o que sobreviveu ao teste dessas poucas semanas (em perspectiva, é incrível o tempo que se perde com ruído e besteiras no dia-a-dia):
- A segunda parte da carta trimestral de Jeremy Grantham, cada vez mais pessimista com o que aconteceu com o capitalismo e, sobretudo, com os EUA (na concepção dele, tomou o título da Argentina de "governo mais disfuncional") depois da crise de 2007 / 2008.
- O texto mais recente de Michael Lewis, sobre sua viagem a Alemanha - só porque o autor já conquistou uma reputação, mas o texto é ruim, cheio de estereótipos, teorias sociais furadas e piadinhas sem graça. Ouso dizer que soa algo ressentido pelo sucesso da economia alemã (com tantos "quadrados" viciados em regras e banqueiros burros no comando) após a crise, comparado ao fiasco dos EUA. O Scott Locklin fez uma crítica ácida e muito melhor do que qualquer uma que eu conseguiria escrever (e talvez o texto original valha mais por despertar esse tipo de reação).
- Essa matéria da Der Spiegel, que alimenta a tradicional imagem de especuladores como destruidores de economias e do bem-estar geral - como todos sabem, também são culpados pela extinção dos dinossauros e pelas forminhas de gelo não se auto-encherem depois de utilizadas. Apesar dessa e de outras concepções que são, acho, equivocadas, é um bom exemplo do zeitgeist e traz alguns depoimentos interessantes.
- Os bons estrategistas da Nomura, Kevin Gaynor e Bob Janjuah, atualizam sua visão sobre os mercados e o estado da economia global. A Nomura tem sido, com folga, a casa de research que mais tem acertado o cenário macro, talvez pela boa influência do guru Richard Koo, ou porque o mundo de fato está virando japonês, no mau sentido.
- A melhor coisa que saiu de Jackson Hole este ano foi o trabalho apresentado por Dani Rodrik, da Kennedy School de Harvard. Ele fala da convergência entre os países em desenvolvimento e o mundo desenvolvido em termos realistas, sem extrapolações: ao longo da história, episódios de crescimento acelerado por muitos anos são exceção, não regra; e, choque para os ortodoxos, a transformação estrutural necessária para o desenvolvimento raramente vem do livre mercado e das "boas práticas" de gerenciamento macroeconômico (estas servem para evitar desastres, entretanto). O paper inteiro é excelente; os apressados, como de costume, podem ficar só com a introdução e a conclusão.
- Nassim Taleb e seu sócio, Mark Spitznagel, pregam um ativismo moral contra ações de bancos. O site de Taleb diz que ele está em "indeterminate leave", alguém sabe se a saúde dele está bem?
- Bônus: todo mundo já deve ter visto, mas não custa recomendar de novo o mapa que a The Economist fez comparando os estados do Brasil com países. Paulistanos, muszą uczyć się języka Polski!
- A segunda parte da carta trimestral de Jeremy Grantham, cada vez mais pessimista com o que aconteceu com o capitalismo e, sobretudo, com os EUA (na concepção dele, tomou o título da Argentina de "governo mais disfuncional") depois da crise de 2007 / 2008.
- O texto mais recente de Michael Lewis, sobre sua viagem a Alemanha - só porque o autor já conquistou uma reputação, mas o texto é ruim, cheio de estereótipos, teorias sociais furadas e piadinhas sem graça. Ouso dizer que soa algo ressentido pelo sucesso da economia alemã (com tantos "quadrados" viciados em regras e banqueiros burros no comando) após a crise, comparado ao fiasco dos EUA. O Scott Locklin fez uma crítica ácida e muito melhor do que qualquer uma que eu conseguiria escrever (e talvez o texto original valha mais por despertar esse tipo de reação).
- Essa matéria da Der Spiegel, que alimenta a tradicional imagem de especuladores como destruidores de economias e do bem-estar geral - como todos sabem, também são culpados pela extinção dos dinossauros e pelas forminhas de gelo não se auto-encherem depois de utilizadas. Apesar dessa e de outras concepções que são, acho, equivocadas, é um bom exemplo do zeitgeist e traz alguns depoimentos interessantes.
- Os bons estrategistas da Nomura, Kevin Gaynor e Bob Janjuah, atualizam sua visão sobre os mercados e o estado da economia global. A Nomura tem sido, com folga, a casa de research que mais tem acertado o cenário macro, talvez pela boa influência do guru Richard Koo, ou porque o mundo de fato está virando japonês, no mau sentido.
- A melhor coisa que saiu de Jackson Hole este ano foi o trabalho apresentado por Dani Rodrik, da Kennedy School de Harvard. Ele fala da convergência entre os países em desenvolvimento e o mundo desenvolvido em termos realistas, sem extrapolações: ao longo da história, episódios de crescimento acelerado por muitos anos são exceção, não regra; e, choque para os ortodoxos, a transformação estrutural necessária para o desenvolvimento raramente vem do livre mercado e das "boas práticas" de gerenciamento macroeconômico (estas servem para evitar desastres, entretanto). O paper inteiro é excelente; os apressados, como de costume, podem ficar só com a introdução e a conclusão.
- Nassim Taleb e seu sócio, Mark Spitznagel, pregam um ativismo moral contra ações de bancos. O site de Taleb diz que ele está em "indeterminate leave", alguém sabe se a saúde dele está bem?
- Bônus: todo mundo já deve ter visto, mas não custa recomendar de novo o mapa que a The Economist fez comparando os estados do Brasil com países. Paulistanos, muszą uczyć się języka Polski!
Yes, nós temos bananas...
... mas é mais barato comprar em Nova York - como quase tudo, as exceções hoje em dia são raras (a única óbvia que me vem à mente é cigarros).
Mais no Radar Econômico.
Mais no Radar Econômico.
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Gráfico do Dia - Grécia x Cheque Especial
E os juros dos títulos de dois anos da Grécia operam acima de 50% ao ano. Parece que a dracma volta ainda este ano.
Bad hair day...
... para os bancos europeus. Parece cada vez mais provável que teremos, em algumas semanas ou meses, um "Lehman moment" no velho continente (e, incrivelmente, banir o short selling não terá sido uma solução).
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
O impacto dos blogs econômicos
Já virou assunto da academia: paper do Banco Mundial:
Deve ser esse o caminho. Aqui no Brasil, como em tantos outros campos, estamos alguns anos atrasados.
Dica do Marginal Revolution.
"... links from blogs increase in the number of abstract views and downloads of economics papers. Second, blogging raises the profile of the blogger (and his or her institution) and boosts their reputation above economists with similar publication records. Finally, a blog can transform attitudes about some of the topics it covers."
Deve ser esse o caminho. Aqui no Brasil, como em tantos outros campos, estamos alguns anos atrasados.
Dica do Marginal Revolution.
Rio x São Paulo
Da última The Economist, falando do renascimento do Rio para negócios.
Paulistanos adotados, amigos e família nunca vão te visitar.
Paulistanos adotados, amigos e família nunca vão te visitar.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Mais uma observação sobre o Copom
- A Bloomberg recolheu 62 palpites de economistas do mercado antes da reunião, e nenhum previa sequer um corte de 0.25 p.p. A curva de juros ao menos precificava algo como 50% de probabilidade de um corte desse tamanho. Como bem disse o sábio Yogi Berra, "it's tough to make predictions, especially about the future."
- Tem mais alguns pitacos aleatórios no twitter.
- Tem mais alguns pitacos aleatórios no twitter.
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