segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Louro, escolhe uma ação

Do globo.com:


Muito boa para quem acha que leigos são capazes de fazer stock picking vencedor... Ótima também para quem acha que tem algum mérito em lucrar comprando ações enquanto o mercado está subindo (a bolsa da Coréia subiu 11,8% no período da competição).
A conclusão do gerente da corretora que promoveu a competição é quase inacreditável:
"Nossa experiência provou que fazer investimentos de longo prazo em ações de grandes empresas é segura e eficaz."
Segura e eficaz. Com base na experiência de sucesso de um papagaio. Então, tá.
Dica da Alice, a do país das guloseimas.

Jim Rogers esculachando repórter

Vejam o lendário Jim Rogers ensaboando, ao vivo, o repórter da Bloomberg. Aqui. Rogers foi um dos grandes responsáveis pela popularização dos investimentos em commodities, e é uma das figuras mais divertidas do mercado financeiro -- sobretudo quando pessoas tentam fazer com que ele faça previsões sobre níveis de preço.

O assunto da conversa: o preço do açúcar operando no maior nível dos últimos 28 anos (veja o gráfico).


sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Frase do dia - para guardar

Do nosso presidente molusco, com sua tradicional arrogância e irresponsabilidade:

"A nossa expectativa em 2010 é de um crescimento bom, acima de 4,5%. 5% é muito bom."

6% é melhor ainda. 10%, 12% então... E, se acertamos, somos gênios, se erramos, quem errou foi o mercado, o resto do mundo...

Bom final de semana aos meus três leitores.

Rápidas sobre os mercados

- Paul Tudor Jones, Market Wizard, continua acreditando que o movimento da bolsa é um rali dentro de um mercado baixista no longo prazo (bear market rally -- viva a capacidade de síntese do Inglês). Veja na Bloomberg.

- Os mercados quebraram hoje uma correlação que vinha durando meses: enquanto a bolsa americana está fazendo a nova máxima do ano (1013 pontos para o S&P500), o dólar se fortaleceu, zerando as perdas do mês (ver o gráfico). Algo interessante deve estar para acontecer.


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Guia South Park de finanças pessoais

É sério. Veja aqui, e perca (mais) um pouco a fé na humanidade. Há gente capaz de extrair lições edificantes de um desenho animado totalmente amoral... Ainda assim, acho que é melhor do que ouvir a Sophia.

Robert Lucas defende a antiga economia

Na The Economist desta semana, o pai das expectativas racionais Robert Lucas defende as velhas macroeconomia e economia financeira. Para ele, o Fed reconheceu o potencial de uma crise de grandes proporções em 2007, mas optou por não fazer nada. Citando o artigo:

"The best and only realistic thing you can do in this context is to keep your eyes open and hope for the best."

Lucas continua fiel a sua alma mater (a Universidade de Chicago) e ao pensamento que foi desenvolvido lá: as distorções (quando existentes) devem ser resolvidas pelo mercado, e a intervenção de bancos centrais só é justificada quando o sistema financeiro ameaça colapsar. O fato dele só ter vindo a público defender essa opinião agora é ilustrativo: os piores dias de pânico ficaram para trás, e as antigas teorias voltam a ser defensáveis (embora já tenham se provado falhas). Não é só no Brasil que a memória é curta. Os Estados Unidos tentam fazer com que "a esperança vença o medo", por mais que este último seja, dadas as condições, mais racional.

Seria possível apontar mais um punhado de incoerências no texto de Lucas, mas é como tentar organizar uma discussão entre um surdo-mudo e um cego. O pensamento econômico liberal, curiosamente, nunca foi tão socialmente conservador: ele está ajudando a sustentar um sistema cheio de distorções, pouco meritocrático e que privilegia uma minoria de insiders. Uma revolução teórica é necessária, mas, creio, ela só virá num momento em que os piores dias de pânico do ano passado parecerem um piquenique num dia ensolarado.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Petrobras, nona maior companhia aberta do mundo

Esta notícia me chamou a atenção, e fui conferir: a preços de mercado, a Petrobras é a nona maior companhia listada em bolsa do mundo, com um valor de mercado (market cap) de US$ 173,95 bilhões -- na frente de monstros tradicionais como Johnson & Johnson, Shell, Procter & Gamble, IBM... O Brasil realmente está mudando de patamar.

O Top 100 completo está aí embaixo.

Largest 100 Companies Worldwide

BNDES na Copa

O Cosme Rímoli (que tem o irritante hábito de escrever uma linha por parágrafo) diz que o São Paulo Futebol Clube já está indo atrás do BNDES para financiar a reforma do Estádio do Morumbi para a Copa de 2014. Como sabemos que clubes de futebol não têm o bom hábito de pagar o que devem, já sabemos do bolso de quem vai sair esse dinheiro. É o tal negócio, o investimento é muito bom, mas o mercado, burro, não quer pôr a mão no bolso... Não sei se ter um mundial de futebol por aqui me dá mais orgulho ou vergonha.

Nova realidade de Wall Street

(copiado do Zero Hedge)

GM chapter 11 = PRICED IN
125K+ jobs lost from GM chapter 11 = PRICED IN
unemployment @ 9% = BETTER THAN EXPECTED
unemployment @ 10% = DOW SOARS
unemployment @ 11% = GREEN SHOOT RALLY
unemployment @ 12% = ALREADY FACTORED IN
unemployment = 35% = DOW DROPS 100 POINTS
housing price =1% = RECESSION ENDING
housing collapses = GREEN SHOOT
Housing falls 20% = STABILIZATION
Government spends 1 trillion of OUR dollars = STIMULUS
North Korea fires nuke = RALLY
Israel bombs Iran = 30 MINUTE END OF DAY RALLY
world explodes = ASIA RALLIES
PMI crashes = HUGE RALLY
No jobs are created = RECESSION ALMOST OVER
U.S. debt overwhelming = TOO BUSY RALLYING TO CARE
Consumer stops spending = RETAIL RALLY
Banks are insolvent = SIGNS OF STABILIZATION
American auto industry BK = GOOD THING
Banks pass scam stress tests = HUUUUUUUUGE RALLY
Banks "only need 75 billion = OUT OF THE WOODS
Banks pass a real stress test = NEVER WOULD HAPPEN
Banks pay back tarp = LATE DAY SURGE
Banks can't pay back TARP = EARLY MORNING SURGE
12% mortgage delinquency = GOOD FOR STOCKS
Hundreds of thousands of mortgages underwater = HOUSING BOTTOMED
Dollar rises = RALLY
Dollar crashes = RALLY
Inflation = BULL MARKET
Deflation = BULL MARKET CONTINUES
REFLATION = MASSIVE SHORT COVERING RALLY
Gold rises = STOCKS RALLY
Gold falls STOCKS RALLY BIG
Banks' fake earnings = SIGNS OF STABILIZATION
CRE stabilizing= 1000 POINT RALLY
CRE CRASHING = STOCKS SHAKE IT OFF TO RALLY
CONSUMER INSOVENT = CONSUMER IS SPENDING
OIL @ 50 = BULL RALLY
OIL @ 60 = GREEN SHOOT
OIL @ 100 = IMPORTANT RECOVERY SIGN
OIL @ 20 = TAX BREAK

And the one we should all interpret correctly:
NO ONE IS BUYING STOCKS = BILLIONS ON THE SIDELINES

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tempestade nos Bálticos

Gideon Rachman, colunista do Financial Times, fala sobre uma possível crise nos países bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia) ainda este ano. Curioso é como há cada vez mais gente prevendo isso (este escriba incluso), e a crise não se materializa -- contrário a isso, o euro, que deveria ser afetado, opera na máxima do ano (1,4409) contra o dólar.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Frase do dia

Do nosso ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reduzindo todo o problema de crescimento econômico ao comércio exterior:

"Graças a Deus não fechamos a Alca, porque senão, em vez de fechar o ano com um crescimento de 1%, estaríamos como o México, com uma recessão de uns 5%, 6%, sei lá..."

Graças a Deus o Brasil não depende da sabedoria de quem faz política externa para ter alguma prosperidade.

Mais sobre algoritmos de alta frequência

O assunto continua rendendo na mídia. Hoje é Paul Krugman que escreve sobre o assunto no New York Times -- também, na minha opinião, deixando de enxergar o mais importante (só na internet para um brasileiro pé rapado poder contestar um Nobel de economia...). Menos lida e muito mais informada é a opinião de Scott Locklin, para quem os métodos quantitativos só voltaram à mídia porque, com a volta de alguma liquidez para os mercados, eles voltaram a funcionar e fazer dinheiro.

O cheiro do ralo (de dinheiro público)

A piauí deste mês traz uma matéria interessante, embora o título ("Sérgio Rosa e o mundo dos fundos") seja inadequado: ao invés do perfil detalhado do presidente da Previ, temos uma reportagem sobre o que um amigo analista do setor chamou de "guerra de titãs", a briga pelo controle das maiores empresas de telecomunicações do Brasil.

O que sai da matéria é que a verdadeira guerra de titãs está sendo travada entre os grupos de interesse dentro do PT: o do presidente Lula e o chamado "núcleo duro", liderado pelo ex-ministro Luiz Gushiken e que conta com participação de Sérgio Rosa. Aparentemente, Lula venceu a batalha das telecom, usando o Banco do Brasil e o BNDES para dar o controle da nova gigante do setor (resultado da fusão entre Brasil Telecom e Telemar) a uma dupla de empresários amigos (Sérgio Andrade e Carlos Jereissati). O poder de fogo da turma dos fundos de pensão, entretanto, é bastante grande.

A Previ tem um patrimônio de R$ 121 bilhões. Para colocarmos esse número em perspectiva: a maior gestora de fundos do país, a do Banco do Brasil, tem R$ 243 bilhões em ativos (entre as não controladas por bancos estatais, a maior é a do Itaú, com R$ 169 bilhões). Desse total, a carteira de ações corresponde a aproximadamente R$ 73 bilhões -- dentre os fundos de ações, a maior gestora tem R$ 45 bilhões. A Previ tem 15% da Brasil Foods, 31% da CPFL, 14% da Embraer e 50% da Valepar, controladora da Vale.

Duas tendências parecem evidentes (embora não sejam exatamente novas): a primeira é o uso dos fundos de pensão para fins políticos, com o mandato (garantir a aposentadoria dos seus associados) totalmente em segundo plano -- sem maiores consequências, já que, caso ocorra algum problema com as ações e o fundo não consiga pagar essas aposentadorias, muito provavelmente o governo usaria dinheiro público para cobrir o buraco (imaginem o dano político de aposentados do Banco do Brasil sem receber). Nesse sentido, a Veja desta semana noticiou que o governo pretende usar a Previ e a BNDESPar para retomar o controle da Vale, o que nos leva também à segunda tendência: a reestatização (por baixo dos panos) de algumas empresas que foram privatizadas durante o governo FHC. Se isso já era uma intenção do governo do PT, agora, com a tendência global de aumento da participação do estado na economia, as portas se abriram de vez. O mercado ainda terá tempo de inflar os preços das ações antes de entregar para o estado. E a conta ficará, pra variar, com o contribuinte.

* Os dados de fundos saíram do ranking da revista Institutional Investor.