quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Retrospectiva Drunkeynesian 2012

(ou: aquela tentativa de requentar posts antigos e atrair leitores sem precisar de criatividade)

- Comecei o ano fazendo as inevitáveis previsões para 2012 - acertei algumas, errei outras (depois faço o balanço sistemático), como um bom babuíno jogando uma moeda faria. Ainda em janeiro, o Fed anunciou que perseguiria uma meta de inflação e o preço dos títulos da dívida europeia começaram a mostrar uma divergência que, em certa medida, se manteve até hoje.

- Em fevereiro, o Brasil leiloou com um ágio absurdo a concessão de operação de três grandes aeroportos e a situação na Grécia começou a degringolar. As ações da Apple já tinham começado a voar, e a companhia passou os US$500 bilhões de valor de mercado. No finalzinho do mês, o Banco Central Europeu anunciou o LTRO, grande moleza para salvar o sistema bancário do continente.

- No começo de março, fui a Belo Horizonte para o II Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia, que rendeu boas discussões, bastante cerveja e, de brinde, uma visita ao fabuloso instituto de arte de Inhotim, que deve ser das coisas mais legais que há pra se fazer no Brasil hoje. O Banco Central levou o mercado a acreditar que a Selic pararia de ser cortada antes do mínimo histórico de então (8.75% - parem de rir), azar de quem deu crédito. A Encyclopaedia Britannica parou de ser publicada e o grande Jorge Ben completou 70 anos.

- Abril começou com muita gente acreditando que a Apple é uma fraude. O mercado começou a precificar o QE3, a Fazenda anunciou o plano Brasil Maior (ainda se achava que o PIB cresceria mais de 4% neste ano). Fiz um post sobre spread bancário no Brasil que deu um trabalho imenso e gerou uma repercussão legal. Os juros longos do Brasil voltaram a operar abaixo de 10%, ainda tinham muito mais pra cair; o grande Hugh Hendry começou a gorar Eike Batista.

- Em maio o blog atingiu cem mil acessos - incrível ver como desde então esse número dobrou, viva as não-linearidades. Começou a ficar clara a revolução que a queda dos juros está provocando no país (pelo menos para o mercado financeiro). Muita gente passou a acreditar que o euro não terminaria o ano (logo mais faço um post sobre as capas de revista). Saiu o IPO do Facebook, apostei contra (e acho que ganhei, depois confiro). Dona Lagarde deu uma entrevista histórica para o Guardian. Apanhei para conseguir montar um histórico longo de juros no Brasil.

- Em junho fui passar frio em Buenos Aires; na volta, escrevi um dos posts que mais gosto na história deste blog. Começou a Eurocopa, que terminou com um baile da Espanha sobre a Itália. Morreu Elinor Ostrom, a única mulher a ganhar um Nobel de economia. A Grécia votou e descartou a opção de sair do euro voluntariamente. Graças ao Reinaldo Azevedo, o pau quebrou na blogosfera econômica, e este post sobre a treta foi o mais acessado da história deste blog (o que comprova que o leitor gosta mesmo é de polêmica). As ações das empresas "X" entraram em queda livre, e o mundo começou a acordar do sonho Eike Batista. Foi a vez de Gilberto Gil entrar para o clube dos septuagenários.

- Em julho a Anne-Marie Slaughter publicou um dos textos mais comentados do ano, sobre a conciliação de trabalho e o resto da vida por mulheres. A profecia de final do mundo começou a parecer mais verossímil. Os Rolling Stones completaram 50 anos de carreira (e o Keith Richards seguramente sobreviverá ao fim do mundo). O México começou a virar o queridinho dos investidores entre os países da América Latina, com alguma razão (analisei aqui). Começaram as fabulosas Olimpíadas de Londres.

- Caetano Veloso completou 70 anos no dia 3 de agosto; duas semanas depois, perdemos o grande Altamiro Carrilho. O mercado começou a especular sobre o resultado do encontro de Jackson Hole. Pelo visto gastei muito tempo assistindo aos jogos olímpicos, escrevi pouco sobre economia...

- Fiquei em férias na maior parte de setembro, na volta, descobri que Roberto Silva tinha partido. A Europa tirou um pé da lama e a UNCTAD mostrou que o mundo tem alguns motivos para ficar otimista. No dia 13, Bernanke & cia anunciaram o QE3, contrariando a impressão que havia ficado de Jackson Hole.

- Em 1º de outubro morreu Eric Hosbawm. Fiquei relativamente otimista com a entrada de investimento direto no Brasil. O câmbio dólar / real a 4 completou 10 anos. Roth e Shapley levaram o Nobel de economia.

- Obama foi reeleito no início de novembro, consagrando um tal Nate Silver. Ficou claro que o preço da gasolina no Brasil não subiria neste ano, para desespero do acionista da Petrobras. Paulinho da Viola fez 70.  Começou a destruição das ações de companhias elétricas, sobretudo da Eletrobras. Aprendi o que é a Lei de Benford.

Chora Chelsea
- A não ser que de fato o mundo acabe daqui a três dias, nenhum acontecimento em dezembro será tão relevante quanto este.

Assim este humilde blog viu 2012. Outras retrospectivas melhores e menos viesadas abundam por aí. Nos próximos dias falarei dos livros, filmes e etceteras do ano.

7 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

DK,

Sou leitor assíduo do blog e só posso agradecer pela qualidade dos temas que você andou suscitando.

Hoje, devo-lhe parte do encaminhamento que dou aos meus estudos de economia e negócios (e, consequentemente, parte dos meus pequenos - mas importantes - ganhos financeiros).

Para você e demais leitores do blog, feliz natal e um bom ano novo.

Abraços,

Rafael

Drunkeynesian disse...

Obrigado, Rafael! Tudo de bom por aí, também.

Amyr disse...

Feliz fim de ano, DK!

Seu blog foi um dos melhores que conheci em 2012.

Dawran Numida disse...

O mais engraçado, além do fato do mundo não acabar por causa do calendário deles, seria descobrirem que os maias não existiram.

Mel Gibson, em "Apocalypto", traçou um cenário que levaria um pouco a isso...

Fabio Storino disse...

Sua crônica argentina também é um dos meus posts favoritos deste blog. Boas festas, DK!

Drunkeynesian disse...

Amyr, Fabio, muito obrigado, grande fim de ano pra vocês, também.